Discurso durante a 45ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Homenagem pelo transcurso dos 103 anos de nascimento do Sr. Francisco Cândido Xavier.

Autor
Rodrigo Rollemberg (PSB - Partido Socialista Brasileiro/DF)
Nome completo: Rodrigo Sobral Rollemberg
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM, RELIGIÃO.:
  • Homenagem pelo transcurso dos 103 anos de nascimento do Sr. Francisco Cândido Xavier.
Publicação
Publicação no DSF de 09/04/2013 - Página 16335
Assunto
Outros > HOMENAGEM, RELIGIÃO.
Indexação
  • HOMENAGEM, ANIVERSARIO DE NASCIMENTO, FRANCISCO CANDIDO XAVIER, ELOGIO, VIDA PUBLICA, REGISTRO, FATO, REALIZAÇÃO, EXPOSIÇÃO, LOCAL, SENADO, REFERENCIA, LIDER, ASSISTENCIA ESPIRITUAL, ESTADO DE MINAS GERAIS (MG).

            O SR. RODRIGO ROLLEMBERG (Bloco/PSB - DF. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Prezado Senador Paulo Paim, prezados Senadores e Senadoras, prezados telespectadores,...

            O SR. PRESIDENTE (Paulo Paim. Bloco/PT - RS) - Senador Rollemberg, V. Exª me permite?

            O SR. RODRIGO ROLLEMBERG (Bloco/PSB - DF) - Pois não.

            O SR. PRESIDENTE (Paulo Paim. Bloco/PT - RS) - Sei que não é correto o Presidente fazer aparte no início da fala de um Senador. Hoje eu deveria estar em Porto Alegre e sei que V. Exª também, porque nosso querido amigo Beto Albuquerque está fazendo aniversário. Vai ser um grande evento na Casa do Gaúcho, lá na capital, com a presença, inclusive, do Governador de Pernambuco, Eduardo Campos, com a presença também do Governador do Rio Grande, Tarso Genro. Os Senadores, os três, foram convidados. Como eu estava no Rio e voltei hoje, o Beto veio aqui, ao plenário, me convidou, e eu não pude estar lá. Sei que V. Exª também tinha um convite especial, especialíssimo, porque é muito amigo dele, e também não pôde ir. Então, eu queria aqui, Beto, pedir-lhe desculpa. Sabe o carinho que temos por você. Não estamos aí, mas é como se estivéssemos. O Fabinho vai me representar aí no evento. Peço desculpa ao Rollemberg, mas sei que ele também vai aproveitar para mandar-lhe um abraço.

            Feliz aniversário, Beto Albuquerque!

            O SR. RODRIGO ROLLEMBERG (Bloco/PSB - DF) - Muito obrigado, Senador Paulo Paim.

            Realmente, eu gostaria muito de estar em Porto Alegre hoje, acompanhando o Presidente nacional do nosso Partido, Governador Eduardo Campos, que estará lá, aproveitando para dar um abraço no Deputado Federal Beto Albuquerque, Líder do PSB na Câmara dos Deputados.

            Amanhã, o Governador Eduardo Campos participará de um encontro com centenas de empresários para discutir o Brasil.

            V. Exª me fez rememorar uma época bastante boa e perceber como o tempo passa. Beto Albuquerque está fazendo hoje 50 anos, eu já tenho 53 e, coincidentemente hoje eu sou o Líder do PSB no Senado Federal e o Beto é o Líder do PSB na Câmara dos Deputados. Nós dois fomos, juntos, os primeiros coordenadores nacionais da Juventude Socialista Brasileira.

            Claro que isso já faz um tempo. Eu, pessoalmente, estou completando 28 anos de PSB, nunca tive outro partido na minha vida e, desde esse tempo, iniciei essa trajetória com Beto Albuquerque, que é um brilhante Deputado. Acho que é um orgulho, para o Estado do Rio Grande do Sul, ter um representante como Beto Albuquerque, absolutamente comprometido com os interesses do povo brasileiro, comprometido com seu Estado, um grande articulador político. Tenho certeza de que tem uma carreira brilhante pela frente. Portanto, quero aproveitar, Senador Paulo Paim, também para me associar, cumprimentar o Deputado Beto Albuquerque, desejar muita saúde e muito sucesso em sua vida pessoal e na sua vida política.

            Mas, Sr. Presidente, Srªs. e Srs. Senadores, eu subo hoje nesta tribuna com a emoção especial e, também, com profunda gratidão pela oportunidade de homenagear um dos maiores mestres que o Brasil já teve: o médium Francisco Cândido Xavier, Chico Xavier. Registro que há uma exposição aqui, na entrada do Senado, no Salão Branco do Senado, sobre a vida e a obra de Chico Xavier.

            Neste mês, celebramos 103 anos do seu nascimento, e, como católico que sou, mas com profunda abertura às diferentes expressões religiosas do Brasil, quero hoje me associar aos kardecistas e espíritas, assim como a todos os estudiosos e admiradores de Chico Xavier, para falar desse mensageiro de luz, desse líder, desse exemplo maior de solidariedade e compromisso com o testemunho cristão.

            Chico Xavier foi um dos maiores símbolos brasileiros de bondade, de abnegação e fé, de humildade e consciência pautada por profundos valores humanos em sua força social e consagração espiritual.

