Pela Liderança durante a 26ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Contestação de acusações feitas por jornal do Estado do Pará contra S. Exª; e outro assunto.

Autor
Mário Couto (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/PA)
Nome completo: Mário Couto Filho
Casa
Senado Federal
Tipo
Pela Liderança
Resumo por assunto
IMPRENSA. COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), SUPERINTENDENCIA DO DESENVOLVIMENTO DA AMAZONIA (SUDAM).:
  • Contestação de acusações feitas por jornal do Estado do Pará contra S. Exª; e outro assunto.
Publicação
Publicação no DSF de 13/03/2013 - Página 9336
Assunto
Outros > IMPRENSA. COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), SUPERINTENDENCIA DO DESENVOLVIMENTO DA AMAZONIA (SUDAM).
Indexação
  • REPUDIO, ARTIGO DE IMPRENSA, JORNAL, DIARIO DO PARA, ESTADO DO PARA (PA), REFERENCIA, FATO, ORADOR, REU, AÇÃO PENAL, TRAMITAÇÃO, LOCAL, SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL (STF), MOTIVO, CRIME, DISCRIMINAÇÃO RACIAL, ESTELIONATO.
  • REQUISIÇÃO, INSTALAÇÃO, COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), OBJETIVO, INVESTIGAÇÃO, IRREGULARIDADE, APLICAÇÃO, RECURSOS FINANCEIROS, RELAÇÃO, SUPERINTENDENCIA DO DESENVOLVIMENTO DA AMAZONIA (SUDAM), ELOGIO, ATUAÇÃO, PROCURADOR DA REPUBLICA, ESTADO DO TOCANTINS (TO), MOTIVO, COMBATE, CORRUPÇÃO.

            O SR. MÁRIO COUTO (Bloco/PSDB - PA. Como Líder. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, eu volto nesta tarde, Presidente, a falar ao povo da minha terra.

            Primeiro, quero parabenizar o povo de Salvaterra, a minha terra querida onde nasci, pelo aniversário daquela cidade. Cidade próspera, hospitaleira, onde eu sempre posso contar com o carinho dos meus irmãos marajoaras.

            Parabéns, Salvaterra!

            Depois, Presidente, quero voltar ao tema da corrupção.

            Eu sei que esse tema incomoda muito. Eu sei, Senador José Agripino, que muito lutei aqui, nesta tribuna, para tirar o Pagot do DNIT, e eu consegui tirar, felizmente, com a ajuda do meu Cristo e da minha santa querida padroeira dos paraenses, Nossa Senhora de Nazaré, a quem amo muito.

            E agora, meu nobre Presidente e meus nobres Senadores, eu me vejo diante de uma nova luta, uma luta que sei que vai me dar trabalho, porque aqueles que roubaram enriqueceram e quem é rico neste País tem muito poder de tiro. Mas, em momento algum, em nenhum momento da minha vida, fui ensinado pelos meus pais a ser covarde. Encararei essa luta com dignidade.

            Sei que os nobres Senadores receberam, em seus gabinetes, um jornaleco, este jornaleco que vou mostrar a V. Exªs, um jornaleco da família Barbalho, da família que mais assaltou os cofres públicos da minha terra querida.

            Este é o jornaleco que V. Exªs devem ter recebido em seus gabinetes: “Senador Mário Couto é réu no Supremo”.

            Eu não respondo a nenhum crime, Senador Cássio, a nenhum. Entrem no site do Supremo Tribunal, que vocês podem ver que lá não tem nada de Mário Couto, mas de Barbalho está sobrando lá, de peculato a formação de quadrilha.

            Dizem eles aqui, Senador Ataídes, que eu chamei uma senhora de “negra” e de “macaca” e que, por isso, estou respondendo a um processo no Supremo.

            Senador Cássio, eu tenho aqui, em mão - e não estou me defendendo, Senador; este jornal não merece a minha defesa; eu estou apenas dando uma explicação ao povo da minha terra -, este jornal. Este jornal é sujo, este jornal foi conquistado com o dinheiro do povo da minha terra - e eu mostro já, já, como conquistaram e fizeram este jornal.

            Vou ler ao povo da minha terra a carta da Srª Edisane, exatamente esta senhora que eles dizem aqui, no jornaleco, que me levou ao Supremo. A Dona Edisane Gonçalves de Oliveira assina este documento. Este documento, Srs. Senadores, está datado do dia 10 de setembro de 2012, não foi documento arrumado agora.

