Discurso durante a 12ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Registro da participação de S.Exa. em seminário sobre os dez anos do PT à frente do Governo Federal.

Autor
Jorge Viana (PT - Partido dos Trabalhadores/AC)
Nome completo: Jorge Ney Viana Macedo Neves
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO. POLITICA DE DESENVOLVIMENTO.:
  • Registro da participação de S.Exa. em seminário sobre os dez anos do PT à frente do Governo Federal.
Aparteantes
Inácio Arruda, Paulo Paim.
Publicação
Publicação no DSF de 22/02/2013 - Página 5149
Assunto
Outros > GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO. POLITICA DE DESENVOLVIMENTO.
Indexação
  • REGISTRO, PARTICIPAÇÃO, ORADOR, SEMINARIO, COMEMORAÇÃO, DECENIO, GESTÃO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT), PRESIDENCIA DA REPUBLICA, COMENTARIO, RELAÇÃO, MELHORIA, SAUDE, LUIZ INACIO LULA DA SILVA, EX PRESIDENTE DA REPUBLICA, APRESENTAÇÃO, ATUAÇÃO, EX PRESIDENTE, DILMA ROUSSEFF, PRESIDENTE DA REPUBLICA, OBJETIVO, DESENVOLVIMENTO, PAIS.

            O SR. JORGE VIANA (Bloco/PT - AC. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Srª Presidenta, colegas Senadores, caro Paim, Inácio Arruda, eu ocupo a tribuna do Senado Federal,... queria cumprimentar a todos que me acompanham pela TV Senado, pela Rádio Senado e também pela Internet, os que nos visitam, que estão aqui nas galerias.

            Quero dizer que venho aqui fazer um registro do que vivenciei ontem, acompanhado de alguns colegas, no seminário promovido pela Fundação Perseu Abramo, pelo instituto dirigido pelo Presidente Lula, o Instituto Cidadania, e pelo Partido dos Trabalhadores, seminário para discutir, debater - que vai se reproduzir em outros Estados - os dez anos do governo democrático e popular do Partido dos Trabalhadores e da base aliada.

            Dessa festa, o primeiro, o maior e o melhor registro que eu gostaria de fazer é que o Presidente Lula está de volta, na plenitude da saúde, graças a Deus, com a maneira que lhe é peculiar de fazer política. Ele falou por 36 minutos. A Dona Marisa, inclusive, estava radiante - conversamos antes -, pois ele tinha acabado de fazer mais um check-up no hospital ainda nesta semana e os médicos, do ponto de vista dos exames, o liberavam para que ele pudesse seguir uma vida normal, sem nada do problema gravíssimo de saúde que enfrentou. Isso era um atestado médico de que ele não tinha mais nenhum problema, mas, naquele ato ontem, a sua fala, um pouco antes da Presidenta Dilma, deixou claro que nós temos o Presidente Lula de volta, para fazer aquilo que ele faz a vida inteira, que é política, lutar pelo Brasil, defender os brasileiros.

            Ontem, eu sei que aqui, nesta tribuna, tivemos um debate - nosso colega Senador Aécio fez um pronunciamento e o nosso Líder Wellington Dias fez um pronunciamento -, um debate que é a essência do Parlamento, da democracia. Mas, sinceramente, ontem, no seminário, até o próprio Presidente Lula falava: quantos números?

            Eu que tenho uma admiração pelo Presidente Fernando Henrique, aliás, eu tenho gratidão, por conta de tudo que ele me ajudou a realizar, quando eu era governador, pela maneira republicana como fui tratado - mais que isso, fui tratado como um amigo - eu faço esse registro, mesmo na ausência do meu bom colega, por quem muito carinho, o Aécio. O problema que hoje vemos o próprio Fernando Henrique questionando... Ora, quem está no governo, ou quem é, ou quem foi governo tem que prestar contas ao País. E governo presta contas com dados, com números. É assim. Só há essa maneira. O Parlamento vive de falar, mas o governo vive com as ações, com as atitudes que toma.

            E eu não tenho dúvida, Senadora, Presidenta Ana Amélia, de que o nosso propósito é esse. Quanto mais nós olharmos os indicadores econômicos e sociais deste País, tanto melhor.

            E o que é que o PT fez? Dez anos de governo. Recebemos o País em 2002 assim, e o País hoje está desta maneira. Mas isso não pode.

            Não foi o PT que tentou esconder o Presidente Fernando Henrique durante o período logo após o governo do Presidente Fernando Henrique.

