Discurso durante a 24ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Reflexão a respeito da condição da mulher na sociedade brasileira; e outro assunto.

Autor
Anibal Diniz (PT - Partido dos Trabalhadores/AC)
Nome completo: Anibal Diniz
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Reflexão a respeito da condição da mulher na sociedade brasileira; e outro assunto.
Publicação
Publicação no DSF de 09/03/2013 - Página 8634
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM, DIA INTERNACIONAL, MULHER, REGISTRO, NECESSIDADE, ALTERAÇÃO, REFERENCIA, IGUALDADE, SALARIO, FATO GERADOR, REDUÇÃO, MISERIA, PAIS.

            O SR. ANIBAL DINIZ (Bloco/PT - AC. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Exmo Sr. Senador Paulo Paim, que preside esta sessão, Srs. Senadores, telespectadores da TV e ouvintes da Rádio Senado, eu quero aproveitar a sessão de hoje para apresentar uma reflexão a mais a respeito do tema que tem sido priorizado esta semana, que é exatamente a condição da mulher na sociedade brasileira e os importantes passos que foram dados no sentido de conquistas importantes, espaços de poder ocupado, mas também os desafios que temos pela frente.

            O Senador Aloysio Nunes disse que não faria essa homenagem hoje, que participaria de um ato, em São Paulo, e aproveitou para fazer uma reflexão sobre o que ele chamou de indústria da falência no Governo brasileiro, apontando números relacionados ao BNDES, à Petrobras e a outras empresas estatais, apontando o que, na sua reflexão, traduz um fracasso do Governo brasileiro.

            A democracia tem essa vantagem, porque permite que diferentes pontos de vista sejam apresentados em relação ao mesmo assunto, porque todo ponto de vista nada mais é do que a vista a partir de um ponto. E se o PSDB do Líder Aloysio Nunes Ferreira vê o Brasil hoje como uma indústria da falência, nós, ao contrário, do Partido dos Trabalhadores e de partidos aliados do Presidente Lula e da Presidenta Dilma, temos mostrado com muita consistência que o Brasil dos últimos dez anos está muito melhor do que o Brasil deixado por Fernando Henrique Cardoso, quando do término dos seus oito anos de mandato.

            Num comparativo que sempre fazemos entre os dois governos, o Governo do PSDB e o Governo do PT, o Governo do PT produziu infinitamente mais resultados.

            E sobre esse assunto, Senador Paim, estarei aqui para falar, na segunda-feira. Quero aprofundar esse debate, porque é muito importante que a sociedade, de maneira serena, de maneira tranquila, possa ouvir argumentos diferenciados e fazer o comparativo dos números, porque nada mais eloquente, nada mais claro do que fazer um comparativo dos números do que foi conseguido ao longo dos oito anos do governo de Fernando Henrique e o que foi conseguido ao longo dos dez anos dos Governos de Lula e Dilma.

            E eu não tenho a menor dúvida de que os números são amplamente favoráveis aos Governos de Lula e Dilma, tanto é que os índices de aprovação, tanto de Lula quanto de Dilma, superaram todos os recordes, e estamos vivendo um momento de grande respeitabilidade do Governo da Presidenta Dilma no plano nacional.

            E mais, Paim, eu posso citar aqui apenas um número como comparativo.

            O crescimento econômico, a partir do PIB, do Governo brasileiro, entre 2006 e 2011, foi de 5,1%, o crescimento médio, mas as conquistas sociais geradas por esse crescimento são comparáveis às de um país que teve um crescimento de 13%. 

