Pela Liderança durante a 213ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Análise da questão das cotas de patrocínio dos clubes de futebol do campeonato brasileiro.

Autor
Paulo Davim (PV - Partido Verde/RN)
Nome completo: Paulo Roberto Davim
Casa
Senado Federal
Tipo
Pela Liderança
Resumo por assunto
ESPORTE.:
  • Análise da questão das cotas de patrocínio dos clubes de futebol do campeonato brasileiro.
Publicação
Publicação no DSF de 20/11/2012 - Página 61711
Assunto
Outros > ESPORTE.
Indexação
  • ANALISE, NECESSIDADE, REDISTRIBUIÇÃO, IGUALDADE, COTA, PATROCINIO, TIME, FUTEBOL, BRASIL.

            O SR. PAULO DAVIM (Bloco/PV - RN. Como Líder. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, na tarde de hoje, antes de falar do assunto que me trouxe a esta tribuna, quero parabenizar o Senador Requião pelo brilhante pronunciamento que acaba de proferir. Trouxe de uma forma didática, pedagógica as preocupações de todos nós ante a crise que os países da Europa estão atravessando. Foi extremamente feliz e foi belíssimo o pronunciamento com que nos brindou na tarde de hoje.

            Mas o assunto, Sr. Presidente, que quero abordar nesta tarde foi motivo de uma audiência pública solicitada por mim no primeiro semestre. Foi uma audiência pública para discutir as cotas de patrocínio dos clubes de futebol do campeonato brasileiro, que contou com a presença do Presidente da Liga de Futebol do Nordeste, Dr. Eduardo Rocha; do Senador e desportista Zeze Perrella; do Diretor Executivo da Globo Esportes, Sr. Marcelo Campos Pinto; do Diretor de Planejamento da Rede Bandeirantes, Juca Silveira, e de todos aqueles Senadores e Senadoras que se preocupam com o tema.

            Por que eu trago esse tema para discussão? Primeiro, porque o futebol é o esporte da alma do brasileiro, é o esporte da paixão do brasileiro, e nós sabemos que o futebol tem um papel social importante, inestimável neste País. É um gerador de emprego e renda, é um esporte de integração nacional e também é um esporte que, quando bem utilizado, pode ser um instrumento importante no enfrentamento das drogas neste País. É um esporte que pode ser, se bem utilizado, um instrumento de resgate de crianças e adolescentes. É um esporte que pode ser a perspectiva de um futuro alvissareiro para essa juventude.

            E, por ser um esporte de integração nacional, por isso mesmo é que eu me preocupo, porque do jeito que está no Brasil não está servindo para integrar o Brasil, não está servindo para o papel precípuo desse esporte e do campeonato brasileiro.

            Porque, na Série A - o Brasil tem quatro séries: Série A, Série B, Série C e Série D -, apenas 9 Estados, dos 27, participam desse campeonato; na Série B, da mesma forma, apenas 9 Estados participam do campeonato.

            Portanto, o papel de integração do Campeonato Brasileiro está perdendo o sentido, está deixando de ser real, de ser concreto. E precisamos discutir sobre isso - foi o que eu fiz na audiência pública -, porque tem que chamar a atenção da CBF, tem que chamar a atenção das emissoras que compram o direito de arena desses campeonatos, porque o futebol é importante para o Brasil, o futebol também é um cartão postal do Brasil, que tem esse papel social, como falei há pouco, e não se admite que haja essa desproporção de financiamento. Não se pode tratar as Séries B, C e D da forma como estão sendo tratadas.

            A Série A recebe - isso foi dito pelo Diretor Executivo da Globo Esportes - mais de R$1 bilhão a título de patrocínio. Entretanto, a Série B do Campeonato Brasileiro recebe um pouco mais de 3% desse valor. Como é que pode haver integração? Quais são os critérios de distribuição desses recursos? Então, defendemos que haja uma divisão mais equânime, mais justa, desses recursos nas cotas de patrocínio dos clubes no Campeonato Brasileiro.

            Não se podem segregar as Regiões Nordeste e Norte. Não se podem discriminar as regiões mais pobres do Brasil, sob pena de aumentarmos esse fosso de diferença social; sob pena de condenarmos à exclusão esses Estados que sonham em participar de um campeonato da envergadura do Campeonato Brasileiro e não conseguem porque não dispõem de recursos para formarem times competitivos para entrar nessa competição.

            A juventude de Estados como Maranhão, Piauí, Amazonas, Acre, Rondônia, Sergipe, Paraíba também tem o sonho e os anseios de ver seu clube do coração, seu time de paixão, participar de um campeonato nacional, mas não consegue. E não conseguem porque não têm estrutura.

            Outra distorção que não consigo compreender, Presidente Lindbergh: quais são os critérios de patrocínio dos clubes de futebol por empresas estatais? Por exemplo: por que a Petrobras financia clube A e clube B? São recursos públicos. Por que não financia um clube lá do Nordeste? Por que a Eletrobrás financia um determinado clube de futebol? Quais são os critérios de escolha?

            Nós queremos transparência. Se são empresas públicas, se são recursos públicos, que esse montante seja distribuído irmanamente, de uma forma mais justa. Estamos aqui defendendo uma distribuição mais justa, de forma que fortaleça a integração desses Estados através do futebol, do Campeonato Brasileiro.

            Então, Sr. Presidente, agora que estamos no final dos campeonatos - Série A, Série B, Série C e Série D -, quando a CBF, juntamente com as empresas que compram o direito de arena dos clubes, está preparando o calendário para o ano de 2013, é importante que, na tribuna do Senado, eu faça um apelo, mais uma vez, já que o fiz na audiência pública...

            (Soa a campainha.)

            O SR. PAULO DAVIM (Bloco/PV - RN) - Reitero esse apelo, para que a CBF e as TVs que compraram o direito de transmissão desses campeonatos possam distribuir de uma forma mais justa esses recursos, aumentando a cota de patrocínio nos clubes de Série B. Há uma desproporção muito grande. Apenas 3% do que é investido na Série A é investido na Série B - 3%, uma grande diferença.

            Vejam bem, ontem mesmo, um clube da Série A, o Palmeiras, desceu para a Série B. Mas é injusto, desproporcional. Portanto, eu reitero esse apelo.

            Vou, mais uma vez, dirigir-me ao Diretor Executivo da Globo Esportes, ao Diretor de Planejamento da Rede Bandeirantes, vou, mais uma vez, me reportar à Liga de Futebol do Nordeste no sentido de que esse apelo, que não é meu, mas é dos desportistas, apelo de todos os clubes de futebol menores, pelo País afora, no sentido de que haja um aumento na cota de patrocínio que permita a esses clubes participarem a contento do campeonato brasileiro e aí, sim, se promova a verdadeira integração nacional, por meio do esporte, por meio do futebol.

            Muito obrigado, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 20/11/2012 - Página 61711