            Eu sempre cobrei do PSDB: defendam seu líder. O Presidente Fernando Henrique é um líder deste País. É uma liderança da maior importância. É um grande brasileiro, mas o PSDB vai fazer programa de televisão, vai fazer campanha política e não toca no nome do Presidente Fernando Henrique. Não é mais um grande eleitor. Ficou oito anos na Presidência. Fez um grande trabalho. Fez a sua parte. Estabilizou a moeda, criou o real, mas era o PSDB que tentava esconder o seu líder. Esconder os números, as atitudes.

            O PT tem orgulho dos líderes que tem, tem orgulho do Ex-Presidente Lula e tem muito orgulho da Presidenta Dilma. Essa é uma diferença política.

            Nós hoje temos a felicidade, com todo respeito aos demais líderes, de ter dois dos grandes líderes deste País: Lula e Dilma. E ontem um falou após o outro, um completou a fala do outro.

            Foi emocionante, Presidenta Ana Amélia, ver a Presidenta Dilma prestando contas ao PT, ao País e aos aliados. Estavam lá os representantes de todas as forças políticas que nos ajudaram a mudar o Brasil.

            Contudo, não é para falar que o Brasil tinha um PIB de US$500 milhões quando a gente assumiu e agora tem um PIB de US$2,6 trilhões! Não é para falar.

            Não é para falar que o salário mínimo, Senador Paim, era de menos de US$100,00 e agora é de mais de US$300,00.

            Não é para falar. Não pode comparar. Isso é coisa de criança. Ou é coisa de Nação e de País?

            Não, nós não podemos, caro Senador Presidente Collor - V. Exª que já governou este País. O Brasil hoje produz alguns milhões de veículos, mais de três milhões de veículos por ano. V. Exª tomou medidas no sentido de fazer com que se desse atenção e se mudasse o perfil da indústria automobilística do País. Isso ocorreu no governo de V. Exª. O País hoje é o sexto maior produtor de veículos no mundo e segue crescendo com as montadoras que estão instalando fábricas aqui. Vamos substituir importação de carro por produção de carro.

            Não é para falar que nós não temos mais acertos com o FMI.

            Não é para falar que nós pegamos uma inflação sem controle - com risco de perder completamente o controle -, em 2002, estabelecemos metas e a inflação, por maior sobressalto que alguns queiram causar, está sob controle.

            Não é para falar que nós geramos 19 milhões de empregos com carteira assinada, Senador Paim. Não, não pode falar! É coisa de criança comparar, botar defeito.

            O Presidente Lula disse a frase: “Começo a fazer um plano de inclusão social, além de colocar o Brasil disputando o mundo.” O nosso País hoje disputa o mundo. É uma das nações que, quando há reunião do G20, ficam colocadas no centro da fotografia, porque o nosso País está ocupando um lugar de destaque. Mas o Presidente Lula disse: “Quando comecei o programa de inclusão do Bolsa Família, não desconsiderando, mas unificando os programas sociais dispersos que já existiam no País, que há haviam começado...” A D. Ruth mesmo havia começado e foi uma das pessoas importantes nessa história, inclusive no governo do Presidente Fernando Henrique Cardoso.

            Ele disse: Quando eu começo a encontrar uma porta de entrada para aqueles que não têm porta nenhuma, para os excluídos das políticas, de tudo, sem ter o que comer, sem ter onde trabalhar, sem ter onde morar, os pobres - estou me referindo a quase 50 milhões de pobres que havia no Brasil -, quando a gente consegue uma porta para que essas pessoas entrem, já vêm os críticos cobrando onde é a porta de saída para os pobres.

            Por quê? Não pode haver política? Cuidar dos pobres é despesa? Não! Cuidar dos pobres é talvez o melhor investimento que um governo pode fazer. Cuidar dos pobres é mais do que uma atitude de governo; é uma atitude humana.

            A Presidenta Dilma colocou no seu slogan. O nosso querido Governador Déda fez uma fala fantástica com a Presidenta Dilma lançando o programa. Eu estive presente. E me orgulhei e me emocionei de ver um governo dizendo: dois milhões de brasileiros ainda estão vivendo abaixo da linha da pobreza, na miséria. E esses brasileiros não estão em nenhuma lista, em nenhum apanhado, em nenhum cadastro. Tem de ser feita uma busca ativa, ir atrás deles.

            O Governador Déda falou: Qual é o governo que põe no seu slogan: País rico é país sem pobreza?

            A Presidenta Dilma fez.

(Soa a campainha.)

            O SR. JORGE VIANA (Bloco/PT - AC) - A Presidenta Dilma estabeleceu ali um compromisso de levar adiante, de aprofundar as medidas que o Presidente Lula trouxe.

