O SR. MÁRIO COUTO (Bloco/PSDB - PA. Pela Liderança. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srª Senadora Vanessa, volto hoje a esta tribuna para falar ao meu Estado do Pará, para falar àqueles que gostam do futebol, àqueles que sistematicamente pagam seus ingressos nas bilheterias para ver os jogos do nosso campeonato.

            Lutei, Presidente, e luto contra a corrupção desde que entrei aqui nesta Casa. Muitos me criticam, alguns me acusam, mas a minha força, a minha coragem, a minha disciplina de não ser covarde me sustentam a capacidade de continuar esta guerra, a guerra contra a corrupção.

            O paraense, hoje, vê os seus clubes, principalmente os tradicionais clubes do Pará, fundados há mais de 100 anos, como é o caso do Remo e do Paysandu, as torcidas desses clubes outrora viram a capacidade de se chegar a uma primeira divisão no Campeonato Brasileiro, de se honrar o futebol paraense.

            Imagina, Brasil, um jogo entre Remo e Paysandu coloca, no estádio Mangueirão, 40 mil pessoas. Se formos comparar aos grandes clássicos mundiais, pode-se dizer que é a capacidade de um clássico entre Real Madri e Barcelona.

            Pergunto eu, brasileiros e brasileiras, paraenses: por que o futebol do Estado do Pará está falido? Por que Remo e Paysandu não conseguem ter um patrimônio capaz de honrar as suas torcidas? Por que Remo e Paysandu, principalmente, não orgulham as suas torcidas na atualidade?

            A culpa é sempre atribuída aos dirigentes; porém, não é só dos dirigentes, ou melhor, não é dos dirigentes! A culpa é da corrupção que existe na Federação Paraense de Futebol. Estou eu aqui, hoje, com provas textuais, assinadas e comprovadas, da corrupção na Federação Paraense de Futebol.

            O nosso futebol é poderoso! O nosso futebol é dos mais poderosos da Nação! O nosso futebol não pode ser envergonhado; não pode ser envergonhado por meia dúzia de safados, onde existe um tal de Romano, que é a peça principal da corrupção no Estado do Pará. E não adianta - não adianta! - tentarem calar a minha voz, pois a guerra apenas está começando, a guerra contra esta corrupção desenfreada que macula, suja a imagem do nosso futebol.

            Presidente, nobre Presidente, como meu tempo é curto, eu queria que V. Exª encaminhe, ou melhor, que coloque um rótulo de “urgente” neste requerimento de que vou ler apenas uma parte, porque, como disse, meu tempo já está se esgotando.

Requeiro, nos termos dos arts. 74 e 75 do Regimento Interno do Senado Federal, seja constituída Comissão Temporária, composta de seis membros titulares e igual número de suplentes, assegurada a participação de dois membros da região Norte do País, com prazo de funcionamento de noventa dias, para acompanhar a crise institucionalizada na Federação Paraense de Futebol, que tem culminado com a decadência do futebol profissional no Estado do Pará e tem sido palco de fortes denúncias [como esta que incorporo a este requerimento] de desmando pela atual administração, comprometendo, desse modo, um segmento do esporte afeto à cultura e à tradição nacional, segundo fortes relatos veiculados pela mídia local, podendo esta comissão, para tanto, requerer informações, realizar audiências públicas e diligências externas, especialmente no Estado do Pará, onde está sediada referida federação, bem como praticar outros atos que julgue necessários à consecução dos objetivos da comissão.

            Gostaria que V. Exª colocasse um carimbo aqui, para que logo, logo pudéssemos ter a comissão formada e caminhássemos em direção à Federação Paraense de Futebol, para que lá pudéssemos, in loco, observar o documento que anexo aqui, documento este assinado por vários trabalhadores do Clube Santa Cruz, para onde a Federação Paraense de Futebol encaminhou um engenheiro chamado Romano, a fim de receber honorários e, logicamente, dividir, não sei com quem.

            Nós vamos ver tudo isso in loco!

            Não sou apenas eu que quero, Presidente; queremos eu e mais cinco...

(Interrupção do som.)

            O SR. MÁRIO COUTO (Bloco/PSDB - PA) - (...) para não dizerem que estou usando de politicagem (fora do microfone), mas a corrupção será combatida por mim, doa a quem doer e custe o quanto me custar, até o último minuto do meu mandato.

            Não tenho medo de comentários imorais a meu respeito. Não tenho! Minha vida está aberta, totalmente aberta a quem quiser conhecê-la!

            Agora, curvar-me a ameaças eu não me curvo. Ver o meu futebol, ver o futebol do meu Estado na falência, ver o futebol do meu Estado acabar, ver o Clube do Remo na situação em que está, ver o Paysandu na situação em que está, ambos com mais de um milhão de torcedores... Eu não vou me calar! Eu não vou me calar, paraenses! Vou até o fim... Vou até o fim para trazer a verdade para o povo paraense.

            Muito obrigado, Sr. Presidente.