            Ou seja, o Brasil, no período de Lula e no período de Dilma, cresceu com distribuição de renda, e isso fez toda a diferença, pois retirou milhares e milhares de pessoas que estavam abaixo da linha de pobreza. Eram pessoas que estavam impossibilitadas de participar do mercado, pessoas que estavam excluídas, que eram anônimas, que não tinham sequer uma identidade, e o governo do Presidente Lula, o Governo da Presidenta Dilma olhou para essas pessoas. E continua olhando, porque o objetivo, até o final do Governo da Presidenta Dilma, é a gente ter a erradicação da miséria e da fome, da pobreza absoluta. Esse é um alvo que é infinitamente mais importante do que ter um PIB muito elevado sem distribuição de renda.

            Quando se faz aquela comparação entre os países ascendentes, comparando o Brasil com a China, com a Índia, com a Rússia, esses países tiveram crescimento econômico de PIB maior do que o Brasil, mas não tiveram a distribuição de renda e a preocupação de políticas sociais que teve o Brasil. Isso faz toda a diferença. Então, a gente vai poder fazer esse debate porque é um debate muito importante, interessante. Penso que esse é um debate ideológico, é um debate que mostra qual é a prioridade do governo Lula, do Governo da Presidenta Dilma e qual foi a prioridade dos governos do PSDB.

            Hoje, a Petrobras é criticada por ter reduzido o seu lucro de R$33 bilhões, em 2011, para R$21 bilhões, em 2012. Veja só que teve uma redução do lucro. Não é uma empresa deficitária. Pelo contrário, a Petrobras é um orgulho nacional, é o patrimônio nacional de maior vulto e certamente vai continuar sendo essa referência positiva para o povo brasileiro, e o PSDB critica a diminuição do lucro, mas veja só que, no governo do Fernando Henrique, Petrobras e outras empresas nacionais estavam ameaçadas de privatização.

            O governo tucano foi caracterizado pela privataria, tanto é que surgiu o livro A Privataria Tucana, que traduz todo o esforço empreendido no sentido de privatizar as empresas, porque não se tinha preocupação social. E, hoje, graças à Petrobras ser um patrimônio nacional é que temos gasolina subsidiada para todo o povo brasileiro. Imagine só se fosse uma empresa privatizada, voltada só para o lucro, quanto um cidadão brasileiro estaria pagando hoje por um litro de gasolina!

            Então, Senador Paim, faço essa introdução exatamente para deixar claro que não tem afirmação das lideranças do PSDB nesta Casa que não tenha resposta dos integrantes da bancada do Partido dos Trabalhadores, dos integrantes da Base Aliada da Presidenta Dilma aqui.

            Mas, a minha intenção central, o objetivo pelo qual nós estamos aqui hoje realmente é prestar essa homenagem às mulheres. É a isso que eu pretendo me dedicar a partir de agora, pedindo licença a todas as pessoas que estão nos assistindo pela TV Senado, estão nos ouvindo pela Rádio Senado para fazer um pronunciamento que é a continuidade de uma reflexão que temos feito ao longo desta semana, que é uma semana dedicada às mulheres.

            Então Senador Paim...

            O SR. PRESIDENTE (Paulo Paim. Bloco/PT - RS) - Senador Anibal Diniz, permita-me, antes que V. Exª entre no tema.

            Eu fiz um aparte ao Senador Aloysio Nunes porque eu sempre tive o BNDES, a Caixa Economia Federal e o Banco do Brasil como os bancos que impulsionam a economia e que têm responsabilidade social. Eu fique preocupado com a série de números e dados que ele levantou. Tanto que percebi que não eram bilhões e ele reconheceu que eram milhões. E por isso tive o cuidado - até comuniquei V. Exª - de pedir o pronunciamento, solicitar ao BNDES; pretendo fazer um pronunciamento na segunda-feira, dando o escopo, a realidade do BNDES pela responsabilidade que nós temos com esse banco. Todo mudo sabe que, no momento da grande crise europeia, foi devido ao BNDES, ao Banco do Brasil e à Caixa Econômica Federal que lá fora era dito: o Brasil acertou por esses bancos não terem sido privatizados.

            Quero só cumprimentar V. Exª. E faço questão de ouvir agora o seu pronunciamento sobre o dia 8 de março.

