Discurso durante a 42ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Apreensão com a grande quantidade de usuários de crack no País.

Autor
Sodré Santoro (PTB - Partido Trabalhista Brasileiro/RR)
Nome completo: Luiz Fernando de Abreu Sodré Santoro
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
SEGURANÇA PUBLICA, DROGA.:
  • Apreensão com a grande quantidade de usuários de crack no País.
Publicação
Publicação no DSF de 05/04/2013 - Página 15597
Assunto
Outros > SEGURANÇA PUBLICA, DROGA.
Indexação
  • COMENTARIO, GRAVIDADE, EXPANSÃO, QUANTIDADE, USUARIO, DROGA, CRACK, ENFASE, CRIANÇA, ADOLESCENTE, REGISTRO, NECESSIDADE, MELHORIA, ASSISTENCIA, TRATAMENTO, PESSOAS, DEPENDENCIA, QUIMICA, ANALISE, INSUFICIENCIA, ATIVAÇÃO, PROGRAMA DE GOVERNO, ASSUNTO, DEFESA, ORADOR, AMPLIAÇÃO, INVESTIMENTO, SETOR, REFERENCIA, SITUAÇÃO, ESTADO, ESTADO DE RORAIMA (RR), COMBATE, UTILIZAÇÃO, ENTORPECENTE, ANUNCIO, ADESÃO, GOVERNO ESTADUAL, SISTEMA NACIONAL, INFORMAÇÕES, SEGURANÇA PUBLICA, EXPECTATIVA, MELHORAMENTO, NATUREZA SOCIAL, REGIÃO.

            O SR. SODRÉ SANTORO (Bloco/PTB - RR. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Senador Eduardo Suplicy; Srªs Senadoras, Srs. Senadores, venho à tribuna, hoje, dada a proximidade da promulgação do Estatuto da Juventude, falar sobre um assunto que já falei, diversos outros Senadores já falaram, mas acho muito oportuno o momento.

            Quero falar, hoje, sobre um dos mais sérios problemas da saúde pública que enfrentamos atualmente no Brasil. Refiro-me à gravíssima questão dos dependentes de crack espalhados, indistintamente, por todo o País.

            Os dados são absolutamente alarmantes, Sr. Presidente. O Brasil, hoje, é considerado o maior mercado consumidor da droga. Estima-se que, somente no último ano, cerca de 2,3 milhões de brasileiros experimentaram esse terrível narcótico, seja na versão em pó, seja em pedra.

            E o pior, meus caros colegas: desse total, de acordo com pesquisa realizada pela Universidade Federal de São Paulo, 442 mil foram crianças e adolescentes.

            Vejam os senhores e as senhoras a gravidade da situação! A cada ano, são recrutados centenas de milhares de jovens brasileiros para essa batalha inglória, cerrando fileiras em um exército cuja única arma disponível é, tragicamente, a própria vida.

            O fato, Sr. Presidente, é que ainda temos uma precária rede de atendimento, acolhimento e tratamento desses dependentes da droga. Em todo o País, são apenas 310 centros de atenção psicossocial especializados na questão das drogas e do alcoolismo, além de 59 unidades de acolhimento e 4.240 leitos em hospitais.

            Ora, diante do tamanho e da amplitude do problema, os especialistas são unânimes em afirmar que ainda precisamos ampliar, significativamente, o espectro e o alcance das políticas públicas voltadas para a questão.

            É verdade que, no final de 2011, o Governo lançou o programa “Crack, é possível vencer”, com previsão de recursos da ordem de R$4 bilhões para o enfrentamento do problema. Entretanto, percebe-se que a batalha ainda está longe de ser vencida, e muito ainda temos de fazer para salvar a vida desses brasileiros e brasileiras entregues ao vício.

            Diante desse fato, o Ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, já anunciou a ampliação do referido programa, agora abrangendo cidades com menos de 200 mil habitantes que poderão receber, conjuntamente, serviços e equipamentos voltados para a questão.

            Segundo o Ministro, o problema não somente se encontra disseminado em todas as regiões - inclusive nos Municípios menores - como exige uma integração maior na execução de suas ações entre as diversas esferas de governo.

            Em primeiro lugar, precisamos trabalhar fortemente na sua prevenção. Há a necessidade de capacitar as pessoas que lidam diretamente com os jovens e usuários nas comunidades, como assistentes sociais, profissionais da saúde e lideranças locais e religiosas, para a conscientização e o aconselhamento desses potenciais consumidores ou usuários da droga.

