Pela Liderança durante a 40ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Críticas à Federação Paraense de Futebol.

Autor
Mário Couto (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/PA)
Nome completo: Mário Couto Filho
Casa
Senado Federal
Tipo
Pela Liderança
Resumo por assunto
CORRUPÇÃO, ESPORTE.:
  • Críticas à Federação Paraense de Futebol.
Publicação
Publicação no DSF de 03/04/2013 - Página 14352
Assunto
Outros > CORRUPÇÃO, ESPORTE.
Indexação
  • CRITICA, ATUAÇÃO, FEDERAÇÃO, AMBITO REGIONAL, ESTADO DO PARA (PA), FUTEBOL, MOTIVO, PARTICIPAÇÃO, HIPOTESE, CORRUPÇÃO, RELAÇÃO, DESVIO, RECURSOS, ORIGEM, TIME.

            O SR. MÁRIO COUTO (Bloco /PSDB - PA. Como Líder. Sem revisão do orador.) - Obrigado, Presidente.

            Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, venho a esta tribuna, na tarde de hoje, abordar novamente o tema corrupção. Sei que muitos ficam incomodados, mas sei que é meu dever, sei que é minha obrigação.

            O meu Estado, da Virgem de Nazaré, minha querida mãe, padroeira dos paraenses, elegeu-me para que eu pudesse aqui representá-los, representá-los com dignidade, com coragem, com sensatez, com espírito de bravura que tem o povo do Pará e que tem o povo do meu querido Marajó, terra onde nasci.

            Jamais me curvarei a ameaças! Jamais me curvarei à covardia! Defenderei os princípios da moralidade custe o que custar, doa a quem doer!

            O orador que me antecedeu abordou exatamente o tema que vou abordar: o esporte.

            É triste, torcedores paraenses, meu nobre Presidente, é muito triste saber que, no meu Estado do Pará, em que há mais de sete milhões de habitantes e que possui dois clubes com mais de cem anos, o Remo e o Paysandu, com torcidas acima de dois milhões de pessoas - cada um, Sr. Presidente -, com tradições de glórias regionais, nacionais e internacionais, esses clubes, hoje, torcedor paraense, vivem à mercê de uma ditadura imposta pela Federação Paraense de Futebol, pela corrupta Federação Paraense de Futebol.

            Não sou leviano. Os companheiros Senadores e Senadoras sabem que, quando venho à tribuna falar em corrupção, trago provas.

Não falo aleatoriamente. Não acuso ninguém sem provas. Estou falando dos dirigentes da Federação Paraense de Futebol e vou mostrar as provas da corrupção cínica e desenfreada daqueles diretores.

            Os clubes paraenses tradicionais vivem à custa do sacrifício de pagar uma folha de jogadores de R$300 mil, R$400 mil. Quando se compara a nossa folha com a de outros centros, como Goiás e Ceará, que pagam folhas de R$1 milhão, com a ajuda das federações, a nossa faz o contrário. A nossa suga os clubes tradicionais. A nossa pisa nos clubes tradicionais. A nossa sangra as rendas de mais de R$1 milhão no clássico Remo e Paysandu e devolve aos clubes o que sobra, quando os verdadeiros donos do espetáculo são os jogadores e os clubes, que menos são ajudados.

            Ao contrário, senhor torcedor, que vai ao estádio ver o seu clube. A dificuldade que tem o seu clube de pagar um bom jogador, a dificuldade que tem o seu clube, torcedor azulino e torcedor do Papão - como chamam o torcedor do Paysandu -, de pagar uma folha de pagamento mensal altamente enxuta, é porque a Federação lesa, tira dos clubes paraenses.

            Eu procurei me aprofundar no assunto. Volto a repetir: não sou leviano para chegar aqui e inventar algo ou acusar alguém.

            Trouxe provas e vou mostrar ao torcedor paraense como é que se faz - retirem das notas taquigráficas a palavra chula que vou dizer agora - [...] no futebol do Estado do Pará!

