Pronunciamento de Roberto Requião em 03/04/2013
Discurso durante a 41ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal
- Autor
- Roberto Requião (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/PR)
- Nome completo: Roberto Requião de Mello e Silva
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Discurso
- Publicação
- Publicação no DSF de 04/04/2013 - Página 14714
O SR. ROBERTO REQUIÃO (Bloco/PMDB - PR. Para uma comunicação inadiável. Sem revisão do orador.) - Presidente, o jornalista Luiz Carlos Azenha, que assina um dos melhores sítios de informação da Internet, tem um grave - e, pelo jeito, insuperável - defeito: Azenha não é petista, não é tucano, não é peemedebista e não é governista. Azenha é um repórter visceralmente obcecado, um repórter fiel ao mandamento máximo dos repórteres, que é buscar a verdade dos fatos, antes de tudo, acima de tudo, a verdade factual, como diz Mino Carta, outro grande repórter. Inflexível em relação a esse princípio, Azenha é frequentemente vergastado, tanto pela direita, grande mídia e serviçais, como por ministros, assessores e burocratas do Governo Federal.
Censurado e processado agora mesmo, Azenha foi condenado a pagar R$30 mil ao diretor da Central Globo de Jornalismo, Ali Kamel, por suposta “campanha difamatória” contra o dito cujo. Que “campanha difamatória” é esta? Azenha explica. Em 2006, recém-chegado de Nova Iorque, onde era correspondente da Globo, ele foi escalado por Ali Kamel para cobrir as eleições presidenciais de 2006, acompanhando a campanha do candidato tucano, Geraldo Alckmin.
Com o correr da campanha, Azenha e outros repórteres de O Globo, como Rodrigo Viana, Mariana Kotscho, Cecília Negrão, Carlos Dornelles e o editor de economia da emissora, Marco Aurélio Mello, ficaram incomodados, desconfortáveis, com a parcialidade da cobertura imposta por Ali Kamel. A tensão chegou ao ponto de ebulição no caso das imagens do dinheiro com que os tais aloprados tentavam, ou tencionavam, comprar um dossiê contra o candidato tucano ao Governo de São Paulo, o Serra. Azenha teve acesso à gravação da conversa do delegado da Polícia Federal responsável pelo caso e um grupo de jornalistas, combinando como vazar fotos do dinheiro para prejudicar o PT. E ele reproduziu a gravação da trama em seu blog. A Globo, é claro, não gostou.
Segundo relata Azenha, enojado com o tipo de jornalismo praticado pela emissora e com a perseguição a colegas que não se dobravam a Ali Kamel, ele pediu demissão. Mas, como volta e meia o Viomundo, seu blog, fazia críticas à Globo e revelações sobre os métodos de trabalho da emissora, entrou esta com processos contra Azenha, considerando as matérias do blog como campanha difamatória.
Como o seu blog é sustentado por ele mesmo, com o seu salário, sem qualquer patrocínio que seja, Azenha se vê na iminência de fechar o Viomundo. E anuncia, no blog, essa disposição.
Diz ele:
Sou arrimo de família, sustento mãe, irmão, ajudo irmã e filhas e mantenho este site graças a dinheiro de meu próprio bolso e da valiosa colaboração gratuita de milhares de leitores. Cheguei ao extremo de meu limite financeiro, o que, obviamente, não é caso das Organizações que concentram pelo menos 50 por cento de todas as verbas publicitárias do Brasil (...)
Mas não é só Azenha que está sendo processado pela Globo ou por outro veículo da grande mídia.
(Soa a campainha.)
O SR. ROBERTO REQUIÃO (Bloco/PMDB - PR) - Vários bloguistas são ameaçados pela mudança de meia dúzia de famílias que domina, que monopoliza a informação no País.
Toda a minha solidariedade ao Azenha, ao Tarso Cabral Violin, lá do Paraná, processado pelo ex-candidato a prefeito, Luciano Ducci - aliás, derrotado. Toda a solidariedade ao Rodrigo Viana, ao Paulo Henrique, ao Mino Carta, à revista Caros Amigos, enfim, a todos os que fazem um jornalismo independente, em defesa dos interesses públicos, dos trabalhadores e da Nação brasileira.
Precisamos impedir que o blog do Azenha seja fechado!
Obrigado, Presidente.