Discurso durante a 189ª Sessão Especial, no Senado Federal

Comemoração do Dia do Aviador.

Autor
Ana Amélia (PP - Progressistas/RS)
Nome completo: Ana Amélia de Lemos
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM. FORÇAS ARMADAS. PREVIDENCIA SOCIAL.:
  • Comemoração do Dia do Aviador.
Publicação
Publicação no DSF de 16/10/2012 - Página 53724
Assunto
Outros > HOMENAGEM. FORÇAS ARMADAS. PREVIDENCIA SOCIAL.
Indexação
  • HOMENAGEM, DIA, AVIADOR, ELOGIO, TRABALHADOR, AERONAUTICA, REGISTRO, IMPORTANCIA, INGRESSO, MULHER, AVIAÇÃO CIVIL.
  • SOLICITAÇÃO, GOVERNO FEDERAL, CUMPRIMENTO, SENTENÇA JUDICIAL, PAGAMENTO, BENEFICIO PREVIDENCIARIO, APOSENTADO, PENSIONISTA, TRABALHADOR, FUNDO DE PREVIDENCIA, EMPRESA DE TRANSPORTE AEREO.
  • ELOGIO, ATUAÇÃO, AUTORIDADE, ASSESSORIA, PARLAMENTO, AERONAUTICA.

            A SRª ANA AMÉLIA (Bloco/PP - RS. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão da oradora.) - Sr. Presidente Senador Anibal Diniz; Exmo Sr. Comandante da Aeronáutica, Tenente-Brigadeiro do Ar Juniti Saito; Exmo Sr. Comandante em exercício da Marinha do Brasil, Almirante-de-Esquadra Fernando Eduardo Studart Wiemer; Exmo Sr. Comandante Logístico do Exército, General-de-Exército Marco Antônio de Farias, representando neste ato o Comandante do Exército Brasileiro, General-de-Exército Enzo Martins Peri; demais convidados, militares e civis, a esta sessão destinada a celebrar o Dia do Aviador, eu queria, Presidente Anibal Diniz, dizer que eu fiquei prestando atenção nas suas palavras, na abordagem de quem vive na Amazônia e no que a aviação militar presta, não só ao serviço de assistência às populações longínquas do nosso território - igualmente o Exército e a Marinha -, num território dominado por florestas, por muita água e também por uma necessidade de preservação da nossa soberania e da nossa fronteira tão importante. A Amazônia é uma região cobiçada, olhada pelo mundo, então, a presença militar ali, não só da Aeronáutica - hoje estamos aqui muito felizes nesta sessão especial dedicada ao Dia do Aviador -, mas de toda a Força Armada brasileira, das três Armas.

            Primeiramente, queria agradecer a presença de todos os convidados desta sessão requerida pelo nosso colega, o Senador Vicentinho Alves, do PR de Tocantins, para celebrar o Dia do Aviador, que é comemorado, oficialmente, no dia 23 de outubro. Minha vinda a esta tribuna, em nome do meu Partido, o Partido Progressista, e do nosso Líder, o Senador Francisco Dornelles, é para cumprimentar e agradecer não apenas aos aviadores, mas também às aviadoras de nosso País. Aliás, o requerente é um piloto e mais razão tinha para solicitar e requerer esta audiência, um piloto da aviação civil, nosso querido colega Vicentinho Alves, que tem dado, nesta Casa, uma grande atenção às questões relacionadas à aviação em nosso País.

            Até hoje, quando viajo de avião para o meu Estado, o Rio Grande do Sul - e temos lá duas bases aéreas, a Base Aérea de Canoas e a de Santa Maria, que tive a honra de conhecer - para trabalhar ou para apenas em lazer, eu me pergunto: como é que uma aeronave - e isso deve ser a curiosidade dos leigos, como eu na aviação -, de 27 toneladas, que, nos pousos e decolagens, quase dobra de peso, podendo chegar a até 46 toneladas, consegue ficar no ar e sobrevoar? Já faz mais de 100 anos que o grande desbravador brasileiro da aviação, o aeronauta, o esportista, o inventor Alberto Santos Dumont, já referido aqui pelo Senador Anibal, fez o primeiro voo, a bordo do famoso 14 Bis, nos céus da encantadora Paris, no exato dia 23 de outubro de 1906, e, ainda hoje, me impressiono com a grandeza dessa invenção, ferramenta principal de trabalho e de inspiração não só dos aviadores, mas também dos poetas.

