O SR. MÁRIO COUTO (Bloco/PSDB - PA. Como Líder. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs Senadoras, Srs. Senadores, uso o espaço da Liderança da Oposição, nesta tarde, depois de ouvir, ontem, um nobre Senador, nesta tribuna, falar das virtudes do Governo da Presidenta da República, falar sobre inflação. Procurei meditar, na minha casa, Brasil, paraenses da terra de Nossa Senhora de Nazaré, e comecei a comparar a fala com a realidade. Vi que a fala está longe da realidade. Quando se fala em inflação, aquela que controla as despesas de sua casa e que está me ouvindo na tarde de hoje vai concordar com as minhas colocações.

            Presidente Romero Jucá e os que me assistem nesta tarde de hoje, há oito anos, não se tinha uma inflação tão aguda como no mês passado, no mês de janeiro. É triste falar ao povo brasileiro essa realidade, mas a verdade tem de ser dita nesta tribuna, conforme nos propusemos fazer em nosso juramento, no dia da posse de cada um de nós.

            Nós não podemos faltar com a verdade nesta tribuna. E a verdade é cristalina: a inflação no Brasil está batendo novamente à porta dos brasileiros. O Ministro Mantega tem a nota zero nas suas previsões. As previsões do Ministro Mantega, nenhuma delas, nunca foram feitas corretamente até hoje.

            No ano retrasado, ele previu que o Brasil ia ter um crescimento no seu PIB de mais de 5%. Errou brutalmente. Nós só crescemos um pouco mais de 2%. No ano passado, de 2012, ele previu também um crescimento acima de 4%. Errou brutalmente. Brutalmente! Como diz o povo do meu Marajó querido, “malemal” vai passar de 1%. “Malemal” vai passar de 1%! Ele prevê a inflação de forma completamente errada.

            Dona de família, aquela que vai ao supermercado para fazer as suas compras, como eu sempre vou... O Mantega não vai. Eu tenho absoluta certeza, na minha consciência, de que o Mantega não vai.

            Vou citar alguns números que fui buscar. Fui buscar dados da Fundação Procon, que tem credibilidade neste País. E fui buscar alguns números da Fundação Getúlio Vargas, que também tem credibilidade neste País. Pasmem, senhoras e senhores! A inflação está voltando e está voltando com uma força violenta.

            Aquela inflação que Fernando Henrique Cardoso foi capaz de parar, moralizando o País e criando o Plano Real, está voltando, brasileiros.

            Repito, há oito anos não se via a inflação crescer tanto como no mês passado. E não falo aqui procurando desejar o mal para a minha Pátria, mas falo preocupado com ela, preocupado com aqueles assalariados; falo, preocupado com aqueles que são enganados ao dizerem que o salário mínimo está aumentando.

            Olhem os preços. A batata, nos últimos 12 meses, aumentou 62%. Senador Pedro Simon, V. Exª que acaba de descer desta tribuna, fazendo um dos mais brilhantes discursos que já escutei na minha vida. Parabéns! Meu Senador, a batata cresceu, nos últimos 12 meses, 62%. E o Mantega diz que não tem inflação.

            O PT também diz que o País não tem miséria. O PT diz que o País não tem mais pobres. Eles não andam no interior. Eu ando. Eu vivo no interior. Todo tempo estou no interior do meu Estado. Quase todo final de semana convivo com o trabalhador pobre. Todo final de semana estou no interior do interior e convivo com o trabalhador pobre.

            A cebola, minha querida dona de casa, aumentou 59% nos últimos 12 meses. Como o PT pode mentir tanto, meu Deus do Céu? Minha Nossa Senhora de Nazaré, minha querida mãe, como o PT pode mentir tanto ao povo brasileiro? Não tem inflação no País. Não tem inflação no País, meu Deus do Céu!

            Como estão os hospitais públicos neste País? Como estão as rodovias neste País?

(Soa a campainha.)

            O SR. MÁRIO COUTO (Bloco/PSDB - PA) - Como está, meu Deus do Céu, a violência neste País? Que motivos temos para vir à tribuna comemorar sucesso do governo petista, meu Deus do Céu? Será que eu moro em outro país?

            O arroz, Alvaro Dias, que você come todos os dias, sabe quanto aumentou em um ano? Quarenta e três por cento, Alvaro Dias. Não sou eu quem estou falando, nem inventando, é o Procon, é a Fundação Procon.

            O feijão, você mistura o feijão com o arroz para poder comer a carne...

(Interrupção do som.)

            O SR. MÁRIO COUTO (Bloco/PSDB - PA) - ...essa é a comida básica do brasileiro. Sabe quanto aumentou em 12 meses? Vinte e sete por cento! Mantega, você está brincando com o povo brasileiro! Todas suas previsões estão erradas! (Fora do microfone).

