Discurso durante a 20ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Preocupação com as deficiências de infraestrutura no Brasil; e outros assuntos.

Autor
Ruben Figueiró (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/MS)
Nome completo: Ruben Figueiró de Oliveira
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
AGRICULTURA. ECONOMIA NACIONAL. POLITICA DE TRANSPORTES.:
  • Preocupação com as deficiências de infraestrutura no Brasil; e outros assuntos.
Publicação
Publicação no DSF de 05/03/2013 - Página 7112
Assunto
Outros > AGRICULTURA. ECONOMIA NACIONAL. POLITICA DE TRANSPORTES.
Indexação
  • CONGRATULAÇÕES, MUNICIPIO, SIDROLANDIA (MS), ESTADO DO MATO GROSSO DO SUL (MS), ELEIÇÃO MUNICIPAL, PREFEITO.
  • ELOGIO, PRODUTIVIDADE, CRESCIMENTO, PRODUÇÃO AGROPECUARIA, APREENSÃO, DEFICIENCIA, INFRAESTRUTURA, BRASIL, ESCOAMENTO, PRODUTO AGRICOLA.
  • CRITICA, GOVERNO FEDERAL, POLITICA ECONOMICO FINANCEIRA, REFERENCIA, REDUÇÃO, CRESCIMENTO, PRODUTO INTERNO BRUTO (PIB), INFLAÇÃO.
  • FRUSTRAÇÃO, AUDIENCIA, BANCADA, CONGRESSISTA, ESTADO DO MATO GROSSO DO SUL (MS), PRESIDENTE, AGENCIA NACIONAL DE AVIAÇÃO CIVIL (ANAC), REIVINDICAÇÃO, PROVIDENCIA, REGULARIZAÇÃO, VOO, MUNICIPIO, CAMPO GRANDE (MS), BRASILIA (DF), CRITICA, AUSENCIA, AUTORIDADE, AGENCIA REGULADORA, COBRANÇA, CUMPRIMENTO, OBRIGAÇÕES, EMPRESA DE TRANSPORTE AEREO.

            O SR. RUBEN FIGUEIRÓ (Bloco/PSDB - MS. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Obrigado.

            Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, senhores telespectadores da TV Senado, senhores ouvintes da Rádio Senado de nosso imenso País, que minhas primeiras palavras nesta tribuna também sejam dirigidas à população do Município de Sidrolândia, no meu Estado, que ontem teve a oportunidade histórica de eleger o seu prefeito e o fez na pessoa do Sr. Ari Basso, como Prefeito, e como Vice-Prefeito, o Dr. Marcelo Ascoli.

            Sidrolândia, para os que não sabem, é um dos Municípios mais prósperos do meu Estado, o Mato Grosso do Sul. Município essencialmente agrícola e que tem dado demonstração, no curso desses anos, de uma produtividade, em grãos, excepcional. Tem lideranças expressivas, entre elas o atual Prefeito eleito, Ari Basso. Homem do Rio Grande do Sul, gaúcho, gaúcho como a Senadora Ana Amélia, como o Senador Paim, como o Senador Pedro Simon, e que são, sem dúvida alguma, cidadãos prestantes desta Nação.

            O Sr. Ari Basso é produtor rural. Veio lá do Rio Grande do Sul como um simples migrante e, graças à sua inteligência e ao seu trabalho, conseguiu plantar não só um nome como produtor rural, mas também como um cidadão útil à sua cidade, sobretudo no aspecto da benemerência social. O seu vice-prefeito é um médico de larga reputação na cidade, com nome firmado na sua atividade profissional. Eu tenho absoluta certeza de que Sidrolândia vai ter dois administradores à altura do seu progresso e do desenvolvimento econômico e social do seu povo.

            Desta tribuna, eu transmito, respeitosamente, ao povo de Sidrolândia os meus cumprimentos e a minha solidariedade aos eleitos, para que eles cumpram a sua missão de bem dirigir os destinos daquela terra.

            Nós tivemos oportunidade de ouvir a Senadora Ana Amélia, que discorreu sobre um assunto que me traz também a esta tribuna, que é a questão rural.

