Discurso durante a 210ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Expectativa de que sejam vetados os novos parâmetros de distribuição dos royalties do petróleo.

Autor
Ricardo Ferraço (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/ES)
Nome completo: Ricardo de Rezende Ferraço
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA ENERGETICA, ADMINISTRAÇÃO FEDERAL.:
  • Expectativa de que sejam vetados os novos parâmetros de distribuição dos royalties do petróleo.
Publicação
Publicação no DSF de 14/11/2012 - Página 60826
Assunto
Outros > POLITICA ENERGETICA, ADMINISTRAÇÃO FEDERAL.
Indexação
  • REGISTRO, APOIO, ORADOR, REFERENCIA, CARTA, AUTORIA, RENATO CASAGRANDE, GOVERNADOR, ESTADO DO ESPIRITO SANTO (ES), DESTINATARIO, DILMA ROUSSEFF, PRESIDENTE DA REPUBLICA, OBJETIVO, COMENTARIO, RISCOS, DESENVOLVIMENTO REGIONAL, MOTIVO, ALTERAÇÃO, LEGISLAÇÃO, DIVISÃO, ROYALTIES, PETROLEO, FATO, APRESENTAÇÃO, EXPECTATIVA, RELAÇÃO, VETO (VET), PRESIDENTE.

            O SR. RICARDO FERRAÇO (Bloco/PMDB - ES. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Exmo Sr. Presidente em exercício, Senador Tomás Correia, Srªs. Senadoras, Srs. Senadores, brasileiros que nos acompanham pela TV Senado, pela Rádio Senado, capixabas que nos acompanham, ocupo a tribuna para repercutir carta enviada por nosso governador, o Governador Renato Casagrande, em seu nome e, naturalmente, em nome de todos os capixabas, à Excelentíssima Senhora Presidente da República Dilma Rousseff, onde faz uma abordagem sobre a conjuntura do nosso Estado, o Espírito Santo, que, ao longo dos últimos 10 anos, vem dando muito duro, vem se esforçando muito para a superação de um conjunto muito complexo de desafios.

            A correspondência foi redigida nos seguintes termos:

Excelentíssima Presidenta Dilma,

Desde que o Governo Federal enviou ao Congresso Nacional a proposta de novo marco regulatório para a exploração das reservas de petróleo na camada pré-sal, temos enfrentado a pressão dos Estados e Municípios não produtores por maior participação nas receitas derivadas dos royalties. Não satisfeitos com os ganhos futuros definidos no novo modelo de distribuição, representantes desses Estados e Municípios se deixaram seduzir pela perspectiva de uma arrecadação imediata.

E, assim, atropelando princípios fundamentais do nosso sistema federativo e da própria Constituição brasileira, mobilizaram-se para avançar sobre contratos firmados em busca de uma participação indevida. Depois de meses de tramitação e manobras regimentais, a matéria finalmente foi à votação no plenário da Câmara dos Deputados. E a insensatez saiu vitoriosa! Ao alterar os critérios de distribuição em áreas já licitadas, o texto aprovado na Câmara Federal dá forma a uma das mais truculentas agressões ao arranjo jurídico e institucional que sustenta a República e a democracia em nosso País.

Além das incoerências legais, o texto aprovado no Congresso representa um golpe duríssimo para os Estados produtores, principalmente o Estado do Espírito Santo e o Estado do Rio de Janeiro. Sem os recursos previstos, investimentos essenciais ao desenvolvimento dos nossos Estados deixarão de ser realizados e haverá, seguramente, grande dificuldade para manter os serviços públicos no mesmo patamar de qualidade e abrangência. Mas se o golpe é duro para os Estados, para alguns Municípios significa perdas ainda maiores, principalmente na sua capacidade de investir em áreas prioritárias para o bem-estar da população capixaba.

Para nós, do Espírito Santo, os impactos dessa decisão vêm acrescidos de reveses anteriores como a unificação das alíquotas de ICMS sobre produtos importados, que levou ao enfraquecimento do nosso mecanismo de incentivo às importações, o Fundo para o Desenvolvimento das Atividades Portuárias (Fundap), há mais de 40 anos em atividade no nosso Estado. Sem esse mecanismo de incentivo aos empreendedores do comércio exterior, as perdas para a economia capixaba já começarão a ser sentidas a partir do próximo ano, principalmente nos Municípios que sediam nossos principais portos. Se somarmos essas perdas à dívida histórica que a União mantém com o Estado no que diz respeito à infraestrutura, não há como negar que sobre o Estado capixaba pesa um desequilíbrio enorme com relação às demais unidades federadas.