            Há quanto tempo não se vê um clube paraense na primeira divisão?! Há quanto tempo um torcedor paraense não pode ver seu clube disputando um campeonato brasileiro da primeira divisão, quando, outrora, já fizemos isso, já disputamos Libertadores?! E agora? Agora, estamos falidos, à custa da corrupção desse coronel que se implantou... Pasmem, senhoras e senhores! Sabem há quantos anos o Presidente da Federação Paraense de Futebol dirige aquela federação? Sabem há quantos anos? Somem o Fidel Castro com o Hugo Chávez, já falecido, com Evo Morales, com todos os ditadores, e ele ainda ganha pelo tempo que está lá dirigindo a Federação Paraense de Futebol! Maldito! Maldito ditador! Por mais de 20 anos, mais de 20 anos, esse homem dirige a Federação Paraense de Futebol!

            Eu assisti. Foi na cara de um Senador da República, na frente, paraense, de um Senador da República! Visitando uma obra na Vila de Cuiarana, em Salinas, uma cidade próspera e hospitaleira, uma das mais belas e bonitas cidades do Brasil, sabem o que aconteceu, senhores e senhoras? Um diretor da Federação Paraense de Futebol assumiu, na marra, as obras do clube, para poder ganhar do clube e para que esse clube pudesse ficar na mão, tirando proveito do que quisesse da Federação.

            Não deixamos. Não deixamos que isso acontecesse! Era tudo que eles queriam para que o Senador Mário Couto pudesse ficar submisso. Enganaram-se! Morderam a isca, morderam a isca.

            Eu aqui, desta tribuna, Sr. Presidente, denunciei o fato, mostrei à Nação, mostrei ao Estado do Pará. E eles, então, a partir do meu pronunciamento, começaram a sacrificar o clube do qual sou Presidente de honra. Tiraram o clube do campeonato; tiraram o clube do campeonato! O clube está no G4. Olhe o tipo de corrupção! Olhe o tipo de ditadura!

            Agora, Presidente, tem gente que fica com raiva de mim, tem gente que diz que eu pego forte quando eu chamo corrupto de ladrão. O que o corrupto é, na verdade? É um ladrão ou não é? O senhor é um ladrão, Coronel! O Sr. Romano, seu diretor, é um ladrão também, Coronel!

            Eu assumo o que digo, Coronel! Estão aqui as provas do roubo. Entre na justiça contra mim. O senhor rouba o Remo, o Paysandu, os clubes menores. O senhor assalta o futebol paraense, o senhor pisa nos clubes do Pará. O senhor precisa ir para a cadeia, Coronel, porque está acabando com o futebol do meu Estado.

            E o senhor, agora, pegou pela frente um homem de coragem, que não tem medo nem de V. Exª nem de nenhum corrupto. Tenho receio dos maus. Tenho, Coronel. Mas, para esses maus me atingirem, eles precisam passar por cima do cadáver deste homem.

            A minha terra, para mim, é sagrada. O meu povo tem de ser respeitado. Não é V. Exª, com a feiura que tem, que vai aos Estados fazer o espetáculo para o torcedor.

São os jogadores profissionais, que recebem do clube para fazerem o espetáculo da alegria do torcedor, e V. Exª atirar neles.

            Vá, Coronel, vá à Justiça. Reclame na Justiça que eu lhe chamei de ladrão. Reclame, Coronel! Reclame, Romano! Tu sabes por que eu estou lhe chamando de ladrão, Romano. Tu sabes por quê. Porque tu roubas, na realidade.

            Precisamos combater a corrupção. A corrupção está generalizada neste País. Ela está em todos os cantos; ela está em todos os lugares; ela está nos Ministérios; ela está em todos os lugares; ela está no esporte; e nós precisamos ter a coragem para encarar.

            Eu fico triste quando eu vejo na imprensa a discussão de que aqueles que foram condenados no mensalão provavelmente não irão mais para a cadeia. O que faço eu aqui, Suplicy? O que devo mais fazer da vida, Suplicy, se esses patifes do mensalão não forem para a cadeia? Como vai ficar esta Pátria, Suplicy? Diga-me! Que Pátria é essa, Suplicy? Nascem, brotam, a toda hora, ladrões neste País, ladrões do dinheiro público, ladrões do dinheiro privado, ladrões de tudo, de toda espécie.