            Estou falando isso, Pedro Taques, para mostrar a minha honra, a minha moralidade. Eles não têm condição de mostrar, Senador. Eles já deviam estar presos há muito tempo, Senador - há muitos anos, Senador! Foram os mais corruptos do Brasil inteiro, de toda esta Nação. Nunca, ninguém cometeu tanta corrupção como esta família!

            Vou ler a carta - é um pouco longa, pode ser chata, mas é necessário que se leia, para desmoralizar, Senador Pedro Taques, este jornaleco, para mostrar a eles que eles podem procurar a minha vida inteira, que eles podem vasculhar a minha vida inteira, que vou desmoralizar vocês todo o tempo na tribuna deste Senado. Olhe a carta, Senador Paulo Paim, da Srª Edisane Gonçalves de Oliveira:

Dos Fatos

No dia 14 de agosto de 2012, por volta das 9h30min [Vou ler rápido, porque tenho muita coisa para mostrar], em frente a sua casa, teve uma discussão com pessoas que não sabe precisar o nome sobre política e pregação de bandeiras de candidatos de partidos políticos; que, neste momento, passava o Senador Mário Couto em seu carro. Como o mesmo viu a confusão, parou e chamou os dois policiais militares para não deixar que os ânimos chegassem às vias de fato.

Foi então que o Senador estava mandando pregar bandeira na minha casa; que não iria permitir. Foi quando o Senador disse que não estava mandando fazer absolutamente nada, para mim respeitá-lo. Foi o ocorrido. Foi quando liguei para o Sr. Murilo, que morava em Cuiarana, que trabalhava na prefeitura; que o mesmo me pediu para ligar para o advogado do prefeito [aliás, ex-Prefeito, pois já mudou], que o fiz. O mesmo me orientou que pedisse para os policiais que me levassem até a delegacia para fazer um boletim de ocorrência e que relatasse que o Senador Mário Couto teria me ofendido. Chegando à delegacia, encontrei o Sr. Marco Rafael do Espírito Santos Gomes, chefe do gabinete do ex-prefeito de Sarinópolis, que orientou-me que eu falasse que o Senador Mário Couto havia me chamado de preta, safada, macaca, filho da..., para prejudicá-lo, já que o mesmo era inimigo político do prefeito e iria atingir o candidato apoiado pelo Senador Mário Couto. Fui usada. Iria atingir o candidato apoiado pelo Senador... E que não sabia de tal ato. Iria repercutir na cidade de Sarinópolis; que fui usada para fins políticos para atingir o Senador Mário Couto e seu candidato a Prefeito de Sarinópolis; que em momento algum fui ofendida pelo Senador, tendo como testemunha o Sr. Raimundo Edson Pires Figueiredo e Lucivan de Lima Barbosa, mas como trabalhava com o Prefeito, fui orientada por seu advogado a prestar tal queixa e, por seu chefe de gabinete, para que falasse que o Senador havia me ofendido. Depois do ocorrido, passando alguns dias, procurei o Senador Mário Couto, em sua residência, para me desculpar e me coloquei à disposição, já que havia feito o que não estava certo e até entreguei o meu cargo à Prefeitura de Sarinópolis para não ser mais usada.

            Esta é a carta que o Diário do Pará não sabia que eu tinha na mão. O jornaleco não sabia que eu tinha na mão, mandou este jornal dizendo que eu estava sendo processado criminalmente por este ato aqui, meu nobre Senador Paim. O jornal é mentiroso.

            Disse o jornal também, Senador, que eu teria um cheque sem fundos de R$82 mil, que eu tinha comprado um barco e não tinha pagado. Eis a perícia do barco. O médico que me vendeu esse barquinho é um médico safado, é um bandido e um ladrão, porque eu fiz - parecido com vocês, igualzinho a vocês, da mesma laia de vocês, não tem nada diferente do médico para a família Barbalho -, me vendeu gato por lebre. Está aqui a perícia do instituto de perícia da Polícia do Estado do Pará, mostrando que a lancha é inadequada para navegação, que a lancha mostra montes de defeitos. Por isso, bloqueei o cheque para devolver a embarcação ao bandido que queria me enganar.

            Mas disseram que eu era estelionatário, meu nobre Senador. Olha este cheque, TV Senado, aproxima bem. Aproxima bem aqui, TV Senado. Olha aqui, vê se você aproxima bem este nome, é um cheque original. Agora mostra aqui atrás. Olha quantas devoluções teve este cheque. Sabem de quem é este cheque? Este cheque é original, é do filho do Jader Barbalho, é do filho do Senador Jader Barbalho. Olha o silêncio que fez o Plenário! Olha como a galeria ficou em êxtase! Todo mundo assustado!

