Discurso durante a 224ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Congratulações à Câmara dos Deputados pela convocação de sessão solene destinada a homenagear o centenário da estrada de ferro Madeira-Mamoré; e outro assunto.

Autor
Valdir Raupp (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/RO)
Nome completo: Valdir Raupp de Matos
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
DESENVOLVIMENTO REGIONAL. TURISMO. :
  • Congratulações à Câmara dos Deputados pela convocação de sessão solene destinada a homenagear o centenário da estrada de ferro Madeira-Mamoré; e outro assunto.
Publicação
Publicação no DSF de 04/12/2012 - Página 65567
Assunto
Outros > DESENVOLVIMENTO REGIONAL. TURISMO.
Indexação
  • ELOGIO, CAMARA DOS DEPUTADOS, ANUNCIO, REALIZAÇÃO, SESSÃO SOLENE, HOMENAGEM, CENTENARIO, FERROVIA, INTEGRAÇÃO, BRASIL, PAIS ESTRANGEIRO, BOLIVIA, IMPORTANCIA, OBRA PUBLICA, HISTORIA, TURISMO, PAIS, ESPECIFICAÇÃO, ESTADO DE RONDONIA (RO), DESENVOLVIMENTO REGIONAL.
  • SOLICITAÇÃO, APOIO, CANDIDATURA, FERROVIA, ESTADO DE RONDONIA (RO), TOMBAMENTO, PATRIMONIO CULTURAL, ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS PARA A EDUCAÇÃO A CIENCIA E A CULTURA (UNESCO).

            O SR. VALDIR RAUPP (PMDB - RO. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, tomo a tribuna desta Casa na tarde de hoje para parabenizar a Câmara dos Deputados por convocar sessão solene de homenagens ao centenário da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré, provocada que foi por requerimento da Deputada Federal Marinha Raupp.

            Eu não poderia deixar passar em branco essa efeméride, a qual, estando devidamente registrada nas páginas da nossa história nacional, assume para o povo rondoniense, com notório relevo, a natureza do grande épico de refundação do Estado.

            Ninguém ignora que a definição derradeira de nossos limites como Nação estava associada ao cumprimento das cláusulas do Tratado de Petrópoles, que consagrou o Acre comunidade da Federação brasileira, doação boliviana condicionada pela construção de uma saída daquele país andino para o Oceano Atlântico. A dívida que o Brasil tem até hoje com o país vizinho, a Bolívia.

            Depois de desativada essa ferrovia, surge agora um pleito justo da Bolívia para a construção de uma ponte de integração Brasil-Bolívia, já que a nossa ferrovia virou apenas um patrimônio histórico. Por isso, nós temos cobrado aqui desta tribuna também essa obra, que será muito importante para a Bolívia, assim como para o Brasil.

            Assim, a construção da ferrovia Madeira-Mamoré atalhou os destinos de Rondônia. Refundou-se Porto Velho, ponto escolhido por Percival Farquhar, o empresário americano que arrematou as obras como grande eixo de articulação da ferrovia, inclusive no período inicial de sua construção.

            Todos os ingredientes de epopeia estavam presentes na refundação de Rondônia. O consumo voraz de milhares de vidas perdidas no enfrentamento das duras condições de sobrevivência na selva inóspita assinalou o caráter dramático de uma aventura que saiu cara ao País. Mesmo com a perda do incentivo econômico da iniciativa, o escoamento da produção boliviana e amazônica de látex, a Madeira-Mamoré induziu a expansão, por décadas, das frentes de desenvolvimento regionais.

            Hoje, o tombamento da Madeira-Mamoré como patrimônio cultural brasileiro vem incentivando, na sociedade rondoniense, o desejo de preservação, refletido na percepção do povo local, nos cuidados com o bem a ser preservado.

            Chamo a atenção, Sr. Presidente, Sras e Srs. Senadores, para o Museu da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré, admirável conjunto arquitetônico das obras de arte da engenharia da transição do século XIX para o século XX, corporificada no exemplar símbolo da modernidade industrial então estabelecida: a ferrovia.

           Um dos poucos exemplares mundiais integralmente preservados dos primeiros complexos ferroviários construídos no novo mundo e uma das principais atrações da minha capital, o Museu compreende várias instalações de grande porte construídas entre 1908 e 1912. Os dois armazéns de carga e descarga, situados à margem do Rio Madeira, um dos quais remodelado como Museu Ferroviário, a bela estação ferroviária de Porto Velho e, por fim, o prédio das oficinas, que abrigava os setores de mecânica, fundição, carpintaria, pintura, serraria, funilaria e depósito, e tinham como função os reparos do material rodante da ferrovia e o atendimento à comunidade em reparos de motores e fundição de peças.

            Parte significativa dessas estruturas encontra-se atualmente em processo de restauração, um investimento de mais de R$8 milhões na recuperação da estrutura física do patrimônio tombado. A obra é tocada com integral apoio do Governador do Estado de Rondônia, Confúncio Moura, com recursos integrantes das compensações ambientais da Usina Hidrelétrica de Santo Antônio. Vejam bem, Srªs e Srs. Senadores, como os recursos da contrapartida da Usina do Madeira, cuja destinação tem sido objeto de crítica por alguns, estão sendo muito bem aplicados.

            O incentivo ao turismo, ao turismo cultural, reabre uma janela de oportunidades para Rondônia, sugerindo a recuperação da dinâmica econômica da ferrovia, por meio de vários estímulos estrategicamente articulados. A preservação do patrimônio, das instalações físicas da Ferrovia Madeira-Mamoré poderia andar, par a par, com a recuperação de certos trechos, voltados, principalmente, a trajetos turísticos, como se sucede nos Estados de Minas Gerais e do Rio Grande do Sul.

            Aproveito o ensejo, desde já, pedindo o amparo, na opinião de V. Exªs, Srªs e Srs. Senadores, para me filiar à campanha em prol da candidatura da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré, neste ano de comemoração de seu centenário, a Patrimônio da Humanidade tombado pela UNESCO, projeto este que foi defendido, na manhã de hoje, na Câmara dos Deputados, pela Deputada Federal Marinha Raupp, pelo Deputado Federal Max Rogério, Deputado Federal Moreira Mendes, Deputado Federal Carlos Magno e outros que lá compareceram defendendo, na sessão solene da Câmara dos Deputados, o tombamento também para o patrimônio histórico da humanidade da Unesco.

            Sr. Presidente, era o que tinha para o momento.

            Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 04/12/2012 - Página 65567