Pela Liderança durante a 17ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Críticas à influência do ex-Presidente Lula no Governo da Presidente Dilma Roussef. (como Líder)

Autor
Aloysio Nunes Ferreira (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/SP)
Nome completo: Aloysio Nunes Ferreira Filho
Casa
Senado Federal
Tipo
Pela Liderança
Resumo por assunto
PRESIDENTE DA REPUBLICA, ATUAÇÃO. ATIVIDADE POLITICA.:
  • Críticas à influência do ex-Presidente Lula no Governo da Presidente Dilma Roussef. (como Líder)
Publicação
Republicação no DSF de 15/03/2013 - Página 10252
Assunto
Outros > PRESIDENTE DA REPUBLICA, ATUAÇÃO. ATIVIDADE POLITICA.
Indexação
  • DESAPROVAÇÃO, ORADOR, RELAÇÃO, DECLARAÇÃO, LUIZ INACIO LULA DA SILVA, EX PRESIDENTE DA REPUBLICA, REFERENCIA, DESVALORIZAÇÃO, ATUAÇÃO, POLITICA, FERNANDO HENRIQUE CARDOSO, PRESIDENCIA DA REPUBLICA, PAIS, CRITICA, SENADOR, FATO, INSUFICIENCIA, GESTÃO, DILMA ROUSSEFF, PRESIDENTE DA REPUBLICA, RESULTADO, EXCESSO, INFLUENCIA, EX PRESIDENTE, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT), GOVERNO.

            SR. ALOYSIO NUNES FERREIRA (Bloco/PSDB - SP. Pronuncia o seguinte discurso. Com revisão do orador.) - Sr. Presidente; Srªs e Srs. Senadores, venho à tribuna hoje para comentar uma das mais lamentáveis declarações de que se tem registro entre as muitas declarações lamentáveis do ex-Presidente Lula - tentarei procurarei reproduzir de memória - a respeito de crítica que o Presidente Fernando Henrique havia pronunciado aos governos petistas, que disse o seguinte: “O Fernando Henrique Cardoso deveria, no mínimo, se calar; deveria colaborar com a Presidente Dilma para que ela faça um bom Governo e deveria deixá-la governar. Deixe a Dilma governar!”

            Vamos por partes.

            Na primeira parte da grosseria, o ex-Presidente Lula, que é o sol do sistema planetário petista; que é o personagem que manipula os cordéis do teatro de marionetes desse Partido, se arroga no direito agora de dizer quem pode falar e quem não pode falar. É ele quem distribui os papéis: você fala; você cala a boca! Não basta esse Partido apregoar, como apregoou ainda na festa da comemoração dos dez anos do governo petista, pela boca de seu presidente, o jornalista Rui Falcão, que disse, ao lado do ex-Presidente Lula e da Presidente Dilma, que é preciso estabelecer um controle sobre a mídia. Não basta isso! Quer o ex-Presidente, agora, distribuir as entradas e as saídas do picadeiro, como se todos nós fôssemos fantoches do seu jogo. Ele, ora fala demais, ora fala de menos. Fala demais quando, por exemplo, ataca as instituições dizendo o Ministério Público deveria deixar de ser abelhudo e definindo o que deveria investigar , ou não. Fala demais quando afirma que o Tribunal de Contas da União tem como principal função atrasar as obras. Chega a dizer que os órgãos responsáveis pela aplicação das leis ambientais estão mais preocupados com os bagres do que com os seres humanos.

            Já nem me refiro aos 300 picaretas que o candidato Lula dizia povoarem o Congresso. Ele que, pouco depois de se eleger Presidente, mergulhou gostosamente na mais deslavada fisiologia para montar sua base de apoio. Mas, às vezes, ele se cala, quando e é preciso que fale. Por exemplo, que fale qual era a função real da sua chefe de gabinete em São Paulo, cujas atividades sulfurosas foram investigadas e estão sendo investigadas pela Operação Porto Seguro. O que ela fazia, além de nomear gente em agências reguladoras e fazer lobby junto à AGU?

            O Presidente Lula, por exemplo, deveria falar, e falar veementemente, quando foi acusado por Marcos Valério de se ter beneficiado pessoalmente do mensalão. Qual foi a resposta que ele deu? Uma resposta de pouquíssimas palavras: “Não respondo a mentira”. Está bem, que não responda, mas, por que não processa o Marcos Valério?

