Pela Liderança durante a 232ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Reafirmação de que partidos de oposição querem ter acesso ao inteiro teor do depoimento prestado pelo Sr. Marcos Valério à Procuradoria Geral da República.

Autor
José Agripino (DEM - Democratas/RN)
Nome completo: José Agripino Maia
Casa
Senado Federal
Tipo
Pela Liderança
Resumo por assunto
CORRUPÇÃO, ADMINISTRAÇÃO PUBLICA.:
  • Reafirmação de que partidos de oposição querem ter acesso ao inteiro teor do depoimento prestado pelo Sr. Marcos Valério à Procuradoria Geral da República.
Aparteantes
Jarbas Vasconcelos, Mário Couto.
Publicação
Publicação no DSF de 12/12/2012 - Página 68894
Assunto
Outros > CORRUPÇÃO, ADMINISTRAÇÃO PUBLICA.
Indexação
  • APRESENTAÇÃO, ORADOR, MOTIVO, AUSENCIA, ANTERIORIDADE, ASSINATURA, MEMBROS, DIRETORIA DE ENGENHARIA DA MARINHA (DEM), FATO, SOLICITAÇÃO, RELAÇÃO, PROCURADORIA GERAL DA REPUBLICA, INICIO, INVESTIGAÇÃO, VERACIDADE, DECLARAÇÃO, EMPRESARIO, REFERENCIA, PARTICIPAÇÃO, LUIZ INACIO LULA DA SILVA, EX PRESIDENTE DA REPUBLICA, PAGAMENTO, MESADA, CONGRESSISTA, REGISTRO, ATUALIDADE, PARTIDO POLITICO, SENADOR, PEDIDO, ACESSO, INTEGRALIDADE, DEPOIMENTO, PROPRIETARIO, EMPRESA.

            O SR. JOSÉ AGRIPINO (Bloco/DEM - RN. Pela Liderança. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, o que me traz à tribuna é uma comunicação, que faço por dever de responsabilidade e com uma explicação.

            Há pouco mais de um mês, Senador Jarbas Vasconcelos, um jornal de circulação nacional trazia a notícia de que o Sr. Marcos Valério, pivô do escândalo do mensalão, teria ido à Procuradoria-Geral da República e teria prestado depoimento como que oferecendo delação premiada e informações que a notícia do jornal revelava, de grande gravidade, mas apenas insinuações que envolviam o ex-Presidente Lula e figuras importantes da República.

            Quando a notícia surgiu, companheiros do PPS e do PSDB instaram Lideranças do meu Partido a assinar uma representação à Procuradoria-Geral da República, solicitando abertura de investigação, por meio de uma representação que seria entregue. Fiz uma consulta aos meus companheiros e dei a minha opinião. A minha opinião era coincidente com a dos meus companheiros no Senado e na Câmara. A notícia daquela época era a notícia que trazia apenas ilações, suspeitas.

            E se pretendia solicitar ao Procurador-Geral da República, Dr. Roberto Gurgel, um homem acima de qualquer suspeita e quem tem prestado enormes serviços à democracia brasileira, haja vista papel que desempenhou no caso do mensalão agora, com grande coragem cívica... Ele não precisaria, se tivesse suspeitas, que ninguém o instasse a abrir processo de investigação. Ele tomaria a iniciativa. Nós é que, em cima de suspeitas - nós, Democratas -, não ousaríamos instar S. Exª a abrir um processo de investigação, porque à época comentavam-se suspeitas, meras suspeitas, Senador Valadares.

            Não assinamos a representação. A representação foi entregue por segmentos do PSDB e pelo PPS, mas mantivemos uma posição clara, de ir à Procuradoria-Geral da República em cima de fatos concretos. E que, tomada a providência, houvesse elemento palpável para que a investigação chegasse a conclusões; do contrário, o meu temor era de que, em não havendo evidências, a abertura da investigação fosse negada e se passasse o atestado de bom-mocismo para os denunciados pela matéria do jornal. Portanto, em vez de prestarmos um serviço ao processo de esclarecimento, estaríamos dando a oportunidade a que um órgão acreditado da República, a Procuradoria-Geral da República, passasse o atestado de idoneidade a quem talvez não o merecesse. Não valia a pena correr esse risco.

