Pela Liderança durante a 229ª Sessão Especial, no Senado Federal

Comemoração dos 200 anos da imigração chinesa no Brasil.

Autor
Cristovam Buarque (PDT - Partido Democrático Trabalhista/DF)
Nome completo: Cristovam Ricardo Cavalcanti Buarque
Casa
Senado Federal
Tipo
Pela Liderança
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Comemoração dos 200 anos da imigração chinesa no Brasil.
Publicação
Publicação no DSF de 11/12/2012 - Página 67972
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • CUMPRIMENTO, AUTORIDADE, SENADOR, PRESENÇA, SESSÃO ESPECIAL, COMEMORAÇÃO, ANIVERSARIO, IMIGRAÇÃO, PESSOAS, PAIS ESTRANGEIRO, CHINA, RELAÇÃO, BRASIL, COMENTARIO, HISTORIA, ECONOMIA, PAIS.

            O SR. CRISTOVAM BUARQUE (Bloco/PDT - DF. Pela Liderança. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Sr. Embaixador, cumprimento também o primeiro signatário, que é também o Presidente, Senador Flexa Ribeiro; o Senador Cícero Lucena; o Presidente do Grupo Parlamentar de Amizade Brasil-China da Câmara dos Deputados, Exmº Sr. Deputado Federal Osmar Júnior; o Sr. Fábio Vieira César, que é Superintendente Executivo da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos; e o tão conhecido hoje aqui em Brasília, o Sr. Gu Hang Hu. Eu o vejo sentado em nome da China, mas ele poderia estar sentado como brasiliense também.

            Sr. Presidente, a China é um país que nos fascina a todos, na minha juventude de uma maneira ainda especial, porque nós olhávamos para a China como uma esperança que vinha da força do regime comunista chinês e de suas experiências com uma visão do Terceiro Mundo, não com uma visão europeia, como era o outro polo, a União Soviética.

            Para surpresa de todos nós, as coisas vão, mudam, e estamos outra vez olhando para a China como uma esperança nova, porque é um país que soube se adaptar à realidade de um mundo cambiante. E, ao se adaptar, outra vez vira uma espécie de farol para muito de nós.

            O que elogiar no país que é o mais populoso do mundo e o mais antigo na história do mundo?

            Creio que duas coisas eu traria aqui: a capacidade de aglutinação de uma população tão grande e a capacidade de reciclar diante dos desafios novos que surgem no mundo. Há outros países que são capazes de uma aglutinação, de um sentimento, às vezes, em torno de uma figura do imperador. A China, apesar de todas as suas diferenças de idiomas, de etnias, de religião, consegue se aglutinar em um povo único, com uma população que representa uma parte considerável de toda a população mundial.

            Essa aglutinação é que nossos países latino-americanos não têm conseguido ter. Temos tido dificuldades em aglutinarmo-nos, cada um de nós, como um povo único, salvo nos jogos de futebol da Copa do Mundo, em que todos torcem pelo seu país. Fora isso, são países divididos, com interesses corporativos, cada um querendo o que interessa ao seu grupo, e, em geral, isso se confronta com o que interessa aos outros.

            Na China, a gente percebe que os interesses específicos de cada corporação estão subordinados ao interesse maior da nação chinesa.

            Essa é uma admiração grande que tenho; a outra é essa capacidade, que talvez venha dos cinco mil anos de história, de reciclar-se, de adaptar-se, olhando sempre para o futuro.

            Eu fico aqui olhando os 200 anos da imigração chinesa no Brasil, olhando os próximos 200 anos da História do Brasil. Lá atrás houve a vinda dos chineses, que construíram igrejas em Ouro Preto, que muitas pessoas não sabem que foram construídas por chineses, que fizeram obras naquela época, quando pensávamos que só os escravos africanos trabalhavam com as mãos.

            Temos uma história de 200 anos, mas temos também um casamento para os próximos 200 anos, e, nessa história, nesse casamento, a economia brasileira precisa olhar para duas coisas, entre muitas outras, da China. Uma é a capacidade de poupar para investir, que o Brasil não tem. Nós somos um país do consumo imediato. Nós queremos consumir já não só o que a nossa renda permite, mas nos endividando sempre; um país do imediato, enquanto a China é um país que olha o futuro. E aí a diferença entre a poupança de 40% da renda e a poupança de 17% da renda. O Brasil precisa olhar para a China e ter um projeto de crescimento que não seja baseado no consumo imediato, mas, sim, também na poupança para longo prazo.

            O outro é a capacidade de fazer uma economia baseada na inovação científica e tecnológica.

            Todos falam que o Brasil tem um investimento caindo, por duas razões: porque a poupança é baixa -- não tem o que investir -- e porque nós não temos como investir em alta tecnologia, que são os grandes produtos do presente, que são o que eu aqui hoje chamo de nichos de investimento. Não temos.

            Hoje, o jornal publica os dez grupos mais influentes na economia brasileira. Nenhum está relacionado com ciência e tecnologia. E creio que, se relacionássemos os cem maiores, não haveria nenhum da alta tecnologia.

            Por isso, vamos comemorar agradecendo à China pelos últimos 200 anos em que fizeram parte do Brasil, graças a imigrantes, mas vamos também comemorar os próximos 200 anos, podendo buscar inspiração em muito do que hoje a moderna China está fazendo.

            Sr. Embaixador, muito obrigado por representar um país que pode muito bem ter ajudado a construir e pode muito bem ajudar a nos orientar.

            Muito obrigado. (Palmas.)


Este texto não substitui o publicado no DSF de 11/12/2012 - Página 67972