            Sr. Presidente, quando ele foi acusado de tentar, mediante uma manobra canhestra, retardar o julgamento do mensalão, fazendo pressão sobre ministros do Supremo, não respondeu. Quem respondeu foi o instituto que lhe serve de cobertura.

            Outro aspecto a que se refere: ajudar a Presidente Dilma a governar.

            Sr. Presidente, a oposição não se furta, não se esconde, não se exime da tarefa de ajudar o Governo na ação parlamentar. Quantas vezes nós aqui votamos projetos do Governo que, na nossa ótica, atendiam a interesse do País, de forma diferente da pratica do PT, quando era oposição? O ex-Presidente Lula, mal agradecido, deveria lembrar que a reforma da Previdência, no seu primeiro governo, só se concretizou porque a Bancada do PSDB a apoiou - ela, que era combatida pelo seu Partido, no nosso governo e que ele copiou.

            Hoje mesmo, Senador Pedro Simon, vamos votar duas medidas provisórias, uma sobre o Fundo do Centro-Oeste. Foi feito um trabalho para aperfeiçoá-la, trabalho diligente, da Senadora Lúcia Vânia, do meu partido, o PSDB.

            E a medida provisória que segue na linha da desoneração da folha de pagamentos? Teve emendas muito importantes na Câmara dos Deputados. Por exemplo, a do Deputado Alfredo Kaefer, do PSDB do Paraná, que, na linha de tornar as nossas empresas mais competitivas, eleva o limite de enquadramento no regime da declaração do lucro presumido; ou ainda a do Deputado Mendes Thame, do PSDB de São Paulo, que estende as desonerações para todo o setor que trabalha com reciclagem, um setor intensivíssimo de mão de obra.

            Tenho certeza de que a medida provisória do Pronatec, do Programa Nacional de Ensino Técnico, sairá do Congresso melhor do que entrou, tendo passado pela relatoria do Senador Paulo Bauer, do PSDB

            Agora, ajudar a Presidente Dilma a governar como, se ela não estabelece um diálogo real com a oposição e com o Congresso? Se ela prefere governar por medidas provisórias? E mais, ajudá-la como, se, tendo-se declarado candidata à Presidência da República precocemente, cada vez mais suas ações são marcadas pela publicidade?

            Sinceramente, Sr. Presidente, não tenho condições de ir além do que faz por ela o marqueteiro João Santana. Não tenho; nenhum de nós tem. É puro marketing. Trata-se de um Governo desorientado, Governo que, além de estar desorientado, desorienta a economia com medidas contraditórias, umas com as outras; que tem padrinhos, afilhados favorecidos pelo BNDES, como ainda há pouco denunciou o Líder Alvaro Dias, da tribuna; que não apresentou nenhum avanço significativo, em que pese o esforço do nobre Senador Humberto Costa, em destacar ações tópicas na área da saúde. Com os desmandos na Petrobras.

            Como? Ajudá-la como? O Governo da Presidente Dilma já está em marcha batida na campanha eleitoral. Só pensa nisso Agora, diz o ex-Presidente Lula: “Não atrapalhe a Dilma; deixe-a governar”. Não há nada que atrapalhe mais a Presidente Dilma do que ter ao seu lado um presidente adjunto. E acho que foi isso que irritou, acima de tudo, o ex-Presidente Lula.

            O ex-Presidente Lula não deixa a Presidente Dilma assumir inteiramente as rédeas do Governo. Faz questão de se intrometer em tudo, em tudo! na área política e na área administrativa. Está nos jornais de hoje, na Internet: o ex-Presidente Lula, em uma reunião com os sindicalistas, se comparou a Lincoln. Não é o Lincoln assessor da Bancada do PMDB na Câmara, não. É Abraham Lincoln. Ele se comparou hoje em reunião com os sindicalistas a Abraham Lincoln! (Pausa.) Não vai levar o Oscar, ex-Presidente Lula, não vai não...

