Pela Liderança durante a 215ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Considerações sobre dados da ONU que colocam o Brasil em primeiro lugar na exploração sexual infanto-juvenil; e outro assunto. (como Líder)

Autor
Alfredo Nascimento (PR - Partido Liberal/AM)
Nome completo: Alfredo Pereira do Nascimento
Casa
Senado Federal
Tipo
Pela Liderança
Resumo por assunto
DIREITOS HUMANOS.:
  • Considerações sobre dados da ONU que colocam o Brasil em primeiro lugar na exploração sexual infanto-juvenil; e outro assunto. (como Líder)
Publicação
Publicação no DSF de 22/11/2012 - Página 62479
Assunto
Outros > DIREITOS HUMANOS.
Indexação
  • COMENTARIO, DADOS, RELATORIO, ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS (ONU), REFERENCIA, SITUAÇÃO, BRASIL, RELAÇÃO, EXPLORAÇÃO SEXUAL, CRIANÇA, ELOGIO, ATUAÇÃO, MINISTERIO PUBLICO FEDERAL, MOTIVO, INSTAURAÇÃO, INQUERITO, OBJETIVO, INVESTIGAÇÃO, DENUNCIA, EXPLORAÇÃO, MENOR, ORIGEM, GRUPO INDIGENA, LOCAL, MUNICIPIO, SÃO GABRIEL DA CACHOEIRA (AM), ESTADO DO AMAZONAS (AM), DEFESA, NECESSIDADE, PUNIÇÃO, CRIMINOSO.

            O SR. ALFREDO NASCIMENTO (Bloco/PR - AM. Pela Liderança. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, segundo o relatório sobre exploração infantil produzido pela ONU, o Brasil ocupa o primeiro lugar em exploração sexual infanto-juvenil na América Latina e o segundo no mundo. Esse é um dado alarmante, que nos confere uma liderança deprimente e inaceitável, que exige de nós, homens e mulheres, políticos e gestores, uma reação sólida para reverter esse quadro.

            A exploração sexual infantil é considerada o terceiro mais rentável comércio mundial, atrás apenas da indústria de armas e do narcotráfico.

            Além de ser um dos temas mais constrangedores ao Brasil, essa verdadeira onda de exploração sexual também desencadeia outros problemas ligados à saúde pública. Isto é, a exploração sexual infantil está contribuindo para a criação de uma geração precoce de portadores do vírus da AIDS.

            É fato, também, que a exploração sexual tornou-se uma "praga" que exige dos governos e da sociedade a tomada de medidas concretas e urgentes.

            Essa prática, que se instalou violentamente no Brasil, pode ser encarada como um novo modelo de escravidão das nossas crianças e jovens, o que é incompatível com uma sociedade civilizada e com um País desenvolvido e plural como o nosso.

            Com essa preocupação, temos de louvar ações pontuais como a iniciada recentemente pelo Ministério Público Federal do meu Estado, o Amazonas. O Ministério Público Federal instaurou um inquérito civil para investigar denúncias da existência de uma rede de exploração sexual de crianças e adolescentes indígenas em São Gabriel da Cachoeira, Município localizado a 858km de Manaus, extremo norte do Amazonas.

            Segundo os relatos, as vítimas são meninas indígenas entre 10 e 16 anos de idade. A ousadia da chamada "rede de pedofilia" instalada no Amazonas vem coagindo diversos representantes de instituições sociais, de forma a impedi-los de denunciarem o crime.

            A mobilização da imprensa do meu Estado para denunciar esse crime contribuiu para despertar o interesse da imprensa nacional. Inclusive, o jornal Folha de S.Paulo, na última semana, abordou as atrocidades que vêm ocorrendo com frequência no Município de São Gabriel da Cachoeira, cidade do interior do Amazonas com a maior população indígena do Brasil, cujas crianças indígenas são alvos desses criminosos.

            Conforme apurou a imprensa, o comércio de sexo com crianças e adolescentes tem à frente um pequeno grupo de comerciantes, com forte poder econômico, e funcionários públicos. O alvo preferido são meninas virgens, que também acabam sendo vítimas do tráfico de drogas.

            Uma conselheira tutelar, que optou pelo anonimato, disse à imprensa que a rede de pedofilia existe há muito tempo e aumenta cada vez mais. Essas denúncias vieram à tona desde 2008. São meninas de famílias muito pobres, em condições socioeconômicas precárias, que, em troca de frutas, iogurtes e pão praticam sexo com cinco, seis e até mais exploradores de uma única vez.

            Sabemos que combater a exploração sexual infantil é um trabalho árduo e moroso. Cabe a nós, também, uma mudança de postura, obrigando-nos a deixar de lado o medo de denunciar esses criminosos por se tratarem de pessoas poderosas e influentes. Para tanto, temos de exigir dos governantes permanente vigilância, como meio de proteger nossas crianças e jovens.

            É verdade que, nos últimos anos, assistimos no Brasil a uma forte consciência e disposição para reagir ao problema do abuso sexual. Mas não é o bastante. A exaustiva cobertura da mídia tem contribuído para romper o silêncio e chamar atenção. A criação do Disque Denúncia é uma ferramenta muito importante para a sociedade, mas a maior de todas as ferramentas de que dispomos é a nossa legislação. A Constituição Federal, o Código Penal e o Estatuto da Criança e do Adolescente preveem a punição à exploração sexual e à violência contra os jovens.

(Soa a campainha.)

            O SR. ALFREDO NASCIMENTO (Bloco/PR - AM) - É necessário fazer valer nossas leis e punir severamente esses criminosos. Esta é a única forma de garantirmos o futuro de nossas crianças, dando a elas segurança e condições de uma vida mais digna e menos sofrida. Isso é fundamental para a consolidação do Brasil que queremos para nossas famílias.

            Aproveito para registrar que a Comissão Mista de Inquérito de Combate à Violência contra as Mulheres estará em Manaus, capital do Amazonas, nesta sexta-feira, dia 23. Considero oportuna a presença dos parlamentares e das parlamentares membros da Comissão no meu Estado do Amazonas.

            Ainda somos obrigados a conviver com essas atrocidades em todo o País. No caso do Amazonas, é mais grave. Segundo o Ministério da Justiça, o Amazonas ocupa o 3º lugar entre os demais Estados brasileiros com maiores taxas de homicídios de mulheres.

(Soa a campainha.)

            O SR. ALFREDO NASCIMENTO (Bloco/PR - AM) - Por saber da importância do trabalho dessa CPMI, coloco-me à disposição dos membros da Comissão. Além disso, desejo-lhes êxito na apuração dos fatos em meu Estado, como em todo o País.

            É preciso, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, providências no sentido de que esse mal seja terminantemente exterminado em nosso País.

            Muito obrigado, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 22/11/2012 - Página 62479