Pela Liderança durante a 39ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Críticas ao Governo Federal no que se refere ao combate à inflação.

Autor
Alvaro Dias (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/PR)
Nome completo: Alvaro Fernandes Dias
Casa
Senado Federal
Tipo
Pela Liderança
Resumo por assunto
GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO, ECONOMIA NACIONAL.:
  • Críticas ao Governo Federal no que se refere ao combate à inflação.
Publicação
Publicação no DSF de 02/04/2013 - Página 13973
Assunto
Outros > GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO, ECONOMIA NACIONAL.
Indexação
  • CRITICA, INEFICACIA, ATUAÇÃO, GOVERNO FEDERAL, COMBATE, INFLAÇÃO, REFERENCIA, POSIÇÃO, BANCO CENTRAL DO BRASIL (BACEN), ASSUNTO, REGISTRO, PREJUIZO, BRASILEIROS, AUSENCIA, ESFORÇO, PRESIDENTE DA REPUBLICA, RESISTENCIA, ECONOMIA NACIONAL.

            O SR. ALVARO DIAS (Bloco/PSDB - PR. Pela Liderança. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Senador Ataídes, farei um breve pronunciamento para o registro de uma enorme preocupação que assola os brasileiros responsáveis.

            No ano de 2012, o Chile, o Peru e a Colômbia cresceram quatro vezes mais que o Brasil e com uma inflação que ficou pela metade. É exatamente sobre a falta explícita de coesão do Governo Federal na condução da política econômica que registramos a nossa preocupação nesta segunda-feira.

            Os instrumentos de comunicação da política econômica com o mercado - atas do Copom e os relatórios da inflação - estão sendo minados em face das declarações desencontradas das autoridades do Governo que expõem a falta de unidade interna no tocante aos rumos da própria política macroeconômica do Pís.

            Dessa vez foi a Presidente Dilma que veio a público para declarar que as linhas de combate à inflação não estavam alinhadas com o Banco Central. Da África do Sul, onde participou da reunião dos BRICS, ela afirmou que a escalada da inflação é proveniente de choques externos e que seu Governo não irá adotar nenhuma política que sacrifique o crescimento econômico e o emprego.

            A repercussão do completo desencontro entre a fala da Presidente Dilma e a estratégia do Banco Central de combate à inflação - pouco antes de o Relatório de Inflação ser divulgado pela instituição - obrigou a um desmentido formal, no qual ela denunciou “manipulação da notícia”. Mais do que depressa, o Presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, reafirmou que “não há tolerância em relação à inflação.”

            O diagnóstico feito pelo Banco Central sobre as causas da inflação e explicitado nas atas do Copom e no Relatório de Inflação colide frontalmente com a primeira visão manifestada em Durban. Segundo o Banco Central, as causas internas prevalecem às externas para justificar o patamar superior a 6% da inflação no período de 12 meses.

            Como tão bem sintetizou Celso Ming na sua análise em O Estado de S. Paulo, são fundamentalmente três as causas da atual inflação:

1 - descompasso entre uma “demanda robusta” e uma oferta fraca, ou, em outras palavras, incapacidade da produção interna de dar conta do forte consumo;

2 - política de gastos públicos frouxa demais;

3 - e mercado de trabalho excessivamente aquecido.

            É fundamental destacar que o Banco Central tem feito verdadeira “profissão de fé” para convencer que não existe qualquer incompatibilidade entre o arsenal utilizado para combater a inflação e o cenário propício para o crescimento econômico. A propósito, no §32 da mais recente ata do Copom, está dito que “taxas de inflação elevadas reduzem o potencial de crescimento da economia, bem como de empregos e de renda.”

            A despeito do dito pelo não dito - desmentidos à parte -, como destacam credenciados especialistas, a Presidente Dilma conseguiu disseminar, junto aos agentes econômicos que não advoga a tese de tolerância zero com a inflação.

            Há muitos complicadores na atual condição da economia brasileira que se somam à babel reinante no seio do Governo. Nas contas fiscais, por exemplo, transparência e previsibilidade passam ao largo das decisões adotadas. As manobras contábeis...

(Soa a campainha.)

            O SR. ALVARO DIAS (Bloco/PSDB - PR) - ... deixam um rastro de desconfiança no mercado.

            A última derrapagem - no âmbito do BNDES - provocou calafrios nos analistas internacionais. Um impecável editorial de hoje de O Estado de S. Paulo traduziu que “a ligeireza e a irresponsabilidade com que o governo agiu para obter um resultado a curto prazo, desprezando normas fundamentais para assegurar a credibilidade do balanço de uma instituição do porte e da importância do BNDES”, sem dúvida, expõem a instituição de fomento a um desgaste concreto.

            O contexto e as circunstâncias que molduraram a manobra contábil realizada no balanço do BNDES influenciaram o rebaixamento na classificação de risco do BNDES e do BNDESPar: “deterioração da qualidade de crédito intrínseca e, particularmente, o enfraquecimento de suas posições de capital de nível”.

            A linguagem dos especialistas é hermética, rebuscada e de difícil compreensão para a maioria da população.

(Soa a campainha.)

            O SR. ALVARO DIAS (Bloco/PSDB - PR) - Mas o que pode ser colhido em qualquer esquina: a inflação voltou e já impõe danos ao orçamento das famílias. O Governo, por sua vez, não marcha unido para combatê-la e vem sendo leniente nas suas fileiras combativas.

            Concluímos, Sr. Presidente, que, lamentavelmente, o Governo não adota a estratégia de “tolerância zero” em relação à corrupção e muito menos agora quanto ao combate à inflação.

            Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 02/04/2013 - Página 13973