Pronunciamento de José Sarney em 17/12/2012
Fala da Presidência durante a 235ª Sessão Especial, no Senado Federal
Comemoração dos quarenta anos da Rede Amazônica de Rádio e Televisão.
- Autor
- José Sarney (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/AP)
- Nome completo: José Sarney
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Fala da Presidência
- Resumo por assunto
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HOMENAGEM.:
- Comemoração dos quarenta anos da Rede Amazônica de Rádio e Televisão.
- Publicação
- Publicação no DSF de 18/12/2012 - Página 72474
- Assunto
- Outros > HOMENAGEM.
- Indexação
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- HOMENAGEM, ANIVERSARIO DE FUNDAÇÃO, REDE DE TELECOMUNICAÇÕES, EMISSORA, RADIO, TELEVISÃO, IMPORTANCIA, ATUAÇÃO, INTEGRAÇÃO, DESENVOLVIMENTO, REGIÃO AMAZONICA.
O SR. PRESIDENTE (José Sarney. Bloco/PMDB - AP. Com revisão do Presidente.) - Ao encerrar esta sessão, quero cumprimentar as pessoas que compõem comigo esta Mesa: a Senadora Vanessa Grazziotin, autora do requerimento para a realização desta sessão; o Sr. Phelippe Daou, Presidente da Rede Amazônica de Rádio e Televisão, por sua honrosa presença; e o Diretor da Sucursal de Brasília, Raimundo Farias Moreira.
Quero agradecer a presença das autoridades que honram esta sessão. Cumprimento a Deputada Marinha Raupp; o Deputado Moreira Mendes, que também já foi Senador e que deixou nesta Casa uma lembrança muito positiva; o Deputado Mauro Benevides; o Sr. Ministro do Superior Tribunal do Trabalho Militar, General do Exército Raymundo Nonato de Cerqueira Filho; o Sr. Tenente-Brigadeiro do Ar Cleonilson Nicácio Silva, Ministro do Superior Tribunal Militar, também; o Juiz-Auditor da Justiça Militar da União, o MM Juiz José Barroso Filho; o Presidente do Conselho do Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais, ex-Ministro do Trabalho, Paulo Paiva; o Conselheiro Político da Embaixada de Cuba, Rafael Fernández; o Brigadeiro Mesquita, da nossa Força Aérea; a Srª Cláudia Daou; o Deputado Padre Ton; o ex-Ministro Juarez Quadros -- está me lembrando Phelippe Daou de que está presente na nossa sessão e que não constava da nossa relação; e a todos os demais que aqui se encontram honrando o Senado Federal e dando maior relevo e brilho a esta sessão.
Minhas senhoras e meus senhores, esta não é a primeira vez que estou presidindo uma sessão em homenagem à Rede Amazônica de Rádio e Televisão. O Senado tem sido sempre pronto e sensível a reconhecer o trabalho desenvolvido pela Rede Amazônica, tendo como presidente e comandante esta liderança pioneira daquela região, que é Phelippe Daou.
Mas esta sessão, sobretudo, tem um significado diferente das outras sessões comemorativas de aniversário que fizemos: 40 anos é uma data redonda, e nós costumamos celebrar essas datas redondas fazendo uma análise do que elas representam durante a sua passagem.
Portanto, nesses 40 anos, o que temos a dizer da Rede Amazônica de Rádio e Televisão é do grande e inexcedível trabalho que ela prestou àquela região. Os oradores que falaram nesta sessão tiveram oportunidade de ressaltar o que foi a epopeia da montagem, da continuidade e da presença da Rede de Televisão Amazônica na nossa região.
O Senador Eduardo Braga disse “da geração do Presidente Sarney”, e teve essa oportunidade de até, Phelippe, me tornar mais jovem. E eu quero apenas contentar: nós somos da mesma geração, eu e o Phelippe. Desses 40 anos da Rede de Televisão Amazônica, eu acredito que 30 deles foram de conhecimento do Phelippe Daou, de amizade mesmo, que eu posso agregar a esse conhecimento e chamá-lo de amigo. E quantas vezes e quantas batalhas suas eu tive oportunidade de presenciar e, ao mesmo tempo, de viver em comum para solucioná-las.
Eu me recordo da Amazônia hibernada dos anos 60, completamente esquecida, e que foi despertada com a criação de vários órgãos, e a mudança que houve na região no governo do Presidente Humberto de Alencar Castelo Branco. Ele tinha sido comandante da Amazônia, conhecia a Amazônia e encarregou uma equipe grande de técnicos, incorporando, também, os governadores -- e eu era, nessa época, Governador do Maranhão -- para que fosse feito um programa especial de revitalização destinado à Amazônia.
