Pela Liderança durante a 48ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Apreensão com o aumento da inflação e enaltecimento do Plano Real.

Autor
Flexa Ribeiro (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/PA)
Nome completo: Fernando de Souza Flexa Ribeiro
Casa
Senado Federal
Tipo
Pela Liderança
Resumo por assunto
ECONOMIA NACIONAL.:
  • Apreensão com o aumento da inflação e enaltecimento do Plano Real.
Publicação
Publicação no DSF de 12/04/2013 - Página 17686
Assunto
Outros > ECONOMIA NACIONAL.
Indexação
  • ANUNCIO, ANIVERSARIO, IMPLANTAÇÃO, PLANO, REAL, IMPORTANCIA, ESTABILIZAÇÃO, ECONOMIA, PAIS, CRITICA, GOVERNO FEDERAL, MOTIVO, AUSENCIA, PROGRAMA, INCENTIVO, DESENVOLVIMENTO NACIONAL, COMENTARIO, APREENSÃO, ORADOR, RELAÇÃO, CRESCIMENTO, INDICE, INFLAÇÃO, GENEROS ALIMENTICIOS, ENFASE, LOCAL, ESTADO DO PARA (PA), NECESSIDADE, DEBATE, ECONOMIA NACIONAL.

            O SR. FLEXA RIBEIRO (Bloco. PSDB - PA. Como Líder. Sem revisão do orador.) - Senador Casildo Maldaner, Srs. Senadores, em pouco mais de dois meses, o Plano Real completará 19 anos, e todos nós, Senador Pedro Simon, relembraremos aquele 1º de julho de 1994, quando a moeda entrou em circulação. Em junho de 1994, a taxa de inflação no nosso País se aproximava da marca de 50% ao mês. Em seis meses, esse percentual recuou para 1,7%. Isso em dezembro de 1994 - nível que o País, àquela época, não experimentava há 25 anos.

            Todos aqui e aqueles que me assistem pelos veículos de comunicação do Senado sabem e reconhecem a importância do Plano Real, lançado pelo então Ministro da Fazenda Fernando Henrique Cardoso e o saudoso Presidente Itamar Franco. Reconhecer o real como vetor do controle da inflação, da recuperação da nossa economia e dos ganhos sociais que tivemos a partir dele, é unanimidade, mesmo entre aqueles que foram contra o real à época. E sabemos todos nós, o Brasil sabe que eu me refiro ao PT, que foi contra e votou contra o Plano Real. Mas reconhecem, hoje, reconhecem como reconhecem várias outras ações dos governos Fernando Henrique que foram tomadas sempre com o voto contra do PT àquela altura.

            Porém, pela absoluta incompetência da área econômica do atual Governo Federal, da completa falta de estratégia no setor de logística, da ausência de um plano desenvolvimentista para o País e pelo inchaço desenfreado da máquina pública, observamos, lamentavelmente, o retorno de um dragão, um monstro que parecia ter sido aniquilado.

            Esta semana, todos os jornais do País abordam o assunto, Senador Maldaner, todos: o retorno e o crescimento da inflação. Nem mesmo a propaganda permanente do Governo Dilma consegue conter o que o trabalhador, o pai de família, a dona de casa percebem na hora de pagar a conta do supermercado: os preços subiram.

            Os preços subiram e não param de subir, justamente naquilo que é primordial para a família brasileira, para o pobre trabalhador honesto brasileiro. Todos sabem: pode nos faltar tudo, mas o pão nosso de cada dia, o alimento para colocar na mesa não pode faltar, e quando falta, dói, dói o estômago, dói a nossa consciência, dói saber que pelo preço alto não podemos comprar um alimento melhor, uma variedade maior, um prato saudável e nutritivo para os nossos filhos. Quem sente um frio na barriga quando está na fila do supermercado com medo de que a conta fique mais cara que o restinho de salário pode pagar sabe do que estou falando. Quando essa conta passa, o trabalhador usa, então, o cartão de crédito, cada vez com juros mais altos, e a bola de neve do endividamento do brasileiro só aumenta. Já falei aqui várias vezes dos alarmantes índices de endividamento da sociedade brasileira. Estar endividado tira o sono do trabalhador. Mas esse é outro problema sobre o qual venho alertando e que deixo para abordar em outra oportunidade.