            Mais que a invenção, admiro a coragem de quem se atreve a pilotar uma aeronave, uma imensa responsabilidade, a meu ver, porque diz respeito não apenas ao controle de uma máquina que equivale ao peso - e aí vou falar como gaúcha - de 5.400 sacos de arroz, mas também ao transporte de vidas humanas, cujos valores são realmente incalculáveis. Nas operações militares, nem se fala.

            Minha homenagem é, portanto, dirigida a esses corajosos pilotos militares e civis, homens e mulheres que acordam todos os dias com essa responsabilidade, seja na atividade civil, nas nossas empresas, como amadores e, especialmente, como é o caso, nesta sessão de hoje aqui, dos militares, com este compromisso, com esta meta de voar, e de voar bem, com segurança.

            Ada Rogato, a primeira mulher a obter a licença de piloto de planador e de paraquedista no País, em 1941, e a terceira mulher a tirar o brevê em avião, uma espécie de habilitação de motorista para aviadores, também está nesse grupo. Foi essa cidadã, nascida em São Paulo e filha de imigrantes italianos, quem fez o primeiro vôo solitário entre a Patagônia, no sul do continente americano e o Alasca, no extremo norte da América. Ela também foi a primeira a fazer alguns dos vôos agrícolas no Brasil - hoje largamente utilizados em nossa competitiva produção agrícola -, País que é hoje um dos líderes mundiais nesse setor.

            Hoje, muitas mulheres - e aqui estão elas presentes - já ocupam a primeira linha da aviação militar brasileira. Voam em grandes aeronaves de transporte como o C-130 Hércules e o Boeing 707, os maiores aviões da Força Aérea Brasileira. Elas também pilotam helicópteros H-60 Black Hawk, caças F-5EM e A1, como também aviões de reconhecimento.

            São mulheres que, desde a década de 80, continuam a vestir as fardas azuis da Força Aérea Brasileira, e foram deixando importantes serviços de digitação, de programação, de enfermagem ou mesmo do escritório para se dedicarem à aviação. No futuro, essas mesmas mulheres estarão concorrendo às vagas de oficiais-generais, brigadeiras. São trinta anos de mulheres atuando exemplarmente não só em favor da Força Aérea Brasileira, mas também do Exército e da Marinha.

            Entre elas estão a Cadete-Aviadora Gisele Cristina Coelho de Oliveira, a primeira piloto a voar sozinha, em 2003, em uma aeronave da FAB em nosso País, e ainda a carioca 1º Tenente-Aviadora Adriana Gonçalves, que está em treinamento nos céus do meu Estado, o Rio Grande do Sul, e que até o final deste ano deve se tornar a primeira mulher da FAB a comandar a maior aeronave da corporação, o Boeing 707.

            Tão importante quanto essas mulheres, são também aqueles que trabalharam e ainda trabalham pela aviação brasileira, como Primeiro Ministro da Aeronáutica do Brasil, o gaúcho Joaquim Pedro Salgado Filho, autoridade que ajudou na expansão do Ministério da Aeronáutica e da Força Aérea Brasileira. Hoje ele dá nome ao aeroporto pelo qual mais tenho passado ao longo da minha vida, o Aeroporto Internacional Salgado Filho, em Porto Alegre, capital do meu Estado.

            A propósito, ao ler uma mensagem do nosso Primeiro Ministro da Aeronáutica, não tive dúvidas em relê-la aqui, pela relevância desta sessão.

            Escreveu ele:

Um dos principais fatores da unidade continental americana é, sem dúvida, o avião, que os povos deste hemisfério inventaram e aperfeiçoaram para suas relações pacíficas, a serviço dos mais nobres ideais da humanidade.

Aproximando civilizações distantes e várias, cujas origens milenárias, a despeito da ambição dos conquistadores, conservaram intatas suas virtudes de amor à terra, de respeito aos antepassados e de altaneira coragem na defesa de seus bens, o avião tem sido para estas nações predestinadas, mais um veículo de progresso e de paz do que um instrumento de destruição e de vingança.

