Discurso durante a 238ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Destaque para as medidas de combate à corrupção, à pobreza e à desigualdade, elaboradas pelos governos do PT.

Autor
Ângela Portela (PT - Partido dos Trabalhadores/RR)
Nome completo: Ângela Maria Gomes Portela
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
PRESIDENTE DA REPUBLICA, ATUAÇÃO.:
  • Destaque para as medidas de combate à corrupção, à pobreza e à desigualdade, elaboradas pelos governos do PT.
Publicação
Publicação no DSF de 20/12/2012 - Página 74941
Assunto
Outros > PRESIDENTE DA REPUBLICA, ATUAÇÃO.
Indexação
  • CRITICA, FREQUENCIA, DENUNCIA, CORRUPÇÃO, VITIMA, EX PRESIDENTE DA REPUBLICA, ENFASE, ATUAÇÃO, EX PRESIDENTE, OBJETIVO, COMBATE, IRREGULARIDADE, ADMINISTRAÇÃO FEDERAL, DEFESA, TRANSPARENCIA ADMINISTRATIVA, REGISTRO, CONTINUAÇÃO, POSIÇÃO, PRESIDENTE DA REPUBLICA, REFERENCIA, ESFORÇO, ERRADICAÇÃO, MISERIA, ELOGIO, ATIVIDADE POLITICA, GOVERNO, SETOR, POLITICA FISCAL, UTILIZAÇÃO, RECURSOS, CRESCIMENTO, PRODUTO INTERNO BRUTO (PIB), AMPLIAÇÃO, SEGURANÇA PUBLICA, EDUCAÇÃO, MELHORIA, RECONHECIMENTO, BRASIL, AMBITO INTERNACIONAL.

            A SRª ANGELA PORTELA (Bloco/PT - RR. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão da oradora.) - Sr. Presidente, Senador Anibal Diniz, Srs. Senadores, Srªs Senadores, nós assistimos, nos últimos dias, a nova ofensiva de ataques ao ex-Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, buscando inclusive atingir sua dignidade pessoal. Antes mesmo de nos debruçarmos sobre o conteúdo desses ataques, devemos lembrar que a quase totalidade dos grandes estadistas sofreu esse tipo de combate.

            No Brasil já assistimos a esse filme inúmeras vezes, inclusive na era de Getúlio Vargas. A história fez-lhe justiça e mostrou a falsidade das alegações feitas contra ele.

            O mote utilizado, nesses casos, costuma ser a corrupção. Na verdade, sabemos que, ao contrário do que se procura difundir, o Presidente Lula abriu uma nova etapa no combate à corrupção no País.

            Durante seu governo, criou-se a Controladoria-Geral da República, conferiu-se independência ao Ministério Público, respeitaram-se as prerrogativas de investigação da Polícia Federal. Isso é inegável, e mesmo os que apostam no denuncismo não têm como contestar os fatos.

            A Presidente Dilma Rousseff disse - e os fatos o demonstram - que seu governo não tolera a corrupção. Isso é muito claro no dia a dia da Administração Federal.

            A nova etapa de governança instaurada pelo Presidente Lula e apoiada por nosso Partido, o PT, levou o Executivo até a abrir mão da autodefesa. Ao se garantir autonomia ao Ministério Público, inclusive nas indicações para postos-chave, ou à Polícia Federal, que vem executando dezenas de operações com liberdade, mostra-se o compromisso do governo Lula e do Governo Dilma com a transparência.

            Essa, aliás, é a palavra correta para definir tudo o que vem sendo feito nos últimos anos e que permeia a ação de outros Poderes. O Congresso aprovou a Lei Capiberibe, que obriga o lançamento on-line das receitas e despesas governamentais, enquanto o Executivo criava o Portal da Transparência, em que é possível acessar as contas públicas.

            A sociedade envolveu-se nessa verdadeira ofensiva pela transparência, mobilizando-se em torno da Lei da Ficha Limpa. Legislativo e Judiciário tiveram papéis decisivos no seu preparo, assim como na sua implementação. Não por acaso, a Lei da Ficha Limpa foi um dos principais assuntos discutidos na última eleição.

            Sr. Presidente, a verdade e também a explicação para os ataques dirigidos ao Presidente Lula é que, a partir do seu Governo, desenhou-se um novo Brasil. Um Brasil mais desenvolvido e mais justo; um Brasil marcado pelo combate às desigualdades sociais e voltado para a eliminação da pobreza.

            Não há dúvidas de que a renda e a capacidade produtiva da população brasileira na base e no meio da pirâmide social tiveram um upgrade significativo nos últimos anos. Vivemos desde 2003 um ciclo de avanço social.

            Até 2014 o País terá 118 milhões de pessoas na classe c, o equivalente a 60% da população brasileira, avanço de 5% em relação ao percentual atual. As projeções são do Prof. Marcelo Neri, economista-chefe do Centro de Políticas Sociais, filiado ao Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas, autor do estudo “De volta do País do Futuro: Projeções, Crise Europeia e a Nova Classe Média”, segundo o qual até 2014 cerca de 12 milhões de brasileiros ingressarão na classe c.

            O professor salientou ainda em sua pesquisa que, em 10 anos, houve crescimento de 68% na receita das pessoas mais pobres do País, cerca de 50% da população. Já no caso dos 10% mais ricos, o avanço foi de 10%. “Isso significa que a renda da parte menos favorecida subiu 580% em relação à do topo da pirâmide social.”, comparou.

            Como conseqüência da mudança no quadro, a pobreza no País registrou queda de 7,9% na mesma base comparação. Neri frisou que o percentual é de três vezes superior ao valor estipulado na meta das Nações Unidas para o milênio.

