Discurso durante a 207ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Regozijo com o andamento do agronegócio do café no Brasil.

Autor
Eduardo Suplicy (PT - Partido dos Trabalhadores/SP)
Nome completo: Eduardo Matarazzo Suplicy
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA AGRICOLA.:
  • Regozijo com o andamento do agronegócio do café no Brasil.
Publicação
Publicação no DSF de 09/11/2012 - Página 59852
Assunto
Outros > POLITICA AGRICOLA.
Indexação
  • ELOGIO, ATUAÇÃO, Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA), DESENVOLVIMENTO, TECNOLOGIA, MELHORAMENTO, PRODUTIVIDADE, CAFE, INTEGRAÇÃO, SUSTENTABILIDADE, PRESERVAÇÃO, MEIO AMBIENTE, REGISTRO, IMPORTANCIA, PRODUTO AGRICOLA, CONSUMO INTERNO, CRESCIMENTO, ECONOMIA NACIONAL.

            O SR. EDUARDO SUPLICY (Bloco/PT - SP. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Srª Presidenta, Senadora Vanessa Grazziotin, quero muito agradecer e cumprimentar a Embrapa e o seu Presidente, Maurício Antônio Lopes.

            Hoje, por iniciativa do Senador Waldemir Moka, que presidiu a Comissão de Agricultura e Reforma Agrária, estiveram lá presentes o Ministro da Agricultura, diversos membros do Ministério da Agricultura e do Ministério do Desenvolvimento Agrário, entre os quais o Presidente Maurício Antônio Lopes, da Embrapa, na audiência sobre integração de pesquisa e integração rural.

            Quero agradecer a toda a equipe da Embrapa Café - o Diretor Gabriel Bartholo e os pesquisadores Flávia Bessa, Lucas Tadeu, Jamilsen Santos - e à Assessora Parlamentar Cynthia Cury, os quais me enviaram um estudo muito interessante sobre como o Brasil vem se consolidando na sua tradição de grande produtor mundial de café, mas, sobretudo, sobre como a Emprapa e os órgãos de pesquisa têm contribuído para aprimorar a qualidade e a produtividade da cafeicultura brasileira.

            No mercado mundial, o Brasil é o maior exportador de café. Ocupa a segunda posição entre os países consumidores da bebida.

            O Brasil responde por um terço da produção mundial de café, o que o coloca como maior produtor mundial, posição que detém há mais de 150 anos.

            Conforme dados do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, a cafeicultura brasileira é uma das mais exigentes do mundo em relação a questões sociais e ambientais, havendo uma preocupação em garantir a produção de um café sustentável.

            A atividade cafeeira é desenvolvida com base em rígidas legislações trabalhistas e ambientais. E, ao longo dos anos, mais e mais, tem se exigido de todos aqueles responsáveis agrícolas para terem uma relação mais adequada e com respeito aos direitos trabalhistas, bem como às questões ambientais.

            São leis que respeitam a biodiversidade e todas as pessoas envolvidas na cafeicultura e pune rigorosamente qualquer tipo de trabalho escravo e/ou infantil nas lavouras. As leis brasileiras estão entre as mais rigorosas entre os países produtores de café.

            Os produtores brasileiros preservam florestas e fauna nativa, controlam a erosão e protegem as fontes de água. A busca do equilíbrio ambiental entre flora, fauna e o café é uma constante e assegura a preservação de uma das maiores biodiversidades do mundo.

            Atualmente, o café é fonte imprescindível de receita para centenas de Municípios, além de ser o principal gerador de postos de trabalho na agropecuária nacional. Os expressivos desempenhos da exportação e do consumo interno de café implicam a sustentabilidade econômica do produtor e de sua atividade.

            Nosso País deve chegar ao primeiro posto de nação consumidora de café nos próximos anos, superando os Estados Unidos da América. A Associação Brasileira da Indústria do Café - ABIC - informa que, no Brasil, o consumo per capita em 2001 era de 4,9 quilos por habitante; em 2012, esse número aumentou para 6,4 quilos por pessoa. Tal número representa um consumo de 20 milhões de sacas, o que nos deixa apenas a dois milhões de sacas dos Estados Unidos, que consomem 22 milhões de sacas.

