Discurso durante a 45ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Balanço da atividade pecuária sul-mato-grossense; e outros assuntos.

Autor
Ruben Figueiró (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/MS)
Nome completo: Ruben Figueiró de Oliveira
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
PECUARIA. HOMENAGEM.:
  • Balanço da atividade pecuária sul-mato-grossense; e outros assuntos.
Publicação
Publicação no DSF de 09/04/2013 - Página 16290
Assunto
Outros > PECUARIA. HOMENAGEM.
Indexação
  • REGISTRO, BALANÇO, ATIVIDADE PECUARIA, LOCAL, ESTADO DO MATO GROSSO DO SUL (MS).
  • SOLICITAÇÃO, PRESIDENTE, SENADO, INCLUSÃO, PAUTA, PROJETO DE LEI, ORIGEM, CAMARA DOS DEPUTADOS, REFERENCIA, CRIAÇÃO, DIA NACIONAL, AGENTE DE TRANSITO.

            O SR. RUBEN FIGUEIRÓ (Bloco/PSDB - MS. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Sras e Srs. Senadores, em primeiro lugar, tenho certeza de que V. Exa traz do Acre notícias auspiciosas sobre a recuperação da saúde do nosso querido amigo e ex-Deputado, seu progenitor, Wildy Viana.

            O SR. PRESIDENTE (Jorge Viana. Bloco/PT - AC) - Estive com ele, inclusive, no fim de semana. Almoçamos, ontem, lá no Shopping Rio Branco: eu, ele, minha mãe, minha irmã. Todos nós estávamos juntos.

            Sempre que estou com ele, ele fala de V. Exa, que foi contemporâneo dele na Câmara dos Deputados. E não duvido até de ele estar nos assistindo a esta hora.

            Desculpe-me pela interrupção, Senador.

            O SR. RUBEN FIGUEIRÓ (Bloco/PSDB - MS) - Muito obrigado.

            Sr. Presidente, é consabido que o meu Estado, Mato Grosso do Sul, apascenta um rebanho bovino que supera a 21 milhões de reses, talvez o segundo maior do Brasil, após o Estado irmão, Mato Grosso. Levando-se em consideração a área de apascentamento, Mato Grosso do Sul, por certo, possui a maior taxa de lotação bovina por hectare.

            Em recente depoimento à imprensa, um dos mais conceituados pesquisadores da Embrapa Gado de Corte, situada na minha cidade, Campo Grande, o Dr. Armindo Kichel disse que a taxa de desfrute em Mato Grosso do Sul está em torno de 20%, considerando a proporção de animais abatidos e comercializados em relação à quantidade total do rebanho. Esse índice é o maior entre os Estados produtores de bovinos do Brasil.

            Tal auspicioso resultado é um testemunho eloquente do desenvolvimento das técnicas para a criação, recreação e engorda praticada pelos produtores pecuaristas do meu Estado, Mato Grosso do Sul. A relevância desse dado ressalta o quanto avançou este importante segmento da economia nacional: a pecuária de corte bovina.

            Tomo a liberdade de focalizar desta tribuna do Senado algumas das principais impressões do cientista Armindo Kichel, para que fiquem gravadas nos anais desta Casa.

            Segundo captou a jornalista Cristiane Reis, da Via Livre, transcrito na edição de março do mensário Folha do Fazendeiro, editado pela Associação dos Criadores de Mato Grosso do Sul (Acrissul), o Dr. Kichel considera em expressão tanto interessante quanto hilária que o sistema de produção pecuária em Mato Grosso do Sul é "um grande boitel”. E justifica: "Quanto mais tecnificada for a propriedade, melhor serão os resultados".

            Para ele, quanto mais cedo os animais forem abatidos, menores serão os custos. E mais: a arroba de um boi abatido por volta dos 36 meses tem um custo de produção médio de R$85,00. Se o checkout for feito aos 24 meses, o custo cai para R$70,00. Ou seja, ele defende que, para as fazendas que desenvolvem o ciclo completo da pecuária, haverá aumento da taxa de desfrute da propriedade, se houver redução da idade do abate.

            Mas o Dr. Armindo Kichel adverte que abater mais cedo não é, nas palavras dele, "entupir o boi de ração". Ele ressalta a importância fundamental do investimento em boa genética, pastagens, sistema de criação, sanidade do rebanho e suplementação. Também cita a natalidade, a fertilidade, o sistema de criação como outros fatores determinantes para garantir a boa taxa de desfrute da propriedade.

            Ele faz uma análise de como a tecnologia interfere positivamente na produção de carne. Segundo seus cálculos, em áreas degradadas, a produção é de 30 quilos/ha/ano. Em pastagem intensiva, sobe para 90 kg/ha/ano. Quando é em pastagem intensiva com suplemento, a produção pode subir para 120 kg de carne/ha/ano. Agora, se houver a reunião de pastagem intensiva, suplemento, confinamento e integração lavoura-pecuária, a taxa de desfrute da propriedade subirá para 35%, com produção de carne de 230 kg/ha/ano!

            Essa é uma demonstração matemática do quanto a pesquisa e a tecnologia têm contribuído para o aumento da produtividade no campo brasileiro, e dela precisamos aproveitar.

            Sr. Presidente, em abono a essa auspiciosa realidade da pecuária sul-mato-grossense, a Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul (Famasul), na mesma reportagem, acrescenta pormenores que não podem passar despercebidos.

            O Mato Grosso do Sul supera o percentual de desfrute em relação aos principais Estados produtores de bovinos de corte: Mato Grosso, Minas Gerais e Goiás. Segundo dados da instituição, em 2012, o abate total de bovinos em Mato Grosso do Sul superou 3,8 milhões de cabeças, para um rebanho de 21 milhões, o que significa uma taxa de desfrute de 17,78%, superior à de Mato Grosso, que foi de 16,87%; Goiás, com 8,94%; e Minas Gerais, com 6,52%.