            Mas o Brasil é outro hoje, do ponto de vista da renda, da inclusão, do ponto de vista dos indicadores do seu desenvolvimento. Os desafios são enormes. Se quiserem pôr defeitos ainda nos problemas, eu mesmo... Todos os dias, nos aeroportos, nas estradas. Nós temos muito a fazer. É claro, é claro que nós temos muito a fazer.

            Quando nós assumimos o Governo, eram 30 milhões de brasileiros que andavam de avião. Agora são 100 milhões que andam, por ano - 100 milhões!

Ah, o número de aviões, de estradas... Os brasileiros agora têm veículos e as cidades estão com problema, mas é um problema que precisa de uma solução, porque é inclusão. São mais de 40 milhões de pessoas que agora são classe média.

            Eu ouço, com satisfação, com a tolerância da Presidenta, o caro Senador Paim.

(Soa a campainha.)

            O Sr. Paulo Paim (Bloco/PT - RS) - Senador Jorge Viana, eu tenho certeza de que a Presidente vai ser tolerante, já que é uma quinta-feira e o plenário está praticamente vazio. São em momentos como esse que aproveitamos para fazer o debate, enfim, a análise da conjuntura, da estrutura da situação do nosso País. Eu quero cumprimentá-lo. Tentei fazer ontem este aparte que estou fazendo agora ao nosso Líder Wellington Dias. Mas, como ele falava como Líder, a Presidência, cumprindo o Regimento, corretamente não permitiu. Mas eu quero só dizer a V. Exª que o seu pronunciamento vai na linha, digamos, perfeita; na mesma linha do Senador Wellington Dias no dia de ontem. O Senador Wellington Dias estava com um pronunciamento de umas 50 páginas para falar dos programas da caminhada do nosso Governo. E lembro aqui - não quero só repetir: É Minha Casa, Minha Vida; é Luz para Todos; é Água para Todos; é o consignado; é o Programa Brasil Carinhoso.

(Soa a campainha.)

            O Sr. Paulo Paim (Bloco/PT - RS) - O salário mínimo não tem como não lembrar. V. Exª lembrou bem. Eu fiz greve de fome porque o salário mínimo era US$60, e me lembro aqui agora do Presidente Collor, quando logo que ele assumiu, eu já fiz uma greve de fome, e ele na presidência. Eu acho que ele disse: Quem é esse cara que me faz greve de fome? Eu estou assumindo agora. E assim mesmo, ele montou uma proposta de emergência que me foi encaminhado pelo - na época Presidente da Câmara - Ibsen Pinheiro, que deu um pequeno alívio - no seu governo - para os trabalhadores assalariados. Saímos de US$60 e estamos quase em US$350. Emprego, que é fundamental, nós estamos quase que no pleno emprego - menos que 5%, enquanto que a Europa está próximo a 25%. Eu quero cumprimentar V. Exª. Eu não fui a São Paulo porque não tinha como no dia de ontem, mas foi um belo evento. Conversei com muita gente que esteve lá, inclusive com meu amigo Inácio Arruda aqui ao lado. E quero só cumprimentar V. Exª, o seu tempo eu sei que já está terminando, mas parabéns pelo seu pronunciamento, que faz apenas uma retrospectiva desses dez anos. Os outros que apresentem a sua história. Nós apresentamos a nossa. Parabéns a V. Exª!

            O SR. JORGE VIANA (Bloco/PT - AC) - Obrigado. Ouço rapidamente ainda o Senador Inácio Arruda.

            O Sr. Inácio Arruda (Bloco/PCdoB - CE) - Senador, rapidamente, porque estamos abrindo, digamos assim, esse debate, Senadora Ana Amélia, no Brasil, sobre essa década. E foi muito interessante porque a Presidenta Dilma fez uma afirmação que eu acho que os outros questionem, mas ela fez uma afirmação muito interessante: Essa década tem um líder. O Líder é Lula. E esse fato é um governo que abriu as portas para o movimento social, as centrais sindicais, os estudantes, o movimento popular e comunitário, as conferências. O povo adentrou o Palácio com vigor. E espero que não saia mais, porque é muito importante essa presença popular, numero significativo de conferências que V. Exª acompanhou sendo realizadas no Brasil que são instrumentos de mobilização, de diagnóstico, elaborações de políticas que vão sendo feitas em conjunto. E isso se deu com o povo, com o popular, até o empresário, o mais rico do Brasil estava sentado ali juntamente com o catador de material reciclável que foi recebido no Palácio para elaborar políticas que ajudem o Brasil a se manter num crescimento sustentável. Parabéns a V. Exª pelo pronunciamento.