            Pelo levantamento da safra do café, de setembro de 2012, realizado pela Companhia Nacional de Abastecimento - Conab, o parque cafeeiro do Brasil é de aproximadamente 2,1 milhões de hectares. Quando consideramos que cada hectare cria, em média, dois empregos diretos e dois indiretos, constatamos que a cadeia produtiva do café gera mais de oito milhões de empregos diretos e indiretos em nosso País - daí a relevância, do ponto de vista econômico e social, da cafeicultura.

            No tocante à produção, o levantamento feito pela Conab, para o mesmo mês de setembro deste ano, mostra que, do total de 50,483 milhões de sacas de café beneficiadas no País, considerados os tipos arábica e robusta, o Estado de Minas Gerais é o maior produtor, com 26,643 milhões de sacas; em segundo lugar, vem o Estado do Espírito Santo, com 12,502 milhões de sacas; em terceiro, o Estado de São Paulo, com 5,214 milhões de sacas; em quarto, o Estado da Bahia, com 2,165 milhões; em quinto, o Estado do Paraná, com 1,6 milhão de sacas; e, em sexto lugar, o Estado de Rondônia, com 1,421 milhão de sacas de café. Produzem, ainda, com volume considerável, os Estados do Rio de Janeiro, de Goiás, do Mato Grosso e do Pará.

            Quando o tema é produtividade, vista esta em sacas por hectare, o destaque é para o Estado de Goiás, com 39,5; no segundo posto está o Estado de São Paulo, com 29,77 sacas por hectare; em terceiro, o Estado do Espírito Santo, com 27,77; em quarto, o Estado de Minas Gerais, com 25,87; e, em quinto lugar, o Estado do Paraná, com 23,48 sacas por hectare.

            Não é por acaso que o Brasil é o maior produtor mundial de café. Essa sequência de vitórias é o resultado de uma ação coordenada, que tem base em quase 300 mil produtores de café, trabalhando em sintonia com centenas de pesquisadores, técnicos e extensionistas, espalhados pelas principais regiões produtoras do País. Esse esforço foi potencializado com a criação, há 15 anos, do Consórcio Pesquisa Café, programa de pesquisa coordenado pela Embrapa Café, unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - Embrapa, que é vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento - o Presidente Maurício falou hoje justamente sobre as pesquisas desenvolvidas pela Embrapa e de sua relevância para a agropecuária brasileira.

            O Consórcio Pesquisa Café foi criado por iniciativa de dez instituições ligadas à pesquisa e ao café: Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola - EBDA, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - Embrapa, a Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais - Epamig, o Instituto Agronômico de Campinas - IAC, o Instituto Agronômico do Paraná - Iapar, o Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural - Incaper, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, a Empresa de Pesquisa Agropecuária do Estado do Rio de Janeiro - Pesagro-Rio, a Universidade Federal de Lavras - UFLA e Universidade Federal de Viçosa - UFV.

            O lema do Consórcio Pesquisa Café, que reúne hoje 50 instituições, é a inovação. Ao iongo desses 15 anos de existência do Consórcio, foram criados cerca de mil projetos geradores de conhecimentos básicos, de produtos, de processos e de tecnologias para emprego direto pelos cafeicultores. Essa expertise tem melhorado a qualidade e dobrou a produção de café no País, sem que fosse necessário qualquer aumento da área cultivada.

            As tecnoiogias geradas têm por foco o melhoramento de plantas e a biotecnologia para a obtenção de cultivos adaptados às diferentes condições climáticas, às técnicas de plantio, à condução da lavoura, à nutrição mineral das plantas, à colheita, à pós-colheita e ao manejo sustentável.

            O gerente-geral da Embrapa Café, Dr. Gabriel Bartholo, resume o objetivo do Consórcio: "as tecnologias desenvolvidas por esse time campeão chamado Consórcio Pesquisa Café visam à sustentabilidade social, econômica e ambiental da produção cafeeira no Brasil".

            Dentre as pesquisas realizadas pelo Consórcio, posso citar as de melhoramento genético, que propiciaram o desenvolvimento de 36 distintos cultivares de café do tipo arábica e conilon, resistentes às principais pragas do cafeeiro e com alta produtividade, o que melhorou a qualidade dos frutos e o aumento significativo da produção.

