O SR. CIDINHO SANTOS (Bloco/PR - MT. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Boa tarde, Sr. Presidente, Srs. e Srªs Senadoras e Senadores.

            Eu queria, em primeiro lugar, em meu nome e em nome dos Senadores Jayme Campos e Pedro Taques, parabenizar o Município de Sorriso, no nosso querido Estado de Mato Grosso, que, hoje, por meio da Lei nº 12.724, recebe da Presidenta Dilma Rousseff o título de Capital Nacional do Agronegócio. Esse Município pujante, maior produtor de grãos do Brasil, foi assim reconhecido pela Presidente Dilma. Para nós, mato-grossenses, é motivo de orgulho sermos de um estado hoje campeão nacional de produção e termos um município da pujança do Município de Sorriso.

            Eu queria falar um pouco, Sr. Presidente, sobre a situação da Embrapa, a nossa Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária. Na verdade, seria muito difícil - ou talvez impossível - descrever toda a relevância da Embrapa para a economia, o desenvolvimento social e a segurança alimentar do Brasil. Também não seria qualquer exagero dizer que se trata de uma empresa que constitui um dos pilares da economia brasileira.

            A instituição Embrapa é essencial para o País, visto que, nos próximos anos, esperam-se dois grandes desafios para a agricultura. Esses desafios são a expansão da demanda de alimentos - que será acompanhada de uma mudança de perfil de consumo - e o grande aumento da demanda de agroenergia que o mundo experimentará, de acordo com projeções do Banco Mundial para a próxima década.

            A Embrapa tem papel absolutamente indispensável nesse contexto. Sem ela, não apenas o Brasil não será capaz de enfrentar esses desafios que o faturo próximo nos apresenta, como sequer teria chegado à destacada posição de liderança mundial na produção agrícola. Com certeza, não teríamos alcançado essa posição hoje, não fosse o apoio das pesquisas para o desenvolvimento e de busca de tecnologias pela Embrapa.

            Com um acervo genético riquíssimo, a Embrapa tem papel fundamental no desenvolvimento do agronegócio nacional. Apenas para citar um exemplo: a soja transgênica tolerante a herbicidas, que a Embrapa desenvolveu com a alemã Basf, recebeu, no início de 2010, o selo de aprovação da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio).

            Ainda em relação à soja, é bom recordar que há algumas poucas décadas considerava-se que o Cerrado e as terras do Norte e Nordeste brasileiros eram inadequados ao cultivo dessa oleaginosa.

            A soja foi, durante muito tempo, cultivada em larga escala apenas no Sul, principalmente no Paraná e Rio Grande do Sul, e só iniciou a expansão rumo ao Centro-Oeste no final dos anos 70. Graças à atuação da Embrapa e ao esforço constante do empreendedor rural brasileiro, a adaptação de novos cultivares ao terreno, até então tido como inadequado, foi rápida e com um retorno produtivo acima do esperado, contribuindo para alçar o Brasil à condição de segundo maior produtor mundial, superado apenas pelos Estados Unidos. Neste ano, nossa expectativa é a de superar os Estados Unidos e nos tornarmos o maior produtor mundial de grãos.

            Goiás, Mato Grosso do Sul e Mato Grosso tornaram-se, então, solo fértil para o cultivo da soja, que, sempre amparado pelas pesquisas de sementes mais produtivas, continuou em rota de expansão e hoje está presente em Estados do Nordeste e na Região Norte, áreas que, assim como o Centro-Oeste, também eram tidas como impróprias para este tipo de cultura. Quero ressaltar, mais uma vez, o trabalho da Embrapa. Não só o Centro-Oeste, mas o Norte e o Nordeste começam agora a se tornar pólos de produção em nosso País.

            Sr. Presidente, a Embrapa certamente é uma das empresas de maior importância para a economia e o desenvolvimento social do nosso Brasil e, de modo muito especial, para o nosso Centro-Oeste, região que depende em grande medida do agronegócio.

            Por tudo isso, Senador Jayme Campos, mexer com a Embrapa é mexer em um setor estratégico para o País. Estratégico porque está em jogo a segurança alimentar nacional, porque a tecnologia de produção agropecuária desenvolvida pela Empresa beneficia toda a população brasileira e, em especial, as camadas menos favorecidas.

