O SR. ROMERO JUCÁ (Bloco/PMDB - RR. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, pedi a palavra para fazer um registro e alguns comentários que considero importantes sobre a situação da economia no País e sobre ações e providências tomadas, nos últimos dias, pelo Governo Federal.

            Primeiro, quero dizer que nós fomos pegos de surpresa com a previsão publicada hoje na imprensa de que a previsão para este ano é de decréscimo na produção da indústria brasileira, na produção industrial; exatamente diferente do que aconteceu no mês de janeiro, porque, no mês de janeiro, Senador João Claudino, a indústria brasileira, a produção industrial cresceu 2,5% e, de repente, a pesquisa feita pela Fiesp, pela Confederação Nacional da Indústria e por alguns setores da economia apontam uma preocupação e um desaquecimento desse crescimento econômico. Essa é uma constatação que precisa ser feita e precisa ser enfrentada pelo Governo.

            A Presidenta Dilma já tomou algumas medidas, por coincidência na mesma semana, que eu quero aqui enaltecer. A primeira delas foi o lançamento do plano Inova Empresas, que prevê aporte de R$33 bilhões para inovação tecnológica. Junto com essa inovação tecnológica e com esse plano, o Ministério da Ciência e Tecnologia e o Governo Federal criaram a Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii), que é nada mais nada menos do que a busca de criar para a indústria o que se fez da Embrapa para a agricultura brasileira.

            A Embrapa hoje é referência mundial. A Embrapa hoje tem cientistas de primeira linha que ajudam o Brasil a produzir da forma como está produzindo, e mais do que isso: a Embrapa hoje transborda o território brasileiro e vai a outros países, inclusive África, para dar assistência técnica, levar inovação tecnológica para que se resolva ou, pelo menos, se enfrente um pouco a questão da fome naquele continente.

            Então, a Presidenta Dilma lançou o programa e lançou a Embrapii exatamente para que nós tenhamos condições de dar à indústria brasileira a tecnologia e a competitividade necessárias para atendermos nosso mercado interno, que hoje é deficitário.

            A balança comercial-industrial do ano que passou, Senador João Claudino, foi negativa em US$50 bilhões para o Brasil. Nós deveríamos estar produzindo aqui aquilo que estamos importando da China, de Taiwan, da Coréia, dos Estados Unidos e da Europa.

            Então, é fundamental que nós tenhamos a condição - e o Ministro Raupp disse muito bem, a Embrapii vai fazer a ligação entre as empresas e os cientistas, os pesquisadores e as universidades, no sentido de fazer com que nós tenhamos esse casamento que vai levar o Brasil a ter melhores condições de competitividade, de preço, de atendimento ao mercado interno e, por que não dizer também, de competitividade em nível internacional.

            Portanto, quero aqui parabenizar a Presidenta Dilma, o Ministro Raupp, da Ciência e Tecnologia, e toda a equipe técnica da Embrapii, que assume com essa responsabilidade de ser ou de ter na Embrapii um modelo de como levar a sua condição de trabalho ao povo brasileiro.

            E, por falar em Embrapa, o último registro que quero fazer é um registro extremamente positivo também, que é o anúncio de que a produção de grãos da safra 2012/2013, Senadora Ana Amélia, vai crescer em 10% em referência à safra anterior. Nós deveremos ter a previsão de 183 milhões de toneladas de grãos, exatamente por conta da Embrapa, por conta da pesquisa, por conta da tecnologia de ponta dos empresários brasileiros, por conta, enfim, da modernidade e da forma como tanto o médio e grande empresário quanto a agricultura familiar estão sendo tratados em nosso País.

            Eu concedo o aparte à Senadora Ana Amélia.

            A Srª Ana Amélia (Bloco/PP - RS) - Tomara mesmo, e eu torço para que essa nova empresa voltada à inovação e à tecnologia crie as condições para que aconteça no setor industrial brasileiro o que aconteceu na agricultura com o trabalho da Embrapa, que está fazendo este ano, em abril, 26, 40 anos. É uma jovem empresa que é reconhecida hoje em toda a América Latina, na África, e vários países também do Primeiro Mundo olham a Embrapa como um bom exemplo de um centro de excelência na pesquisa. Mas, quando V. Exª se refere a esse aumento da produção agrícola, que os agricultores estimulados pelos preços, porque preço é que estimula o aumento do plantio, Senador Romero Jucá, que nós temos que fazer um outro dever de casa, assim como fizemos com a Embrapa, que é criar as condições logísticas, porque isso nós estamos devendo. E eu espero que a criação da EPL, a empresa de Planejamento e Logística, comandada pelo Bernardo Figueiredo, venha suprir essas deficiências que hoje são muito, muito graves e estão retirando competitividade dos nossos produtores rurais. Eu imagino que lá, na Região Norte, eu andei pela 364 lá em Rondônia, e a situação é realmente muito complicada. Em Mato Grosso do Sul, a situação é igual também. A mesma estrada. É uma situação complicada no escoamento. Não temos armazéns, os portos estão sobrecarregados. A medida provisória dos portos é bem-vinda. Tomara que se chegue a um termo rapidamente. E eu queria cumprimentá-lo pelo pronunciamento, lembrando que esses ganhos se devem muito também à coragem dos agricultores, Senador Romero Jucá.

