Discurso durante a Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Necessidade de desenvolvimento de política agressiva de incentivo ao turismo no País, em especial na Região Norte.

Autor
Sodré Santoro (PTB - Partido Trabalhista Brasileiro/RR)
Nome completo: Luiz Fernando de Abreu Sodré Santoro
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
TURISMO.:
  • Necessidade de desenvolvimento de política agressiva de incentivo ao turismo no País, em especial na Região Norte.
Publicação
Publicação no DSF de 07/02/2013 - Página 1753
Assunto
Outros > TURISMO.
Indexação
  • DEFESA, NECESSIDADE, GOVERNO FEDERAL, DESENVOLVIMENTO, PROGRAMA, INCENTIVO, TURISMO, BRASIL, ENFASE, REGIÃO NORTE, ESTADO DE RORAIMA (RR).

            O SR. SODRÉ SANTORO (Bloco/PTB - RR. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Exmº Sr. Senador Jorge Viana, Srªs e Srs. Senadores, às vésperas dos grandes eventos esportivos que ocorrerão no Brasil, nada mais apropriado que o País desenvolva uma política agressiva de incentivo ao turismo.

            Em parte, o Governo parece atender às demandas de apoio e incentivo aos tradicionais cartões postais brasileiros. No entanto, avaliamos que, mais do que enfatizar pontos turísticos já demasiadamente explorados junto ao imaginário do potencial visitante, as autoridades do setor deveriam prestar maior atenção a cantos e recantos que ora despontam como atrativos para turistas nacionais e internacionais.

            Nessa lógica, Roraima se dispõe a cooperar com as demais regiões do País rumo a um projeto economicamente viável e ecologicamente sustentável para a exploração turística em todo o Brasil. Monte Roraima, por exemplo, já constitui visita obrigatória para quem desembarca no Estado pela primeira vez. Mesmo assim, percebe-se nitidamente que seu aproveitamento turístico ainda está bem aquém das suas potencialidades econômicas.

            Naturalmente, esportes radicais -- tais como rafting, alpinismo e canoagem, bem como explorações científicas na linha espeleológica, antropológica e botânica -- configuram um quadro rico de atrativos geográficos aos quais se associa o património singular local destinado ao melhor de nosso turismo. Não por acidente, desportistas e cientistas de diferentes regiões e interesses têm sido apontados como os mais frequentes turistas da região.

            Aliás, o conceito agora em voga do ecoturismo parece proporcionar um entendimento mais profundo e largo das expectativas do turista moderno. Para além dos passeios e dos olhares convencionais, ele deseja sair da condição de sujeito passivo e prostrado para adquirir uma interação mais dinâmica e inteligente com o ambiente em visitação.

            Sr. Presidente, em agosto de 2012, Roraima se fez presente na sexta edição do Salão do Turismo, onde foram expostas as potencialidades e os roteiros turísticos do extremo norte do País. Na oportunidade, estandes de artesanato confeccionados pelos indígenas regionais fizeram tanto sucesso quanto a propaganda da pesca esportiva nas proximidades do Monte Roraima. Outros produtos, como o buriti e suas derivações (licores, doces e fibras) e a paçoca, tiveram um espaço próprio para degustação, exercendo verdadeiro fascínio sobre os visitantes ao apreciarem os sabores da região.

            Nessa linha, o exotismo deixa de ser um espaço reservado exclusivamente aos aventureiros e passa a ser compartilhado por uma população mais ampla, interessada em conhecer fauna, flora e cultura de um Brasil distante. A distância ganha conotação estigmatizada, já que se pressupõe que o centro prioritário de turismo do País se localiza na costa Atlântica e nada mais. Todavia, longe de criticar os cartões postais tradicionais da Nação, sugerimos políticas nacionais que descentralizem os incentivos à economia do turismo para regiões igualmente belas, mas bem menos promovidas.

            Precisamos, antes de tudo, relativizar nossos conceitos de beleza turística e incorporar neste riquíssimo património natural e cultural paisagens, sabores e tradições de um Brasil escondido e involuntariamente inibido. No nosso entendimento, ainda resta tempo suficiente para que, durante os próximos megaeventos esportivos a ocorrerem no Brasil, as autoridades econômicas adotem medidas políticas e econômicas que promovam o turismo no Norte do País.

