Discurso durante a 216ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Reflexão sobre a necessidade de otimização de determinados setores para uma maior competitividade do País.

Autor
Sergio Souza (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/PR)
Nome completo: Sergio de Souza
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA INDUSTRIAL, ECONOMIA NACIONAL.:
  • Reflexão sobre a necessidade de otimização de determinados setores para uma maior competitividade do País.
Publicação
Publicação no DSF de 23/11/2012 - Página 62913
Assunto
Outros > POLITICA INDUSTRIAL, ECONOMIA NACIONAL.
Indexação
  • COMENTARIO, IMPORTANCIA, AUMENTO, INVESTIMENTO, INDUSTRIALIZAÇÃO, REDUÇÃO, CUSTO DE PRODUÇÃO, ENFASE, TRANSPORTE, BUROCRACIA, CARGA, TRIBUTOS, EXTINÇÃO, CORRUPÇÃO, OBJETIVO, AMPLIAÇÃO, COMPETITIVIDADE, PAIS.

            O SR. SÉRGIO SOUZA (Bloco/PMDB - PR. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Obrigado, Sr. Presidente.

            Srªs e Srs. Senadores, caros telespectadores da TV Senado, ouvintes da Rádio Senado, senhoras e senhores que nos acompanham na tarde de hoje, venho à tribuna, no dia de hoje, para fazer uma reflexão sobre o momento que o Brasil vive, neste início de década, no ano de 2012, relativamente aos seus entraves e à necessidade de otimização de alguns setores a fim de tornar o Brasil mais competitivo.

            Tenho para mim que o Brasil é o país do presente, não é mais o país do futuro. Nós vivemos o futuro neste exato momento. O mundo, globalizado como está, torna próximos quaisquer continentes, quaisquer outros países econômica e socialmente.

            Percebo que, se não acordarmos, não vamos nos tornar competitivos o suficiente para fazer face a países como a China, como os tigres asiáticos. O Brasil, na década de 80, era cinco vezes maior em produção industrial do que os tigres asiáticos juntos - inclua-se aí a China. Hoje, eles são, no particular, cinco vezes maiores que o Brasil.

            De fato, o que cresceu neste País nos últimos anos foi a agroindústria. Esta, sim, cresceu e cresce com sustentabilidade, porque produzimos aqui a matéria-prima, nós a transformamos e vamos vendê-la em todo o Planeta. Enquanto que em qualquer país do mundo se pode produzir automóveis ou os produtos manufaturados da linha branca, não é em qualquer país que se produzem alimentos da forma como o Brasil produz.

            No entanto, nós vemos que há uma competitividade, instalada em nível global, que nem sempre o Brasil consegue acompanhar. O custo, por exemplo, da energia elétrica, nos Estados Unidos, é muito menor do que o custo no Brasil. E nós temos talvez a base energética que deveria ser a mais barata do Planeta - a energia de hidrelétrica, a energia hidráulica.

            O custo para se produzir 1kg de proteína animal, nos Estados Unidos, está mais barato do que para se produzir no Brasil. É mais barato também produzir na Argentina e, depois, pelo Mercosul, trazer ao Brasil, sem impostos e competindo com os nossos próprios produtos.

            Então, Sr. Presidente, eu tenho para mim que nós estamos vivendo, no Brasil, o quarto momento importante da história recente deste País. Eu diria que o primeiro momento foi aquele da promulgação da Constituição de 1988, com o fim da ditadura, o movimento pelas Diretas Já. O segundo momento foi aquele em que, ao final do governo Itamar Franco, instala-se um plano econômico, o Plano Real, que traz estabilidade monetária ao País, consolidando uma moeda forte e o fim da inflação. O terceiro momento é aquele em que, já no governo do Presidente Lula, surge uma sensibilidade no sentido de que o cidadão brasileiro tem que ganhar um pouco mais, que o salário mínimo tem de ter um pode aquisitivo maior, para ele se alimentar e manter a sua família com a mínima condição possível.

            Aliás, agora, nós estamos vendo aí o anúncio de R$674,99. Eu não sei de onde tiraram esse número para o salário mínimo! Por que é que não põem R$675,00 ou R$680,00? Mas está lá. Os jornais de hoje divulgam esse número. É incrível, mas há, com esse salário mínimo, uma valorização do cidadão e, inclusive, do trabalho, porque o salário mínimo, para aquele trabalhador do dia a dia... Antes, ele ganhava um, dois, três salários e, assim, compunha uma base de renda necessária para a sua sobrevivência. Contudo, aquele que estava na inatividade, o aposentado, tinha que sobreviver com aquele único salário mínimo, dependendo dos seus filhos, netos, parentes, vizinhos, para ter uma sobrevivência decente, para comprar um medicamento, um alimento. Hoje, isso se inverteu: se olharmos o caso de uma família, de um senhor e uma senhora, ambos aposentados, que ganhem um salário mínimo cada, essa família tem uma renda de quase R$1.500,00, R$1.400,00, o que se pode considerar uma boa renda. Tanto é que, às vezes, eles é que acabam ajudando um filho, um parente, porque conseguem ter um maior poder aquisitivo.

