Discurso durante a 191ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Considerações acerca do desempenho do Partido dos Trabalhadores nas eleições municipais.

Autor
Anibal Diniz (PT - Partido dos Trabalhadores/AC)
Nome completo: Anibal Diniz
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ELEIÇÕES.:
  • Considerações acerca do desempenho do Partido dos Trabalhadores nas eleições municipais.
Aparteantes
Wellington Dias.
Publicação
Publicação no DSF de 17/10/2012 - Página 54056
Assunto
Outros > ELEIÇÕES.
Indexação
  • COMENTARIO, RESULTADO, ELEIÇÕES, PREFEITURA, MUNICIPIOS, PAIS, ENFASE, ORADOR, ELOGIO, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT), MOTIVO, EXCESSO, VITORIA, CIDADE.
  • CONGRATULAÇÕES, CANDIDATO, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT), CANDIDATURA, PREFEITURA, ESTADO DE SÃO PAULO (SP), MOTIVO, ALCANCE, CHEGADA, SEGUNDO TURNO.

            O SR. ANIBAL DINIZ (Bloco/PT - AC. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, telespectadores da TV Senado, ouvintes da Rádio Senado, já estive aqui na semana passada para falar deste assunto, mas, dada a atualidade do tema, achei por bem repeti-lo na sessão de hoje. Há poucos minutos, concedi uma entrevista em que a pergunta inicial foi a seguinte: “Qual foi a repercussão do julgamento do chamado mensalão para o Partido dos Trabalhadores nessas eleições?”. A resposta foi muito objetiva: com certeza, causou algum estrago e muitos constrangimentos, mas também, com certeza, frustrou muito, enormemente, a expectativa do PSDB em relação aos resultados das urnas, porque o eleitor, na sua forma muito peculiar de avaliar os acontecimentos, deu uma resposta muito, muito interessante para o Partido dos Trabalhadores nessas eleições.

            Sabendo que ainda não concluímos esse processo eleitoral, porque restam as eleições em segundo turno em dezenas de cidades brasileiras, com o Partido dos Trabalhadores disputando em 22 cidades, entre as quais a cidade de São Paulo, não podemos fazer uma análise conclusiva. Temos de aguardar o resultado do dia 28 para, de forma definitiva, fazer uma avaliação final. Mas a gente já pode se antecipar em razão dos números coletados no dia 7 de outubro.

            Passada a apuração dos votos em todo o território nacional, as eleições municipais mostraram que a força e a presença do Partido dos Trabalhadores cresceram em todo o País. O PT teve o maior número de votos, que somaram 17,3 milhões em todo o País, e conquistou até agora 626 prefeituras - antes, o PT administrava 550 prefeituras. O PT é também o Partido que disputa o segundo turno no maior número de cidades, num total de 22 cidades, desde Rio Branco, no Estado do Acre, até a cidade de São Paulo, o maior colégio eleitoral e o mais importante centro econômico e populacional do País.

            Agora, nos Municípios onde haverá segundo turno no próximo dia 28, começa a emergir das pesquisas sobre a intenção de votos um quadro que está motivando ainda mais a militância petista.

            Pela sua importância como maior cidade do País, São Paulo, naturalmente, concentra a maior parte das atenções, e a reviravolta ocorrida nas eleições paulistanas foi surpreendente para aqueles que torciam para que o PT fosse derrotado e para aqueles que insistem em subestimar a força da militância petista e de suas lideranças e também insistem em subestimar a capacidade do povo de discernir o que é um acontecimento do que é um processo eleitoral em que estão em disputa dois projetos diferenciados, com visões diferenciadas, para a gestão dos Municípios.

            O resultado em São Paulo foi o que se viu: Fernando Haddad driblou os prognósticos pessimistas e chegou ao segundo turno. As pesquisas, hoje, já apontam o nosso candidato do PT com a possibilidade real de vencer o candidato José Serra, do PSDB. Na semana passada, o Datafolha apontou o candidato do PT com 10 pontos percentuais à frente de José Serra: são 47% de Haddad contra 37% para Serra. Pelo Ibope, Haddad chegou a 48% das intenções de voto contra 37% de Serra. A diferença cresce ainda mais quando são computados apenas os votos válidos. Os dois institutos apontam 56% de intenções de voto para Haddad, enquanto o opositor, José Serra, recebe 44%.