            O SR. ANIBAL DINIZ (Bloco/PT - AC) - Obrigado Senador Paim.

            Nesta semana dedicada as mulheres, o momento é mais que oportuno para uma reflexão sobre a condição da mulher no Brasil e no mundo atual. Cabe uma reflexão sobre as conquistas empreendidas pelas mulheres desde o longínquo 8 de março de 1857, quando mais de uma centena delas foram queimadas numa fábrica de tecido de Nova Iorque.

            Vivemos novos tempos, com mais participação da mulher na política, nas empresas, no mundo do trabalho, no Judiciário, mas ainda temos que conviver com a triste realidade do aumento da violência contra as mulheres.

            Infelizmente, ainda neste ano de 2013, depois de toda a revolução sexual, das lutas feministas, da entrada de milhões de mulheres no mercado de trabalho, ainda não temos a tão sonhada igualdade de gênero. A condição das mulheres, principalmente no trabalho, ainda é bastante desigual, quando comparada à condição dos homens. E a pergunta é simples: se o trabalho é o mesmo, por que o salário pago aos homens é maior do que aquele pago às mulheres? Se a atribuição for a mesma, o salário deve ser igual.

            Senador Paim, no seu pronunciamento, V. Exª fez menção às matérias que estão em tramitação aqui, na Casa.

            Ontem mesmo, eu reafirmei aqui o compromisso, assumido pela Senadora Lídice da Mata, que é a Relatora da PEC das domésticas, de que, neste mês de março, nós, Senadores, vamos aprovar aqui, no Senado, a PEC das domésticas, para garantir condição de salário igual. As conquistas que são extensivas aos trabalhadores de outras categorias também serão usufruídas pelas empregadas domésticas a partir da aprovação dessa lei, e, em outras matérias que tratam do tratamento igual aos trabalhadores, também estaremos somando esforços, principalmente sendo pautadas por V. Exª, Senador Paim, que é a pessoa deste Senado que mais conhece da relação social do trabalho e que tem um acúmulo que nos ajuda, nos guia, nos dá orientação. Certamente, vamos trabalhar contigo em defesa dos trabalhadores e das trabalhadoras aqui, no Senado Federal.

            O último censo demográfico do IBGE, de 2010, constatou que o rendimento médio mensal das mulheres com carteira profissional assinada é 30% inferior ao rendimento dos homens com a mesma idade e mesmo nível de formação.

            Essa é uma realidade que precisa mudar porque as diferenças entre homens e mulheres denunciadas, entre outras coisas, pela remuneração desigual, têm repercussões para além da vida individual de uma mulher e sua família, com reflexo direto no conjunto da sociedade.

            No Brasil e em diversos países da América Latina, as mulheres continuam tendo menor participação nas atividades econômicas e maior participação no trabalho informal e entre a população desempregada.

            As consequências dessa situação são enormes. Pesquisa realizada por uma instituição ligada ao Pnud - Programa Nacional das Nações Unidas para o Desenvolvimento, em parceria com o Governo brasileiro, aponta a desigualdade salarial entre homens e mulheres como uma das causas determinantes da pobreza na América Latina. De acordo com esse trabalho, se os dois gêneros tivessem salários equilibrados, a proporção de pobres no Brasil cairia em cerca de 20%. Como afirmou em artigo recente o ex-Ministro da Fazenda da Colômbia, o economista Botero Montoya, ao tratar das conclusões do simpósio sobre mercados emergentes da Universidade de Oxford em 2013, “a igualdade de gênero é parte essencial da modernidade”. Repito essa frase: “a igualdade de gênero é parte essencial da modernidade”.

            Para ele, aspectos da problemática do desenvolvimento têm estreita relação com a consolidação dos direitos da mulher e o avanço em direção à igualdade de gênero. É o caso de objetivos como melhor distribuição de renda, equidade social, ampla disponibilidade de serviço de saúde e de educação, redução das taxas de mortalidade materno-infantil, busca de pleno emprego e a melhoria dos índices que medem o nível de bem-estar da população.