            A Embrapa não pode estar sujeita a qualquer ameaça de sucateamento. Para que isso não ocorra, deve haver uma política consistente e constante de reposição de seus quadros, a valorização da carreira dos pesquisadores, entre outras medidas que visem fortalecer essa instituição tão importante para o Brasil.

            Concedo um aparte ao Senador Jayme Campos.

            O Sr. Jayme Campos (Bloco/DEM - MT) - Meu caro Senador Cidinho Santos, nosso conterrâneo, estou ouvindo atentamente o discurso de V. Exª na tarde de hoje. Primeiro, quando V. Exª, naturalmente como todos nós, mato-grossenses, registra estar muito feliz no dia de hoje porque a Presidenta Dilma baixou um decreto considerando a cidade de Sorriso a capital do agronegócio brasileiro. Essa foi uma demonstração de reconhecimento, sobretudo da competência dos nossos produtores e de toda a sociedade daquela cidade. Mas V. Exª fala da Embrapa com conhecimento profundo, porque é um homem que lida na área do agronegócio mato-grossense, empresário de sucesso. Quero crer que a Embrapa, indiscutivelmente, é orgulho para todos nós, como o Banco do Brasil. A Embrapa é uma empresa de que, certamente, todos os Governos dependem visceralmente para a construção de um país de produção, sobretudo sustentável. Ela orgulha a todos nós. Dessa maneira, quando V. Exª fala de segurança alimentar, é fundamental termos essa empresa, a Embrapa, fortalecida para que possa continuar com as suas pesquisas, que têm dado resultados altamente positivos não só para o Brasil como para o mundo. Hoje já há a extensão da Embrapa em alguns países, ou seja, o Brasil está presente com a Embrapa em outros países. Quero crer que o seu pronunciamento é oportuno, tendo em vista que a Embrapa já está instalada hoje em Sinop, o que vai permitir que façamos grandes estudos, principalmente para a implantação, naturalmente, de uma nova atividade econômica, haja vista que aquela era uma região de garimpo antigamente, passando depois fortemente para o setor madeireiro. Essas duas atividades, por incrível que pareça, estão se exaurindo. V. Exª vem aqui registrar, com alegria, a condução da cidade de Sorriso ao posto de capital do agronegócio brasileiro, e dar o valor devido à Embrapa. Quero me solidarizar e dizer que V. Exª está de parabéns pelo pronunciamento que faz hoje aqui no Senado Federal. Parabéns, Senador!

            O SR. CIDINHO SANTOS (Bloco/PR - MT) - Obrigado, Senador Jayme Campos. Nesta fala sobre a Embrapa, na verdade, quero ressaltar as conquistas da nossa empresa de pesquisa agropecuária no Brasil, mas manifestar também a nossa preocupação com a situação em que se encontra a empresa hoje. Este pronunciamento eu havia preparado há uns 15 dias e, de lá para cá, houve algumas mudanças, como a troca da presidência da Embrapa - acredito que em boa hora - pela Presidenta Dilma, o que poderá dar um novo rumo à Embrapa. Eu acredito que essa mudança, de repente, tenha ocorrido num momento oportuno.

            Eu queria continuar um pouco o meu discurso, falando que os investimentos contínuos, aliados a salários adequados, são medidas para evitar o comprometimento da produção de tecnologia agropecuária competitiva e sustentável, pois cientistas capacitados, empreendedores e talentosos estão migrando para áreas e organizações que oferecem maiores salários e melhores condições de trabalho.

            Precisamos, ainda, da renovação e capacitação de pesquisadores em novas e emergentes áreas, como biotecnologia, agricultura de precisão, agroenergia e nanotecnologia.

            A manutenção da capacidade brasileira de inovação tecnológica no agronegócio é essencial para manter o País competitivo no comércio mundial de produtos agrícolas e para continuar ofertando produtos alimentares e fibras a preços reais decrescentes no mercado doméstico. Sem investimentos, perderemos mercados externos, gerando novas crises e mais desemprego no meio rural, provocando aumento geral nos preços domésticos.

