Discurso durante a 221ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Relato da participação de S. Exª em viagem oficial à China.

Autor
Vanessa Grazziotin (PC DO B - Partido Comunista do Brasil/AM)
Nome completo: Vanessa Grazziotin
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA EXTERNA.:
  • Relato da participação de S. Exª em viagem oficial à China.
Publicação
Publicação no DSF de 30/11/2012 - Página 64807
Assunto
Outros > POLITICA EXTERNA.
Indexação
  • REGISTRO, PARTICIPAÇÃO, ORADOR, VIAGEM, PAIS ESTRANGEIRO, CHINA, COMENTARIO, IMPORTANCIA, PAIS, ASIA, ECONOMIA INTERNACIONAL, COMPARAÇÃO, SITUAÇÃO, ECONOMIA NACIONAL, ENFASE, NECESSIDADE, AMPLIAÇÃO, APROXIMAÇÃO, GOVERNO ESTRANGEIRO.

            A SRª VANESSA GRAZZIOTIN (Bloco/PCdoB -- AM. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão da oradora.) -- Muito obrigada, Sr. Presidente, Senador Moka.

            Srs. Senadores, companheiros e companheiras, nós, uma comitiva de Senadores da República, retornarmos de uma visita oficial que fizemos à China. Foi um grupo de oito Senadores, coordenados pelo Senador Flexa de Lima, que preside o Grupo de Amizade do Senado entre Brasil e China.

            Eu, assim como todos os demais Senadores que participaram de uma extensa programação oficial organizada pelo parlamento chinês, voltei muito entusiasmada pelas perspectivas de ampliação das relações não apenas comerciais, mas culturais e políticas entre nosso País e a China, mesmo porque, Sr. Presidente, a China já ultrapassou os Estados Unidos e é hoje o principal destino de investimentos, o principal país em relação às questões econômicas. No passado, tínhamos nos Estados Unidos da América do Norte o nosso maior parceiro econômico e, hoje, o Brasil tem como maior parceiro econômico e comercial exatamente a China. Essa bipolaridade, essa relação entre Brasil e China, a cada ano, tem crescido de uma forma muito importante e destacada, Sr. Presidente.

            Aqui, quero relatar que não são apenas relações comerciais entre um país e outro, mas são investimentos que a China, principalmente, vem fazendo no País, na nossa Nação, no Brasil, que, a cada ano, são maiores. E há uma cooperação também extraordinária em curso, principalmente nas áreas de mineração, de petróleo, da agricultura.

            Por falar em agricultura, Senador Moka, nós chegamos lá exatamente no instante em que estava deixando aquele país uma comitiva coordenada pela Senadora Kátia Abreu, da Confederação Nacional da Agricultura, que esteve lá para inaugurar o escritório da Confederação Nacional da Agricultura do Brasil na China, tamanhas são as relações comerciais que existem entre o Brasil e a China.

            Além das parcerias nas áreas de mineração, petróleo, agricultura, também a indústria automotiva tem um grande relacionamento com o Brasil. As indústrias de alta tecnologia, de ciência espacial, de infraestrutura, de educação são áreas em que, cada dia mais, a parceria entre China e Brasil vem crescendo. E nós chegamos àquele país alguns dias depois do encerramento do 18º Congresso do Partido Comunista da China, que se encerrou no dia 14 deste mês de novembro.

            Nós tivemos importantes encontros, reuniões oficiais com um dos vices-Presidentes da Assembleia Popular da China, com o Presidente do Grupo de Amizade entre Brasil e China, com a Presidenta da Associação da China de Solidariedade e Amizade com Países Estrangeiros, com importantes dirigentes de províncias.

            Visitamos três cidades, além da capital, Beijing/Pequim. Estivemos visitando Xangai e Chiang, que foi uma das primeiras capitais daquele país. 

            Eu, que estive lá, inclusive juntamente com o Senador Inácio Arruda, há 11 anos, pude perceber as transformações que o país viveu em apenas uma década. São transformações significativas, transformações que vêm mudando a característica, a face daquela nação, que é a maior do mundo, do ponto de vista populacional, afinal de contas o país tem 1,3 bilhão de habitantes, com um fantástico potencial econômico, com um fantástico potencial de recursos naturais, também.

            É a transformação de um país que cresce economicamente a uma média de 10, 11% ao ano e que agora, em pleno momento de crise econômica internacional, consegue manter patamar de crescimento na ordem de 7,5%.

            Isso significa transformações muito importantes, a ponto de as cidades se transformarem completamente.

            Chiang, por exemplo -- cidade que tive a oportunidade de visitar há 11 anos --, hoje é uma cidade completamente diferente, uma grande metrópole, uma cidade moderna. E a China, nesses últimos tempos, tem investido muito forte e pesadamente em infraestrutura. Mas, além do investimento em infraestrutura, desde 2007, a partir de uma decisão política do parlamento do governo e do parlamento chinês, houve uma decisão em investir pesadamente também em educação.