            Todo esse avanço, Sr. Presidente, se deve à sabedoria e ao espírito público demonstrado pela administração do Presidente Lula, que soube evitar rupturas radicais ao manter a política macroeconômica baseada no sistema de metas de inflação, metas de superávit primário e câmbio flutuante.

            Tudo isso se fez, porém, com mudanças estruturais. Houve continuidade neste arcabouço institucional, mas a condução da política macroeconômica mudou bastante no Governo Lula, com a adição de novas metas e prioridades.

            Na política fiscal, o Governo Lula manteve a política de metas de resultado primário, mas reorientou as prioridades do orçamento público para aumentar o combate à pobreza e à desigualdade e recuperar o investimento público em infraestrutura e em educação. Com isso, Sr. Presidente, houve uma redução substancial da dívida líquida do setor público de 60,6% do PIB, em 2002, para 41,5% do PIB, em 2010.

            Quando nós olhamos para os resultados obtidos, o quadro é bem diferente do retratado pelos críticos da política fiscal do governo Lula.

            O crescimento do PIB acelerou ao invés de decrescer. Ainda que tenhamos declínios pontuais, em determinados anos, a tendência se tem mostrado sempre ascendente. Por outro lado, o crescimento da produtividade também acelerou, e a inflação continuou a cair.

            A despesa primária da União aumentou de 15,7% do PIB, em 2002, para 18,6% do PIB, em 2010, uma elevação de 2,9% do PIB. Tratou-se de medida salutar, que nos faz compreender o novo papel conferido ao Estado.

            A maior parte de aumento foi para transferências de renda às famílias, que aumentaram de 6,8% do PIB, em 2002, para 9% do PIB, em 2010, uma elevação de 2,5 pontos percentuais do PIB. As demais despesas primárias na área social subiram de 8,1% do PIB, em 2002, para 8,3% do PIB, em 2010, a maior parte foi para a educação.

            Além disso, Sr. Presidente, houve controle das despesas correntes. Ou seja, o Brasil agiu na Presidência Lula, como hoje na Presidência Dilma, com estrita responsabilidade. A despesa da União com a folha de pagamentos ficou relativamente estável e passou de 4,8% do PIB, em 2002, para 4,7%, em 2010. Isso ocorreu apesar do aumento do número de concursos, que permitiram avançar na profissionalização do serviço público, na contratação de 150 mil funcionários e da recuperação nos salários pagos pelo Estado.

            Portanto, Sr. Presidente, a prioridade da política fiscal do governo Lula foi combater a pobreza e a desigualdade através do aumento nas transferências de renda. Esse aumento deu o impulso inicial para o atual ciclo de desenvolvimento baseado na expansão do mercado interno. Ao final do governo Lula, com a recuperação do nível de funcionários, o Governo Federal gastou um valor praticamente igual ao verificado em 2002, em termos do tamanho da economia.

            Iniciativa inédita articula políticas de segurança com ações sociais, prioriza a prevenção e busca atingir as causas que levam à violência. Sem abrir mão das estratégias de ordenamento social e de segurança pública, levou ao enfrentamento da criminalidade pela União.

            Da mesma forma, foi o Governo Lula o que mais construiu escolas técnicas e que mais ampliou o ensino universitário no País. Um dos principais avanços foi trazer para o debate a questão da inclusão e da ampliação do acesso à educação superior, envolvendo tanto instituições públicas quanto particulares, mediante programas como o ProUni. Dados do Ministério da Educação demonstram que as matrículas no ensino superior passaram de pouco menos de 4 milhões em 2003 para praticamente 6 milhões em 2009.

            O sentido do Governo Lula, porém, vai além desse grande avanço econômico e social. O Presidente consolidou o processo de redemocratização do País e fortaleceu as instituições.

            Com a popularidade de que merecidamente desfrutava - e ainda preserva, demonstram todas as pesquisas -, o Presidente Lula poderia, com relativa facilidade, emendar a Constituição. Conquistaria, ao que tudo indica, um terceiro mandato.

            Mostrou, porém, seu espírito democrático, ao resistir à tentação de nova presidência. Preservou o projeto político, assumindo papel relevante na própria sucessão e manteve-se ativo na política, como o estadista que é.

            Essa visão de estadista, registre-se, tornou-se nítida na política externa adotada em seus mandatos. O Brasil passou a desempenhar importante papel nas relações internacionais, firmando-se como um global player.

            O novo protagonismo brasileiro no plano mundial deve-se, sem dúvida, à ação do Presidente Lula, tornando o País respeitado pelos principais atores do sistema internacional.

            Adotou uma diplomacia assertiva, enfática na defesa da soberania nacional e dos interesses do País. Conferiu assim ênfase especial nos processos de integração da América do Sul e do Mercosul, além de aumentar a presença brasileira em todo o mundo, inclusive nos países emergentes na Europa Oriental, na África e na Ásia, que raramente recebiam a atenção compatível com sua importância.

            Sr. Presidente, Srªs Senadoras e Srs. Senadores, como se pode ver, o Brasil avançou, e avançou muito, nos anos do Governo do Presidente Lula. Ganhou autoestima, avançou em todas as áreas, passou a ser mais conhecido e respeitado no plano internacional.

            Aumentou o acesso da população à educação, à saúde, ao saneamento básico. O desemprego reduziu-se. Temos mais segurança.

            O Brasil é hoje um País menos desigual e melhor para viver. Muito disso, Sr. Presidente, se deve ao Presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

            Era isso o que tinha a dizer, Sr. Presidente. Muito obrigada.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 20/12/2012 - Página 74941