Pronunciamento de Pedro Simon em 06/11/2012
Discurso durante a 205ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal
Expectativa sobre a eleição presidencial nos Estados Unidos da América.
- Autor
- Pedro Simon (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/RS)
- Nome completo: Pedro Jorge Simon
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Discurso
- Resumo por assunto
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ELEIÇÕES.
POLITICA INTERNACIONAL.:
- Expectativa sobre a eleição presidencial nos Estados Unidos da América.
- Aparteantes
- Eduardo Suplicy, Paulo Paim.
- Publicação
- Publicação no DSF de 07/11/2012 - Página 59086
- Assunto
- Outros > ELEIÇÕES. POLITICA INTERNACIONAL.
- Indexação
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- EXPECTATIVA, RELAÇÃO, ELEIÇÃO, PRESIDENCIA DA REPUBLICA, LOCAL, PAIS ESTRANGEIRO, ESTADOS UNIDOS DA AMERICA (EUA).
O SR. PEDRO SIMON (Bloco/PMDB - RS. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente e Srs. Parlamentares, falo praticamente no último minuto, mas, de certa forma, eu interpreto o pensamento de 81% de toda a humanidade que torce pela vitória de Barack Obama na presidência dos Estados Unidos. É impressionante, mas, à exceção de Israel, o mundo inteiro tem a expectativa da vitória de Barack Obama.
Quatro anos atrás, estive nesta tribuna e analisava a plataforma dos dois e a biografia dos dois: um trilionário, pertencente ao Partido Republicano, que, de certa forma, defendia algumas ideias retrógradas que não se pode entender que ainda existam e que significava a continuidade do Presidente Bush, que, nos seus 8 anos de governo, criou 3 guerras no mundo.
O outro era o Presidente Obama, senador de primeiro mandato, cujas ideias eram exatamente as da justiça social, a começar pela questão da saúde nos Estados Unidos. Parece mentira, mas uma das questões mais cruéis, em que quem tinha dinheiro pagava seguro, quem não tinha dinheiro não tinha nada. Travou uma luta cruel com os republicanos e conseguiu uma vitória em parte, porque, no geral, praticamente os republicanos não deixaram.
Comprometeu-se a diminuir, a terminar com as guerras. Conseguiu no Afeganistão; praticamente, no Iraque; e não iniciou nenhum movimento belicoso, durante os seus quatro anos de governo.
Hoje, o americano vive uma crise econômica, fruto do governo Bush, em grande parte, dos trilhões de dólares que o governo americano gastou nas estúpidas guerras desnecessárias pelo mundo.
E não dá para se dizer que o governo Obama tenha sido um governo de recuperação total da economia americana. Não dá para dizer que o governo Obama foi excepcional, fantástico, como se imaginava. Um orador brilhante com ideias altamente positivas. Não dá para dizer, hoje, que ele foi um Presidente plenamente vitorioso. Mas, pelo amor de Deus, ele foi um grande presidente. Ele fez e tentou fazer grandes coisas; algumas, ele não conseguiu, como não conseguiu a penitenciária lá em Cuba. E não conseguiu fechar a penitenciária em Cuba porque os republicanos, que tem maioria no congresso americano, impediram. Impediram que as pessoas que saíssem da penitenciária de Cuba e fossem para uma penitenciária nos Estados Unidos pudessem ser processadas lá, nos Estados Unidos, e julgadas nos Estados Unidos.
É emocionante ver o afeto e o estilo de ação, inclusive de família, entre Obama e a esposa dele. A primeira-dama construiu, criou um cultivo de alface, de verduras. Em plena Casa Branca, há uma quitanda, onde plantava e, inclusive, distribuía para os pobres. Coisa singela! Nenhum significado de ordem prática, mas um profundo significado de ordem moral e de ordem técnica.
Eu me confesso um homem admirador do Obama. Claro que o americano é o americano e o dono do mundo; claro que o americano é o americano e é o responsável pela humanidade inteira. Até o Obama pensa assim. Mas que mudou muito, mudou. Embora o Obama não tenha tido com a América Latina a atenção que a gente imaginava; e mesmo continuando a olhar para a Europa, para o Oriente Médio e para a Ásia, o tratamento dele com a América Latina foi bem melhor do que o dos republicanos.
Com a própria Cuba se vê hoje que, embora não tenha feito aquilo que se esperava, que era terminar com o bloqueio mais absurdo e mais escandaloso da história do mundo, 50 anos, numa pobre ilha proibida de crescer, de respirar, de avançar, porque os americanos a impedem de negociar com o mundo, mesmo ali, a abertura é bem maior. E Cuba está se abrindo, e os Estados Unidos estão permitindo as viagens a Cuba, viagens de cubanos aos Estados Unidos. E o ambiente é infinitamente melhor do que na época do Presidente Bush.
(Soa a campainha.)