            Senador Vital do Rêgo, hoje venho a esta tribuna para falar por aqueles que não sentem a mesma leveza de ser e despreocupação que os nossos Ministros da área econômica sentem afirmando que não há inflação. Sim, infelizmente, ela existe. E o pior é saber que ela está afetando e fazendo sofrer justamente meus conterrâneos, do meu Estado do Pará, aqueles que votaram no Senador Flexa Ribeiro para representar, com muita honra e orgulho, o Estado do Pará; aqueles que votaram no Senador do açaí, como fui carinhosamente chamado após defender a tradição da nossa cultura.

            O açaí é alimento dos pobres e dos ricos, alimento democrático do paraense é, hoje, infelizmente, artigo de luxo. O nosso açaí é um dos itens que fizeram subir a inflação, que sobe em todo o Brasil; açaí e farinha, farinha de mandioca, dois itens sempre presentes na cesta básica do paraense. Eles estão, cada dia, mais caros, assim como o tomate tão falado hoje na imprensa. Aí eu diria, Senador Pedro Simon, um jargão popular: o Governo Dilma pisou no tomate em relação à economia. Só pode ser; pisou no tomate, Senador Vital do Rêgo, um jargão popular que perfeitamente apropriado para o momento atual.

            O Governo Dilma pisou no tomate em relação à economia do Brasil, lamentavelmente. E tantos outros itens que são hoje raros na mesa da família brasileira.

            Sr. Presidente, Senador Vital do Rêgo, V. Exa, pela visão de País que tem, pela competência que tem, sabe do que eu estou falando, e tenho certeza absoluta de que V. Exa lamenta, como lamentamos todos nós, aqui no Senado, a possibilidade - espero que isto não aconteça - do retorno da famigerada inflação debelada lá, desde 1994, com o Plano Real, de Fernando Henrique Cardoso.

            A manchete do jornal O Liberal desta quinta-feira, de hoje, do meu Estado, da minha cidade, Belém, escancara esse problema - abro aspas: “Belém tem a inflação mais alta de todo o País.” - fecho aspas. Diz ainda o texto - abro aspas: “O IPCA, que é o índice oficial da inflação, aponta Belém como a maior inflação...

(Soa a campainha.)

            O SR. FLEXA RIBEIRO (Bloco/PSDB - PA) - ... do Brasil, impulsionada pela alta do açaí e da farinha. O acumulado nos últimos 12 meses ultrapassa a meta de 6,5%.” - fecho aspas.

            Não só o jornal O Liberal, da minha cidade, Belém, do meu Estado, Pará, mas o Bom Dia Brasil de hoje trouxe para a mídia nacional, para todo o Brasil o que eu estou falando, apontando Belém como a cidade de maior taxa de elevação, maior inflação de alimento no Brasil.

            A reportagem diz ainda que Belém registrou 9,1% - pasmem, brasileiros! Falam, lamentavelmente, de Belém, no meu Estado do Pará. Uma inflação de 9,1%, bastante acima do limite máximo da meta anual, que é de 6,5%. Quase 10%, senhoras e senhores! Porém, ...

(Interrupção do som.)

            O SR. FLEXA RIBEIRO (Bloco/PSDB - PA) - ... a inflação não é uma realidade exclusiva do Pará.

            Em Fortaleza, a inflação, Senadora Ana Amélia, bateu 8,1%; em Recife, 7,3%; em Salvador, 7,2%; em Goiânia, 6,7%; em Belo Horizonte, 6,6%; no Rio de Janeiro, 6,53%; em Porto Alegre...

(Intervenção fora do microfone.)

            O SR. FLEXA RIBEIRO (Bloco/PSDB - PA) - ... não foi só o tomate, é verdade, mas o Governo pisou no tomate na economia, lamentavelmente.

            Sem dúvida, esses índices são altos e assustadores, mas a realidade da conta do carrinho de compra do trabalhador, com certeza, tem números ainda piores, lamentavelmente.

