Discurso durante a 206ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Reflexão sobre as eleições presidenciais nos Estados Unidos.

Autor
Sergio Souza (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/PR)
Nome completo: Sergio de Souza
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA INTERNACIONAL.:
  • Reflexão sobre as eleições presidenciais nos Estados Unidos.
Publicação
Publicação no DSF de 08/11/2012 - Página 59538
Assunto
Outros > POLITICA INTERNACIONAL.
Indexação
  • SAUDAÇÃO, VITORIA, BARACK OBAMA, ELEIÇÕES, PRESIDENCIA DA REPUBLICA, PAIS ESTRANGEIRO, ESTADOS UNIDOS DA AMERICA (EUA), ELOGIO, PARTICIPAÇÃO, PESSOAS, ELEIÇÃO, FATO, DEMONSTRAÇÃO, EXERCICIO, CIDADANIA, DEMOCRACIA.

            O SR. SÉRGIO SOUZA (Bloco/PMDB - PR. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, quero cumprimentar o Deputado Amauri Teixeira da nossa querida Bahia, lutador também...

            O SR. PRESIDENTE (Paulo Paim. Bloco/PT - RS) - Seja bem-vindo ao Senado!

            O SR. SÉRGIO SOUZA (Bloco/PMDB - PR) - ... pela criação do TRF - Tribunal Regional Federal, coordenador, pela Câmara dos Deputados, da Frente Parlamentar pró-PEC 544, que cria os TRFs nos quatro Estados: Bahia, Minas, Amazonas e Paraná.

            Sr. Presidente, vou tentar abreviar o meu pronunciamento o máximo possível, mas não posso deixar de fazê-lo hoje. Desejo falar sobre as eleições presidenciais dos Estados Unidos da América.

            Sr. Presidente, venho à tribuna nesta noite para fazer uma reflexão rápida sobre a forma da eleição nos Estados Unidos: mesmo sendo manual, a apuração foi rápida. Por volta das duas e meia da manhã já tínhamos um resultado não oficial, mas já tínhamos a sinalização da reeleição do Presidente Barack Obama, porque havia a estimativa de que ele tinha ultrapassado os 70 votos no Colégio Eleitoral.

            Primeiramente cumpre-me apresentar minhas saudações ao Presidente reeleito, Barack Obama, pela extraordinária vitória no dia de ontem. Aproveito também para estender minha felicitação a toda sua família pelo sucesso obtido nas eleições.

            Mais do que isso, no entanto, expresso minhas congratulações à sociedade dos Estados Unidos da América, que compareceu às urnas, manifestou suas convicções, de forma pacífica e ordeira, e demonstrou, assim como nós brasileiros fizemos nas últimas eleições municipais, a grandeza e a beleza da democracia.

            De forma respeitosa para com a candidatura derrotada, declaro minha satisfação ao presenciar a reeleição daquele que considero o melhor candidato para conduzir a maior economia do mundo nos próximos 4 anos.

            Melhor, pois, entendo que as principais bandeiras defendidas por Barack Obama coadunam-se com aquilo que defendo: o incentivo ao multilateralismo na governança global e, sobretudo, a promoção do diálogo e da paz no Planeta.

            Devo reconhecer que nutria grandes expectativas pelo primeiro mandato de Obama e pude constatar que algumas delas não foram realizadas da forma que gostaria, porém, não posso negar que o enfrentamento daquela que foi considerada a pior crise económica desde 1929 tenha dificultada sobremaneira essa missão.

            Agora, que a economia dos Estados Unidos aparenta dar sinais de reaquecimento, crescendo, nos últimos 3 anos, uma média de 2%, ou pelo menos, a taxa de desemprego vem apresentando melhora significativa naquele país, é possível almejar maiores avanços num segundo mandato de Obama em temas como o combate às mudanças climáticas ou mesmo a redefinição da governança global. Mais do que isso, é possível vislumbrar a evolução do processo de negociação para a paz no Oriente Médio.

            É óbvio que todos são temas que independem da vontade única de um Chefe de Estado. Porém, tenho a convicção de que as chances de progresso em todas essas frentes são muito maiores com a condução dos Estados Unidos da América pelo Presidente Barack Obama.

            Como Senador da República Federativa do Brasil, não poderia deixar de manifestar convicção de que a reeleição de Obama representa uma vitória para o aprofundamento e para a melhora das relações entre os Estados Unidos da América e o Brasil.

            É importante lembrar que, logo que a Presidente Dilma tomou posse, Obama visitou o Brasil e desde então foram iniciadas, retomadas ou reforçadas várias frentes de cooperação entre os dois países e que todo esse processo foi ainda ampliado quando da retribuição da visita feita pela Presidente Dilma Rousseff ao Presidente Barack Obama em abril deste ano.