            A minha preocupação é com o povo da minha Pátria. A inflação está voltando. A inflação está batendo na porta, Dilma. Acorda, Dilma! Se é que tu tens capacidade para contê-la, acorda, Dilma! A economia brasileira está levando um farelo, Dilma. Acorda!

            Nem vou falar em corrupção. Prometo que não. Já falei ontem do meu Estado. Não vou falar em corrupção hoje.

            Tomate, Alvaro Dias, tomate: 27%! Ovo, o ovo da galinha que você, em última análise, compra uns três e mistura com o feijão, com a farinha.

(Soa a campainha.)

            O SR. MÁRIO COUTO (Bloco/PSDB - PA) - Lá no Pará, se faz assim: quando não se tem dinheiro, vai-se na esquina, compra-se um ovo, mistura-se com a farinha, e está liquidada a conversa, matou a fome. Mas não dá mais para comprar nem o ovo, meu amigo! O ovo aumentou 10% conforme a Fundação Getúlio Vargas; o mamão, 22%. Os produtos agropecuários, a coisa básica, que devia ser barata... Porque se os produtos agropecuários aumentam, lógico que a tua mesa vai ficar cara. Esses produtos agropecuários, cujos preços Governo devia se preocupar em segurar, estão superinflacionados, estão crescendo a 16% ao ano. Como conter a inflação se são eles que produzem o aumento dos produtos que vão a tua mesa, minha nobre dona de casa?

            Paraenses, queridos paraenses, vocês que me assistem na tarde de hoje, sabem - sabem porque lidam com isso todos os dias - que não podem faltar na mesa do paraense a farinha e o açaí. Não podem faltar. Só que o quilo da farinha, conforme dados do Dieese, em 2012, custava R$2,96. Sabem quanto está a farinha agora? R$7,00! Pedro Simon, agora o açaí também aumentou. Então, não há mais a comida básica do pobre na Capital e no interior do Pará. Como é que, num ano, você paga R$2,90 pelo quilo da farinha e, agora, tem de pagar R$7,00?

            Ô Mantega, tu não comes farinha, Mantega, tu comes caviar! Tu não sabes o que é a dor do bolso do pobre, Mantega!

            Tu não sabes o que é a dor no bolso de um aposentado, Mantega!

(Soa a campainha.)

            O SR. MÁRIO COUTO (Bloco/PSDB - PA) - E o maior vilão de tudo isso sabe o que é? É a alimentação. O maior vilão da inflação é a alimentação. Você, Presidente, me permitiria... Eu já encerrei o meu pronunciamento, mas se V. Ex^a me der a liberdade de ler - acho que 2 minutos é o suficiente - um voto de congratulação ao Ministro Presidente do Supremo Tribunal Federal. V. Ex^a me permite?

            O SR. PRESIDENTE (Romero Jucá. Bloco/PMDB - RR) - V. Ex^a terá o tempo necessário, Senador.

            O SR. MÁRIO COUTO (Bloco/PSDB - PA) - Obrigado.

            Requerimento n^o 2012. Fundamentado no que preceitua o Art. 222, do Regimento Interno do Senado Federal, requeiro voto de congratulações ao Exmº Sr. Ministro Joaquim Barbosa, Presidente do Supremo Tribunal Federal.

            Reconhecer e manifestar votos de congratulações a pessoas como o Ministro Joaquim Barbosa é sem dúvida valorizar o justo, homenagear todos aqueles que contribuem para a moralização do País, é fortificar o trabalho de pessoas comprometidas em resgatar princípios, valores éticos e morais, há muito desprezados neste País.

            O trabalho desenvolvido pelo Ministro Joaquim Barbosa, no curso da Ação Penal n° 470, que teve como objeto julgar os envolvidos no maior escândalo de corrupção de que já se teve notícias neste País, certamente merece ser denotado como imperioso e marcado por uma justa homenagem, de forma majestosa a todos aqueles que se dedicaram a objulgar um comportamento há muito reclamado pela sociedade brasileira, por justamente criar um paradigma de repulsa, de intolerância e de total opressão ao que se pode denominar de "conduta patológica degenerativa de caráter".

            Crível é, nobres Senadores, que a presente homenagem se impõe como medida necessária, ou melhor, um dever de se elevar, ao mais alto dos planos, aqueles que devolveram ao País, ao povo brasileiro, a esperança de contar com dias melhores e de ter, enfim, não só no refrão, mas na prática, ecoado o seu justo sentido de um povo heróico, bravo e retumbante.

            Muito obrigado, Sr. Presidente.