Discurso durante a 191ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Homenagem aos professores, pelo transcurso, ontem, do Dia do Professor.

Autor
Cidinho Santos (PR - Partido Liberal/MT)
Nome completo: José Aparecido dos Santos
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM, EDUCAÇÃO.:
  • Homenagem aos professores, pelo transcurso, ontem, do Dia do Professor.
Publicação
Publicação no DSF de 17/10/2012 - Página 54055
Assunto
Outros > HOMENAGEM, EDUCAÇÃO.
Indexação
  • HOMENAGEM, DIA NACIONAL, PROFESSOR, COMENTARIO, NECESSIDADE, AUMENTO, RECONHECIMENTO, VALORIZAÇÃO, AMPLIAÇÃO, SALARIO, TRABALHADOR, EDUCAÇÃO.

            O SR. CIDINHO SANTOS (Bloco/PR - MT. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs Senadoras, Srs. Senadores, uso a tribuna hoje para homenagear os nossos professores, visto que, no dia de ontem, 15 de outubro, comemoramos o seu dia.

            O Dia do Professor é um ótimo momento para tecermos considerações sobre o tratamento dispensado ao tema da educação em nosso País. De fato, o professor tem papel central no processo de educação enquanto facilitador do acesso ao conhecimento, condutor da aprendizagem e motivador da juventude, nessa complexa relação que é estabelecida entre ele e os alunos no ambiente escolar.

            Não convém utilizar aquela expressão, um pouco piegas, que enxerga a docência como uma forma de sacerdócio. Infelizmente, ela é comumente evocada quando se quer ignorar a situação real em que essa classe se encontra aqui, no Brasil, tentando dar um certo ar de normalidade às agruras impostas, muitas vezes, por políticas públicas míopes ou obtusas.

            Mas também não quero começar esse meu pronunciamento falando do professor pelo lado negativo. Ao contrário, quero ressaltar os resultados do seu trabalho, do esforço incansável e da dedicação das pessoas que fazem da educação sua opção de vida, seu meio de sustento e sua forma de colaborar com a sociedade brasileira.

            A publicação recente do resultado do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) pelo Ministério da Educação trouxe boas notícias para o nosso querido Estado do Mato Grosso, especialmente no que diz respeito ao ensino público. Os dados dizem respeito ao ano passado, dando continuidade a uma série histórica iniciada em 2005 e recalculada a cada dois anos. Trata-se de um índice que é comparado a metas prefixadas, desafiando os profissionais da educação na busca constante da melhoria e superação.

            No caso da rede pública de ensino, o Mato Grosso obteve a sétima maior nota, entre todos os Estados, no 5º ano do ensino fundamental e a terceira posição nacional no 9º ano do ensino fundamental. O desempenho no final do 3º ano do ensino médio, última das etapas monitoradas, foi mais discreto, décima sexta colocação, mas mantendo a trajetória ascendente desde o início da série histórica. Na rede privada, meu Estado se encontra na décima terceira posição no 5º ano do fundamental; na nona posição no 9º ano; e na sétima posição no 3º ano do ensino médio, também superando, com certa folga, as metas estabelecidas.

            A notícia não tão boa é a de que, assim como em todo o resto do Brasil, existe um gap entre as médias do ensino público, menores, e as médias do ensino privado, maiores.

            É impossível não deixar de agradecer aos professores do meu Estado e de parabenizá-los pelo resultado sempre crescente que continuamos alcançando. Por outro lado, também cabe aqui o alerta para as condições de trabalho que ainda são encontradas em boa parte das escolas públicas, que impedem que a diferença de qualidade constatada seja eliminada de uma forma mais rápida.

            Multiplicam-se as queixas sobre a falta de professores, especialmente em disciplinas de conteúdo mais técnico do ensino médio. Mesmo com vocação para a docência, frequentemente os profissionais são atraídos para melhores salários, que são pagos, por exemplo, no setor industrial, tornando crônica a questão da falta de profissionais com formação pedagógica. Aos professores que optam por permanecer em sala de aula sobra a tentativa de cobrir a ausência, multiplicando sua carga de trabalho para dar conta de dois, três ou quatro estabelecimentos de ensino diferentes, o que lhes garante um salário razoável, mas a um custo pessoal à beira do exorbitante.