            Desde então, temos aprofundado nossa parceria e o encontro mais recente ocorreu no dia 24 de outubro, entre a Secretária de Estado Hillary Clinton e o nosso Ministro das Relações Exteriores Antonio Patriota, quando levaram a cabo a quarta edição do Diálogo de Parceria Global Brasil-Estados Unidos, em Washington, D.C., capital daquele país.

            A Secretária Clinton e o Ministro Patriota enfatizaram o papel importante que o Diálogo de Parceria Global tem desempenhado para fortalecer a cooperação entre nossos dois países e reafirmaram o compromisso conjunto de estabelecer a Parceria Brasil-Estados Unidos para o século XXI entre governos e povos das duas nações. O Diálogo de Parceria Global proporciona um fórum por meio do qual nossos países trabalham conjuntamente para promover cooperação e diálogo num amplo escopo de temas bilaterais, regionais e multilaterais.

            Outro motivo de satisfação em relação à vitória de Barack Obama, Sr. Presidente, reside na certeza da permanência, à frente da Embaixada dos Estados Unidos da América em Brasília, do Embaixador Thomas Shannon.

            Trata-se de um diplomata que conhece com propriedade a história e a evolução recente do Brasil, que conhece a sociedade brasileira e as suas semelhanças com a sociedade norte-americana, e, mais do que isso, trata-se de um entusiasta do aprofundamento das relações entre Brasil e Estados Unidos da América.

            Penso que o trabalho do Embaixador Shannon continuará sendo fundamental para o sucesso do relacionamento que já ocorre de forma expressiva entre os setores privados e acadêmicos das duas nações e tende a ser ampliado no nível governamental.

            O Brasil é um líder regional, uma potência emergente e, assim, deve procurar trabalhar com todas as principais economias do mundo. Obviamente, a economia mais rica dentre todas merece uma atenção especial.

            Os Estados Unidos são, atualmente, nosso segundo parceiro comercial, atrás apenas da China. No entanto, há de ressaltar que a pauta de exportações do Brasil para os Estados Unidos é muito mais diversificada e embute maior valor agregado do que àquelas que se destinam à China. Isso garante a geração de mais emprego aqui no nosso País.

            Basta verificar que, para a China, cerca de 70% das exportações brasileiras são commodities, enquanto que, para os Estados Unidos, exportamos muito em produtos manufaturados.

            Enfim, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, caros telespectadores da TV Senado, ouvintes da Rádio Senado, as relações entre o Brasil e os Estados Unidos são um fato irreversível e certamente crescente, independentemente dos governos desses países. Tanto melhor será se houver a cooperação entre os dois chefes de Estado.

            Creio que, com a reeleição de Obama, tal situação ganha muita força, afinal o trabalho já foi iniciado e certamente será mantido. Na verdade, Sr. Presidente, defendo que seja ampliado e possa produzir resultados positivos para a economia e para o povo brasileiro o quanto antes.

            Venceu o candidato que defende abertamente o diálogo, o multilateralismo, a conservação do meio ambiente e o não intervencionismo. E isso é melhor para o Brasil e para o mundo.

            Espero que, no segundo mandato, o Presidente Obama possa avançar ainda mais na sua agenda positiva e que, juntamente com o Brasil, possa trabalhar por um mundo melhor, mais justo, mais seguro, mais pacífico e mais sustentável.

            Para encerrar, Sr. Presidente, gostaria apenas de fazer uma reflexão no campo das pesquisas eleitorais.

            Como no Brasil, em muitos lugares, as pesquisas erraram, não foi diferente nos Estados Unidos. A diferença que dizia ser praticamente mínima, quase inexistente, não se evidenciou nas urnas americanas, porque pudemos constatar, pelo resultado até agora obtido, que 303 votos no colégio eleitoral já foram obtidos pelo Obama e tão somente 206, pelo Romney. Isso mostra uma diferença. E ainda há os 29 votos da Flórida a serem contados, que tendem a ser para o Obama. Isso daria uma diferença de, mais ou menos, 24 pontos percentuais; em torno de 38% dos votos do colégio eleitoral para o Romney e em torno de 62% para o Obama. Então, temos que repensar essas questões das pesquisas eleitorais também.

            Por fim, rendo as minhas homenagens ao povo americano, que compareceu maçicamente às urnas, exercendo o seu direito de democracia.

            Era o que tinha a dizer, Sr. Presidente.

            Muito obrigado. Boa a noite a todas as senhoras e aos senhores. Vamos, então, para a sessão do Congresso Nacional.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 08/11/2012 - Página 59538