Discurso durante a 219ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Autor
José Agripino (DEM - Democratas/RN)
Nome completo: José Agripino Maia
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Publicação
Publicação no DSF de 28/11/2012 - Página 64169

            O SR. JOSÉ AGRIPINO (Bloco/DEM - RN. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, eu estive presente na sabatina em pauta. O resultado foi, de forma inédita, quase que empatado. A diferença foi de um voto pela aprovação do indicado.

            Persistem muitas dúvidas com relação à indicação de um candidato à reeleição no Conselho Nacional do Ministério Público. Durante a sabatina, foram mencionados pelo próprio sabatinado dois membros do Ministério Público que teriam uma contribuição importante a dar no esclarecimento de fatos ou denúncias.

            Esta é a questão política que se pondera. Estamos discutindo aqui uma questão processual. Preocupa-me muito mais a questão política, o esclarecimento pela aprovação ou pela rejeição de um indicado para uma função de alta relevância: o Conselho Nacional do Ministério Público.

            Nós estamos vivendo, neste momento, Presidente, muitas dúvidas com relação ao Senado pela votação que foi feita, rejeitando um indicado para a Diretoria da Agência Nacional de Águas, votação ocorrida decretando a reprovação da indicação, tendo, em seguida, sido feitas démarches que invalidaram a votação.

            E esse tomo voltou a ser apreciado e foi aprovado pelo Senado.

            E o aprovado está hoje sendo objeto de acusações pesadas no campo da probidade.

            Então, a mim preocupa muito a questão de o Senado votar com consciência sobre quem está votando. Se há uma pressão para que haja a votação logo, aligeirada, sem que se apurem esses fatos que foram apontados de público na Comissão de Constituição e Justiça, três, quatro semanas atrás, nós estaremos incorrendo no provável pecado de votar sem a devida instrução do processo pelos depoimentos que faltam ser dados.

            Então, acho que a pedra fundamental, escoimada a questão processual, é o esclarecimento que se impõe em função dos depoimentos que ocorreram na CCJ. Eu, de minha parte, concordo inteiramente com o requerimento que o Senador Pedro Taques fez para o comparecimento de duas pessoas. Acho fundamental para o esclarecimento dos fatos, para que o processo seja corretamente instruído e para que nós votemos com consciência. Não tenho aqui nenhuma dúvida com relação ao indicado. Não tenho dúvida nem a favor, nem contra. Mas eu quero ouvir. Então, se votarmos uma urgência sem cumprir uma coisa que a CCJ deliberou três, quatro semanas atrás, acho que vamos incorrer no erro de que o Senado é hoje acusado, de ter votado de uma forma, de outra forma, três, quatro semanas depois, o que fica mal para a Casa.

            Então, quero aqui colocar minha posição contra esse requerimento de urgência até que a audiência ocorra na CCJ, os depoimentos aconteçam, e nós possamos votar completamente instruídos, informados sobre quem é o indicado, quais são suas virtudes e quais são, eventualmente, seus defeitos ou o que é que ele tem a esclarecer com relação àquilo que foi colocado na Comissão de Constituição e Justiça.

            A minha questão, portanto, é muito mais de mérito do que de processo. A minha preocupação é muito maior com a qualidade da instrução do que até com relação ao processo que venha a ser, e terá que ser, definido por esta Casa. Mas aqui quero fazer esta ponderação, com a manifestação do meu Partido pela cautela na apreciação de um nome para um órgão importante da República, que tem que ser aprovado ou reprovado, com consciência, pelos Senadores.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 28/11/2012 - Página 64169