            Eu sou o estelionatário e eles é que passam cheque sem fundos! Sabem de quando foi esse cheque, senhores e senhoras, Brasil?

            Esses senhores Barbalho estão ficando famosos no Brasil inteiro, porque encontraram agora um Senador macho, um Senador de coragem, um Senador que não teme nada, que não é covarde, que enfrenta qualquer pessoa rica sem medo nenhum. Bandido corrupto comigo não tem trégua, não tem trégua.

            Senhoras e senhores, este cheque sem fundo do Jader Filho, original, que, depois que eu falei uma série de coisas nesta tribuna na semana passada, Pedro Taques, entregaram para mim ontem à tarde, na minha residência, é datado do dia 15 de dezembro de 1999. Façam a correção.

            Sabe por que este cheque não foi para a Justiça? Porque essa pessoa é pobre e não teve coragem de enfrentá-los. Essa pessoa é humilde. Essa pessoa, hoje, mal tem dinheiro para comer, porque os Barbalhos a desgraçaram.

            Senhores e senhoras, um cheque de R$10 mil, datado de 1999.

            Senhores e senhoras, caro Pedro Taques, estou requerendo hoje a CPI da Sudam, estou requerendo hoje, Pedro Taques, a CPI da Sudam, porque temos que apurar isto aqui, Pedro Taques.

            Olha, Brasil, o ranário dos Barbalhos! Sabe quanto custou isto aqui, Brasil? Duzentos milhões de reais, duzentos milhões de reais! Aqui - foca de novo, TV Senado - há 36 rãzinhas, todinhas de boca aberta, falando assim: “Ei, psiu, a sobrinha dá para mim, por favor”. Mas não deram nada. Ficaram só para si. Olha, Paim, as rãzinhas todas abandonadas.

            E a coisa foi. Receberam dinheiro. Olha, Brasil, olha Brasil! Deixe-me pegar direito. Olha, Brasil!

            Olha o que era o ranário de 200 milhões! Olhem vocês que estão na galeria. Olha como o nosso Brasil é tão roubado. Duzentos milhões de reais! Duzentos milhões de reais! Esse barracãozinho aqui não custa nem R$5 mil! Olha, Brasil, olha aqui os R$200 milhões.

            Sabe o que é hoje este ranário? Nada. Não existe mais. Ficaram com o dinheiro, e não existe mais o ranário. Se você for ao local disto aqui hoje, existem casas residenciais, cujo foi terreno invadido. Foram construídas casas residenciais! Requeremos, baseados no que preceitua o art. 3, §3º, do art. 58 da Constituição Federal, combinado com o art. 145 do Regimento Interno do Senado Federal, a criação de uma comissão parlamentar de inquérito.

            Até que enfim! Até que enfim, creio eu, Srs. Senadores. Sinceramente, o Senador que não assinar esta CPI é porque não quer ver um Brasil moralizado.

            Eu espero que os 81 Senadores desta Casa possam mostrar ao Brasil que ainda existem políticos sérios, competentes e comprometidos com a sociedade brasileira.

            Senador Cássio, a corrupção é uma droga, Senador; é uma droga insaciável, Senador. A corrupção é incurável, Senador! Quem a pratica nunca deixa de praticar, Senador! Essas pessoas precisam, para deixar de praticar, ir para a cadeia, Senador. Mas não são só aqueles que praticaram o mensalão. Isto aqui que estou falando, e a cada terça-feira vou falar, doa a quem doer, podem me acusar do que quiserem... Este caboclo do Marajó é limpo! Teve formação familiar, pai pobre, mãe pobre, mas me educaram com dignidade, me deram o sentido da moral, da moralidade...

            (Soa a campainha.)

            O SR. MÁRIO COUTO (Bloco/PSDB - PA) - ... da educação, da ética, do respeito ao povo, do respeito ao dinheiro público. Por isso, eu tenho coragem aqui, Pedro Taques, de vir a esta tribuna, encarar qualquer acusação, qualquer uma, e não me rendo nem a jornal que foi conquistado com o dinheiro do povo, nem a televisão conquistada com o dinheiro do povo.

[...] Comissão Parlamentar de Inquérito composta de 11 membros titulares e 7 suplentes para, num prazo de 180 dias, apurar, no período compreendido entre o ano de 1997 até os dias atuais, as causas, condições e responsabilidades relacionadas aos graves problemas verificados na aplicação de recursos públicos oriundos da Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia [acabaram com a Sudam].