            Nas 22 cidades onde vai disputar o segundo turno, o Partido dos Trabalhadores tem boas chances de vitória, e é isso que esperamos. Trabalhamos para que isso aconteça em Rio Branco, no Acre, onde as chances de ganharmos as eleições são consideráveis, se levarmos em conta o resultado do primeiro turno, as propostas acertadas da Frente Popular e o entusiasmo contagiante da nossa militância.

            Vale a pena ressaltar que, em Rio Branco, fechados os resultados das urnas, o candidato do PT, o jovem Marcus Alexandre, chegou com 48,3% das intenções de voto contra 43,7% do candidato adversário, do PSDB.

            Volto a afirmar que, apesar da distância e das incontáveis diferenças entre Rio Branco e São Paulo, o método adotado pelo PT nessas duas cidades guarda importante simetria. Como em São Paulo, o PT, em Rio Branco, ousou lançar um candidato novo, tanto na idade como em disputas eleitorais, e, assim como em São Paulo, nossos adversários já contavam previamente com a vitória.

            Em São Paulo, o PT fez a opção acertada, seguindo a intuição sempre muito certeira do Presidente Lula, que teve a intuição de apresentar a nossa candidata Dilma em 2010 e conseguiu calar todos aqueles que imaginavam que era impossível que Dilma vencesse aquelas eleições. O Presidente Lula bancou isso, conseguiu convencer o Partido dos Trabalhadores, conseguiu convencer os partidos aliados e conseguiu fazer com que a Presidenta Dilma, uma pessoa que não tinha um carisma de político tradicional, chegasse ao final como vencedora. E a Presidenta, hoje, está fazendo um grande governo, honrando todas as mulheres e todos os homens deste País.

            O Presidente Lula, com a mesma intuição, trabalhou o nome de Fernando Haddad em São Paulo. Vejam que tínhamos a possibilidade de disputar a Prefeitura de São Paulo com a Senadora Marta Suplicy, uma liderança de total reconhecimento, que já foi Prefeita daquela cidade, uma Senadora que é a segunda maior votada do Brasil em São Paulo, com milhões e milhões de votos. Ela poderia muito bem ter sido a candidata à prefeita. Mas houve uma opção, uma opção acertada pelo novo, a partir da inspiração do Presidente Lula, e isso acabou envolvendo a militância, envolvendo os dirigentes. A sociedade de São Paulo compreendeu isso, e, dessa forma, Fernando Haddad chegou ao segundo turno e, hoje, está habilitado a vencer as eleições de São Paulo.

            O jeito petista de governar o Estado do Acre e Rio Branco foi levado em conta pelo eleitor, que alçou Marcus Alexandre, o nosso candidato, à liderança dos votos apurados no primeiro turno. Marcus venceu. Marcus Alexandre, aquele candidato jovem que nunca havia disputado uma eleição, venceu o primeiro turno com 48,3% das intenções de voto, contra 43,7% do candidato do PSDB.

            Vale ressaltar, Senador Wellington Dias, que me acompanha com muita atenção, que o candidato Tião Bocalom, do PSDB, no Acre, é o mesmo que disputou e perdeu as últimas três eleições majoritárias mais importantes no Acre: perdeu, em 2006, para o Governador Binho Marques; perdeu, em 2008, para o atual Prefeito Raimundo Angelim; perdeu, em 2010, para o Governador Tião Viana. Então, ele disputa uma eleição com uma memória eleitoral muito forte. E, ainda assim, o Partido dos Trabalhadores e a Frente Popular ousaram apresentar Marcus Alexandre, um engenheiro que nunca havia disputado uma eleição. Para a nossa alegria, o povo entendeu a mensagem, e Marcus Alexandre chegou ao primeiro turno com 48,3% dos votos quando apurados os resultados finais.

