Discurso durante a Sessão Solene, no Congresso Nacional

Comemoração ao Dia Internacional da Mulher, a entregar, às agraciadas, o Diploma Mulher-Cidadã Bertha Lutz, e a lançar a Procuradoria da Mulher no Senado Federal.

Autor
Vanessa Grazziotin (PCdoB - Partido Comunista do Brasil/AM)
Nome completo: Vanessa Grazziotin
Casa
Congresso Nacional
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Comemoração ao Dia Internacional da Mulher, a entregar, às agraciadas, o Diploma Mulher-Cidadã Bertha Lutz, e a lançar a Procuradoria da Mulher no Senado Federal.
Publicação
Publicação no DCN de 07/03/2013 - Página 504
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM, COMEMORAÇÃO, DIA INTERNACIONAL, MULHER, ENTREGA, DIPLOMA, CIDADANIA, DEFESA, AMPLIAÇÃO, PARTICIPAÇÃO, POLITICA, FEMINISMO, OBJETIVO, GARANTIA, LIBERDADE, RELAÇÃO, HOMEM.

            A SRª VANESSA GRAZZIOTIN (Bloco/PCdoB - AM. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão da oradora.) - Muito obrigada, Senadora Angela Portela, que preside a sessão no dia de hoje. Quero cumprimentar as Senadoras, as Deputadas, as nossas convidadas, os convidados todos que aqui prestigiam a entrega do Diploma Mulher-Cidadã Bertha Lutz às cinco mulheres guerreiras, e a sessão solene, já tradicional, das Deputadas, das Senadoras, do Parlamento brasileiro, do Congresso Nacional, em homenagem ao Dia Internacional da Mulher.

            E eu começo as minhas palavras dando um abraço muito forte, apertado e um beijo muito carinhoso nessas cinco mulheres que estão sendo homenageadas hoje: Adélia Moreira, Amabília, Telma, Luzia e a minha querida amiga, Líder Jô Moraes, Deputada Federal.

            Vocês, sem dúvida nenhuma, representam o que é a sociedade brasileira e o que é a luta das mulheres. No ano passado, nós tivemos a alegria de ter, numa sessão semelhante a esta, a presença da Presidenta Dilma, que também, como as senhoras, recebeu o Diploma Mulher-Cidadã Bertha Lutz.

            Cumprimento a Senadora Angela, a Senadora Lídice, que preside o Conselho da Mulher-Cidadã, assim como todas as Senadoras, por tudo aquilo que temos feito.

            E ter, no dia de hoje, uma sessão solene em que o Presidente do Senado anuncia a criação da Procuradoria da Mulher no Senado, é algo muito importante para a nossa luta. E quero, aqui, mesmo na ausência do Presidente do Senado, Senador Renan, que teve que se ausentar, agradecer publicamente pela confiança e indicação. Afinal de contas, na Câmara dos Deputados, participei como Deputada da luta para que criássemos a Procuradoria da Mulher, Senadora Lúcia Vânia, e agora nós teremos também a Procuradoria da Mulher aqui no Senado. E muita gente pergunta por que Procuradoria da Mulher, o que faz, qual é o trabalho da Procuradoria da Mulher.

            E eu respondo essa pergunta com outra pergunta: Vocês sabem qual o percentual de mulheres que compõem a Câmara dos Deputados, o Senado Federal, as Assembleias Legislativas, as Câmaras de Vereadores ou quantas Governadoras nós temos? E a resposta está aí: nós somos uma das maiores nações do mundo. O Brasil é uma grande Nação: 8,5 milhões/km², quase 200 milhões de habitantes, cento e noventa e poucos milhões de habitantes. Estamos entre as oito maiores economias do Planeta, mas, no ranking de 190 países, Senador Wellington, o Brasil ocupa a 158ª posição no que diz respeito ao empoderamento das mulheres, no que diz respeito à ocupação dos espaços de poder pelas mulheres.

            Esse não é o espelho da sociedade brasileira. A sociedade brasileira é composta por 51% de mulheres, e nós não podemos mais conviver com os índices de participação, em média, de 10% nos parlamentos, do Parlamento de nosso País, em todos os níveis, em todas as esferas.

            Então, não há dúvida. Nós, hoje, podemos encher o peito e falar com muita alegria. Nós temos, pela primeira vez na nossa história, na história da República, uma mulher a presidir o País, mas a presença da Presidenta Dilma não significa que nós já resolvemos todos os problemas, não. Nós precisamos resolver os problemas das mulheres em todos os âmbitos, seja na política, seja no mercado de trabalho, na educação, na saúde, em todos.

            E, aí, Deputada Janete Pietá, é que nós temos a Ministra da Igualdade Racial, e é muito importante esse Ministério para o nosso País, uma Secretaria Especial com status de Ministério, como é a Secretaria Especial dos Direitos da Mulher, porque não existe apenas a diferença social e regional; existe, sim, a discriminação por raça, por sexo, e com isso tudo nós temos de acabar, porque o índice de democracia também se mede pelo índice de respeito que a sociedade tem entre si. Então, essa é uma luta nossa muito importante.

            Então, apesar desses avanços todos, das Ministras, das Governadoras, da Presidenta Dilma, nós ainda temos uma longa estrada para percorrer. E é de Simone de Beauvoir a ideia, segundo a qual, querer-se livre é também querer livres os outros, e o Dia Internacional da Mulher, comemorado no mundo inteiro - e aqui as razões já foram ditas, nós as conhecemos plenamente, uma homenagem às mulheres operárias mortas porque lutavam por melhores condições de trabalho nos Estados Unidos. Mas a nossa luta é pela liberdade e não pela liberdade das mulheres somente, mas pela liberdade dos homens também, porque, a partir do momento em que os homens forem libertos, nós teremos uma sociedade liberta, e a liberdade só se constrói com o pedestal da igualdade. Sem o pedestal da igualdade, nós não estaremos construindo a liberdade.

            Dizendo essas palavras singelas, eu quero, aqui, homenagear - temos as cinco homenageadas - a Bancada feminina do Congresso Nacional. Hoje, nós somos 8 Senadoras entre os 81 Senadores; são 45 Deputadas entre 513 Deputados, mas muito lutadoras, unidas, e isso é muito importante porque essa luta, essa unidade, que não é só das parlamentares, é do movimento social, das entidades feministas, e que tem feito com que a gente possa conquistar os avanços.

            E eu concluo, Deputada Janete, da mesma forma que V. Exª concluiu: Basta de desigualdade! Não vamos mais tolerar esses índices que não envergonham as mulheres brasileiras, mas que envergonham o Brasil. E vamos ser ousadas, porque a ousadia é a marca da mulher. (Palmas.)

            Nós precisamos sair, Deputada Janete, todas nós, desta sessão com uma convicção. Colhemos assinatura para tudo. Vamos colher assinatura para fazer uma reforma política, mas uma reforma política que inclua as mulheres. Vamos colher assinaturas e ver quem é que realmente defende a democracia. Vamos ser ousadas na nossa luta! Vamos mostrar para o povo brasileiro e para o mundo inteiro a luta das mulheres brasileiras!

            Parabéns às nossas homenageadas, e que este 8 de março seja mais um passo, mais uma etapa na luta das mulheres brasileiras, na luta dos homens brasileiros pela construção de uma sociedade igual.

            Muito obrigada. (Palmas.)


Este texto não substitui o publicado no DCN de 07/03/2013 - Página 504