            Eu posso dizer a V. Exªs que não há quem negue que a produção do campo brasileiro é um grande caso de sucesso mundial. A cada ano que passa, batemos recordes em várias áreas do setor agropecuário. Recentemente, o IBGE divulgou a primeira estimativa da safra nacional para 2013, aliás, ressaltada pela Senadora Ana Amélia. Vamos totalizar uma produção da ordem de 183,3 milhões de toneladas, 13,1% superior ao obtido em 2012. A área plantada em 2013, de 53 milhões de hectares, apresenta um acréscimo de 8,4% à frente da área colhida em 2012, que foi de 48,8 milhões de hectares. As três principais culturas - arroz, milho e soja -, que, somadas, representam 92,2% da estimativa da safra, respondem por 85,2% da área a ser colhida.

            Os números oficiais mostram claramente que o agronegócio brasileiro é extremamente eficiente. Isso é motivo de orgulho para todo o País.

            O setor privado, mesmo com todas as adversidades que foram aqui apontadas pela Senadora Ana Amélia, está fazendo a sua parte, está aumentando a produção e a produtividade. Isso vai se refletir em aumento de exportação, o que gerará divisas para o País. Enfim, as notícias são boas e alvissareiras.

            O que nos preocupa, Srs. Senadores, Srªs Senadoras, porém, continua a ser a deficiência da nossa infraestrutura, estradas, ferrovias, hidrovias, portos, enfim, todo o sistema que poderia dar sustentabilidade ao setor produtivo atravessa graves deficiências. A nossa infraestrutura segue em descompasso com o ritmo de nossa produção agropecuária.

            O resultado desse processo será o aumento exponencial do custo de exportação de nossos principais produtos, e, em médio prazo, haverá perda de competitividade cada vez maior no exterior.

            A contradição é evidente: estamos produzindo mais, só que mais caro, enquanto o natural seria à medida que produzimos mais, em decorrência da economia de escala os produtos serem mais baratos e com maior demanda em todo o mundo.

            No entanto, não é isso o que acontece. O Brasil continua na contramão do processo de crescimento sustentável. Faltam estradas, faltam trilhos e o nosso setor portuário está no gargalo, ou seja, os investimentos públicos estão extremamente atrasados, enquanto o setor privado começa a ficar desesperado, não sabendo como poderá escoar a sua produção no decorrer deste ano.

            É lamentável que o Governo brasileiro esteja deixando escapar essa oportunidade de ouro para que possamos dar um grande salto de desenvolvimento nas próximas décadas.

            Causa pasmo o crescente descontrole de nossa economia, com aumento da inflação, com o PIB modestíssimo de 0,9%, com contabilidade maquiada e, mais grave, com sinais de alerta sobre a baixa geração de empregos.

            O Ministério da Fazenda permanece inerte. Medidas paliativas têm sido tomadas, mas a economia não tem reagido. O Ministro Guido Mantega vem perdendo a credibilidade, pois vende um otimismo desmentido diariamente pela realidade. A vontade do Ministro, infelizmente, não corresponde aos fatos.

            Enquanto isso, a sociedade brasileira começa a perceber que a política não tem um eixo, não tem consistência, não conseguirá assegurar uma perspectiva positiva de futuro.

            O mais curioso, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, é que, no meio desse quadro, quando a agenda prioritária deveria ser o ajuste da economia, a votação do Orçamento Geral da União e a liberação de recursos para investimentos, o próprio Governo coloca na pauta o processo sucessório, misturando alhos com bugalhos, o que leva a crer que 2013 será um ano muito tenso e conflitante.

            Toda essa situação causa apreensão e merece uma reflexão séria da classe política. O Ministro Mantega precisa explicar à sociedade brasileira qual é, de fato, sua proposta para a economia brasileira, como ele pretende superar os gargalos e como se pretende melhorar o padrão de crescimento do País.

            A Presidente Dilma Rousseff tem mantido o discurso de reafirmar os fundamentos econômicos de seu Governo, de crescimento com estabilidade e controle da inflação. É natural que ela se defenda.

