Pela Liderança durante a 229ª Sessão Especial, no Senado Federal

Comemoração dos 200 anos da imigração chinesa no Brasil.

Autor
Aloysio Nunes Ferreira (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/SP)
Nome completo: Aloysio Nunes Ferreira Filho
Casa
Senado Federal
Tipo
Pela Liderança
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Comemoração dos 200 anos da imigração chinesa no Brasil.
Publicação
Publicação no DSF de 11/12/2012 - Página 67973
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • CUMPRIMENTO, AUTORIDADE, SENADOR, PRESENÇA, SESSÃO ESPECIAL, COMEMORAÇÃO, ANIVERSARIO, IMIGRAÇÃO, PESSOAS, PAIS ESTRANGEIRO, CHINA, RELAÇÃO, BRASIL, COMENTARIO, DESENVOLVIMENTO ECONOMICO, MODERNIZAÇÃO, PAIS.

            O SR. ALOYSIO NUNES FERREIRA (Bloco/PSDB - SP. Pela Liderança. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Sr. Embaixador, Sr. Deputado, Dr. Wu, ilustres convidados, Srs. Senadores, minhas senhoras e meus senhores, a minha fala hoje, a rigor, seria dispensável, uma vez que o Senador Flexa Ribeiro, que preside o Grupo Parlamentar de Amizade Brasil-China do Senado, falou em nome do grupo que integro. Mas eu não poderia deixar de vir aqui para expressar também, em meu nome, a minha profunda gratidão pela acolhida que a delegação do nosso grupo recebeu na recente viagem que fizemos à República Popular da China.

            No meu caso, foi a terceira vez que visitei a China. A primeira vez em 1992; a segunda vez em 1995, e agora, há poucos dias. E, em cada uma dessas viagens, Sr. Embaixador, eu pude testemunhar, sentir e ver os sinais evidentes do extraordinário desempenho da China. Não apenas no seu desenvolvimento econômico, mas na sua modernização, modernização das suas grandes cidades, modernização do estilo de vida e do bem-estar da população, que é visível. Basta que se tome o metrô de Xangai ou de Pequim ou de Xian, cidades que visitei, para que se veja, pela própria aparência física das pessoas, o grau de bem-estar que a China, já hoje, conseguiu atingir.

            Na viagem no trem bala, a que se referiu o Senador Casildo Maldaner, ficou dessa viagem a lembrança de uma imagem que não me sairá jamais da memória. É que, na entrada para o trem, na plataforma de entrada para o trem, ao lado de convidados do governo, de pessoas do povo que viajavam, ao lado de funcionários, havia lá um camponês, com aquela forma tradicional de carregar o peso, com dois sacos de alimentos, um à frente e outro atrás, entrando no trem bala. Foi em nome deles que se fez a Revolução Chinesa. Eles fizeram a Revolução Chinesa. E eles agora têm condição de desfrutar do benefício de seu próprio trabalho.

            E é esse o sentido, Srs. Senadores, mais profundo que extraí da resolução do último Congresso do Partido Comunista Chinês: buscar criar um Estado de bem-estar cada vez maior, cada vez mais amplo, cada vez mais abrangente, cada vez mais inclusivo para o povo chinês; fazer com que o povo chinês participe cada vez mais do fruto do seu próprio trabalho; continuar na linha da abertura, da modernização, mas levando em conta novas exigências, a exigência do respeito ao meio ambiente, a exigência de transparência, a exigência de maior equidade que passa pelo combate aos privilégios, a exigência de limpeza na vida pública que passa pelo combate à corrupção. Tudo isso resumido naquilo que a resolução do Congresso denomina de enfoque científico do desenvolvimento.

            Duzentos anos de imigração chinesa no Brasil. Eu não sei se é fato ou se é anedota, mas, certa vez, li que o Premiê Zhou Enlai, nas vésperas do seu falecimento, foi indagado por alguém, que estava preparando um ensaio sobre o impacto da Revolução Francesa sobre diferentes países do mundo, qual teria sido o impacto da Revolução Francesa, que estava, àquela altura, prestes a completar 200 anos, sobre a vida do povo chinês. E esse grande negociador, esse grande administrador, esse grande revolucionário, que, ao lado de Mao Tsé-Tung, que procurava acelerar a marcha da história, procurava administrar as conquistas da Revolução, disse o seguinte: “200 anos é muito pouco. É muito cedo para se avaliar na história da China. Diante da nossa história, 200 anos é muito pouco”. Não sei se isso é verdade ou se é mito, mas 200 anos na nossa história, na história do nosso povo é muito tempo.

            Eu quero saudar a presença fecunda dos chineses no nosso País. Há 200 anos, o Brasil era muito, muito, muito atrasado em relação ao que era a China - mas muito. Nós visitamos agora aqueles marcos mais conhecidos da grandeza da China, da China milenar: a Cidade Proibida, o Templo do Céu, a Muralha, a cidade de Xian, que é toda ela um monumento arqueológico e histórico, ao lado da modernidade mais avançada. O Brasil, na época, era profundamente atrasado em relação a esse grande país.

            E eles vieram, os chineses, para viver uma situação extremamente difícil: trabalhar aqui quando a força de trabalho no Brasil era predominantemente escrava. E aqui vieram, aqui ficaram, aqui constituíram suas famílias, deitaram raízes, especialmente no meu Estado, no Estado de São Paulo, onde nós temos uma comunidade chinesa extremamente operosa, que se destaca em todos os campos da atividade humana, que é profundamente brasileira e paulista, mas continua ainda profundamente ligada às suas origens, à origem da sua cultura milenar.

            Duzentos anos para nós é bastante e já permitem que nós avaliemos a extraordinária contribuição do povo chinês, dos imigrantes chineses e de seus descendentes na construção do Brasil moderno.

            Sr. Embaixador, meus caros amigos, meus caros Srs. Senadores, venho a esta tribuna para desejar, assim como desejou o nosso querido Senador Cristovam Buarque, mais 200 anos e, depois, mais 200 anos de encontros, 200 anos de convergências, como as que verificamos hoje entre a política externa chinesa e a política externa brasileira, em todos os domínios, em todas as instâncias internacionais em que nossos países estão representados, 200 anos mais de intercâmbio, de benefício mútuo, 200 anos de amizade.

            Muito obrigado. (Palmas.)


Este texto não substitui o publicado no DSF de 11/12/2012 - Página 67973