            Cássio Andrade, esse povo acabou com a Sudam! Cássio Andrade, levaram todo o dinheiro da Sudam. Acabaram. Acabaram com aquilo que era a esperança da Amazônia. Acabaram com aquilo que podia ter rendido o desenvolvimento do meu Estado. Levaram o dinheiro da Pátria! Levaram o dinheiro dos paraenses!

            É a hora, Senadores! É a hora, Senadores, de apurarmos tudo. Arquivaram os processos, e eu estou indo com o Joaquim Barbosa, sei da doença dele, mas vou esperar. Vou esperar para mostrar a ele que a corrupção não se acaba só com o mensalão. Nós temos que pegar os maiores corruptos desta Pátria e pôr na cadeia, seja quem for! Seja Deputado, seja Senador, seja quem for! Lugar de corrupto é na cadeia!

            “Destinada ao financiamento de projetos do Estado do Pará [coitado do meu Pará], cujo desvio de verba tem se avolumado de forma assustadora.”

            Aqui, Presidente - não vou ler, já passou o meu tempo -, há toda a justificação, e estou dando entrada hoje. Espero que V. Exª seja o primeiro a assinar para que a gente possa dar um sinal de moralidade a esta Pátria querida.

            Quero aqui, meu nobre Pedro Taques, congratular-me com o promotor - da sua terra, me parece.

Impõe-se como medida de extremada importância manifestar voto de congratulações ao Digníssimo Procurador da República do Estado do Tocantins [isso é Mato Grosso, não é?] Dr. Rodrigo Luís Bernardo, em razão de sua decisão, [repito, Dr. Rodrigo Luis Bernardo], em razão de sua decisão [no final da semana passada, divulgada na TV mais séria que temos no Estado do Pará, da Rede Globo, a TV Liberal.]

[...] Procurador da República do Estado do Tocantins [repito], Dr. Rodrigo Luís Bernardo [...]

            Por que estou repetindo? Porque quero agradecer a esse Procurador, porque quero que o Brasil saiba o nome de pessoas corretas e dignas que precisam ser ressaltadas nesta tribuna deste Senado.

[...] Dr. Rodrigo Luís Bernardo [repito de novo], em razão de sua decisão, sem qualquer sombra de dúvida, resplandecer o justo, o moral e o ético neste País que, certamente, não tolera mais desvio de conduta, corrupção ou qualquer outra postura atentatória ao Erário.

Lamentavelmente, o Estado do Pará singra o mar das notícias negativas, ao ter novamente um escândalo de corrupção que macula o seu desenvolvimento, a sua gente e a sua terra.

(Soa a campainha.)

            O SR. MÁRIO COUTO (Bloco/PSDB - PA) -

Não se pode mais conviver com a miséria e a situação degradante de milhares de pessoas que têm como única opção de sobrevida os programas e projetos do Governo, mas que, lamentavelmente, têm seus cofres descaradamente saqueados por pessoas sem qualquer escrúpulo, como no caso do desvio de mais de duzentos milhões de reais [...] [...para um ranário, para criação de rã, que nunca, jamais, apareceu].

            Por isso, estamos nos congratulando com o DD. Procurador-Geral da República do Estado do Tocantins, que volta novamente à questão, e que nós vamos acompanhar aqui, através de uma CPI.

            Meu nobre Senador Paim, desço desta tribuna, mais uma vez, certo de que é minha, Senador…

(Soa a campainha.)

            O SR. MÁRIO COUTO (Bloco/PSDB - PA) - … a obrigação de combater a corrupção. Eu sei que aqueles que praticam sentem na pele. Eu sei que aqueles que praticam ficam incomodados, porque isto aqui pode resultar em cassação de mandato; porque isto aqui pode resultar em cadeia; porque, com isto aqui, o Brasil começa a despertar novamente para um caso que está sepultado há dez anos, mas que agora foi levantado pelos mensaleiros. Que os paraenses querem que julguem. Que os paraenses querem o retorno do seu dinheiro. Que nós não podemos ficar calados.

            Eu sei que dói, Jader Filho! Eu sei que dói, menino! Mas a corrupção é um mal, a corrupção é uma droga, a corrupção vicia, Jaderzinho.

(Soa a campainha.)

            O SR. MÁRIO COUTO (Bloco/PSDB - PA. Fora do microfone.) - E você já se viciou na corrupção, infelizmente.

            Muito obrigado, Senador Paim.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 13/03/2013 - Página 9336