            Sr. Presidente, Sr. Senador Armando Monteiro, que muito nos honra com a sua presença, um empresário e conhecedor do tema, a economia e o bem-estar social do meu Estado de Mato Grosso, do nosso Estado, estão diretamente vinculados à produção do campo - isso não é novidade para ninguém.

            Sendo a Embrapa o motor de praticamente tudo o que se produz no agronegócio, não é exagero algum concluir que Mato Grosso deve muito a essa empresa e dela depende em grande medida. E, como disse o Senador Jayme Campos, a instalação da Embrapa no Município de Sinop veio trazer a Mato Grosso novas expectativas de novos cultivares, de uma nova Embrapa voltada também para a questão florestal.

            Por causa disso, os mato-grossenses estão preocupados com os rumores de que a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária estaria sofrendo um longo e contínuo processo de sucateamento. Seus servidores estariam sendo mal remunerados, estando sujeitos a uma carreira pouco atraente, e, por isso mesmo, muitos deles - especialmente os mais talentosos - estariam procurando outros lugares para trabalhar. Esse é um processo que prejudica o povo brasileiro e prejudica, diretamente, o nosso Estado de Mato Grosso.

            Eu queria conceder um aparte ao Senador Armando Monteiro.

            O Sr. Armando Monteiro (Bloco/PTB - PE) - Senador Cidinho, eu estou ouvindo atentamente o seu pronunciamento e queria me congratular com V. Exª, porque acho que essa preocupação que V. Exª traz hoje é uma preocupação que deve ser compartilhada com todos os brasileiros. A Embrapa é uma das instituições mais bem-sucedidas do País. Eu diria que no Brasil moderno, esse Brasil que se apresenta ao mundo com uma economia, sobretudo no setor primário, pujante, um País que é reconhecido, hoje, como um celeiro que produz alimentos com índices de produtividade que são, em algumas áreas, os mais elevados do mundo, tudo isso se deu por um trabalho continuado de pesquisa da Embrapa, graças à dedicação do seu corpo técnico e, sobretudo, dos investimentos que foram feitos em pesquisa ao longo do tempo. Portanto, a Embrapa é uma instituição que deve ser reconhecida como uma das mais importantes do nosso País. Eu diria que a Embrapa está para a agricultura brasileira assim como o ITA, por exemplo, se colocou como base fundamental para o desenvolvimento da indústria aeronáutica do Brasil. Portanto, eu quero me associar ao pronunciamento de V. Exª e dizer que estaremos nos somando a essa preocupação de que a Embrapa não pode ser, de forma nenhuma, esvaziada ou, muito menos, atingida por medidas que não levem em conta a sua importância para o País. Então, eu me congratulo com V. Exª por ter trazido, nesta noite, um pronunciamento que me parece de grande importância. Muito obrigado.

            O SR. CIDINHO SANTOS (Bloco/PR - MT) - Obrigado, Senador Armando Monteiro.

            Apenas para finalizar, Sr. Presidente, eu vim aqui, hoje, em nome do Senado Federal, em nome do nosso Estado do Mato Grosso, expressar a nossa absoluta e irrestrita convicção de que a Embrapa é uma empresa que precisa ser fortalecida, sob pena de todos nós, o povo brasileiro, sofrermos grandes consequências.

            Eu quero, ao encerrar, desejar sucesso ao novo presidente, o Dr. Maurício Antônio Lopes, que tem um currículo invejável, um currículo extraordinário e, assim, tem todas as condições de fazer da Embrapa, realmente, a empresa de tecnologia e de pesquisa que honra o Brasil. Ela está, no momento, passando por alguma dificuldade, mas tenho certeza de que, com a gestão do Dr. Maurício Antônio Lopes e o apoio da Presidente Dilma e do Ministro da Agricultura, poderemos resgatar a Embrapa, resgatar a autoestima dos nossos pesquisadores, dos nossos técnicos, equipando a Embrapa para oferecer, cada vez mais e melhor, serviços ao povo brasileiro.

            Meu muito obrigado e uma boa tarde a todos.