            Além de Manaus, o Estado deve aproveitar a ocasião para difundir as belezas e os mistérios que cercam todo o espaço amazônico.

            A título de ilustração, para quem já excursionou pelas paragens do Norte brasileiro, a rodovia BR-174 é uma velha conhecida, dona de um cenário de viagem singular, que liga Manaus a Pacaraima, na fronteira com a Venezuela. São quase mil quilômetros, atravessando-se Municípios, reservas indígenas e comunidades rurais às vezes completamente desabitadas. O passeio inclui atrativos naturais da exuberante e diversificada floresta amazônica, da bacia hidrográfica, dos lavrados de Roraima e das serras do extremo norte do Brasil. Os atrativos culturais constituem espetáculo à parte, com forte influência indígena e cabocla. Já a culinária, durante o percurso, apresenta sabores únicos, com pratos à base de peixe e frutas.

            Sr. Presidente, pedindo licença à modéstia, Boa Vista em si já transborda exuberância, ainda que timidamente reconhecida pelos brasileiros. Trata-se da única capital brasileira totalmente situada no hemisfério norte, localizada no Estado com maior população indígena do País, atraindo tanto os apaixonados pelo turismo histórico quanto os que preferem o ecoturismo. Além disso, a grande afluência de diferentes povos do Brasil e do mundo cria uma babel de sabores à mesa.

            Próxima à tríplice fronteira -- Brasil, Venezuela e Guiana --, uma cidade encravada na Amazônia oferece toda a cultura dos povos indígenas da região, sítios históricos e muito lazer, com destaque para a Orla Taumanan. Orgulho do boa-vistense, a Orla ostenta uma magnífica vista para Rio Branco e seu complexo de bares e restaurantes, boa música, boa comida e muita cultura.

            Outras importantes rodovias federais funcionam igualmente como ambientes únicos na formação de roteiros amazônicos, apresentando distintas formações vegetais, além de espécies da fauna regional.

            Na versão original…

            O Sr. Ruben Figueiró (Bloco/PSDB - MS) - V. Exª me permite um aparte?

            O SR. SODRÉ SANTORO (Bloco/PTB - RR) - … o projeto da BR-210, datado da segunda metade do Século XX, sairia de Macapá, atravessando o Pará, passando por Roraima, até chegar a São Gabriel da Cachoeira, no Alto Rio Negro. No entanto, apenas uma parte do trecho de Roraima e do Amapá foi asfaltada.

            O Sr. Ruben Figueiró (Bloco/PSDB - MS) - Senador Santoro…

            O SR. SODRÉ SANTORO (Bloco/PTB - RR) - Já a BR-401, que nasce em Boa Vista e cruza o Rio Branco pela ponte dos Macuxi, estabelece a comunicação do Estado com a Guiana. 

            Na verdade, a ponte sobre o rio Tacutu, que divide o Brasil e a Guiana, foi concluída em 2009.

            Em resumo, existem dezenas de outras estradas estaduais e municipais de terra com condições razoáveis de tráfego, dispondo de roteiros surpreendentes dentro desse mosaico amazônico. Com exceção de Uiramutã, todas as sedes municipais em Roraima têm acesso rodoviário asfaltado. Ainda assim, mesmo em Uiramutã, a natureza se cobre de sequências intermináveis de cachoeiras tão caudalosas quanto sublimes, diante das quais o visitante, de maneira arrebatadora, se vê tocado por uma sensação única de encantamento e beleza.

            Para encerrar, Sr. Presidente, gostaríamos de enfatizar a premência de o Brasil inaugurar uma nova política de promoção do turismo nacional, diversificando localidades e modelos de exploração econômica. Há tempos que a Região Norte vem merecendo maior atenção das autoridades da área, na expectativa de que seu patrimônio natural e cultural seja finalmente incorporado ao rico circuito turístico brasileiro. Por isso, da Presidenta Dilma Rousseff e dos Ministérios do Turismo e da Pesca aguardamos imediata receptividade à nossa legítima demanda.

            Era o que tinha a dizer, Sr. Presidente.

            Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 07/02/2013 - Página 1753