            As desigualdades de gênero são mais preocupantes quando sabemos que é cada vez maior o número de mulheres que assumem o papel de chefe da família. De acordo com a síntese de indicadores sociais divulgada pelo IBGE ao final do ano passado, a proporção de famílias chefiadas por mulheres cresceu mais do que quatro vezes nos últimos dez anos. Entre casais que possuem filhos, o índice de autoridade feminina subiu de 3,4% para 18,4% do total. Mas o índice cresceu muito também entre casais sem filhos. Passou de 4,3% para 18,3%. Em 1996, 20,81% dos lares brasileiros tinham uma mulher como chefe. No censo realizado em 2000, a percentagem subiu para 26,55%. Já o Pnad, levantamento mais recente do IBGE, aponta que 37,4% das famílias brasileiras têm uma mulher como pessoa de referência. Num quadro como esse, que tende a se afirmar cada vez mais, políticas que promovam e assegurem a igualdade de gênero se fazem imprescindíveis e inadiáveis.

            No Simpósio sobre Mercados Emergentes, realizado, este ano, pela Universidade de Oxford, na Inglaterra, com a participação de representantes do mundo acadêmico, do setor empresarial, da sociedade civil e de pessoas dos cinco continentes, foram definidos parâmetros que permitem mensurar o grau de igualdade de gênero vigente num país.

            De acordo com as conclusões do simpósio, para isso devem ser levados em consideração os seguintes indicadores: a plenitude dos direitos políticos e civis da mulher e a eficácia das normas judiciais para garantir a sua vigência; o acesso universal à educação secundária e superior, assim como a sistemas de saúde de boa qualidade; o nível equilibrado de participação no trabalho e equidade na remuneração; presença em posições de direito no governo e em empresas; índices de mortalidade materno-infantil e taxa de fecundidade aceitáveis.

            A serem observados esses critérios, além da erradicação da violência contra a mulher, percebemos que temos muito ainda por fazer na busca da igualdade de gênero no Brasil.

            Muitas conquistas aconteceram. As ações do Governo da Presidenta Dilma, muito bem apresentadas pelas três Ministras que estiveram conosco esta semana, na Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa, apontam para isso. Muitos passos importantes foram dados, muitos mecanismos de defesa da mulher brasileira foram criados ao longo dos últimos dez anos. A própria Secretaria de Políticas para as Mulheres da Presidência da República, que completou dez anos, é uma prova dessas conquistas.

            Então, muitos passos importantes foram dados, muitas conquistas foram empreendidas, mas temos muito o que fazer. Por isso, defendo que este 8 de março e todos os demais não sejam marcados no calendário apenas como uma data comemorativa, mas como uma data símbolo da luta, um momento para que as vozes se façam ouvir e uma tomada de consciência e responsabilidade aconteça.

            É preciso, Senador Paim, somando todos os esforços das pessoas de bem, que consigamos eliminar, ou pelo menos diminuir, o preconceito, que é histórico, que é cultural, mas que tem que ser diminuído no sentido de se reconhecer a importância do papel da mulher na sociedade, para que essa sociedade seja mais justa, mais sensível, possa ter uma leitura mais precisa dos passos que precisam ser dados.

            Ontem mesmo defendi aqui nesta tribuna a importância de a gente fazer a reforma política para que haja mais igualdade na disputa e para que a gente tenha maior representatividade feminina na Câmara Federal, no Senado da República e também nas assembleias legislativas e nas câmaras de vereadores.

            Quando se fala de reforma política genericamente, parece-me que ela não consegue se traduzir, mas quando a gente desce aos pontos específicos defendidos pelo Partido dos Trabalhadores, a gente vê uma atenção especial para com a mulher.