            Agora, estamos no segundo turno e, se Deus quiser, vamos vencer, porque a discussão tem sido aberta, e a proposta de governar Rio Branco para todos, com atenção prioritária para os que mais necessitam, é o que tem embalado os sonhos do jovem engenheiro Marcus Alexandre, que tem feito um programa eleitoral baseado em propostas e em conhecimento de Rio Branco e que tem feito uma campanha limpa.

            Temos o que propor e o que mostrar. Sobretudo, continuamos a ter um partido vencedor, com governos reconhecidos pela capacidade administrativa e pelo viés social de nossas administrações.

            Ouço, com atenção, o nobre Senador Wellington Dias.

            O Sr. Wellington Dias (Bloco/PT - PI) - Senador Anibal, primeiro, quero parabenizar as lideranças e o povo do Acre, pela importância do que nos relata V. Exª. Primeiramente, quero dizer que tenho um orgulho muito grande, porque, há aproximadamente 15 anos, estive em Rio Branco e para lá pude voltar no ano passado e neste ano e ver as mudanças importantes encontradas ali. Ali há um trabalho que conta com todas essas lideranças importantes e dedicadas. Vi ali pessoas apaixonadas pelo que fazem de bom, olhando com carinho especial para os que mais precisam. Vi a dedicação do atual Governador Tião Viana. Vi o Angelim, um Prefeito dedicado, bem avaliado e querido na cidade. Pude ver ali o quanto o nosso Senador Jorge Viana e V. Exª são queridos pelo trabalho ali realizado. O Jorge foi Governador. O Binho, que foi Governador também, é outra jovem liderança que, hoje, ajuda a Presidenta Dilma no Ministério da Educação. Enfim, quero aqui dizer da importância para o Brasil de ver esse projeto, olhando para os que mais precisam e para essa nova classe média que surge também em Rio Branco. Acho importante esse projeto de desenvolvimento que estrutura e, ao mesmo tempo, tem esse zelo, esse cuidado com os que mais precisam. É isso que espero. Que possa vencer essa liderança nova, que é o Alexandre, na cidade de Rio Branco! Que Deus possa abençoá-lo! Se Deus quiser, colheremos essa vitória. Muito obrigado.

            O SR. ANIBAL DINIZ (Bloco/PT - AC) - Muito obrigado, Senador Wellington Dias. Incorporo, integralmente, a sua contribuição.

            E gostaria, chegando à fase final deste meu pronunciamento, de realçar que a opção por Haddad, em São Paulo, gerou um desconforto inicial em relação à nossa Senadora Marta, mas, com o passar dos dias, foi-se provando que o povo queria realmente novidade na política. Nesse sentido é que está o grande mérito do Partido dos Trabalhadores, porque o Partido dos Trabalhadores tem apostado muito no novo. Não é só o Haddad; não é só o Marcos Alexandre, em Rio Branco. Temos o Marcio Pochmann, que também, entrando numa primeira disputa, está agora no segundo turno com totais possibilidades de vencer numa cidade do interior de São Paulo, Campinas.

            Temos uma novidade também em Fortaleza. E, mesmo no interior do Acre, tivemos um jovem, em Tarauacá, o médico Rodrigo Damasceno, vencendo eleição em primeira disputa. Tivemos, em Sena Madureira, o jovem Mano Rufino. Tivemos também essa aposta no novo.

            Então, a escolha do Marcos Alexandre gerou um desconforto inicial, mas, passado esse processo no primeiro turno, ficou muito claro que a opção foi acertada. A dúvida que havia em relação ao primeiro turno foi tirada, definitivamente, quando tivemos o anúncio da Deputada Federal Perpétua Almeida, do PCdoB. Uma combativa companheira, com todos os qualificativos de uma parlamentar que tão bem representa o Acre e que nos orgulha por pertencer a essa geração que tem contribuído para mudar, para melhor, a política do Acre.