Assim, eu estava naquele navio Rosa da Fonseca quando ele ancorou no Porto de Manaus em 1966 -- se não me engano --, trazendo a bordo a comissão que vinha, durante a viagem, fazendo conferências dos técnicos, para torná-la mais agradável e para que todos conhecessem o que era a Região Amazônica. E ali foi então montada por esta comissão, da qual eu participei, a ideia de transformar a SPVEA em Sudam, o Banco da Borracha em Basa, e de criar uma zona industrial naquela região: a ideia da Zona Franca concebida e nascida daquele trabalho, naquela região.
Acompanhei também como governador -- as novas tecnologias de comunicação estavam sendo implantadas -- a impossibilidade, que era a maior novidade naquele tempo, de a single-sideband estender as micro-ondas para interligar. Na Amazônia era impossível, porque elas teriam que ter torres de 50 em 50 quilômetros. Então, surgiu a tecnologia, colocada para nós como uma salvação, da tropodifusão, que foi então, naquele momento, exposta e aprovada já em discussões dentro da Sudam.
Concomitantemente, depois dessas mudanças, já Phelippe Daou estava vocacionado para entrar nesse processo de televisão, porque fundava uma primeira empresa, Amazonas Publicidade Ltda., em companhia do Milton de Magalhães Cordeiro e já com a participação do empresário Margarido.
Depois, logo em seguida, ele fundou a Rádio TV do Amazonas Ltda., que vencia a concorrência aberta para uma televisão no Amazonas. Já em 1969, isso aconteceu e, depois de 1969, ele começou a preparar, venceu a concorrência e, em 1972, ela era colocada no ar. E, a partir daí, foi um caminho de lutas, mas também um caminho de grande sucesso. Ele se expandia primeiro na TV, que ele inaugurou em Roraima e, lá, teve a ideia de expandir a rede que se estenderia pela Amazônia inteira. E colocou televisão no Amazonas, em Roraima, no Amapá, no Acre, em Rondônia; enfim, criou outra coisa importante que foi a Amazon Sat, uma experiência pioneira e audaciosa. Sem dúvida alguma, criar uma rede de transmissão em UHF para difusão por satélite era uma audácia, porque não teria um grande apelo comercial.
Mas Phelippe Daou não era um homem que se conformava nesse ponto. Ele avançava. E me lembro, já aí como Presidente da República, que estava visitando o quartel de Vila Bittencourt. Estava estabelecendo a criação dos quartéis naquelas áreas de fronteira, fundando o Calha Norte, e foi anunciado que ele entrava na rede, fazendo a saudação ao Presidente da República, já com a Rede Amazônica, transmitindo por satélite.
Recordo-me de que o pedido que me foi feito como Presidente, em Vila Bittencourt, pelas senhoras dos oficiais que estavam ali isolados, foi a colocação de uma antena parabólica, para que pudessem ter acesso à televisão naquela área, porque os militares viviam isolados ali, naquele trabalho pioneiro de abertura e vigilância das nossas fronteiras, e suas senhoras também. Todos eles jovens -- capitães, majores -- estavam constituindo, começando suas famílias, e o único acesso que eles podiam ter era à televisão, que não possuíam, para manter o hábito brasileiro do entretenimento das nossas novelas.
Pois bem, hoje nós estamos aqui no Senado fazendo esta reverência, esta homenagem à Rede Amazônica de Televisão e Rádio, fazendo-a na pessoa de seu fundador, de seu batalhador. E até hoje sei que ele está presente, porque acompanha tudo que lá acontece; não somente a entrega a pessoas em quem tem confiança, como seu filho, mas também a acompanha pessoalmente. Eu sei que ele tem essa permanente preocupação, porque tem a alma do empresário, mas também a alma do homem de comunicação.
Eu quero ressaltar uma coisa que aqui também não foi dita: a Fundação Rede Amazônica, em que ele faz um trabalho social que é importante para a sociedade na sua tarefa de expandir também nessa área.
Mas, como somos os jovens, eu e ele, desta sessão, não olhamos só para o passado. Vamos olhar para o futuro. Vamos ver a TV Amazônica na transmissão de dados, vamos ver a TV Amazônica explorando este mundo que está se abrindo: o mundo digital, o mundo da Internet. Vamos, então, olhar a TV Amazônica presente nesta mudança extraordinária e nestes caminhos da modernidade.
Então, no futuro, outras sessões serão realizadas como esta. E, nestas sessões do futuro, talvez algum bisbilhotador dos anais desta Casa… -- porque o Golbery dizia uma coisa: “Se o senhor quiser guardar um segredo no Brasil, coloque nos anais do Congresso Nacional.” Então, se algum bisbilhotador quiser saber o que foi esta sessão, dirá que nós já víamos o que será a Rede Amazônica do futuro.
Parabéns, Phelippe Daou. (Palmas.)