            O SR. ROMERO JUCÁ (Bloco/PMDB - RR) - É verdade. Eu agradeço o aparte de V. Ex^a, Senadora Ana Amélia, e quero registrar, como V. Ex^a disse, que efetivamente o preço é que motiva a produção. O preço, a tecnologia, o ganho de produtividade. E, como não poderia deixar de ser, a soja, nesse crescimento da produção de grãos, continua sendo o grande destaque, exatamente pelo preço e pela forma como se produz a soja hoje no Brasil.

            A soja vai ter um crescimento de 23% da safra anterior para a safra deste ano, o que realmente é um número extremamente gratificante e extremamente grandioso. O que nós temos que fazer - só para concluir o raciocínio, e darei o aparte a V. Ex^a - é cuidar da logística e cuidar da agroindústria, porque, na verdade, nós não podemos também ser um País de exportar só produtos primários. Nós temos que ter, na agroindústria, na indústria, o ganho de qualidade, o ganho de capital, o ganho de acréscimo do produto, para que nós tenhamos condição de deixar mais riquezas no nosso País.

            Eu concedo novamente o aparte a V. Ex^a.

            A Sr^a Ana Amélia (Bloco/PP - RS) - Eu queria apenas aproveitar, já que V. Ex^a fez isso, para fazer um registro, uma homenagem, como gaúcha que sou, a um correligionário seu, do PMDB, que comandou até sexta-feira o Ministério da Agricultura, o Deputado Mendes Ribeiro Filho, que, com a sua equipe, trabalhou intensamente, a despeito dos seus problemas de saúde, para tornar essa agricultura exitosa, que dá esse avanço, esse salto, como reconheceu V. Ex^a, em relação aos preços. Então, eu queria aproveitar esta oportunidade, pela forma como Mendes Ribeiro Filho se comportou e agiu no Ministério da Agricultura, que, seguramente, teve participação muito grande, porque ele conversou muito, esteve em todo o Brasil, especialmente no nosso Estado, ajudando sempre a atender às demandas que o setor agropecuário solicitou ao Ministro Mendes Ribeiro Filho. Então, ele prestou um grande serviço. Faço isso com toda a convicção. É uma questão de justiça ao Ministro que deixou o Ministério, Senador Romero Jucá.

            O SR. ROMERO JUCÁ (Bloco/PMDB - RR) - V. Ex^a faz um registro extremamente importante e justo. O Deputado Mendes, que é nosso companheiro de Partido, do PMDB, exerceu um mandato no Ministério da Agricultura com extrema competência, com extrema honestidade, com extremo compromisso com a agricultura e, se deixa o Ministério por razões pessoais, que todos nós lamentamos, porque vive, na verdade, um drama de saúde, que está enfrentando com coragem, como é o seu coração e o seu espírito. Mas é o que a Presidenta Dilma disse ao Mendes... Eu estava na posse do novo Ministro, e, na despedida do Mendes, ela disse com muito carinho e levou às lágrimas muitas pessoas que estavam na posse. Lá na transmissão de cargos, ela proibiu o Mendes de ficar para cima e para baixo, de ficar andando.

            O Mendes tem que cuidar da saúde dele, porque ele é um grande brasileiro, é um grande parceiro, é um grande peemedebista, é um grande gaúcho e precisa, sem dúvida nenhuma, cuidar da saúde, para que tenha condição de ocupar novos desafios. A Presidente Dilma o instou: “Mendes, você vai ocupar novos desafios. Cuide-se, porque o Brasil precisa muito de você”.

            Então, para encerrar, com chave de ouro, este pronunciamento falando sobre o fortalecimento da agricultura brasileira, eu quero registrar esse grande trabalho do Ministro Mendes Ribeiro, do amigo Mendes Ribeiro, e desejar ao Deputado Toninho Andrade, de Minas Gerais, também do PMDB, coordenador da Bancada do PMDB de Minas, que tenha, no Ministério, o mesmo sucesso, o mesmo caminho. O Deputado Toninho Andrade é um Deputado articulado, um Deputado do bem, um Deputado produtor rural também, engenheiro, quer dizer, com a formação sólida, com todas as condições de seguir e ampliar os caminhos da agricultura brasileira.

            Então, fica aqui este registro: o abraço ao Mendes Ribeiro, votos de felicidade ao Toninho, que assume. E o registro de que a Presidenta Dilma e todos nós, do Congresso brasileiro, temos que cuidar, este ano, Presidente João Claudino, nós não podemos deixar a economia arrefecer, nós não podemos deixar a inflação crescer. Nós temos que retomar a curva de crescimento da economia, a curva de geração de empregos, a curva da produção, para que o Brasil possa distribuir ainda mais riquezas e, em homenagem aqui à chegada do Senador Cristovam Buarque, que o País tenha mais recursos para investir mais ainda na educação, para transformar a vida dos milhões de brasileiros que precisam de uma vida com mais dignidade.

            Muito obrigado, Sr. Presidente.