            Essa foi a razão pela qual não colocamos os Democratas no rol dos Partidos que sugeriram naquela época, em cima das ilações de um jornal acreditado, denúncias que eram graves. O mesmo jornal, na sua edição de hoje - aí, sim - traz dados concretos, porque, Senador Mário Couto, a notícia que é manchete da primeira página ocupa duas páginas inteiras, a p. 4 e a p. 5, inteiras.

(Soa a campainha.)

            O SR. JOSÉ AGRIPINO (Bloco/DEM - RN) - Circunstanciando: primeiro, o depoimento tem 13 páginas; segundo, quem assina o depoimento são subprocuradores da República e o advogado que defende o Sr. Marcos Valério.

            E o depoimento é dado pelo Sr. Marcos Valério, que, voluntariamente, foi à Procuradoria Geral da República - está dito na matéria. Durante 3 horas e meia, prestou informações com dados que reputo gravíssimos, envolvendo a figura do Presidente da República, do ex-Presidente Lula, com doações operadas por Marcos Valério, que confessa doações para gastos com contas pessoais do ex-Presidente Lula, fazendo ilação com Freud Godoy, que era um assessor do ex-Presidente Lula...

(Soa a campainha.)

            O SR. JOSÉ AGRIPINO (Bloco/DEM - RN) - ...com fotografias que mostram intimidade do Sr. Freud Godoy com o ex-Presidente Lula; com apontamento de conta bancária em que o depósito foi feito pela SMP&B na conta da empresa do Sr. Freud Godoy, que teria usado o dinheiro para pagar contas pessoais do ex-Presidente Lula. São acusações gravíssimas que ele, Marcos Valério, faz e assina. Diz que o PT pagou a conta de R$4 milhões da banca de advogados que faz a sua defesa.

(Soa a campainha.)

            O SR. JOSÉ AGRIPINO (Bloco/DEM - RN) - Quem assina o depoimento, dentre outros, é o chefe da defesa do Sr. Marcos Valério, o advogado Marcelo Leonardo, que, entrevistado, nem nega nem assevera, mas assina o depoimento em que Marcos Valério diz que R$4 milhões da conta dos advogados que defenderam Marcos Valério foram pagos pelo PT. E ele assina o documento embaixo. Ele pode não ter dado, na entrevista, a certeza à reportagem de que teria recebido os R$4 milhões, mas faz mais que isso: assina o depoimento em que Marcos Valério diz isso.

(Soa a campainha.)

            O SR. JOSÉ AGRIPINO (Bloco/DEM - RN) - Esses são fatos, Sr. Presidente, da maior gravidade! São fatos abertos, que constam de um depoimento prestado à Procuradoria-Geral da República, que é revelado nos menores detalhes, Senador Aloysio Nunes, nos menores detalhes: são duas páginas inteiras de jornal, com fotografias, com dados, com depósitos, com contas.

            Então, neste momento, o que cabe aos partidos que querem lisura de procedimento na vida democrática do País é fazer o que estamos fazendo. PSDB, PPS e Democratas estamos fazendo um pedido à Procuradoria-Geral da República...

(Soa a campainha.)

            O SR. JOSÉ AGRIPINO (Bloco/DEM - RN) -...para que possamos ter acesso a essa peça de 13 páginas, que seria a delação premiada ou a suposta delação premiada.

            Se a matéria vazou, se o assunto vazou e está publicado no jornal O Estado de S. Paulo de hoje, ou foi o Marcos Valério que deixou vazar ou a Procuradoria-Geral da República, mas o documento deve existir, porque, com o nível de detalhe com que a matéria é feita, é impossível que aquele depoimento não tenha sido prestado. Nós queremos ter acesso ao depoimento.

            Segundo ponto. Estamos fazendo um requerimento de convocação ou de convite, para que o Sr. Marcos Valério venha.

(Soa a campainha.)

            O SR. JOSÉ AGRIPINO (Bloco/DEM - RN) - O convite será feito na sessão de amanhã, para que ele venha prestar esclarecimento sobre a matéria e sobre o assunto no Congresso Nacional.

            E o terceiro ponto, uma representação à Procuradoria-Geral da República, para que seja aberto o processo de investigação. Agora, sim, em cima de elementos fáticos, consistentes, que estão postos numa matéria que me impactou e que me convenceu de que era preciso agir. E vamos agir para cumprir o nosso compromisso com a sociedade.