O SR. PEDRO SIMON (Bloco/PMDB - RS) - Por isso é interessante uma manchete que nem esta do Correio Braziliense: “O mundo quer Obama. Os Estados Unidos decidem hoje”. Se dependesse do mundo, 87% já tinham votado em Obama; mas, nos Estados Unidos, por enquanto, está 50 a 50 - empate técnico. Até isso é interessante. O americano não toma conhecimento do que o mundo pensa.
(Soa a campainha.)
O SR. PEDRO SIMON (Bloco/PMDB - RS) - Houve três grandes debates sensacionais entre os dois presidentes. O que teve menos assistência foi quando falavam das questões do mundo. Quando os dois discutiram os problemas da humanidade, foi quando os americanos mais desligaram a televisão. É a vaidade exagerada de um povo que se considera dono do mundo, mas que já, hoje, não é tanto.
Hoje já está aí a China, em segundo lugar, correndo parelho atrás dos Estados Unidos; inclusive, o grande credor dos Estados Unidos. Diariamente são bilhões de dólares que os americanos pegam emprestado, os Estados Unidos, por causa das suas dívidas. Há a Índia e há o Brasil; há vários países crescendo, para que mundo seja menos tutelado exclusivamente pelo americano e seja um mundo mais aberto. E o Obama é um homem que caminha nesse sentido. E quanto ao seu oponente, um dos homens mais ricos dos Estados Unidos, uma das maiores fortunas que existem nos Estados Unidos, é fácil entender por que não consegue enxergar o mundo de outra maneira, senão pobre gente.
(Soa a campainha.)
O SR. PEDRO SIMON (Bloco/PMDB - RS) - Fiz questão de vir aqui hoje, Sr. Presidente, acometido de problemas de saúde. Era para ficar mais uns dias, mas fiz questão de vir a esta tribuna, como fiz há 4 anos; fiz questão absoluta de deixar aqui o meu pensamento.
Obama foi um avanço para a humanidade há 4 anos, e Obama será a consolidação nesses próximos 4 anos. E creio que, com mais 4 anos de Obama no governo americano, o ranço de Bush e dos republicanos ficará de lado e o diálogo que já existe hoje e, até de certa forma cordial, entre o americano e o russo, e o entendimento respeitoso entre o americano e o chinês farão com que tenhamos grandes esperanças de um mundo melhor.
Obrigado, Senador Paim, pela gentileza de me ceder o seu tempo. V. Exª me fez um grande favor, porque cheguei aqui e a lista era interminável e, se não fosse V. Exª, não teria chance.
O Sr. Paulo Paim (Bloco/PT - RS) - Permita-me só 30 segundos, Presidente. Senador Simon, primeiro, gostaria de dizer da alegria de vê-lo retornar à tribuna. O Brasil gosta de ouvi-lo. Quando V. Exª me pediu, disse que não só cederia, como também sentaria para ouvi-lo. O Vice-Presidente fez sinal de que precisaria falar comigo e eu disse: “Já irei, mas, primeiro, quero ouvir o Senador Simon.” E para falar desse tema que o senhor sabe que mexe também com a nação negra; mexe com brancos, negros e índios no mundo. Com certeza, a reeleição de Obama é fundamental para nós todos, brancos, negros e índios. E ao ouvir da sua voz essa declaração, que é nossa, de apoio ao Obama, eu diria que ganhei o dia, a semana, o mês e o ano. Ganhou a humanidade. Parabéns, como sempre, meu querido amigo, Senador Simon!
O SR. PEDRO SIMON (Bloco/PMDB - RS) - Muito obrigado a V. Exª.
(Soa a campainha.)
O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - Muito brevemente...
O SR. PEDRO SIMON (Bloco/PMDB - RS) - Eu apenas digo a V. Exª que assisti pela televisão e, se eu estivesse aqui ontem, no lugar do Presidente, teria resolvido de uma outra maneira.
O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - Agradeço.
O SR. PEDRO SIMON (Bloco/PMDB - RS) - Eu diria o seguinte: vamos aguardar mais dez minutos, vamos encerrar a sessão e todos ficam aqui porque está convocada uma audiência de música do cantor. Teria sido muito mais simpático, mais elegante, e V. Exª teria se saído melhor.
O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - O Chambinho da Sanfona sabe cantar tão bem e relembrar o Luiz Gonzaga, que todos nós teríamos apreciado muito. Mas quero também saudar a volta de V. Exª, Senador Pedro Simon, sobretudo pelo tema da expectativa de V. Exª, que também é minha, do Senador Paulo Paim e de tantos brasileiros - acredito também que da Presidenta Dilma, pois ela tem expressado isso - do quão positivo será para a humanidade, para os Estados Unidos, para as três Américas, África, Ásia, Europa, o Planeta Terra, a reeleição do Presidente Barack Obama. Comungo com o sentimento de V. Exª e, inclusive, hoje, quero, quando chegar a minha vez, falar a respeito. Meus cumprimentos.
O SR. PEDRO SIMON (Bloco/PMDB - RS) - Muito obrigado a V. Exª, Senador Suplicy.
E agradeço a tolerância de V. Exª, Sr. Presidente.