            Então, esse é o terceiro momento, que se instalou no governo do Presidente Lula, com a valorização dos salários, com as pessoas passando a consumir mais e o Brasil se tornando essa potência mundial de consumo, com um mercado de quase 200 milhões de brasileiros.

            E vivemos nosso quarto momento. Chegamos nós, um país em desenvolvimento, ao posto de sexta maior economia do Planeta e queremos ser um pais desenvolvido, e logo. E entendo que esse quarto momento que o Brasil vive é o grande desafio; é o salto que ele tem que dar; é a cachoeira que ele tem que subir. O Brasil precisa diminuir o chamado custo Brasil. E eu colocaria, pelo menos, quatro itens importantes que impactam direitamente nesse custo Brasil: a burocracia, ainda instalada neste País e que custa muito ao povo brasileiro; a corrupção, algo que sangra esse País em todos os níveis, inclusive no setor privado - não é só no setor público; ainda mais: uma carga tributária muito grande e a necessidade premente que temos de promover as reformas possíveis. Apesar de estarmos vendo um esforço, principalmente do Governo da Presidente Dilma, na direção da diminuição para alguns setores da carga tributária, precisamos avançar. E o outro ponto é a questão dos modais de transporte no Brasil.

            No Brasil, país de dimensões continentais, os modais de transportes impactam direitamente no custo da produção e também no custo do produto final quando levado à mesa do consumidor. Meu Estado, o Estado do Paraná, tem uns dos maiores portos do Brasil, o Porto de Paranaguá, porto pelo qual entram, pelo menos, 60% de todos os fertilizantes consumidos no Brasil, aqueles que são levados para o Centro-Oeste, para o Sul e para o Sudeste. É comum vermos filas de navios, que, às vezes, chega a mais de uma centena de navios, atracados na Baia de Paranaguá, esperando para descarregar, ao custo médio de US$30 mil a US$40 mil ao dia, chegando a ficar esperando para descarregar cerca de 60 dias. Com isso, o custo, somente para descarregar esse fertilizante ou outro produto que estejamos importando, chega a US$1 milhão, US$2 milhões. E não é diferente quando o navio entra na fila para levar as exportações brasileiras.

            O modal de transporte que leva a produção ao Porto de Paranaguá ou que leva do Porto de Paranaguá ao interior deste País é o rodoviário! O ferroviário não transporta 10% da produção agropecuária do Paraná até o Porto de Paranaguá.

            E aí, Sr. Presidente, finalizando já, gostaria de dizer o seguinte: temos que otimizar as ferrovias como um modal de transportes para baratearmos o custo do transporte, que é um dos itens que impactam diretamente no custo Brasil. E nós estamos, hoje, já com um projeto em andamento: o da ferrovia, Sr. Presidente, que liga, no seu Estado, a cidade de Maracaju até Cascavel e vai até Chapecó. Vamos otimizar, Senadora Ana Rita, o trecho ferroviário da Ferro-oeste, de Cascavel a Paranaguá, fazendo uma bitola mais larga e vamos construir uma nova ferrovia de Guarapuava a Paranaguá.

            Inclusive, quando da elaboração do PPA no ano passado, eu sugeri uma emenda - e o Senador Walter Pinheiro, Relator, a acatou - de R$1,5 bilhão para nós fazermos essa nova ferrovia de Guarapuava a Paranaguá.

            E, nesta semana, nós tivemos o anúncio de que a Vale do Rio Doce vai bancar, vai financiar o projeto de Guarapuava até Engenheiro Bley. Estamos em negociação com a Vale, junto com EPL, falando com Bernardo Figueiredo, para que chegue também esse projeto até o Porto de Paranaguá, uma vez que essa ferrovia não serve tão somente ao Paraná, mas a todo o Brasil. E digo isso porque, no momento em que a Norte/Sul corta o Centro-Oeste, vai até o Mato Grosso do Sul, passa pelo Oeste paranaense, segue para Santa Catarina e, depois, vai até o Porto do Rio Grande, ela vai otimizar todos os Estados brasileiros de certa forma.

            Assim, quando fizermos uma ferrovia na horizontal, otimizada, que vai de Cascavel ao Porto de Paranaguá e vai se encontrar com a ferrovia anunciada pela Presidente Dilma no PAC das Concessões, que é a ferrovia litorânea, que vai ligar as regiões de produção desde o Porto de Rio Grande até Pernambuco, subindo pelo Nordeste, nós vamos ter, Sr. Presidente, uma malha ferroviária otimizada, barateando em até 80% o custo dos transportes em algumas regiões do Brasil.

            Então, eu venho, Sr. Presidente, na data de hoje, fazer esta reflexão: precisamos dar esse salto, mediante a diminuição do custo Brasil. Só assim nós vamos competir em igualdade de condições com países como os tigres asiáticos e como a China, que vêm ao Brasil vender produtos cuja base primária é composta por commodities que foram exportados por nós, como o minério de ferro, àqueles países.

            Eram essas as minhas considerações, Sra Presidente, Senadora Ana Rita.

            Eu agradeço a todos e desejo-lhes uma boa tarde.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 23/11/2012 - Página 62913