            Ouço, com muito prazer, com a permissão da Presidência, o Senador Jarbas Vasconcelos.

            O Sr. Jarbas Vasconcelos (Bloco/PMDB - PE. Com revisão do aparteante.) - Senador Agripino, a atitude de V. Exª e de outros companheiros de outros partidos é a mesma atitude do PT no passado. Qualquer denúncia grave, como essa publicada hoje no Estado de S. Paulo, envolvendo o Ex-presidente Lula, o PT se apressava em repercutir. Todos do PT se apressavam em ir à tribuna para pedir informações sobre as denúncias, pedir a instalação de CPI, e hoje quer fazer o País de bobo e nós da oposição de imbecis, dizendo que queremos radicalizar. A presidente Dilma, ao assumir o Governo queria ser a faxineira mor, e hoje diz que é desnecessário ouvir a Rosemary e outras pessoas envolvidas em escândalos, diz que se deve esperar. E, com isso, ninguém nunca é punido; não se apura nada, e não se pune ninguém. Essa é a história do Governo Dilma e a do Governo Lula durante 8 anos de seu mandato. V. Exª tem toda a razão em solicitar investigação e apuração dos fatos, por isso merece nosso apoio, nossa admiração, por estar fazendo agora, em momento oportuno, respaldado por sua posição cuidadosa, esse pedido de informação e de apuração judicial. Acho que esse é o caminho. Não adianta dizer que Lula é patriota, que Lula é patrimônio do país, porque isso pouco importa. Lula não está acima da lei e acima da Constituição. É preciso que se apure. A denúncia é gravíssima e, por isso mesmo, merece todos os meios de apuração possíveis dentro do Poder Legislativo.

            O SR. JOSÉ AGRIPINO (Bloco/DEM - RN) - Obrigado, Senador Jarbas Vasconcelos. Agradeço a V. Exª o aparte, sua manifestação, e quero sublinhar: o fato a ser investigado decorre de um depoimento prestado por Marcos Valério - vou repetir -, que é o pivô central.

            (Soa a campainha.)

            O SR. JOSÉ AGRIPINO (Bloco/DEM - RN) - Ele é quem informa que ele, para se defender, teve as contas de seus advogados pagas pelo PT. Se foram pagas pelo PT, é porque o PT tinha interesse, como é dito em algum momento, em calá-lo. E é dito até que o Sr. Paulo Okamotto, em uma conversa com ele, teria feito ameaças de morte. São coisas gravíssimas que não cabem em uma República do tamanho da democracia brasileira!

            Então, o que nos cabe é investigar. É solicitar, primeiro de tudo, cópia desse depoimento. Acho que temos direito a ter acesso a esse depoimento.

            (Soa a campainha.)

            O SR. JOSÉ AGRIPINO (Bloco/DEM - RN) -Segundo, é convidar o Sr. Marcos Valério para, em sendo verdadeiro seu depoimento, ele vir dizer o que disse à PGR ao Congresso Nacional, aos representantes da sociedade brasileira.

            E o terceiro ponto é entregar às mãos competentes e isentas do Procurador-Geral da República o pedido para que o processo de investigação seja aberto; para que, se aquilo for verdade, seja aplicada a pena a quem for culpado.

            Ouço, com prazer e com a permissão da Presidência, o Senador Mário Couto.

            O SR. PRESIDENTE (Cidinho Santos. Bloco/PR - MT) - A Presidência solicita que V. Exª seja bastante rápido, Senador...

            O SR. JOSÉ AGRIPINO (Bloco/DEM - RN) - Já encerro, Sr. Presidente.

            O SR. PRESIDENTE (Cidinho Santos. Bloco/PR - MT) - ...porque temos de iniciar a Ordem do Dia daqui a pouco.

            (Soa a campainha.)

            O Sr. Mário Couto (Bloco/PSDB - PA) - Não tem oradores. Hoje está calmo. V. Exª, com certeza, vai-nos permitir fazer uma discussão sobre um assunto tão importante à Pátria. Não tenho dúvida nenhuma, Senador José Agripino, de que a Pátria hoje deve estar pensando: “Até que enfim descobriram tudo”. Faltava um pedaço, Senador. O Supremo foi, mas tudo indicava que faltava um pedaço, o pedaço mais importante da peça. A peça não estava completa. Faltava um pedaço dessa peça, o pedaço que sempre se escondeu, porque até então era uma liderança nacional: o homem que virou ídolo desta Nação, o homem intocável, o homem que nunca mentiu, o homem que nunca pecou. E a Pátria deve estar se perguntando hoje por que aconteceu isso, como aconteceu isso, e deve estar dizendo “Meu Deus do céu!”.

