Comunicação inadiável durante a 22ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Pesar pelo falecimento do Presidente da República Bolivariana da Venezuela, Hugo Chávez.

Autor
Vanessa Grazziotin (PC DO B - Partido Comunista do Brasil/AM)
Nome completo: Vanessa Grazziotin
Casa
Senado Federal
Tipo
Comunicação inadiável
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Pesar pelo falecimento do Presidente da República Bolivariana da Venezuela, Hugo Chávez.
Publicação
Publicação no DSF de 07/03/2013 - Página 7759
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • LEITURA, NOTA, AUTORIA, PRESIDENTE, PARTIDO POLITICO, PARTIDO COMUNISTA DO BRASIL (PC DO B), HOMENAGEM POSTUMA, PRESIDENTE DE REPUBLICA ESTRANGEIRA, PAIS ESTRANGEIRO, VENEZUELA, ELOGIO, PERSONAGEM ILUSTRE, GOVERNO ESTRANGEIRO, POLITICA SOCIAL, COMBATE, DESIGUALDADE SOCIAL, IMPERIALISMO.

            A SRª VANESSA GRAZZIOTIN (Bloco/PCdoB - AM. Para uma comunicação inadiável. Sem revisão da oradora.) - Muito obrigada, Sr. Presidente, Senador Jorge Viana.

            Sr. Presidente, Srªs Senadoras, Srs. Senadores, companheiros e companheiras, há poucos instantes, o Senador Capiberibe, o Senador Inácio Arruda e eu - encontram-se lá vários Deputados Federais - estivemos na Embaixada da Venezuela, onde assinamos o livro de condolências pela passagem do Presidente daquele país, Hugo Chávez.

            Quando eu estava saindo de lá, Senador Capiberibe - acho que V. Exª já havia saído -, chegou uma marcha muito emocionante, muito bonita, do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra. Centenas de pessoas do movimento social brasileiro, principalmente do movimento campesino, foram à Embaixada para prestar essas homenagens ao Presidente Hugo Chávez.

            Sr. Presidente, eu não poderia deixar de vir à tribuna hoje para falar da morte desse líder, que foi e continuará sendo importante não apenas para o seu país, a Venezuela, mas também para o continente e para o mundo todo.

            Quero aqui falar das palavras da Presidenta D ilma. Quem esteve com ela no dia de ontem, Senador Suplicy, na abertura do movimento campesino, sabe o quanto estava sentida a Presidenta Dilma pela passagem do Presidente Hugo Chávez. A Presidenta disse que nem sempre o Brasil concordou com as decisões tomadas pela Venezuela, mas que, sem dúvida alguma, Hugo Chávez ficará marcado na história de luta dos trabalhadores. Não há dúvida disso. Por mais que, muitas vezes, alguns discordem da postura de Hugo Chávez, nenhum deles deixa de reconhecer o envolvimento do Presidente, a dedicação do Presidente principalmente à sua gente, à gente mais humilde da Venezuela.

            Penso que a forma mais importante de homenagearmos não só Hugo Chávez e seus familiares, mas também o povo venezuelano é ler, Sr. Presidente - e vou ler rapidamente -, uma mensagem do meu Partido, assinada pelo Presidente Nacional do Partido Comunista do Brasil (PCdoB), Renato Rabelo. Leio a nota e faço questão que ela seja inserida nos Anais desta Casa.

            Diz o seguinte a nota:

No início da noite deste dia 5 de março, em Brasília, com sentida emoção e forte impacto, recebemos a notícia do falecimento do destacado revolucionário da Venezuela e da América Latina, Presidente Hugo Chávez. Acompanhávamos com esperança a última batalha travada por Chávez, desta vez pela própria vida, luta que empreendeu com força de vontade e altivez. Mas, infelizmente, a doença foi mais forte e o levou.

A vitória de Hugo Chávez para Presidente da Venezuela, em 1998, inaugurou um ciclo político progressista na América Latina, em especial na nossa América do Sul. Um ciclo que prossegue vigoroso, propiciando a vários países e povos da região democracia, desenvolvimento soberano, sensível melhora da qualidade de vida dos trabalhadores e, ainda, o avanço da integração solidária entre as nações. Chávez, além de dedicar o melhor de si pelo desenvolvimento de seu país e pelo bem-estar de seu povo, foi um intrépido entusiasta desse processo de integração, tanto com a Alba (Aliança Bolivariana para as Américas) quanto com o Mercosul. Em julho de 2012, quando se formalizou a entrada da Venezuela neste bloco, ele proclamou: “Nosso norte é o sul”.

Chávez, juntamente com o ex-Presidente Lula e outras lideranças da região, travou a luta vitoriosa que sepultou a Alca, projeto neocolonialista dos Estados Unidos. Por isto, uma grande dimensão de Chávez se revela pelo seu legado patriótico e internacionalista, um adversário ferrenho do imperialismo e defensor da amizade e da cooperação entre os povos.