Em nome do povo capixaba, a quem temos a responsabilidade e a honra de representar, e na certeza de que estamos defendendo a própria essência da democracia nacional, empreenderemos todos os esforços necessários para revogar a decisão insensata que levou à aprovação da chamada Emenda “Vital do Rego”. Isto incluirá, por certo, o recurso ao Supremo Tribunal Federal como medida extrema em caso de falência do bom-senso e das alternativas políticas. Nos últimos meses, em parceria com o Estado do Rio de Janeiro e contando com o empenho da nossa bancada federal, procuramos mostrar ao Congresso e ao País o absurdo dessa proposta. Agora, quando o caminho do entendimento e da negociação responsável parece ter se esgotado, resta-nos confiar que Sua Excelência impeça que seja consumada essa agressão aos direitos dos nossos Estados federados, sobretudo os Estados do Espírito Santo e do Rio de Janeiro, com a aposição do veto presidencial à matéria aprovada pelo Congresso Nacional.

Não solicitamos, Senhora Presidente, privilégios nem atenção diferenciada. O que exigimos dos demais Estados brasileiros é respeito ao esforço que desenvolvemos para construir no Espírito Santo uma sociedade mais próspera, mais justa e mais humana. Esse é o sentido da nossa luta pela manutenção dos critérios de distribuição dos royalties para as áreas de exploração de petróleo já licitadas. E é em nome desse objetivo que reafirmamos a indignação diante do avanço sobre as nossas finanças e a determinação de lutar, até o limite de nossas possibilidades, em defesa do povo capixaba, [manifestando a confiança, a expectativa e a esperança de que Vossa Excelência possa vetar esse projeto aprovado no Congresso Nacional pelos fundamentos de violação à Constituição Federal e por ser justo para a consideração dos royalties, que são, nada mais, nada menos, que indenização, que compensação pelos impactos à exploração do petróleo].

Na certeza de que teremos em Vossa Excelência uma aliada inabalável na condução desse assunto, despedimo-nos e, desde já, apresentamos nossos mais efusivos agradecimentos.

Respeitosamente,

Renato Casagrande

Governador do Estado do Espírito Santo.

            Assim, que, em nosso nome, em nome de todos os capixabas, o Sr. Governador enviou, na última semana, correspondência à Presidente Dilma, na expectativa de alcançarmos a sensibilidade da nossa Presidente para com os impactos, para com as consequências que o nosso Estado, o nosso governo e os nossos Municípios enfrentarão não apenas com a possibilidade, evidentemente, de vermos implantado esse projeto aprovado pelo Congresso, mas, também, diante de outras perdas que nós, capixabas, estamos acumulando e que, seguramente, ameaçam, colocam em risco todo o esforço que fizemos nos últimos anos para derrotar o crime organizado, para derrotar todo um conjunto de iniciativas que desonraram os capixabas.

            Se esse esforço a que me refiro resgatou a capacidade de investimento, colocou o nosso Estado de pé, resgatou a autoestima do povo capixaba, neste momento, por meio desse conjunto de iniciativas, coloca-se em risco tudo aquilo que foi construído ao longo dos últimos anos.

            Meu Estado não se oferece como problema ao País; ele se oferece, sim, como alternativa e solução de um Estado que, embora estivesse mergulhado, nos últimos anos, numa crise sem precedentes, com muito esforço, com muito trabalho, com muita fé em Deus e com muita união, vem conseguindo superar cada um de seus desafios.

            É a repercussão que dou, aqui da tribuna do Senado, à correspondência enviada por S. Exª o Chefe do Executivo estadual, o Governador Renato Casagrande, à Presidente Dilma, em nome dos capixabas, na expectativa e na confiança de ver esse projeto vetado pelos fundamentos que relatamos e que temos debatido ao longo desses meses em que, embora firmes, temos padecido, na defesa daquilo que consideramos justo e adequado.

            Muito obrigado, Sr. Presidente; muito obrigado, Srªs e Srs. Senadores.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 14/11/2012 - Página 60826