Discurso durante a 22ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Referente ao RQS n. 120/2013.

Autor
José Agripino (DEM - Democratas/RN)
Nome completo: José Agripino Maia
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
Outros:
  • Referente ao RQS n. 120/2013.
Publicação
Publicação no DSF de 07/03/2013 - Página 7771

            O SR. JOSÉ AGRIPINO (Bloco/DEM - RN. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, na medida em que um voto de pesar - aqui foi colocado de forma muito clara - é apresentado a uma Casa do Congresso, ao Senado da República, esse voto de pesar passa a ter conotação política.

            A Casa é testemunha das manifestações que nós Democratas, como os peessedebistas e como algumas vozes de outros partidos, nos manifestamos contra a participação da Venezuela chavista no Mercosul.

            Naquela oportunidade, nós que éramos contra a participação de uma liderança déspota - no nosso entendimento, déspota - no Mercosul. Ficou claro o nosso distanciamento e nossa divergência em relação ao regime político que o Presidente Hugo Chávez levava a efeito na Venezuela que, na verdade, é um país amigo, com relações comerciais expressivas com o Brasil. Aliás, relações comerciais que foram robustecidas, aprofundadas no governo Fernando Henrique Cardoso. Foi ele quem buscou aproximação mais estreita com o governo da Venezuela e com os agentes econômicos da Venezuela, até tendo em vista a necessidade da Venezuela, que dispunha de recursos decorrentes da exploração de petróleo da PDVSA, recursos que existiam e que poderiam ser usados na compra do que faltava à Venezuela e que o Brasil poderia fornecer. Poderia fornecer o Brasil, poderiam fornecer os Estados Unidos ou a Europa, e o Brasil se habilitou, pela via do ex-Presidente Fernando Henrique a ocupar esse espaço que ocupou, e o Presidente Lula, em seguida, ocupou, usando uma vertente ideológica.

            Eu não tenho nenhuma dúvida de que o Presidente Chávez, para a Venezuela, prestou serviços em alguns segmentos. Ele usou dinheiro da PDVSA para atender aos mais pobres? É verdade. Ele deu uma contribuição à diminuição do índice de analfabetos na Venezuela? É verdade. Mas a violência, como é que anda? Produto de quê? De desemprego. Como é que anda a democracia da Venezuela? Os meios de comunicação têm o direito de opinar, de se manifestar? A Suprema Corte tem maioria produzida por artifício do Poder Executivo ou não tem? Tem, tem, sim. Então, não é um regime democrático, não é um regime que, eu, democrata, aplauda. E, por essa razão, é que eu quero... Desde ontem, manifestei às TVs que me procuraram divergências com relação à atuação política do ex-Presidente.

            A manifestação de pesar pelo falecimento de S. Exª tem por inteiro minha solidariedade em relação a ele e a sua família. Agora, o reconhecimento pelo fato de ele ter falecido, de que ele tenha sido um estadista que mereça o respeito do meu Partido, não. Eu não mudei de opinião.

            Com relação à manifestação que o Senado apresenta, em caráter pessoal, à família do enlutado, é claro que conta com a minha solidariedade. Quanto à manifestação de aplauso ao líder, ao chefe de Estado, por hipótese alguma.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 07/03/2013 - Página 7771