Discurso durante a 206ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Saudação à reeleição de Barack Obama à Presidência dos Estados Unidos da América; e outro assunto.

Autor
Pedro Simon (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/RS)
Nome completo: Pedro Jorge Simon
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA INTERNACIONAL, COMISSÃO PARLAMENTAR MISTA DE INQUERITO.:
  • Saudação à reeleição de Barack Obama à Presidência dos Estados Unidos da América; e outro assunto.
Publicação
Publicação no DSF de 08/11/2012 - Página 59418
Assunto
Outros > POLITICA INTERNACIONAL, COMISSÃO PARLAMENTAR MISTA DE INQUERITO.
Indexação
  • SAUDAÇÃO, VITORIA, BARACK OBAMA, ELEIÇÕES, PRESIDENCIA DA REPUBLICA, PAIS ESTRANGEIRO, ESTADOS UNIDOS DA AMERICA (EUA), ELOGIO, ORADOR, PROPOSTA, GOVERNO, PRESIDENTE, REFERENCIA, ALTERAÇÃO, COBRANÇA, IMPOSTOS.
  • DEFESA, ORADOR, POSIÇÃO, CONTRADIÇÃO, ARQUIVAMENTO, COMISSÃO PARLAMENTAR MISTA DE INQUERITO, MOTIVO, NECESSIDADE, CONTINUAÇÃO, INVESTIGAÇÃO, QUADRILHA.

            O SR. PEDRO SIMON (Bloco/PMDB - RS. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente e Srs. Senadores, primeiro, a euforia do mundo pela vitória do Obama. Coisa interessante: se o mundo votasse, o Obama teria 90% do resultado, segundo pesquisas feitas no mundo inteiro. E, nos Estados Unidos, foi com as calças na mão.

            Estranha essa divisão. E a imprensa do mundo inclusive a analisava, parecia até uma espécie de guerra civil: a radicalização dos pontos de vista entre republicanos e democratas. Graças a Deus, ganhou Obama.

            Eu repito aqui a manifestação que fiz ontem, mas, principalmente, repito a manifestação que fiz há quatro anos. Embora a eleição tivesse sido dura - e parece que os republicanos continuarão com a maioria na Câmara dos Deputados -, existem muitos que acham que haverá mais compreensão dos republicanos em torno do entendimento de um pacto que não seja tão radical. Obama já defende, como uma de suas primeiras teses, aumentar o imposto para os ricos e diminuí-lo para os pobres; e os republicanos dizem que não aumentam o imposto, de jeito nenhum, para quem quer que seja. Ganhou Obama, graças a Deus!

            Hoje reabre o debate no Supremo Tribunal Federal. Grande dia hoje da reabertura de um debate que consagrou nosso Judiciário e fez com que nós estivéssemos vivendo, neste fim de ano, a época mais notável da vida institucional brasileira. A votação do mensalão começou muito bem porque foi o Congresso Nacional que fez a CPI. E foi o Congresso Nacional que apresentou as provas em cima das quais se iniciou o trabalho. E continuou porque o Supremo fez algo de notável. Realmente, vivemos uma época inédita na vida pública brasileira nos últimos 100 anos. A ficha limpa e o mensalão, que reabre hoje sua discussão no Supremo, são as portas para o início do novo Brasil.

            Eu confio em que um Brasil novo, sepultando de vez a impunidade, está nascendo.

            Agora, meu nobre Presidente, por amor de Deus, que o Congresso Nacional não faça o absurdo de cometer o ato de sepultar a CPI do Sr. Cachoeira. Que o Congresso não vá, numa época extraordinária de ficha limpa, de mensalão, numa hora em que, na eleição que terminamos de ver, várias e várias pessoas não puderam ser candidatos porque não tinham ficha limpa, que não vá a CPI do Congresso Nacional fazer o vexame, a imoralidade, o absurdo, de sepultar a CPI do Sr. Cachoeira. Esse ato haverá de ficar marcado, indelével, na história deste Congresso. Cada um responderá pelo seu ato.

            Esse Sr. Relator, Deputado do PT, haverá de ver na sua biografia a história da sua participação, arquivando, sepultando, escondendo os escândalos para que eles não apareçam. Os acordos feitos entre lideranças de a, b, c, esse e aquele Partido, cada um querendo esconder os seus, vai ficar marcado na história deste Congresso Nacional.

            O Sr. Cachoeira, com os crimes e escândalos que cometeu, todos já provados...