            Outro trabalho de pesquisa de sucesso foi o sequenciamento do genoma café, realizado pela Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, com instituições consorciadas, e pela Fundação de Amparo à Pesquisa de São Paulo - Fapesp. Tal pesquisa resultou na construção de um banco de dados com mais de 200 mil sequências de DNA, que permitiu a identificação de mais de 30 mil genes responsáveis pelos diversos mecanismos fisiológicos de crescimento e desenvolvimento do cafeeiro.

(Soa a campainha.)

            O SR. EDUARDO SUPLICY (Bloco/PT - SP) - Esse trabalho tem gerado dados que aceleram a obtenção de cultivos de melhor qualidade, aroma, sabor e propriedades do grão, agregando qualidade ao produto e mais satisfação e saúde para o consumidor.

            Na mesma linha de pesquisa e desenvolvimento, podem ser citados os processos:

            Clonagem ou Biofábricas: técnicas que multiplicam in vitro, a partir do tecido de folha, plantas de café com resistência à praga e à ferrugem, o que permite a multiplicação de plantas híbridas com produtividade elevada;

            Estresse hídrico: ação que submete as plantas a uma suspensão da irrigação por um período de 72 dias, visando à melhoria da qualidade dos frutos;

            Sistema de Limpeza de Águas Residuárias: utilizado no manejo pós-colheita, para remover os resíduos sólidos na água proveniente dos frutos que são utilizados na produção de adubos orgânicos, e;

(Soa a campainha.)

            O SR. EDUARDO SUPLICY (Bloco/PT - SP) - Geotecnologias: nas quais se destacam o sensoriamento remoto e os sistemas de informação geográfica, que são utilizados para a análise das relações entre os sistemas de produção e o ambiente, incluindo a simulação de prognósticos.

            Para não me estender, posso, ainda, citar as tecnologias aplicadas da poda programada do Conilon, do Alerta Geada e do Café Adensado.

            Mesmo com essas tecnologias disponíveis, a importância do agronegócio café para o Brasil implica permanente pesquisa, desenvolvimento e inovação científica e tecnológica. Por tudo, avalio que o trabalho do Consórcio Pesquisa Café e da Embrapa é imprescindível para manter as diretrizes da pesquisa cafeeira no País e para a integração dos diversos atores na busca constante pelo melhoramento da qualidade, da sustentabilidade e da competitividade do café brasileiro no mercado nacional e internacional.

            Assim, congratulo-me com todos os atores - produtores, instituições de pesquisa e pesquisadores - que trabalham para manter o Brasil campeão da cafeicultura: o maior produtor, o maior exportador e, em breve, o maior consumidor de café do mundo. A torcida brasileira agradece.

            Sr. Presidente, pensei aqui em dizer se essa seria ou não a maior safra brasileira, mas os produtores de café ficaram preocupados. Porque, se eu disser isso - e pode ter acontecido -, daí não quero causar uma redução do café no mercado internacional.

            Então, vamos agora, só para que todos se sintam estimulados a tomar café, oferecer um café que o Zezinho nos trouxe, para comemorar o bom café brasileiro.

(Soa a campainha.)

            O SR. EDUARDO SUPLICY (Bloco/PT - SP) - Quero dizer, Sr. Presidente, que tive um tataravô, Antônio Carlos, que se mudou de Ouro Preto para Santos; daí, lá, meu bisavô, Luiz Suplicy iniciou o escritório Suplicy de corretagem de café. Depois, meu pai, seu irmão Luiz e, depois os primos, Luiz Suplicy Hafers, Luiz Suplicy, meu irmão Paulo. Ademais, meu avô Andrea Matarazzo também foi cafeicultor. Então, desde menino, eu tenho convivência com o café, mas quero aqui estimular a todos - Senadora Vanessa também - a tomar o bom café que nos serve, aqui no Senado, o Zezinho.

            Meus cumprimentos aos cafeicultores. Ressalto a importância da pesquisa realizada pela Embrapa Café.

            Meus parabéns a todos que ali trabalham.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 09/11/2012 - Página 59852