            A SRª PRESIDENTE (Ana Amélia. Bloco/PP - RS) - Senador Jorge Viana, antes de V. Exª responder aos apartes, eu queria apenas que V. Exª me permitisse saudar os arquitetos alemães que, em visita ao Brasil, vêm ao plenário do Senado conhecer um pouco o processo democrático brasileiro.

            Cumprimentos e boas-vindas a todos!

            Muito obrigada pela visita também dos brasileiros que estão aqui. Muito obrigada pela gentileza da presença.

            Com a palavra o Senador Jorge Viana.

            O SR. JORGE VIANA (Bloco/PT - AC) - Bem-vindos, todos e todas.

            Eu queria só concluir dizendo que incorporo, com muita satisfação, os apartes, tanto o do Senador Paim como o do Inácio Arruda. Acho que foi muito bem lembrada pelo querido Senador Inácio a frase da Presidenta Dilma: “Essa década, esses 10 anos que mudaram o País e a história de vida dos brasileiros tem um líder: Luiz Inácio Lula da Silva”. Foi a Presidenta que falou isso.

            E, para concluir, Sra Presidenta, eu só queria dizer que o PT, que também celebrou 33 anos de vida, está prestando contas ao País por 10 anos de governo. Acho que um dos problemas dos nossos opositores é que eles não têm alternativa ao nosso programa, ao nosso plano. Aliás, o mundo tem dificuldade de copiar esse modelo nosso, porque ele é original. Antes desses governos havia uma discussão: os cientistas econômicos colocavam sempre que tinha que crescer, fazer o País crescer, mas nunca faziam essa equação de crescimento e inclusão social. Era dissociado. E o nosso Governo mostrou que isso é possível. O Brasil está crescendo porque está incluindo, e está incluindo porque está crescendo. Essa equação é inovadora no mundo. Nós criamos uma tecnologia social neste País, de inclusão, em incluir pessoas, com o Luz para Todos, por exemplo. Os milhões de famílias que viviam na escuridão, no século XVIII - não era século XIX, não! -, agora são cidadãos do ponto de vista do acesso à geração de energia.

            Então, eu queria cumprimentar o Presidente Rui Falcão, cumprimentar a Presidenta Dilma, e dizer que essa relação da Presidenta Dilma com o Presidente Lula também é pedagógica na política. Eu nunca vi, na história deste País, uma relação de criador e criatura na política, em uma relação como a que a gente vê da Presidenta Dilma com o Presidente Lula. Tem gente que ainda fala - agora deixaram mais de falar - que a Presidenta Dilma não é muito política. Ela fez política a vida inteira, com amor, com dedicação, se expondo, pondo a vida, sendo torturada, sonhando, e é uma pessoa extremamente competente como gestora. E ela chega à Presidência da República com absolutos e plenos poderes de liderar o Governo e ela faz uma relação, estabelece uma relação de convivência com o ex-Presidente, que é exemplar.

            Eu não consigo ver referência, na história, de uma relação sincera, de cumplicidade. E, ontem, o Presidente Lula encerrou sua fala com uma frase. Alguns acham que foi um lançamento antecipado. Não, é só o desejo do Governo de seguir concluindo esse projeto que começou com o Lula e que segue com a Presidenta Dilma.

            E ele disse que os adversários, os opositores podem se juntar, os críticos que colocam, com tanta veemência, as cobranças em cima, inclusive do Presidente Lula... Tem gente, neste País, que não aceita o Lula nem como ex-Presidente. E ele falou: “A nossa resposta será a reeleição da Presidente Dilma”. Foi o que o Lula falou. Nós vamos conversar com o nosso povo, vamos andar por este País e pedir ao nosso povo mais tempo para levar adiante esse projeto que está mudando o Brasil, mas está mudando a vida do nosso povo.

            Lamentavelmente, os mais críticos na área social gostam de transformar gente em número. “Ah, são não sei quantos milhões de pessoas nisso ou naquilo.” O nosso Governo está transformando esses números, que eram só estatísticas, em cidadãos plenos com a inclusão social.

            Eu cumprimento, mais uma vez, todos que ajudaram a organizar aquele seminário e espero que façamos esse seminário em todos os Estados deste País, na maioria dos Municípios, celebrando os dez anos do governo democrático e popular de Lula e Dilma, porque é assim que a gente respeita o cidadão que votou e que merece receber essa prestação de contas.

            Muito obrigado, Srª Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 22/02/2013 - Página 5149