            Fico muito feliz por fazer esta justa homenagem, não só pela extraordinária contribuição que Chico Xavier ofertou com tanta generosidade e simplicidade ao povo brasileiro, mas também pela contribuição extremamente oportuna e transformadora que legou ao fazer político, por ser referência e inspiração de uma vida de entrega e vínculo radical com o dever de servir à sociedade.

            Ao longo dos seus 92 anos de vida, 74 deles dedicados à atividade mediúnica, Chico escreveu 412 livros, vendeu 40 milhões de exemplares e doou toda a sua renda, em cartório, a instituições de caridade.

            Foram cerca de duas mil entidades ajudadas ou mantidas, graças aos direitos autorais que recebia dos livros vendidos ou das campanhas beneficentes que ele realizava no País. Chico Xavier vivia de sua aposentadoria como escriturário nível 8 do Ministério da Fazenda e da ajuda de amigos e admiradores. Jamais - jamais! - tirou proveito pessoal da sua missão como médium.

            Ganhava presentes dos mais simples aos mais valorizados, mas sempre se desfazia educadamente e doava tudo o que recebia, num verdadeiro exemplo de cidadania e fraternidade. Ele costumava falar que o real sentido da autoridade era “o amor ao próximo” e que a “omissão de quem pode - mas não auxilia o povo - é comparável a um crime que se pratica contra a comunidade inteira.”

            Eis uma reflexão extremamente oportuna, Sr. Presidente, no momento em que presenciamos tantos exemplos de mau uso da política, em que o poder se coloca a serviço de interesses privados e pessoais, e não a serviço da sociedade brasileira. Se Chico Xavier, no exercício mediúnico, mostrou humildemente que nada podia e que o real poder não era seu, mas do mundo divino, nós, no exercício político, temos nele a inspiração maior para a compreensão de que o poder real não é nosso, mas da sociedade. Nossos mandatos só cumprirão seus objetivos se forem legitimados pela confiança e pela necessidade dos cidadãos. É perceber que a política só tem sentido se for, efetivamente, para modificar e melhorar a vida do povo.

            Chico Xavier era mineiro, de família pobre, fala mansa e sorriso tímido, filho de um operário e uma empregada doméstica, que fez apenas quatro anos de instrução primária. Publicou obras dos mais diversos gêneros literários e amplas áreas do conhecimento, tais como literatura, história, filosofia e ciência - só para citar alguns exemplos -, algumas traduzidas para dez idiomas diferentes, como inglês, alemão, francês, espanhol, japonês e até mesmo sânscrito.

            Em sete décadas, psicografou obras com apoio de mais de dois mil autores espirituais. Sete milhões de espíritas assumidos prestam reverências a ele. Chegou a ser indicado ao Prêmio Nobel da Paz e, ao ser idolatrado, costumava fazer, com bom humor, trocadilho com o próprio nome, chamando-se Cisco Xavier. E, da mesma forma em que mantinha o esteio da simplicidade, Chico manteve o esteio da compaixão e do amor diante dos inúmeros ataques hostis, preconceitos e perseguições que ele enfrentou ao longo da vida por conta da sua paranormalidade e do seu trabalho espiritual.

            Por isso, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, é com muita emoção que faço aqui esta homenagem a este mestre, que nunca teve fraudes em seu trabalho. Muito pelo contrário, acumulou milhões e milhões de testemunhos e provas concretas de fé, renovação e amparo a famílias brasileiras. Mães e pais que perderam filhos e foram consolados por ele; pobres que teriam morrido de fome ou de frio sem a ajuda dos mutirões que ele promovia; espíritas e não espíritas de todo o País aprenderam a ter fé com a sua ajuda.

            Hoje não temos mais Chico Xavier, mas guardamos a marca de um coração generoso e consciente. Um eterno convite para que este espírito de luz nos inspire a compartilhar a compaixão que reconhece e aceita as diferenças e o amor que valoriza o próximo, nos encorajando na luta por melhores dias para todos nós.

            Há uma frase de Chico Xavier que está exposta aqui, nesta exposição do Senado, que é lapidar. Diz ele: “Conheci gente tão pobre que só tinha dinheiro”. Imagine a profundidade, Sr. Presidente, desta frase. Que sejamos a vida que permanece de Chico, parte desta obra inacabada e eterna de amor ao Brasil e aos brasileiros. Como ele mesmo costumava dizer, “embora ninguém possa voltar atrás e fazer um novo começo, qualquer um pode começar agora e fazer um novo fim".

            Isso é uma lição de vida, é um convite à renovação.

            Um homem que nos legou ensinamentos tão profundos acerca da complexidade dos territórios da alma só merece mesmo a nossa constante reverência e admiração. Nunca é cedo para caminhar e nunca é tarde para chegar, se o caminho for de amor.

            Esse é o grande caminho trilhado por Chico Xavier e o maior sentido de nosso caminhar.

            Era esse o registro, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, que, com muita emoção, com muita alegria, com muita reverência, gostaria de fazer hoje, dando o meu muito obrigado a Chico Xavier pela sua obra e pelo seu legado de bondade, de simplicidade e de amor que deixou para todos os brasileiros.

            Muito obrigado Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 09/04/2013 - Página 16335