Discurso durante a 207ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Satisfação com o fortalecimento do PT no Estado de Roraima após as eleições municipais.

Autor
Ângela Portela (PT - Partido dos Trabalhadores/RR)
Nome completo: Ângela Maria Gomes Portela
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ELEIÇÕES.:
  • Satisfação com o fortalecimento do PT no Estado de Roraima após as eleições municipais.
Publicação
Publicação no DSF de 09/11/2012 - Página 59944
Assunto
Outros > ELEIÇÕES.
Indexação
  • COMENTARIO, ELEIÇÃO MUNICIPAL, ESTADO DE RORAIMA (RR), VITORIA, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT), ENFASE, MUNICIPIO, ALTO ALEGRE (RR), LOCALIZAÇÃO, TERRAS INDIGENAS, IMPORTANCIA, DEFESA, DIREITOS, GRUPO INDIGENA.

            A SRª ANGELA PORTELA (Bloco/PT - RR. Sem apanhamento taquigráfico.) - Srªs e Srs. Senadores,a partir de 2013, duas prefeituras de Roraima passarão a integrar o grupo das 636 cidades e capitais brasileiras que serão administradas por petistas.

            Em Roraima, José de Arimateia da Silva Viana, eleito com 73,89%, vai administrar Alto Alegre, cidade localizada no Noroeste do Estado. Eliésio Cavalcante de Lima, reeleito com 52% dos votos, será o quarto prefeito petista de Uiramutã, município situado na tríplice fronteira com a República Guiana e Venezuela.

            São estas peculiaridades do processo eleitoral de 2012, que meu Estado protagoniza, que eu destaco, com muito orgulho e satisfação. Tendo 46% de sua base territorial demarcada em terras indígenas, Roraima tem a maior proporção de população indígena do país: são 12% em todo o Estado.

            Em Alto Alegre, situado a 95 quilômetros de Boa Vista, o prefeito terá de resolver problemas análogos aos de outros municípios do país, com parcos recursos e muitos sacrifícios. Mas vale destacar que este município está localizado na Terra Indígena dos primeiros povos do mundo, os Yanomami. No Brasil, a população Yanomami chega a mais de 19 mil pessoas, que estão divididas em 228 comunidades. E, parte destas comunidades, compõe a população de 16.448 alto alegrenses.

            Os Yanomami são pessoas que ainda hoje lutam não somente pela manutenção de suas tradições e culturas, mas, sobretudo, para ter acesso a direitos básicos, entre eles, o de atendimento adequado à saúde, à educação e à cidadania.

            Na semana passada, por exemplo, quando da passagem dos anos da homologação da Terra Indígena Yanomami, este povo cobrou de autoridades federais, estrutura mais adequada para o atendimento de saúde à área indígena, mais medicamentos e mais equipes, melhor educação e proteção de suas terras.

            Com relação à saúde, eles reclamam do sofrimento que enfrentam quando da remoção de seus parentes doentes para Boa Vista, nossa capital. A falta de medicamentos dentro das comunidades eleva o volume de remoções de índios enfermos que são levados para a Casa de Cura, em Boa Vista.

            Dados oficiais são de que somente nos primeiros meses deste ano, foram 580 remoções de índios, principalmente crianças, que foram acometidos por gripe, malária, tuberculose e pneumonia. Bem recentemente, os Yanomami também cobraram da Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai) medicamentos para tratamento destas doenças.

            O Brasil, sabemos, é um dos poucos países que tem um modelo diferenciado de saúde indígena. A Política Nacional de Atenção à Saúde dos Povos Indígenas assegura aos índios, acesso integral à saúde, contemplando especificidades étnicas e culturais. Para isso, conta em sua estrutura com 34 Distritos Sanitários Especiais Indígenas (DSEI), inclusive em Roraima.

            Em Uiramutã, onde o PT vai administrar pela quarta vez consecutiva, a eleição deste ano nos enche de orgulho, também porque os eleitos, Eliésio e Ernestina, protagonizam um fato inédito: os dois são indígenas. Pertencem ao povo macuxi, que habita a região das Guianas, entre as cabeceiras dos rios Branco e Rupununi, território atualmente partilhado entre o Brasil e a Guiana.

            Criado em 1995, o município de Uiramutã tem uma população que é quase totalmente constituída de índios. São 8.375 habitantes, conforme estimativas de 2010, a maioria (86,4%), residente na área rural.

            Situada no extremo norte do país e abrigando grandes reservas indígenas e um Parque Nacional, Uiramutã sedia o 6º Pelotão Especial de Fronteira do Exército Brasileiro. Sob a administração do PT, este município já melhorou muito as condições infraestruturais, de saúde, educação, transportes, comunicação e outras questões socioculturais da vida dos irmãos índios.

            Mas o prefeito reeleito e a sua vice, terão o desafio de administrar lutando por muito mais: concluir obras e projetos da gestão que termina e avançar em busca de outras conquistas, junto ao governo federal.

            Algumas das construções a serem concluídas são os pequenos açudes que irão garantir a implantação da piscicultura, para a criação de peixes que vão melhorar a alimentação da população. Outra conclusão é obra da creche pública, que vai beneficiar 120 crianças de zero a três anos. Esta creche é fruto de emendas que conseguimos colocar no Plano de Ações Articuladas (PAR).

            Em Uiramutã, graças à informatização e modernização dos serviços de saúde, mais de 50% da população já estão cadastros no Cartão do Sistema Único de Saúde (SUS). É, em linhas gerais, um modo petista de administrar que os companheiros indígenas estão implantando na cidade e que os uiramutenses aprovaram.

            Para o Parlamento, o PT elegeu sete petistas para atuar nos parlamentos de Alto Alegre, Amajari, Uiramutã, Caroebe, Mucajaí e Rorainópolis. Juntos, estes vereadores obtiveram 1.989 votos. São seis homens e uma mulher, Secilita, que é índia, pertencente ao povo Ingaricó. São eles: Fábio Costa e Attfield (Alto Alegre); Neblina (Amajari); Secilita (Uiramutã), Waguinho (Caroebe), Irmão Tiba (Mucajai) e Bida Reis (Rorainópolis).

            Como podemos dizer, saímos deste processo eleitoral muito fortalecidos, e passamos a ter uma representação mais forte no cenário político local, especialmente, nos maiores colégios eleitorais.

            Era o que tinha a falar hoje.

            Muito obrigada.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 09/11/2012 - Página 59944