            É como diz a Senadora Ana Amélia: não foi só o tomate.

            Então, os números são piores do que está aqui apontado.

            De janeiro a março deste ano, o açaí lá, em Belém, subiu 55%. Já a farinha de mandioca...

(Interrupção do som.)

            O SR. FLEXA RIBEIRO (Bloco/PSDB - PA) - Já a farinha de mandioca, nos últimos 12 meses, acumula alta de 146%, Senador Aloysio Nunes. Vou repetir: 146%!

            Sr. Presidente, a jornalista Miriam Leitão, em sua coluna de hoje no jornal O Globo diz que:

Sete das 11 capitais onde o IBGE coleta os dados estouraram o teto da meta. A inflação em Belém é assustadora: 9,19% em 12 meses. A inflação dos mais pobres está no terceiro mês acima do teto e chegou a 7,22%.

            Exatamente aqueles que, diz - “diz” - o Governo, quer proteger. É lá que a inflação dói mais, lá nos mais pobres.

A taxa de inadimplência elevada e o endividamento das famílias tornaram o jogo mais difícil para o Banco Central O estouro da meta informado pelo IBGE será revertido, mas a inflação está exigindo do governo mais e mais cuidados. O ideal é evitar explicações simplistas que subestimem o risco. Não se brinca com inflação.

            Fecho aspas. É o que diz a jornalista Miriam Leitão.

            Para finalizar, quero utilizar do expediente praticado pelo PT que sempre condeno. Faço isto para mostrar que toda comparação que eles tentam fazer deveria levar em conta o período, a conjuntura, os fatores que fazem parte da realidade. Mas, eles não fazem isso. Por essa razão, faço o seguinte comparativo:

            Em dezembro de 1994, a inflação chegou a 1,7% - já disse isso no início do meu pronunciamento - e, em 1998, durante a gestão de Fernando Henrique Cardoso, a inflação ficou em apenas 1,65%. E hoje, como disse, a inflação em Belém chega a quase 10%. Ou seja, no governo FHC tivemos uma inflação de pouco mais de 1,5% e agora, com o Governo Dilma, enfrentamos...

(Interrupção do som.)

              O SR. FLEXA RIBEIRO (Bloco/PSDB - PA) - Ou seja, no governo FHC, tivemos uma inflação de pouco mais de 1,5% e, agora, com o Governo Dilma, enfrentamos uma inflação de quase 10% no meu Estado, na minha cidade de Belém. Porém, comparar dessa forma seria irresponsabilidade. Sabemos da diferença de conjuntura e que os números não podem ser assim manipulados.

            Mas uma coisa é clara e evidencia a diferença de governo e de gestão do PSDB e do PT. Isso deve ser dito. O PSDB nunca escondeu que buscaria combater a inflação. Combateu e venceu, sem fugir do debate, sem demagogia e encarando os problemas com a seriedade e a realidade necessária. Já o PT continua com a marca de seu maior líder, que até hoje finge, Senador Pedro Simon, finge nunca saber de nada que possa ser desagradável ao seu conforto político.

            A Presidente Dilma e seus Ministros fazem cara de paisagem e afirmam demagogicamente que não há inflação, debochando do trabalhador brasileiro.

(Soa a campainha.)

            O SR. FLEXA RIBEIRO (Bloco/PSDB - PA) - Peço ao PT que seja menos partido e mais governo, que pense mais no País e na economia da Nação do que no ano próximo de 2014, e enfrente, com a austeridade necessária, a inflação.

            Peço à Presidenta Dilma que converse sobre a economia. Mas que converse, Presidenta Dilma, não só com os seus Ministros, que converse com quem lhe serve o cafezinho, converse com o cidadão brasileiro, aquele que, como eu disse, mais sofre, porque, como disse a jornalista Miriam Leitão, é lá na classe menos favorecida que está a maior inflação, que já atinge 7,22%.

            É o que pede não só a oposição responsável que o PSDB faz nesta Casa, mas todos os brasileiros que não aguentam mais ver o salário acabar e ter tanto mês pela frente ainda.

            Era o que eu tinha a dizer, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 12/04/2013 - Página 17686