            (Soa a campainha.)

            O Sr. Mário Couto (Bloco/PSDB - PA) - Senador José Agripino, na minha terra, no Marajó, chamam de pajés as pessoas que adivinham, que descobrem as coisas com antecedência. Faz 5 anos que vou a essa tribuna dizer que o PT institucionalizou a corrupção no Brasil - 5 anos. Há 5 anos eu venho dizendo que há mais um escândalo. E ele surge. Eu ia e dizia: “Mais um escândalo”, e aí surgia o escândalo.

            (Soa a campainha.)

            O Sr. Mário Couto (Bloco/PSDB - PA) - Eu disse agora, nos escândalos dos ministérios, dos ministros, e cheguei acertando até o quinto ministro. E eu acertei em dizer nesta tribuna que o Lula era o chefe do mensalão. Se V. Exª pegar pronunciamentos meus nesta Casa, vai observar que eu por várias vezes disse que o Lula era o chefe do mensalão. Agora não sou eu. Agora, é o amigo dele - aquele que era o amigo dele, o Valério - que está dizendo que ele era o chefe do mensalão. Está afirmando que ele era o chefe do mensalão.

            (Soa a campainha.)

            O Sr. Mário Couto (Bloco/PSDB - PA) - É muito grave, Senador! Mais grave, considero eu, do que todos os fatos ocorridos até hoje neste País. É muito grave, até pelo tempo que conseguiram esconder isso. E eu vou acertar mais uma, Senador: o Marcos Valério não virá a este Senado, porque a Presidenta Dilma não vai deixar, porque o PT não vai deixar. Nós não vamos conseguir trazê-lo. A mesma coisa eu lhe digo: nós estamos numa ditadura política neste País. A mesma coisa eu lhe digo:

            (Soa a campainha.)

            O Sr. Mário Couto (Bloco/PSDB - PA) - V. Exª, hoje, é um Senador que não tem condições de aprovar um projeto seu por causa das medidas provisórias. Nós estamos engessados, Senador. V. Exª, com este pronunciamento de hoje à tarde, diz à Nação brasileira que o seu Partido quer justiça, quer mostrar a realidade à Nação; que V. Exª é um homem sério. Desde que cheguei aqui vi seriedade em V. Exª. E eu espero que nós todos estejamos juntos para mostrar à Pátria que, aqui neste Senado, ainda existem brasileiros patriotas que amam esta Nação e não querem ver a desgraça…

(Soa a campainha.)

            O Sr. Mário Couto (Bloco/PSDB - PA) - …desta Nação atolada em corrupção. Parabéns pelo pronunciamento de hoje à tarde.

            O SR. JOSÉ AGRIPINO (Bloco/DEM - RN) - Obrigado, Senador Mário Couto, pela sua manifestação.

            Eu queria dizer ao Plenário que já esta assinada pelo Senador Alvaro Dias e por mim, como Líderes do Democratas e do PSDB, solicitação à Procuradoria-Geral da República, no sentido de que nos seja liberado o inteiro teor do depoimento prestado pelo Sr. Marcos Valério, hoje publicado no jornal O Estado de S. Paulo, para que nós possamos ter conhecimento na íntegra do que está posto naquele documento assinado - como a matéria diz - por subprocuradores e pela advocacia…

(Soa a campainha.)

            O SR. JOSÉ AGRIPINO (Bloco/DEM - RN) - …ou pelos defensores do Sr. Marcos Valério.

            As três assessorias jurídicas - do Democratas, do PSDB e do PPS - estão trabalhando na representação em que se solicita a instauração de um processo de investigação e, evidentemente, amanhã esperamos - nós três, os três partidos - apresentar, em uma Comissão do Senado, o convite para que o Sr. Marcos Valério compareça ao Congresso Nacional, ao Senado da República, para prestar as informações ou esclarecimentos contidos na matéria do jornal O Estado de S. Paulo.

            Era a comunicação que eu queria fazer à Casa, e o faço por dever democrático.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 12/12/2012 - Página 68894