Na faina diária de suas asas, nossos aviadores construíram a teia gigantesca e invisível de suas rotas habituais; cruzaram as fronteiras geográficas convencionais, que limitam as responsabilidades de cada povo, no amanho da terra e na exploração de suas riquezas; levaram os recursos da civilização aos postos avançados do sertão, núcleos de população que atestam a obra das bandeiras; transformaram os filhos dos conquistadores nos cidadãos dum continente livre, escudados, pela arma imponderável de suas crenças.

Essas crenças, tendo como fundamento as conquistas espirituais do passado, são os dogmas de fé que nos animam a prosseguir na obra de irmanar os povos, de caldear as raças, de polarizar energias, para colher os frutos da Terra da Promissão - o continente de Colombo.

Joaquim Pedro Salgado Filho. Ministro da Aeronáutica.

            Esses heróis incluem também, não só o nosso Primeiro Ministro da Aeronáutica, anônimos que dedicaram sua vida à aviação e por quem tenho trabalhado, antes mesmo do meu mandato como Senadora.

            Quero fazer um referência e peço licença aos militares para abordar aqui o caso dos funcionários, dos aviadores, dos comandantes, dos pilotos, que participaram da Aviação Civil do Fundo Aerus, aquele fundo de previdência das falidas companhias aéreas Transbrasil e Varig.

            Mesmo com as decisões recentes da Justiça, determinando que a União arque com os custos do rombo do Fundo Aerus, aposentados que dedicaram uma vida inteira à aviação civil, infelizmente, ainda estão vivendo em situação precária, com aposentadorias mínimas, com as quais não dá para sobreviver. Muitos até já morreram sem dinheiro e sem poderem tratar as enfermidades que chegaram com o passar dos anos.

            Por isso, eu aproveito esta cerimônia para renovar um pedido de que o Governo acolha e cumpra a sentença judicial que determina este pagamento.

            Não posso deixar de agradecer, antecipadamente também, ao Tenente-Brigadeiro do Ar Juniti Saito, e a todos os representantes da Força Aérea Brasileira, que gentilmente me concederão, no dia 23 de outubro, Dia do Aviador, a Comenda do Grau de Grande Oficial da Ordem do Mérito Aeronáutico. Recebo com muita honra e apreço essa homenagem, que me deixa feliz e ainda mais grata do Comando da Aeronáutica, aqui em Brasília.

            Quero, portanto, parabenizar cada um dos aviadores e aviadoras deste Brasil, sejam civis ou militares, durante todos esses anos dedicados à aviação e encerrar com um frase curta de um grande e famoso aviador francês, Antoine de Saint-Exupéry, mais conhecido por ser autor da grande obra O Pequeno Príncipe. Mas aqui cito o Voo Noturno, escrito por ele, que foi piloto da Segunda Guerra Mundial e morreu, aos 44 anos, pilotando uma aeronave durante uma missão na África. Ele escreveu: “O que torna belo o deserto é que ele esconde um poço em algum lugar”.

            A propósito, eu queria, também, antes de encerrar, aproveitar para enaltecer, na pessoa do Brigadeiro Mesquita, a qualidade e o profissionalismo no comando da Assessoria Parlamentar do Comando da Aeronáutica e no relacionamento qualificado, de alta competência, com esta Casa, o Senado Federal.

            Da mesma forma, por estarmos hoje não só celebrando o Dia do Aviador, queria dizer que, como Senadora mulher, fico muito orgulhosa ao completar 30 anos o ingresso das mulheres na Aeronáutica.

            Elas já demonstraram a sua capacidade e o seu comprometimento com a aviação militar, e, na pessoa da atenciosa Coronel Patrícia, da Assessoria Parlamentar da Aeronáutica, saúdo todas as mulheres militares da Aeronáutica, que escolheram a carreira militar para desenvolverem seus talentos e suas habilidades.

            Cumprimento todas e todos os militares, especialmente os aviadores e as autoridades do Comando Militar da Aeronáutica, pelo dia e pela homenagem que nós, hoje, no Senado, estamos prestando graças ao requerimento do nosso colega Vicentinho Alves.

            Cumprimentos a todos.

            Muito obrigada. (Palmas.)


Este texto não substitui o publicado no DSF de 16/10/2012 - Página 53724