            O professor precisa de tempo para manter-se atualizado, para aperfeiçoar seus talentos ou mesmo para a preparação normal das aulas sob sua responsabilidade.

            Os sindicatos dos trabalhadores em educação são bastante enfáticos ao revelar esse massacre que o ritmo de trabalho está causando, sem falar no comprometimento da saúde, do estresse ou mesmo da falta de tempo para dar atenção à sua família. Daí também resultam aposentadorias precoces ou mudanças de profissão que penalizam os que ficam. Mas, ainda assim, os resultados são notáveis.

            A luta pelo piso salarial nos Estados também é bastante justa, cabendo ao administrador público não ficar reclamando da falta de recursos ou descumprindo a lei, mas buscar viabilizar o montante necessário. O nosso querido Senador Cristovam Buarque, na sua dupla jornada de professor e político, constantemente nos lembra, aqui em plenário, do malefício real de ignorarmos a prioridade que sempre deve ser dada à educação. Certamente não nos agrada o quadro de deixarmos de ser o país do futuro para ser um país em futuro, incapaz de criar compromissos de longo prazo.

            No setor privado de ensino, as queixas mais comuns são da superlotação das salas de aula, uma forma mais disfarçada de promover sobrecarga de trabalho. Existem proporções mais razoáveis de alunos por sala de aula, que conseguem equilibrar a necessidade de lucro do setor privado com a manutenção ou mesmo o aumento da qualidade da educação ofertada à nossa juventude.

            De outra parte, sempre cabe a valorização do magistério, fato que não se esgota na questão salarial e passa por uma variedade de situações que vão desde as condições efetivas de trabalho, a equipagem das escolas, a modernização do processo pedagógico e a presença dos vários profissionais de apoio, que têm papeis fundamentais na escola, até mesmo os mais abstratos, como perspectivas de crescimento profissional e reconhecimento social.

            Não podemos nos esquecer também de buscar soluções para alguns fenômenos típicos dos tempos em que vivemos, quando a violência e a insegurança penetraram no ambiente escolar pelas vias da droga, da intolerância, do desrespeito ao trabalho ou pelo desprezo à vida humana.

            Sr. Presidente, Srªs Senadoras e Srs. Senadores, não há solução rápida ou infalível para os problemas que o profissional da educação encontra no cumprimento de sua missão. Mas todo bom administrador sabe que a complexidade é tratável, decompondo-se os problemas para facilitar seu entendimento, recorrendo à criatividade para identificar alternativas, localizando e multiplicando as boas práticas, isolando e desencorajando as práticas negativas.

            Cabe ao homem público de visão absorver um pouco do espírito do professor, aí sim um sacerdócio, no sentido do pacto com as gerações futuras, com o bem da nação, com a seriedade de propósitos e não na imposição de um injusto voto de pobreza.

            Quero, ao encerrar, parabenizar a todos os profissionais da educação, especialmente do nosso querido Estado, Mato Grosso, nas pessoas do nosso Secretário Estadual de Educação, Prof. Ságuas Moraes, e da nossa ex-Secretária de Educação, Profª Rosa Neide, que muito contribuiu para resultados tão satisfatórios no Ideb para o nosso Estado.

            Os nossos parabéns a todos vocês e a todos os professores do Mato Grosso, que fazem com que o nosso Estado - já há 7 anos consecutivos - consiga, a cada ano, melhorar a sua colocação no Ideb. não só em relação aos professores do Estado, mas da rede municipal, das redes particulares. Isso muito nos orgulha e demonstra o quanto nosso Estado, Mato Grosso, vem crescendo e se desenvolvendo em todas as áreas, seja na área econômica e em outras áreas também, como na educação, o que, como disse, muito nos orgulha.

            Evidentemente, é um Estado jovem, um Estado onde há muito a fazer, mas onde as pessoas envolvidas - a população, os seus líderes políticos, a sociedade organizada - vêm fazendo com que o Estado cresça e se desenvolva em todas as áreas.

            São essas as minhas palavras, Sr. Presidente.

            Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 17/10/2012 - Página 54055