Fala da Presidência durante a 229ª Sessão Especial, no Senado Federal

Comemoração dos 200 anos da imigração chinesa no Brasil.

Autor
José Sarney (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/AP)
Nome completo: José Sarney
Casa
Senado Federal
Tipo
Fala da Presidência
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Comemoração dos 200 anos da imigração chinesa no Brasil.
Publicação
Publicação no DSF de 11/12/2012 - Página 67961
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • ABERTURA, SESSÃO ESPECIAL, COMEMORAÇÃO, ANIVERSARIO, IMIGRAÇÃO, PESSOAS, PAIS ESTRANGEIRO, CHINA, RELAÇÃO, BRASIL, COMENTARIO, HISTORIA, CONTRIBUIÇÃO, IMIGRANTE, RELAÇÕES DIPLOMATICAS, COMERCIO EXTERIOR, PAIS, REGISTRO, LANÇAMENTO, SELO, HOMENAGEM, EVENTO.

            O SR. PRESIDENTE (José Sarney. Bloco/PMBD - AP. Com revisão do Presidente.) - Em 1812, o navio Vulcano, procedente de Macau, desembarcou no Rio de Janeiro trazendo os primeiros imigrantes chineses -- cerca de 300 -- para plantarem chá verde no Brasil. O nosso País passava por um momento de transformação com a transferência da família real -- a Rainha, Dona Maria, o Príncipe-Regente, Dom João, e seus familiares para o Brasil.

            A pequena capital se modernizava e assumia ares cosmopolitas. A presença dos chineses, com sua plantação de chá, foi um dos marcos dessa evolução.

            Ao longo do século, a imigração chinesa foi vista como alternativa. Joaquim Nabuco, grande defensor da abolição, via a imigração como um problema, inclusive por ser uma nova versão de escravidão. Nisso, ele dissentia de Quintino Bocaiuva, que a defendia em A Crise da Lavoura.

            Já na República, Francisco Glicério, Ministro da Agricultura do Presidente Deodoro, estabeleceu, por decreto, algumas restrições à entrada de estrangeiros no Brasil. Era a influência positivista que tinha apreciação sobre o problema semelhante à dos abolicionistas.

            Pouco depois, em 1892, o decreto foi revogado, mas sem consequências práticas. Os chineses voltariam a se transferir para o Brasil no começo do século XX, e, a partir daí, cerca de 200 mil se espalharam pelo País, com 130 mil deles se concentrando em São Paulo.

            O Brasil e a China se aproximaram no fim do século XX e são hoje grandes parceiros comerciais e tecnológicos, num movimento em que tive parte quando, como Presidente da República, em visita àquele grande país, conversei com Deng Xiaoping. Incorporados à sociedade brasileira, os chineses mostram que seu dinamismo e sua imensa capacidade de trabalho estão voltados para o crescimento do Brasil.

            A China é hoje uma referência mundial. As nossas relações com a China são estreitas e com ela nós temos uma das maiores trocas comerciais do Brasil no mundo. Temos uma grande satisfação de termos essa amizade com a China e o povo chinês, ao mesmo tempo em que a nossa admiração se revela cada vez maior pela grande contribuição do povo chinês à história da humanidade, na sua marca na face da Terra, nas grandes descobertas -- que influenciaram inclusive o mundo ocidental, e a poderosa civilização chinesa, hoje se reflete no que a China representa para o mundo --, na liderança comercial que vai cada vez mais exercendo em todos os setores.

            E é por isso que, hoje, nós, com grande satisfação, aqui no Senado Federal, comemoramos os 200 anos da imigração chinesa, saudando a todos os chineses que vivem no Brasil e que aqui se incorporaram, trabalhando, ajudando o nosso desenvolvimento, integrando-se ao nosso povo e fazendo parte da paisagem humana que constitui o Brasil.

            Portanto, eu quero me congratular com aqueles que requereram esta sessão, à qual também me associei, para dizer que o Senado presta uma homenagem que é das mais justas que nós podíamos prestar nesta Casa.

            E, sem dúvida alguma, eu quero agregar um dado pessoal, saudando toda a comunidade chinesa na figura de um grande chinês, que permanentemente é um divulgador da cultura e da amizade que cada vez mais estreitam a China e o Brasil: é o Dr. Gu Hang Hu. Médico chinês, formado em Medicina Tradicional e em Educação em Xangai, em 1976, nesta cidade, foi Diretor-Médico e Professor do Hospital e do Centro de Saúde.

            Dr. Gu chegou ao Brasil em 1987, naturalizou-se brasileiro em 1991. É uma figura importante da comunidade brasiliense, para quem exerce sua cultura científica no Centro de Tratamento Oriental de Brasília. Sua arte tem curado e ajudado a suportar as dores a um grande número de brasileiros que são seus pacientes.

            Ele é Presidente da Associação Chinesa de Brasília, é também Membro Conselheiro da Federação Mundial das Sociedades de Acupuntura.

            Eu, então, também quero entregar ao Dr. Gu uma moção de aplauso que o Senado Federal fez para que, na sua pessoa, nós destacássemos o quanto nós apreciamos o povo chinês e aqueles que têm o Brasil no coração e se integram ao nosso País, trabalhando conjuntamente para que sejamos cada vez mais amigos, estreitos amigos da China. (Palmas.)


Este texto não substitui o publicado no DSF de 11/12/2012 - Página 67961