            O mais fantástico na história é que nós não vamos arquivar uma CPI que não quis descobrir, que não quis investigar. Não. Nós vamos arquivar uma CPI que recebeu o dossiê da Polícia Federal e da Procuradoria, com tudo já provado, com as bandalheiras já provadas! Os escândalos já provados, já conhecidos! E o trabalho da CPI foi deixar na gaveta, não deixar aparecer, foi deixar não convocar as pessoas para virem depor. Isso vai ser marcado, de forma indelével, na história do Congresso.

            Essa CPI tomou uma decisão: o Parlamentar se inscreve. Vai depor o Sr. fulano de tal, o Sr. Cachoeira vai depor. E depõe. Na hora de responder, o que o senhor tem a dizer? “Não vou responder, vou usar do direito que eu tenho de não falar mal contra mim, não vou responder.” Mas eu, Senador, tenho 10 minutos para fazer a minha pergunta, tenho 10 minutos para dizer o que eu conheço do fato. Qual foi a decisão da Comissão? Se ele diz que não vai responder, eu não posso perguntar. A Comissão cassou a palavra dos Senadores e Deputados.

            E eu estava lá, apesar de não estar inscrito. O PMDB, na Comissão, na CPI, ficou durante um tempo enorme sem três titulares e outro tempo enorme sem dois suplentes, vazio. E eu lá assistindo tudo, mas a Bancada não me colocou. Inscrevi-me, queria falar. Não pode, porque a testemunha não quis falar, não quis responder. Então, como é o normal, como é a tradição? “Sr. testemunha, o senhor cometeu esse ato, assim, assim, assim.” “Não respondo, porque, de acordo com a Constituição, eu não sou obrigado a falar contra mim mesmo.” Tudo bem, mas eu posso perguntar, e, na minha pergunta, já há a acusação grave de um fato grave que ele cometeu e que a sociedade vai ficar conhecendo. “É verdade que o senhor. pegou o dinheiro tal lá na Prefeitura, sem fazer a obra, e colocou no bolso, assim, assim, assim? É verdade?” “Me nego a responder”, mas a opinião pública, pela TV Senado, vai ficar sabendo que ele está sendo acusado daquele escândalo.

            Pois a CPI, pela primeira vez, proibiu, cassou a palavra dos Senadores e agora estão aí 300, 400 requerimentos para ouvir três pessoas, e ela não quer ouvir ninguém. E ela não quer ouvir ninguém, como não quis ouvir o Presidente do DNIT.

            Por um mês, desta tribuna, eu cobrei: “Ele quer falar, ele disse que tem coisas para contar, ele tem muita coisa para contar. Deixem ele falar!” E não deixaram. Depois, quando fizeram o acordo dos partidos, quando o acordo já tinha sido feito, ele veio para não dizer nada.

            O mesmo aconteceu com o Sr. Cavendish, o homem da empreiteira que se transformou na empreiteira que mais tem negócios, que mais dinheiro recebeu do Governo Federal. E não se investiga nada contra ela.

            Ora, meu nobre e querido Senador, V. Exª fez uma afirmativa muito dura com relação a esta Casa, mas eu tenho de dizer apenas o seguinte: temos de responder pela nossa parte. Cada um de nós tem de responder pela própria parte.

            Estou nesta Casa há 36 anos. Cheguei aqui em 1979. Eu já vi de tudo. Nada que possa acontecer é surpresa para mim, mas o escândalo dessa CPI é a pior coisa que aconteceu, a pior coisa no pior momento, que era um momento de glória, um momento em que deveríamos estar festejando a ficha limpa, que mudou, alterou, modificou profundamente a seleção da escolha de candidato. Vigarista, ficha suja, ladrão que já é conhecido não pode ser candidato. Isso nós aprovamos.

            A vida inteira, no Brasil, só vai para a cadeia ladrão de galinha. E ali está o Supremo condenando a 40 anos um banqueiro, pela primeira vez na história. Pela primeira vez na história, isso está acontecendo! E o Congresso Nacional, pelas suas lideranças reunidas, está arquivando, está botando na gaveta, está escondendo, talvez, um dos maiores escândalos acontecidos nesta Casa.

            Eu encerro, Sr. Presidente.

            Meus cumprimentos, Presidente Obama!

            Obrigado, povo americano, pela decisão que tomou.

            Meus cumprimentos, Supremo Tribunal Federal. Os senhores estão lavando a alma do Brasil.

(Interrupção do som. )

            O SR. PEDRO SIMON (Bloco/PMDB - RS) - Que Deus tenha pena de nós, Congresso Nacional. Que nós possamos fazer alguma coisa, numa hora trágica e triste como esta. (Fora do microfone)

            Muito obrigado, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 08/11/2012 - Página 59418