Discurso durante a 239ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Transcrição de artigo do colunista Juan Arias, publicado no jornal espanhol El País, edição de 14 do corrente.

Autor
Renan Calheiros (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/AL)
Nome completo: José Renan Vasconcelos Calheiros
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
EXECUTIVO.:
  • Transcrição de artigo do colunista Juan Arias, publicado no jornal espanhol El País, edição de 14 do corrente.
Publicação
Publicação no DSF de 21/12/2012 - Página 75959
Assunto
Outros > EXECUTIVO.
Indexação
  • SOLICITAÇÃO, TRANSCRIÇÃO, ANAIS DO SENADO, PUBLICAÇÃO, JORNAL, PAIS ESTRANGEIRO, ESPANHA, REFERENCIA, JOSE SARNEY, PRESIDENTE, SENADO, OCUPAÇÃO, CARGO, PRESIDENTE DA REPUBLICA, FATO, VIAGEM, LIDER, REGISTRO, ELOGIO, VIDA PUBLICA.

            O SR. RENAN CALHEIROS (Bloco/PMDB - AL. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs Senadoras, Srs. Senadores, é com muita satisfação que peço a transcrição aos anais do Senado Federal do artigo do colunista do jornal espanhol, "El País", Juan Árias, do último dias 14 de dezembro, quando nosso Presidente José Sarney ocupou novamente a Presidência da República. O artigo do jornalista destaca que o senador Sarney, com mais de 50 anos de vida pública, voltou aos 82 anos de idade a ocupar a presidência da república com a viagem da Presidente Dilma e do vice-presidente Michel Temer.

            Segundo o articulista esta interinidade seria para cumprir uma antiga profecia, segundo a qual, José Sarney seria presidente do Brasil em duas oportunidades. Além de descrever a ligação da Presidente Dilma desde Moscou felicitando-o pelo cargo, o artigo faz referências ainda aos recentes elogios do ex-presidente Lula que ressaltou que José Sarney "não era uma pessoa comum" que, por este fato, merecia o respeito e a admiração de todo o país. Referência que eu assino embaixo.

            O colunista ainda faz um resgate histórico das trágicas circunstâncias que levaram Sarney à Presidência da República e relata ainda a emoção de Sarney no regresso a cadeira presidencial quase quatro décadas depois e, não por outro motivo, nosso Presidente celebrou com a família mais este momento histórico.

            O artigo destaca ainda que nosso eterno Presidente contribuiu decisivamente para a ''consolidação da democracia em um país que foi duramente castigado pela por mais de 20 anos pela ditadura militar".

            Este trecho do artigo dá a exata dimensão da importância e respeito adquiridos pelo nosso presidente e de seu papel fundamental para chegarmos onde chegamos.

            Faço um breve parênteses em relação ao artigo para frisar que o Brasil tem uma dívida histórica, que devemos uma reverência a este homem público que com as mãos firmes nos conduziu da escuridão da ditadura para a luminosidade democrática.

            Ao convocar uma constituinte Sarney também deu mostras de desprendimento e evidenciou que não tem apego ao poder. Muitas vezes incompreendido, até vítima de alguma intolerância. Sarney é um homem conectado com seu tempo e com a modernidade. Poucos observam seu caráter inovador. Além de convocar uma constituinte, vem fazendo mudanças profundas na administração do Senado desde que presidiu a casa pela primeira. Eu mesmo tive a honra de ser escolhido para coordenar o primeiro trabalho de modernização do Senado com grupo que implementou uma reegenharia do legislativa, onde muitas mudanças no rumo da austeridade e transparência evoluíram.

            Outra virtude frisada pelo articulista do jornal El Pais é o talento literário inegável do Presidente Sarney, cuja obra é reconhecida internacionalmente. Eu, pessoalmente, gosto muito da obra "Saraminda", onde o talento e a inventividade do nosso presidente ficaram registrados.

            Para encerrar gostaria de dizer que me associo, sinceramente, a tantas homenagens que são feitas ao nosso presidente. Só tenho que agradecer a esta convivência diária com um homem público desta estatura, tanto no partido quanto no Senado Federal.

            Muito obrigado

 

DOCUMENTO A QUE SE REFERE O SR. SENADOR RENAN CALHEIROS EM SEU PRONUNCIAMENTO.

(Inserido nos termos do art. 210, inciso I, § 2º, do Regimento Interno.)

Matéria referida:

- Tradução do Artigo de Juan Árias do jornal espanhol, "El País".

           Às vezes alvo de duras críticas por parte de seus adversários políticos, o que ninguém nega sobre Sarney, que está concluindo suas memórias de quase 60 anos de vida política, é o fato de ter contribuído para a consolidação da democracia neste país que tinha sido duramente violada por uma ditadura militar de mais de vinte anos.

           E uma faceta às vezes desconhecida pelo grande público do famoso político é a literária. Seus romances e livros de poesia foram elogiados por dois dos maiores escritores brasileiros: o romancista Jorge Amado e o maior poeta vivo, Ferreira Gullar.

           Autor de obras como O Norte das Águas, O Dono do Mar e Saraminda, foi fundador da revista Ilha, propulsora do modernismo. Hoje é membro da Academia Brasileira de Letras e está cotado para ser o próximo presidente da prestigiada instituição, quando deixar em breve a presidência do Senado e com ela sua vida política oficial.

           Costuma-se dizer que a política é a arte de conciliar, dialogar e negociar. Em tudo isso Sarney foi, neste meio século, mestre incomparável, já que soube navegar em todas as águas.

           Diz-se também que na política ou se corrompe ou se é corrompido. Uma vez o escritor peruano Vargas Llosa disse-me que a única coisa capaz de redimir um político dos inevitáveis pecados e vicissitudes do cargo era a paixão pela literatura.

           Se isso é verdade, foi esse amor pela literatura que, sem dúvidas, vai ser revelado em suas tão esperadas memórias, o que permitiu a Sarney sair são e salvo de tantas tormentas em terra e mar, como as que ele descreve magistralmente em suas obras.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 21/12/2012 - Página 75959