O SR. ALVARO DIAS (Bloco/PSDB - PR. Para uma comunicação inadiável. Sem revisão do orador.) - Muito obrigado, Presidente Jorge Viana, Srs. Senadores, Srªs Senadoras, em memória do saudoso Embaixador Hugo Gouthier -- sem esquecer, é evidente, do contribuinte brasileiro -- faço este registro que, aliás, já foi feito pela imprensa internacional. Aqui, o jornal ABC, de Madrid, estampa em manchete: “El socialismo de Dilma Rousseff: 52 habitaciones de hotel y 17 coches para ver al Papa”. Esta é a manchete. Portanto, uma visita que teve repercussão internacional.

            Mas eu me lembro que o Embaixador Hugo Gouthier foi o responsável, nos idos de 1960, pela competente negociação e compra do belo Palácio Pamphili, construção inigualável do barroco italiano, sede de nossa embaixada em Roma. O palácio foi originalmente construído para abrigar a residência do Papa Inocêncio X. Localizado na famosa Piazza Navona, o prédio é realmente esplendoroso, desde a reforma que o Embaixador Gouthier realizou após o prédio ter sido incorporado ao patrimônio da República brasileira. Em síntese, é uma embaixada belíssima e luxuosa, certamente a mais cobiçada das embaixadas em todo o mundo.

            Hoje a imprensa internacional revela que a Presidente Dilma declinou de se hospedar na residência oficial de nossa Embaixada para ficar em um hotel na Via Veneto, zona nobre e luxuosa da cidade, nos três dias da viagem para assistir à entronização do Papa Francisco.

            Veja -- o Senador Mão Santa diria: atentem bem, atentem bem --, a logística da comitiva presidencial impressiona. Envolveu 52 apartamentos do hotel e 17 veículos. A frota inclui sete veículos sedã com motorista, um carro blindado de luxo, quatro vans executivas com capacidade para 15 pessoas cada, um micro-ônibus e um veículo destinado aos seguranças, sem falar de um caminhão-baú e dois furgões para o transporte de bagagens e equipamentos. A diária da suíte presidencial gira em torno de R$8 mil, e o apartamento mais barato, aproximadamente R$900.

            Ora, Sr. Presidente, é uma agressão ao bom senso, à realidade, mas é, sobretudo, uma agressão à pobreza, que não foi exterminada no Brasil, como a propaganda oficial tenta insinuar. É um País que abriga boa parte da sua população na faixa de pobreza.

            Então, é evidente que isso causa inconformismo e indignação. E não é por outro motivo que a imprensa internacional cuida do assunto, impressionada com o fato. É evidente que esse fato não poderia passar desapercebido.

            Enquanto a grande Embaixada do Brasil, na Piazza Navona, que tem a aparência de um grande hotel, ficava às moscas, a Presidente Dilma…

(Soa a campainha.)

            O SR. ALVARO DIAS (Bloco/PSDB - PR) - … e a sua enorme comitiva… Esta é outra indagação: 52 apartamentos! Ora, é uma pequena multidão, que seria suficiente para fazer um comício em frente à Embaixada do Brasil, na Piazza Navona. Se a comitiva da Presidente Dilma se reunisse em frente à Embaixada, na Piazza Navona, imaginariam estar havendo ali um comício.

(Soa a campainha.)

            O SR. ALVARO DIAS (Bloco/PSDB - PR) - Portanto, uma comitiva que ocupa 52 apartamentos de hotel e mobiliza uma frota enorme de veículos, no contexto de uma cerimônia de entronização papal, é um acinte ao cidadão que paga impostos. Não é crível que uma comitiva desse porte tenha ido à Roma num clima de ato de contrição. O Papa, amigo dos pobres, recebe a Presidente do Brasil com uma comitiva luxuosa. Ao que parece, foi uma missão de turismo oficial.

            Nós já sabemos que o governo é perdulário, que gasta, demasiada e desnecessariamente, em paralelismos, em superposição de ações, em despesas correntes, há gastos excessivos…

(Soa a campainha.)

             O SR. ALVARO DIAS (Bloco/PSDB - PR) - … com os cartões corporativos, mas esse espetáculo turístico em Roma é uma afronta à pobreza no Brasil.