            Por exemplo, quando nós defendemos o voto em lista, com alternância de gênero, nós estamos permitindo que, se isso fosse aprovado, se conseguíssemos a sensibilização do conjunto dos parlamentares para aprovar o voto em lista, com alternância de gênero, nós estaríamos permitindo um equilíbrio maior de gênero na representação parlamentar. Quando nós defendemos o financiamento público de campanha, e, para isso, não há outra forma de ser feito se não com uma lista preordenada de candidatos e candidatas, quando nós defendemos esse financiamento público, é exatamente para permitir condições iguais para as disputas entre homens e mulheres e ao mesmo tempo também condições iguais para candidatos pobres com outros candidatos de posse.

            Quando nós defendemos o financiamento público, nós estamos defendendo o fortalecimento da democracia. É isso! E o fortalecimento da democracia só vai acontecer se nós tivermos um esforço no sentido de garantir o equilíbrio de gênero na representatividade parlamentar.

            E agora, Senador Paim, partindo para a finalização deste meu pronunciamento, eu gostaria de prestar uma homenagem às mulheres do meu Estado, o Estado do Acre. E lembrar que temos registro de grandes conquistas femininas ao longo dos tempos no nosso Estado e na política do nosso Estado.

            Foi o Acre que teve a primeira mulher negra como Senadora da República, essa mulher foi Laélia Alcântara, que assumiu o mandato, ainda que interinamente, entre os meses de abril e agosto, de 1981, substituindo o Senador Adalberto Sena, que havia se afastado do cargo por motivo de saúde. Também veio do Acre mais uma mulher Senadora, tivemos a Senadora que era educadora, Íris Célia Cabanellas Zannini, que assumiu também por alguns meses aqui a condição de Senadora da República. Foi também no Estado do Acre que a mulher brasileira obteve pela primeira vez uma participação como governadora de Estado, foi a Governadora Iolanda Ferreira Lima, a primeira mulher a governar uma Unidade da Federação brasileira, entre os anos 1986 e1987, substituindo o Governador Nabor Teles da Rocha Júnior que, por sinal, foi o primeiro Governador eleito no Acre após o golpe militar de 1964 porque tivemos um longo período em que não havia eleição para Governador e, quando voltamos a poder votar, em 1982, naquele Estado, para Governador, o eleito foi o Governador Nabor Teles da Rocha Júnior, tendo como vice a Governadora Iolanda Lima que, posteriormente, assumiu entre, 1986 e 1987, na condição de Governadora.

            Do Acre também veio a nossa companheira, na época, do Partidos dos Trabalhadores, Marina Silva, uma negra de lutas, mulher pobre, militante da sociedade, com uma participação muito importante no movimento ambiental, sócio-ambiental e também junto aos professores, junto à sociedade civil organizada e ela se tornou Senadora da República em 1994, depois foi reeleita Senadora e se transformou em Ministra do Meio Ambiente do Governo do Presidente Lula. A ex-Ministra e ex-Senadora Marina Silva é mais um exemplo de uma grande mulher acriana que detém hoje a admiração, o respeito e o carinho de todo o povo brasileiro. São todas mulheres que merecem o nosso respeito.

            Temos também uma participação, Senador Paim, V. Exª, em seu pronunciamento, mostrou os percentuais hoje de participação das mulheres naquelas funções que passam por concurso público, que são as funções de Estado. Temos um aumento considerável do número de mulheres como desembargadoras dos tribunais de Justiça dos Estados, temos uma presença marcante de mulheres hoje nos tribunais superiores, STJ e STF.

            O SR. PRESIDENTE (Paulo Paim. Bloco/PT - RS) - Como delegadas, que até não citei.

            O SR. ANIBAL DINIZ (Bloco/PT - AC) - Como delegadas, exatamente.