            O que pretendo aqui é reforçar que não se trata de uma guerra entre situação e oposição. Está claro que não se deseja o pior para o País. As críticas da oposição não têm o sentido de condenar a Presidente da República, mas de alertá-la para uma realidade que talvez os assessores não estejam repassando a ela.

            A oposição não quer que a Presidente cometa erros no Governo. Queremos que ela acerte. Se ela não fizer um bom trabalho, quem sofrerá, inevitavelmente, será o povo.

            Até porque o País não é descoberto quando se inicia um novo mandato. Tudo, os avanços e fracassos, é resultado de uma trajetoria de decisões de quem passou pela cadeira da Presidência da República ao longo das últimas décadas; é resultado das políticas públicas para as mais diversas áreas, inclusive e principalmente, a área económica; é resultado da atuação de governantes de diferentes partidos, em momentos diferentes da nossa história recente, que construíram o País que vemos hoje.

            Os verdadeiros estadistas sabem que toda a agenda de governo é construída em longos prazos. Os avanços econômicos só podem ser considerados exitosos quando promovem os avanços sociais. Esse é o processo que temos visto nas últimas duas décadas.

            Queremos que a Presidente Dilma acerte, porque não se deseja mais perder tempo com “heranças” - entre aspas - malditas ou benditas. Esse jogo de palavras é inócuo e não constrói nada!

            Mas, Sr. Presidente, o Governo me parece confuso. Uma medida, como a redução das tarifas de energia elétrica, termina por ser anulada porque foi atropelada por decisões subsequentes de elevação no preço dos combustíveis, que incidirá sobre a inflação, levando a desdobramentos imprevisíveis. Isso tem ocorrido em outros setores. Uma boa notícia termina por ser superada por fatos adversos, o que demonstra uma perda gradual de controle persistente sobre os pilares de sustentabilidade de nosso crescimento.

            Queremos o melhor para as próximas gerações. Não podemos, em nome de questões circunstanciais - como as eleições de 2014 -, abandonar a estabilidade a tão duras penas conquistada, simplesmente porque um Partido deseja se manter no poder a qualquer preço, não se importando com o sacrifício que será imposto a milhares e milhares de brasileiros.

            Srªs e Srs. Senadores, desejo agora mudar rapidamente de assunto. Quero deixar aqui registrado, Sr. Presidente, neste pronunciamento, que não posso deixar de manifestar a V. Exªs a minha decepção com a audiência que, sob a liderança do nosso eminente colega, Senador Waldemir Moka, mantivemos na semana passada entre a bancada sul-mato-grossense no Congresso Nacional e a presidência da Anac - Agência Nacional de Aviação Civil.

            Fomos reclamar providências para a regularização de voos entre Brasília e a capital de Mato Grosso do Sul, Campo Grande. Lá chegando, recentemente, também tive a oportunidade de ouvir a população reclamar sobre o cancelamento de voos entre a capital de Mato Grosso do Sul, São Paulo e Cuiabá, coisas que estão causando um impacto de prejuízo à comunidade do meu Estado.

            A minha decepção, digo, decorre, contudo, não do gentil atendimento que a presidência nos concedeu, mas da constatação de que a Anac - entidade tida como reguladora dos serviços de transporte aéreo do País - não tem autoridade, vejam bem, Excelências, para atuar sobre as companhias aéreas no sentido de fazê-las cumprir os compromissos com os usuários, sobretudo quanto à frequência e à regularidade das linhas que assumiram. Infelizmente, essa foi a constatação que a Bancada de Mato Grosso do Sul fez, repito, na audiência com o presidente da Anac.

            Perdoem-me a expressão, mas pelo que depreendi, decepcionado, a Anac é um risco n'água.

            Sr. Presidente, agradeço muito a atenção de V. Exª e, mais uma vez, o meu respeito pela sua presença na Presidência desta Casa, não só como Presidente, mas como Governador de um grande Estado. Quem foi Governador sempre o será. Minhas homenagens a V. Exª.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 05/03/2013 - Página 7112