            A Perpétua, que tinha legitimamente pleiteado inicialmente o direito de disputar a prefeitura, passou durante o primeiro turno numa posição de observação. Ela queria observar exatamente qual seria o desenrolar do primeiro turno. Terminado o primeiro turno, Marcos Alexandre com 48,30% dos votos e o adversário com 43%, era chegado o momento de fazer uma recomposição. O candidato adversário fez a soma dos demais candidatos, como o candidato do PMDB, que obteve 4,50%, e o candidato do PMN. Mas o que contou para nós, na manhã de hoje, foi o anúncio da Deputada Federal Perpétua Almeida, ao se dizer pronta para apoiar Marcos Alexandre no segundo turno, dando uma demonstração inequívoca de que podemos ter divergências, podemos ter pontos conflitantes, podemos ter algum tipo de dificuldade de entendimento, mas, na hora em que o futuro da cidade de Rio Branco está em jogo, na hora em que o futuro do andamento da política do Acre está correndo algum tipo de risco, as pessoas verdadeiramente comprometidas com o projeto em defesa do Acre, em defesa de Rio Branco, juntam-se para defender a nossa cidade. E assim fez a Deputada Perpétua Almeida.

            Eu quero saudar, com muito carinho, com muita alegria, a chegada da Deputada Federal Perpétua Almeida, do PCdoB, para somar conosco nessa reta final da campanha.

            Quiseram fazer intrigas, inclusive. Soltaram na rede social que eu e o Senador Jorge Viana não nos tínhamos feito presentes no ato em que Perpétua anunciou seu apoio a Marcos Alexandre. Na realidade, eu estava aqui, em Brasília, porque tivemos duas sessões especiais ontem, segunda-feira, e estamos em esforço concentrado hoje e amanhã. Por isso não estávamos presentes ao ato em que Perpétua Almeida anunciou seu apoio a Marcos Alexandre. Mas queremos anunciar daqui, do plenário do Senado Federal, que Perpétua Almeida é muito bem-vinda. Esse é o lugar em que Perpétua Almeida naturalmente está, que é a Frente Popular, compondo com o Partido dos Trabalhadores. O PCdoB já vinha apoiando essa candidatura. Nós temos o Vice, Márcio Batista, que é do PCdoB, dos quadros do PCdoB. A vinda da Deputada Perpétua Almeida é justamente para se somar a esse esforço que se faz necessário nesse segundo turno.

            E mais: se as eleições, no primeiro turno, aconteceram com todos os candidatos apresentando suas propostas, é natural que, no segundo turno, aquelas ideias que convergem se juntem, para defender seus pontos de vista. Assim como Fernando Melo decidiu se juntar a Tião Bocalom, do PSDB, Perpétua Almeida, de maneira honrada e segura, anunciou seu apoio a Marcos Alexandre.

            Eu quero saudar essa decisão da Deputada Perpétua como sendo algo digno de elogios e de reconhecimento. Da minha parte, Deputada Perpétua, eu, que tenho tanto respeito pelo seu trabalho, em muitos momentos difíceis pelos quais o povo do Acre teve que passar, nós sempre estivemos juntos. PCdoB e PT sempre estiveram juntos ao longo dessa trajetória vitoriosa, desde quando Jorge Viana foi Prefeito de Rio Branco, desde quando foi Governador do Acre por dois mandatos.

            Este momento é muito importante na reta final da campanha, e nós esperamos que a soma desses esforços nos traga um resultado que seja benfazejo para o povo de Rio Branco.

            E, da mesma forma que São Paulo está adotando a posição correta e acertada ao apostar no novo, nós podemos dizer também que a cidade de Rio Branco, o povo do Rio Branco está fazendo uma opção acertada ao ter colocado Marcos Alexandre no segundo turno das eleições. E nós estamos muito confiantes de que, com o trabalho, com a junção de forças, com uma campanha limpa e um programa eleitoral baseado em propostas, a gente haverá de construir essa vitória para o bem do povo de Rio Branco.

            Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 17/10/2012 - Página 54056