            Portanto, hoje, a China não é um país mais da cópia; não é um país apenas que faz montagem, mas é um país que vem aplicando fortemente na ciência, na tecnologia, no desenvolvimento da inovação. Isso nós pudemos ver, Sr. Presidente, porque visitamos inúmeras indústrias -- algumas públicas e outras privadas --, e todas elas, sejam públicas ou privadas, que primam muito pelo desenvolvimento tecnológico e pela inovação.

            Nós visitamos, por exemplo, uma distribuidora, a State Grid Corporation of China, que é a maior empresa distribuidora de energia elétrica do mundo. E é uma empresa estatal, Sr. Presidente. Dentre todos os dados de que nós ali tomamos conhecimento, um que me chamou muito a atenção foi a busca pela excelência, Presidente Moka. Ou seja, a maior distribuidora de energia elétrica do mundo, que é a State Grid Corporation of China, não vive um acidente, uma interrupção, um blecaute, no seu sistema, desde 1997. Inclusive, é uma empresa que já está presente no Brasil. Ela conta com 6 concessões de distribuição de energia elétrica no Brasil e está se preparando para concorrer em licitações e leilões importantes, relativos às usinas hidrelétricas do Rio Madeira, mas principalmente a usina hidrelétrica de Belo Monte.

            Visitamos empresas de desenvolvimento tecnológico na área da informação. Visitamos a Railway, que hoje é a segunda maior empresa de tecnologia de informação do mundo e também uma empresa que vem ampliando a sua parceria com o Brasil, não só no sentido de aqui manter os seus negócios, mas muito disposta em repassar tecnologia para empresas interessadas do nosso País, do Brasil.

            A Railway teve uma participação muito importante na assistência à saúde à distância. Ela está presente no Brasil, principalmente na região Norte, onde repassou tecnologia para que muitas consultas e exames pudessem ser feitos à distância, o que vem contribuindo muito para a área de saúde em nosso País.

            Visitamos fábricas de automóveis, Senador Inácio Arruda, V. Exa que hoje, no debate que tivemos na Comissão de Relações Exteriores, falava da necessidade de o Brasil alcançar um grau de desenvolvimento mais autônomo em vários setores. O senhor levantava a questão da indústria automobilística, que teve alguns dos seus projetos instalados no seu Estado, do Ceará, mas que infelizmente foram abortados e não seguiram em frente. Visitamos uma indústria chinesa privada, automotiva, que desenvolve carros, porque tem uma tecnologia avançada de carros elétricos, ou seja, com combustível renovável, com combustível muito melhor do ponto de vista ambiental. E conhecemos um protótipo de um carro que é autodirigível, não precisa de um condutor para que ele siga. Visitamos indústrias de energia, também de fabricação de lâmpadas de LED, que avança no mundo inteiro.

            Enfim, Sr. Presidente, a gente percebe que a China, além de investir pesadamente em infraestrutura é um país que conta hoje com autoestradas em todo o território nacional, que conta com o trem-bala em quase todo o território nacional, que tem uma estrutura aeroportuária, que tem uma estrutura portuária também muito importante, que investe pesadamente em infraestrutura. Mas além do investimento em infraestrutura… Eu já concluo, Sr. Presidente.

(Soa a campainha.)

            A SRa VANESSA GRAZZIOTIN (Bloco/PCdoB -- AM) -- Ela investe muito na preparação do seu povo, na preparação da sua gente.

            Eu aqui falava que inclusive o congresso do próprio Partido Comunista da China incluiu a questão da ciência e tecnologia como algo fundamental para o desenvolvimento, a distribuição de renda e o combate à miséria e à pobreza. Ou seja, Senador Rodrigo Rollemberg, ciência, tecnologia e inovação hoje assumem um papel fundamental naquele país, o que faz com que a nova geração chinesa seja uma geração moderna e que procura desenvolver tecnologia, tanto que grande parte das indústrias transnacionais não buscam mais a China como um país de mão de obra barata. Elas buscam outros países da região da Ásia, principalmente em decorrência dessa capacitação da mão de obra, dessa capacitação dos trabalhadores naquele país. Não tenho dúvida nenhuma que o Brasil precisa, para que siga no caminho do desenvolvimento, da inclusão social, investir de forma mais compromissada na infraestrutura, mas também, e principalmente, na educação, Sr. Presidente. Não há nenhum país que tenha alcançado um alto grau de desenvolvimento tecnológico, de qualidade de vida sem que investisse pesadamente em educação. E nós vivemos um momento muito importante de decisão, de ampliação, de duplicação dos recursos no Brasil para investimento em educação, e assim estaremos, sem dúvida nenhuma, construindo um verdadeiro país sem miséria. E uma nação rica, como diz a Presidenta, é uma nação sem miséria. Então, quero aqui destacar a importância dessa viagem e, principalmente, das relações entre o nosso País e a China.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 30/11/2012 - Página 64807