            Um coronel, um coronel reformado da Polícia Militar tem o direito de roubar o futebol paraense. Sabe por quê, Suplicy? Porque no Brasil todo mundo rouba. A lei é esta: rouba, Brasil! Pode roubar! Ninguém vai preso nesta terra! Bonito, não é, Suplicy? Muito bonito. Olha para o Rui Barbosa, Suplicy, olha. Olha, Suplicy. Olha quem está acima dele, Suplicy. O Cristo, que veio aqui sofrer por nós.

            Coronel Nunes. Grava, Brasil, este nome: Coronel Nunes! Seu assessor, Romano.

            Olhem aqui, senhores ouvintes da TV e da Rádio Senado e aqueles que me dão o prazer de me escutarem nas galerias. Olha aqui, Senador Alvaro Dias, V. Exª que já lutou muito contra a corrupção no esporte brasileiro. Olhem aqui: esta empresa, que eu vou mostrar à TV Senado. Olhem essa corrupção, Brasil! Olhem como funciona a bandalheira neste País! Esta empresa chama-se Rocha Romano. Vocês se lembram do nome que eu acabei de chamar de ladrão? Romano. Eu acabei de chamar. O nome que eu acabei de chamar de ladrão é Romano. Olhem como ele é cínico! É um ladrão cínico! Esta aqui é uma empresa de venda de passagens aéreas. Cada clube paraense... Está aqui um clube paraense comprando passagens na empresa dele, que funciona dentro da Federação Paraense de Futebol. Você é obrigado, como presidente de um clube no Pará, a ir ao Romano, ladrão, e comprar da empresa dele as passagens.

            Está aqui, Brasil, a prova tão cínica de um ato de ladroagem e de corrupção!

            O faturamento é brutal. O faturamento, só aqui na minha mão, são 23 passagens aéreas compradas, que o clube é obrigado a comprar da empresa desse diretor da Federação. Como o Governo do Pará ajuda os clubes, esse valor das passagens já vem descontado na ajuda que o Governo dá para os clubes.

            Nenhum clube tem direito de comprar passagem área em outra companhia, só na do ladrão Romano!

            Vai, Romano, vai à Justiça reclamar contra mim. Eu quero levar as testemunhas dos teus atos de ladroagem. Eu quero que a tua prisão seja a mais rápida possível. Eu quero te ver algemado. Aliás, por falar em algemado, quero dizer, Srª Presidenta,...

            (Soa a campainha.)

            O SR. MÁRIO COUTO (Bloco/PSDB - PA) - ... quero dizer, não, eu quero agradecer aos Senadores e Senadoras que já assinaram a CPI da Sudam. Acho que, hoje, Srª Presidenta, nós concluiremos as assinaturas que o Regimento manda.

            Estarei eu sem medo. Nasci no Pará, me criei no Marajó, pobre, com decência. Continuo pobre, mas não tenho medo de falar a verdade desta tribuna, que é o eco, que é a voz do meu Pará e do meu País.

            Esta boca...

            (Interrupção do som.)

            O SR. MÁRIO COUTO (Bloco/PSDB - PA) - ... só vou calar quando este corpo não andar mais, quando não tiver mais forças para subir aqui. Vocês, corruptos, não vão se livrar dela enquanto isso não acontecer. Coronel, V. Exª... Perdão, não posso chamá-lo de V. Exª. Como se chama ladrão? (Fora do microfone.) Ajudem-me. Não é V. Exª, como é? Para ladrão, como é que a gente chama? Ninguém sabe?

            Maldito ladrão. É assim que se fala. Não é V. Exª, é maldito ladrão, que tem colocado o futebol paraense no fundo do poço.

            Eu ainda vou te ver preso, Coronel. V. Exª... V. Exª, não. Maldito Coronel, vou te ver preso. Maldito Coronel e toda a tua corja safada, que termina e acaba com o futebol do meu querido Pará.

            Muito obrigado, Presidenta.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 03/04/2013 - Página 14352