            O ex-Presidente Lula, quando o Congresso começa a examinar a medida provisória que altera a legislação dos portos e que a Chefe da Casa Civil, a nossa colega Gleisi Hoffmann, se coloca como a interlocutora do movimento sindical e do Congresso para viabilizar a tramitação dessa MP, tão importante para a modernização da nossa estrutura portuária, embora não suficiente, o ex-Presidente Lula se declara patrono dos sindicalistas. Põe-se na condição de intermediário: “Conheço bem a vida dos estivadores. Não permitirei injustiças”. Então a MP editada pela Presidente Dilma contem injustiças?

(Soa a campainha.)

            O SR. ALOYSIO NUNES FERREIRA (Bloco/PSDB - SP) - Quer maior atrapalhação que isso?

            Ele, que, na primeira reunião do gabinete do Prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, fez questão de sentar ao lado do Prefeito, para dizer: “Esta administração é minha”.

            Imaginem os senhores...

            O Senador Pedro Simon fez belíssimo discurso, hoje - como sempre, aliás -, falando das perplexidades que afligem a Igreja Católica, da exemplaridade da renúncia do Papa Bento XVI e de certo paralelismo entre alguns males que afligem a hierarquia da Igreja e a política. Belíssimo discurso, dirigido àqueles que têm fé e àqueles que não têm esse privilégio.

            Ora, imaginem se o Papa Bento XVI, a partir da sua renúncia, já como Papa Emérito, se metesse, por exemplo, a nomear o comandante da Guarda Suíça, que faz a segurança do Vaticano...

(Soa a campainha.)

            O SR. ALOYSIO NUNES FERREIRA (Bloco/PSDB - SP) - ...ou caso se introduzisse, sem ser convidado, como abelhudo, como intrujão, na reunião do futuro Papa com os cardeais prefeitos das congregações do Vaticano - na Congregação para a Propagação da Fé, da Propagação da Educação Católica, da Congregação para o Clero, da Congregação para os Bispos, está lá o ex-Papa. O Papa Emérito dando palpite, caso se permitisse influir na nomeação de núncios apostólicos.

            Evidentemente, ele não faria isso, mas o ex-Presidente Lula o faz.

            Seria melhor se ele se considerasse presidente emérito, que, supostamente, fez coisas boas para o País, mas deixasse a Presidente Dilma governar e deixasse de ser presidente adjunto.

            Agora, Sr. Presidente, apenas para ...

(Interrupção do som.)

(Soa a campainha.)

            O SR. ALOYSIO NUNES FERREIRA (Bloco/PSDB - SP) - ... concluir, fiquem certos, Sr. ex-Presidente Lula e meus amigos do PT: o PSDB não vai morder essa isca para ficar, fazendo a briga, a intriga, Fernando Henrique versus Lula. Nós não vamos entrar nessa.

            O Fernando Henrique Cardoso é uma grande figura do nosso Partido. Faz bem em energizar o Partido, em nos instigar a ir à luta, a promover a nossa unidade, a lembrar aquilo que não só nós, do PSDB, mas nós, o povo brasileiro, fizemos durante o seu governo. O Presidente Fernando Henrique, hoje, já foi julgado. As suas propostas foram julgadas quando foi eleito, no primeiro turno, contra Lula. E a sua realização foi julgada quando foi reeleito, no primeiro turno, contra Lula. Hoje, cabe à história julgá-lo.

(Interrupção do som.)

            O SR. ALOYSIO NUNES FERREIRA (Bloco/PSDB - SP) - Faz mal, o ex-Presidente Lula, à história do Brasil quando quer borrar do mapa, do retrato histórico, da sua narrativa histórica, a figura do Fernando Henrique, como borraram, os soviéticos, todas as fotografias onde aparecia Stalin na época da revolução. Faz muito mal. Eles borram a figura do mensalão. Na retrospectiva dos dez anos, não se fala de mensalão, mas há um silêncio eloquente.

            Mas não afastem a figura do Presidente Fernando Henrique e nem queiram bani-lo da vida pública. Ele continuará presente. E continuará na nossa história, na historia do povo brasileiro.

            Mas a comparação que faremos será do PT com ele mesmo; das promessas do PT com as suas realizações. E é isso que faremos, apontando para o futuro, um futuro de desenvolvimento real, de desenvolvimento econômico e de justiça para o nosso País.

            Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 15/03/2013 - Página 10252