            Há poucos dias, o Fantástico mostrou uma reportagem muito interessante sobre o quanto que há delegadas atuando e fazendo cumprir a lei de maneira muito enérgica, com muita competência. Quer dizer, quando há a oportunidade de elas disputarem em pé de igualdade, elas ocupam certamente o espaço, porque são tão competentes quanto os homens e, às vezes, por sua aplicação, por sua dedicação, por seu esforço para fazer várias coisas ao mesmo tempo, elas acabam tendo até uma desenvoltura melhor do que a dos homens.

            Então, temos que reconhecer que onde há igualdade de disputa, elas conseguem maior participação. E tenho certeza de que vamos procurar cada vez mais atuar no Parlamento para garantir essa igualdade de condições na hora da disputa por espaço de poder, por espaço de liderança. É um direito inalienável das mulheres poderem se fazer representar com equilíbrio de gênero em todas as situações.

            Senador Paim, falamos das mulheres do mundo, das conquistas todas das mulheres do nosso País, das mulheres do nosso Estado, mas temos que falar também das mulheres da nossa vida. 

            E, para finalizar, eu presto aqui uma homenagem às mulheres que estão à minha volta e que têm contribuído, desde o meu nascimento, para que eu pudesse reunir as condições que me permitiram chegar até aqui. Desde os cuidados com a alimentação, com a saúde, com a educação, para que eu pudesse estar aqui hoje falando para V. Exª e para as pessoas que nos acompanham pela TV Senado e pela Rádio Senado.

            Então, eu quero reconhecer aqui a Elisângela Pontes, que é minha esposa, as minhas duas filhas, Ana Beatriz e Janaína, as minhas irmãs. Eu sou de uma família grande, Paim, cinco homens e cinco mulheres e eu quero homenagear aqui as cinco mulheres que são minhas irmãs, Luíza, Heloína, Mariquinha, Sônia e Leila, e quero homenagear também, de maneira póstuma, minha mãe, Querubina de Lourdes Rocha Diniz, que não está mais no nosso convívio.

            E quero fazer uma homenagem especial à minha tia Inhana, que mora no Paraná, na cidade de Luiziana, e é a última remanescente de sua geração. Ela é a única viva da família do meu pai, e deve completar, se Deus quiser, no próximo 27 de maio, 103 anos de idade. E o mais interessante, Senador Paim, é que no último aniversário dela, de 102 anos, eu pude estar presente e fiquei bastante impactado com a capacidade de reunir informações que ela tem. Para uma pessoa com 103 anos de idade é muito natural que tenha dificuldade de expressar um raciocínio completo. Mas, no caso da tia Inhana, ficamos muito felizes, porque conseguimos conversar com ela e ela contar histórias com início, meio e fim, com uma lógica própria de quem está absolutamente com suas condições mentais em dia. Ela está muito, muito ativa, e merece o nosso total carinho, nosso total respeito.

            Então, minha homenagem a essa mulher lutadora, uma pioneira, que mora lá na cidade de Luiziana. Minha tia Inhana, irmã mais velha do meu pai, única pessoa viva da família, a quem me referencio muito, porque, querendo ou não, temos que reconhecer as nossas origens e procurar sempre valorizá-las, porque, no pacto de gerações, funciona assim: obtemos o conhecimento, a sabedoria, das pessoas mais idosas para levarmos esse legado às futuras gerações. E eu quero dizer que aprendo muito, sempre que possível, com as pessoas mais velhas, particularmente, com essa minha tia Inhana, de 103 anos. É uma pessoa que nos ensina muito. Todas as vezes que nos encontramos, ela dá boas instruções a respeito do nosso passado, para nos fazer mergulhar nele e respeitá-lo cada vez mais, para projetarmos melhor o nosso presente, o nosso futuro.