            Paralelamente, Srªs e Srs. Senadores, faz-se necessário um incremento substancial do número de leitos e vagas nos centros de recuperação clínica e hospitalar.

            No lançamento do programa, havia uma previsão de abertura, até 2014, de mais 13 mil leitos hospitalares, mas especialistas do setor já consideram esse número insuficiente para atender à demanda crescente de pacientes acometidos pelo vício.

            Ademais, Sr. Presidente, não podemos esquecer do combate policial e investigativo ao tráfico, que deve ser duro e implacável com aqueles que, de maneira cruel, lucram com o desespero e a destruição da vida alheia.

            É de partir o coração assistir à determinadas cenas que, desgraçadamente, já se transformaram em trágica rotina de nossos centros urbanos.

            Em Roraima, abro aqui parênteses para destacar que a situação local não é diferente da nacional. O Estado carece de uma maior rede de atenção aos usuários e incremento dos programas de combate às drogas, alguns já em andamento pelo Governo Federal, são fundamentais para acabar com o grave quadro, hoje existente.

            Nesse sentido, cumpre registrar que o Governo de Roraima aderiu, recentemente, ao Sistema Nacional de Informações de Segurança Pública, Prisionais e Sobre Drogas (Sinesp). O convênio foi apresentado ao secretário de Segurança Pública de Roraima durante a 48º reunião do Colégio Nacional de Secretários de Segurança Pública (Consesp), em Brasília, pelo Ministério da Justiça.

            A adesão possibilitará ao sistema de segurança do Estado integrar-se ao Sinesp e alimentá-lo com informações de segurança, garantindo assim a liberação de recursos da União para a segurança pública.

            O Sinesp tem por objetivo armazenar, tratar e integrar dados e informações para auxiliar na formulação, implementação, execução, acompanhamento e avaliação das políticas relacionadas à segurança pública, sistema prisional, execução penal e enfrentamento do tráfico de drogas, procedendo à coleta, análise, sistematização e interpretação desses dados e informações, disponibilizando-os em estudos, estatísticas, indicadores ou outras informações.

            O Ministério da Justiça disponibilizará um sistema padronizado, informatizado e seguro que permita o intercâmbio de informações entre os integrantes do Sinesp. Além disso, disponibilizará estudos, estatísticas e indicadores com as informações alimentadas, realizará articulação e proporá planejamento integrado de ações conjuntas. Também fará auditoria periódica à infraestrutura tecnológica e à segurança dos processos, redes e sistemas, além de estabelecer cronograma para a adequação dos integrantes do Sinesp às normas e procedimentos de funcionamento do sistema.

            Caberá ao Estado nomear, até o dia 31 de março de 2013, um gestor de estatística e análise criminal, um gestor de inteligência e um gestor de tecnologia da informação.

            Segundo o Secretário de Segurança do Estado, com a adesão ao Sinesp, caberá ao Estado alimentar mensalmente o atual sistema de estatística com registros unificados das Polícias Civil e Militar.

            Ainda de acordo com o Secretário, a informatização permitirá um melhor aproveitamento dos recursos existentes, além de tornar as Polícias mais eficientes no combate ao crime, especialmente ao tráfico de drogas e à violência.

            Foi dado um passo. Muitos outros ainda serão necessários, por parte do Governo, no enfrentamento dessa grave crise.

            Srs. Senadores, a imagem de uma criança suja e quase desnuda fazendo uso do mortífero entorpecente é o retrato acabado da falência de nossas instituições e do dever do Estado de proteger e resguardar a infância e a dignidade da pessoa humana.

            Nesse sentido, Sr. Presidente, é obrigação moral e institucional de todo homem público, seja ele de qualquer esfera governamental ou de qualquer Poder, lutar com todas as forças possíveis para derrotar esse poderoso e destrutivo inimigo, sempre à espreita de nossos jovens em cada esquina, em cada praça pública.

            Quero, aqui, fazer coro às medidas recentes anunciadas pelo Governo e clamar para que sejam ainda mais ampliadas e efetivadas, atendendo às legítimas reivindicações dos especialistas e estudiosos do problema. Somente dessa forma, sim, será possível vencer o crack.

            Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 05/04/2013 - Página 15597