E se internacionalmente Chávez tem esse significado para as forças políticas avançadas, para o seu país ele representa o líder de um processo revolucionário que, em pouco mais de uma década, libertou a Venezuela da espoliação estrangeira, colocando a grande riqueza do país, o petróleo, a serviço do desenvolvimento da nação, e que também ajudou a retirar centenas de milhares de venezuelanos da miséria.

Outro traço da revolução bolivariana liderada por Chávez é a democracia. Nunca houve tantas eleições, nunca houve tanta efetiva participação do povo nos destinos da Venezuela como nesta última década. Grande expressão dessa democracia é a Constituição Bolivariana, elaborada por uma Assembleia Constituinte livremente eleita. Constituição democrática e avançada que, inclusive, indica os rumos da construção do socialismo naquele país. “Socialismo do Século 21”, como assim proclamava Chávez.

Externarmos nossos sentimentos à pátria de Simon Bolívar pela perda desta grande liderança patriótica, democrática e socialista. Mas, ao mesmo tempo, temos a convicção de que morreu o revolucionário, porém sua grande obra, a revolução bolivariana, terá continuidade! Seguirá conduzida pelas lideranças leais ao legado do Presidente Chávez, apoiada no povo e nas forças políticas avançadas do país, e contará com a efetiva solidariedade das forças progressistas das Américas, entre as quais o Partido Comunista do Brasil, que sempre apoiou Chávez e o povo venezuelano, na sua épica jornada libertária.

            Assina a nota o Presidente Nacional do Partido Comunista do Brasil (PCdoB), Renato Rabelo.

            Para concluir, Sr. Presidente, quero dizer que tive a alegria de estar com o Presidente Hugo Chávez pelo menos umas três vezes. E uma delas se deu exatamente na minha querida cidade de Manaus, quando ele, juntamente com o Presidente Lula, inaugurou a Feira Internacional da Amazônia, um grande evento internacional organizado pela Superintendência da Zona Franca de Manaus. Naquele momento, tive a oportunidade de conversar pessoalmente com ele e vi a sua simpatia.

(Interrupção do som.)

            A SRª VANESSA GRAZZIOTIN (Bloco/PCdoB - AM) - Sr. Presidente, até segui o exato tempo que V. Exª me deu, porque sei que já estão organizando a nossa Ordem do Dia.

            Então, tive a alegria e a felicidade de estar com o Presidente Hugo Chávez em Manaus. E, muito gentil como sempre - à época, eu era candidata a Prefeita de Manaus -, ele veio ao meu encontro e conversou comigo longamente. Depois disso, o que mais me emocionou foi que, no seu trajeto do local do evento até o aeroporto da cidade de Manaus, ele parou diante de uma das equipes onde estavam militantes da nossa campanha. Ele parou e conversou longamente com os militantes. Então, esse é o Hugo Chávez que vai ficar na memória do povo.

            Assistíamos, há pouco, ao cortejo do seu corpo do hospital até o local onde ele deverá ser velado em Caracas, na Venezuela. E a uma manifestação espontânea fantástica nós estamos assistindo nestes dias na Venezuela.

            E o que me espanta, Sr. Presidente, é ouvir de alguns comentaristas que se foi uma ditadura. Repito: nunca houve tantas eleições na Venezuela como agora. É claro que é um país dividido, um país polarizado entre duas propostas antagônicas, entre duas propostas divergentes, mas, sem dúvida alguma, Hugo Chávez, que enfrentou, inclusive, um golpe para permanecer no poder, assim permaneceu com o apoio de uma maioria significativa da sua gente, do seu povo. Não estou aqui dizendo que tudo lá está perfeito, que tudo lá está bom, mas, sem dúvida, a opção que fez o Presidente Hugo Chávez foi a opção pelos mais humildes, foi a opção pelos mais simples, foi a opção pelos mais necessitados. E assim segue a Venezuela.

            Sem Hugo Chávez, o que será? Não temos dúvida de que problemas serão enfrentados. Agora, há de se ter, primeiro, confiança no cumprimento das leis. E, pelo que tudo indica, até mesmo a oposição daquele país, hoje, já tem…

(Soa a campainha.)

            A SRª VANESSA GRAZZIOTIN (Bloco/PCdoB - AM) - …ciência e consciência da importância do respeito à lei. E, daqui a 30 dias, novas eleições deverão ocorrer, e eu acredito sinceramente na vitória da continuidade, que será a vitória do Vice-Presidente, do seu então Vice-Presidente, hoje candidato, Maduro.

            Sr. Presidente, ficam aqui não só as minhas homenagens, mas, sobretudo, saudades desse Presidente. Repito: tive a oportunidade de com ele estar algumas vezes e de ver de perto a sua simplicidade e a sua dedicação à luta não só do povo venezuelano, mas também do povo de todo o nosso continente.

            Muito obrigada, Senador Jorge Viana, pelo tempo a mais que me concedeu.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 07/03/2013 - Página 7759