            Tais resultados são frutos de longos anos de aperfeiçoamento genético praticado no rebanho sul-mato-grossense, através de uma seleção criteriosa de rebanhos e de matrizes que ganharam expressão nacional. São o resultado da compreensão, da adaptação e do espírito agudo do pecuarista na utilização de técnicas modernas oferecidas pela genética; do espírito de competição com os mais credenciados selecionadores, inclusive de outros Estados; da presença matriz da Embrapa Gado de Corte, que estimulou a disseminação de forragem como a braquiária, hoje reconhecida como a salvação das pastagens de nossos campos, aos substituí-los aos do capim-gordura e capim Jaraguá, das terras ferazes dos capins naturais dos campos cerrados, transformando-os em um colchão fértil de pastos proteinados, que se espraiam pela longitude do Estado.

            Ano a ano a população celebra o constante avanço da produção e produtividade alcançada pelo rebanho bovino sul-mato-grossense, cujos resultados econômicos e financeiros constituem a pujança de nossa economia. O maior acontecimento festivo desse resultado é a realização da Exposição e Feira Agropecuária Internacional de Campo Grande (Expogrande). Em 2013, o evento terá a 75ª edição, a iniciar-se no próximo dia 11 de abril, sob o patrocínio da mais antiga entidade da laboriosa classe rural do Centro-Oeste, a Acrissul - Associação dos Criadores de Mato Grosso do Sul.

            Essa entidade, atualmente sob a atinada e dinâmica presidência do Sr. Francisco Maia Costa, dando sequência a outras administrações virtuosas, tem realizado um extraordinário trabalho pela conceituação aos reais valores e objetivos da classe rural, a ponto de ultrapassar os próprios limites territoriais do Estado ao liderar movimentos de defesa do setor da produção pecuária, sobretudo no que se refere às relações tensas com o especulador segmento da indústria frigorífica da carne bovina.

            Aliás, Sr. Presidente, foi a persistência do trabalho da Acrissul contra o processo de concentração das praças frigoríficas sob o controle de grandes empresas que determinou a constituição da Funapec - Fundação Nacional da Pecuária, reunindo nela diversas associações de produtores de todo o Brasil. E seu trabalho de conscientização levou o Governo a encaminhar ao Cade uma investigação sobre a intenção das indústrias de formarem um cartel que venha a prejudicar a comercialização da carne bovina no País.

            É bom lembrar que a concentração na mão de alguns grupos industriais, como está acontecendo, em detrimento da livre concorrência no setor da indústria da carne é motivo de preocupação da Comissão de Agricultura desta Casa, tanto que ela vai realizar audiência pública sobre o assunto.

            Registro, pois, Sr. Presidente, o quanto tem avançado a pecuária bovina no meu Estado, nada obstante as dificuldades que lhe são apostas pelo setor público federal, pela gula açambarcadora da indústria da carne; e repito: suplantando os obstáculos, irá realizar a 75ª Expogrande, expressão maior da coragem e do arrojo empreendedor do bravo povo e homens do campo sul-mato-grossense.

            Sr. Presidente, ao ressaltar essa participação na Expogrande, para mostrar a realidade do progresso que temos obtido na pecuária de cria e de corte do meu Estado, desejo agradecer, aqui deste plenário, ao eminente Presidente da Comissão de Agricultura, o Senador Benedito de Lira, que nomeou uma comissão, composta pelo Senador Waldemir Moka e por minha pessoa, para estarmos lá presentes, representando aquela Comissão.

            E desejo, por fim, Sr. Presidente, fazer um apelo a V. Exª, para que leve à Mesa desta Casa um pedido no sentido de que se coloque, na pauta da Ordem do Dia de uma das próximas reuniões desta Casa, o Projeto de Lei da Câmara nº 102, de 2008, de autoria do Deputado Gonzaga Patriota, que trata de instituir o Dia Nacional dos Agentes da Autoridade de Trânsito. Aliás, uma comissão de representantes desse grupo de trabalho está visitando esta Casa, nos gabinetes dos Srs. Senadores, pedindo a eles agilidade nesse processo.

            Eu gostaria apenas, para concluir, Sr. Presidente, de ler aqui um trecho da justificação, apresentada pelo então Deputado Gonzaga Patriota, na defesa do seu projeto de lei:

É inegável a transformação que houve no cotidiano dos brasileiros com a nova lei de Trânsito, é inegável também como os Agentes da Autoridade de Trânsito [os que nós chamamos de “amarelinhos“, que cuidam do trânsito em nossas áreas urbanas] se tornaram indispensáveis na administração do sistema e no contato direto com os seus usuários. Tal relacionamento do poder público com a sociedade em geral, traduzido nas ações dessa nova categoria, exige um perfeito treinamento, especialização em diversas áreas afins e motivação para o trabalho.

A motivação, intrínseca por natureza, pode ser induzida no profissional através de projetos, como o que ora justificamos, simples na sua essência, mas de grande importância no seu significado: a instituição do Dia Nacional do Agente da Autoridade de Trânsito; trará um reconhecimento junto à categoria que invariavelmente sofre com as cobranças da sociedade, com orçamentos apertados, salários baixos e a incompreensão natural que órgãos de fiscalização costumam causar.

            Sr. Presidente, o apelo que faço a V. Exª é que a Mesa desta Casa agilize a colocação em pauta do projeto para a decisão em plenário.

            Muito obrigado a V. Exª.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 09/04/2013 - Página 16290