            Então, Senador Paim, termino, fazendo um cumprimento especial a todas as mulheres: as mulheres brasileiras, as mulheres acrianas. Que Deus abençoe imensamente o nosso País, o nosso Estado democrático de direito, para que reconheçamos os direitos das mulheres, para que possamos ter autoridades vigilantes, com compromisso e atitude para fazer valer a Lei Maria da Penha.

            É preciso que os agressores de mulheres sejam exemplarmente punidos, porque temos que banir do mundo a violência contra a mulher. E o Brasil deu passos muito importantes nesse sentido. A Lei Maria da Penha é uma lei muito rígida, no sentido de estabelecer a punição adequada a quem agride, de qualquer forma, a mulher; quem atenta contra a vida da mulher. E temos que exigir das autoridades a aplicação completa do que prevê a Lei Maria da Penha em cada uma das situações. E, no mais, temos que torcer para que, com esforço de homens e mulheres, vivendo harmoniosamente e carinhosamente, possamos construir uma sociedade melhor para todos, para homens e mulheres, e, assim, a nossa democracia, a nossa sociedade dos sonhos, que é uma sociedade de iguais. Estaremos ajudando a construí-la, de maneira solidária - homens e mulheres.

            Parabéns a todas as mulheres. Que Deus abençoe a todas as mulheres brasileiras e acrianas.

            Muito obrigado.

            O SR. PRESIDENTE (Paulo Paim. Bloco/PT - RS) - Muito bem, Senador Anibal Diniz, pelo seu pronunciamento, defendendo, inclusive, o BNDES, e avançando, neste 8 de março, Dia Internacional da Mulher.

            Senador Anibal Diniz, se me permite, tenho muito orgulho em dizer que, no meu gabinete, nas posições de comando, as mulheres são maioria. E eu tenho uma assessoria brilhante. Para elas, não tem hora. Quando eu fiquei na Comissão de Orçamento: “O Senador tem que ficar até as dez, nós estaremos lá”. Os pronunciamentos, eu não vou citar o nome, senão eu teria que citar o nome de todas, mas, nas posições de comando do meu Gabinete, a maioria, de fato, são mulheres.

            E eu pensava aqui comigo que há tantas mudanças no mundo: temos já uma Presidenta da República, para orgulho de todos nós, a Presidenta Dilma; temos mulheres chegando à mais alta Corte do Judiciário, também na Presidência e, quem sabe um dia - não sei se a nossa geração vai pegar - uma papisa. A gente fala tanto do Papa, do Papa, quem sabe a Igreja não fará mudanças que um dia, no primeiro escalão da própria Igreja, se considere a possibiidade de uma mulher estar lá.

            Claro que não somos nós que vamos decidir; a Igreja é quem decide, mas Cristo, quando olha, vê o homem e a mulher na igualdade, na sua grandeza. E por que não levantarmos a possiblidade - claro que a Igreja Católica Apostólica Romana, pela sua história, é que vai apontar caminhos - de uma papisa. Sempre se fala na substituição do Papa. Em nenhum momento, ao longo das nossas vidas - eu pelo menos não vi -, vimos a reflexão sobre a posibilidade de que, nessa linha do sacerdócio, possamos ter no primeiro escalão, um dia, quem sabe, também, uma mulher.

            É uma reflexão que eu deixo para todos nós, mas é uma decisão que quem vai tomar é o alto clero. Deixo uma homenagem a todas as mulheres do Brasil e do mundo na linha do que V. Exª fez. Permita-me dizer que, quando V. Exª lembra as mulheres que estão à sua volta e dos seus familiares, entendi que V. Exª quis fazer uma homenagem a todas as mulheres que cercam a todos nós na figura das mulheres da sua família.

            Então, eu me somo à sua homenagem, estendendo a todas as mulheres que cercam a todos nós, porque sem as mulheres, com certeza, nós não estaríamos aqui.

            Parabéns a V. Exª.

            O SR. ANIBAL DINIZ (Bloco/PT - AC) - Obrigado, Senador Paim.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 09/03/2013 - Página 8634