Pronunciamento de Alvaro Dias em 01/11/2012
Pela Liderança durante a 202ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal
Críticas à prorrogação, que seria insuficiente, dos trabalhos da CPMI do “Cachoeira”.
- Autor
- Alvaro Dias (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/PR)
- Nome completo: Alvaro Fernandes Dias
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Pela Liderança
- Resumo por assunto
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COMISSÃO PARLAMENTAR MISTA DE INQUERITO, CORRUPÇÃO.:
- Críticas à prorrogação, que seria insuficiente, dos trabalhos da CPMI do “Cachoeira”.
- Publicação
- Publicação no DSF de 02/11/2012 - Página 58319
- Assunto
- Outros > COMISSÃO PARLAMENTAR MISTA DE INQUERITO, CORRUPÇÃO.
- Indexação
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- CRITICA, ATUAÇÃO, SENADOR, COMPOSIÇÃO, COMISSÃO PARLAMENTAR MISTA DE INQUERITO, REFERENCIA, EXTENSÃO, PRAZO, FUNCIONAMENTO, MOTIVO, INSUFICIENCIA, TEMPO, REALIZAÇÃO, INVESTIGAÇÃO, DESVIO, FUNDOS PUBLICOS, ORIGEM, CORRUPÇÃO, PODER PUBLICO.
O SR. ALVARO DIAS (Bloco/PSDB - PR. Pela Liderança. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srs. Senadores, Srªs Senadoras, o Presidente acaba de fazer a leitura de um requerimento que prorroga os trabalhos da CPMI Cachoeira por cerca de 48 dias. Trata-se de uma estratégia. Não se trata, na verdade, do anúncio de uma disposição de aprofundar as investigações para revelar ao País os detalhes de um gigantesco esquema de corrupção que promoveu um desvio monumental de recursos públicos nos últimos anos, especialmente dos cofres da União.
Há poucos dias, em São Paulo, mais precisamente na segunda-feira - tive oportunidade, inclusive, de contar àqueles que me acompanham nas redes sociais, aproveitando o espaço disponível que temos - um amigo disse: “Os brasileiros sabem escalar a seleção nacional e, agora, muitos brasileiros sabem escalar também o Supremo Tribunal Federal.” Esse é o reflexo do impacto que provoca a atuação de Ministros que se transformaram em ídolos para muita gente neste País. Foi um exemplo de combate à impunidade no julgamento do mensalão, ressuscitando esperanças em boa parte da população brasileira que quer instituições públicas valorizadas pela ética. E o Supremo Tribunal Federal conquista respeitabilidade ao julgar, de forma implacável, os responsáveis pela arquitetura, instrumentalização e operacionalização desse complexo esquema de corrupção que se chamou de mensalão.
E nós, no Congresso Nacional, aprendemos a lição? Lamentavelmente, não. O que se faz agora é decretar o fim desta Comissão Parlamentar de Inquérito e é preciso explicar por quê.
Mas não há prorrogação? Há um simulacro de prorrogação, há uma encenação. A prorrogação que se anuncia agora não é suficiente para avançar nas investigações, especialmente de cerca de 29 empresas supostamente laranjas, que tiveram movimentação financeira atípica no relacionamento com a Delta. E a Delta é a matriz desse grande escândalo de corrupção, com participação de Carlos Cachoeira, uma espécie de sócio oculto ou de grande lobista que arquitetava e articulava as negociatas com o Poder Público, obtendo contratos generosos que foram alimentando seus cofres nos últimos anos. Assim, ela se tornou uma empresa monumental, com repasses de recursos para empresas coadjuvantes que se instalaram para o desvio do dinheiro público ou para ocultação dos valores. São empresas que não produzem objetos, equipamentos, que não realizam obras e não prestam serviços, mas movimentaram milhões de reais nos últimos anos nessa relação promiscua com a empresa Delta, e dela com o Poder Público da União, de alguns Estados e de alguns Municípios deste País.
O que desejávamos era uma prorrogação de 180 dias para que tivéssemos tempo de quebrar o sigilo bancário dessas 29 empresas. Dessa forma, na análise da movimentação financeira delas, conferindo o passeio dos recursos desde a origem até a destinação final, poderíamos encontrar os responsáveis por esquema de desvio de dinheiro público como jamais se viu na história deste País.
Sim, os valores são excepcionais. Em pouco tempo, em relação a empresas que tiveram o sigilo quebrado, verificamos que mais de R$421 milhões foram repassados da Delta para coadjuvantes, que destinavam os recursos a beneficiários integrantes do esquema de Carlinhos Cachoeira.
E a origem era sempre o Poder Público, sobretudo DNIT. Maior percentual: DNIT. Estados e Municípios da mesma forma. As empresas que tiveram seus sigilos quebrados estão instaladas no Estado de Goiás. Desde o início, prevaleceu a tese de que o objetivo da instalação da CPI era ferir o partido de oposição em Goiás, o PSDB, e era, se possível, desviar as atenções da opinião pública desse memorável julgamento do mensalão.
Se conseguiram esses objetivos, não cabe aqui discutir, mas o que se verifica agora é que não desejavam investigar para valer. Não desejavam apurar a realidade dos fatos. A sujeira e o lixo da corrupção estão sendo empurrados para debaixo do tapete da impunidade. E nós ficamos devendo. Enquanto os Ministros do Supremo Tribunal Federal, especialmente alguns deles, se transformam em ídolos de boa parte da população brasileira, Parlamentares se tornam desavergonhados pizzaiolos...
(Soa a campainha.)
O SR. ALVARO DIAS (Bloco/PSDB - PR) - ...ao impedir que o Congresso Nacional preste este serviço ao País: o serviço maior, que é o de combate à impunidade, que é a razão do estímulo à corrupção no Brasil, que tanto mal tem feito ao povo brasileiro.
Portanto, lamentamos. Denunciamos que houve uma encenação. Denunciamos que se estabeleceu um cronograma para que a CPI chegasse ao final do ano sem apresentar um relatório veemente. O que teremos é um relatório chapa-branca, escondendo fatos e permitindo que o lixo da corrupção fique debaixo do tapete da impunidade.