Comunicação inadiável durante a 47ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Preocupação com a inflação no Brasil; e outro assunto.

Autor
Ana Amélia (PP - Progressistas/RS)
Nome completo: Ana Amélia de Lemos
Casa
Senado Federal
Tipo
Comunicação inadiável
Resumo por assunto
POLITICA ECONOMICO FINANCEIRA. POLITICA AGRICOLA.:
  • Preocupação com a inflação no Brasil; e outro assunto.
Publicação
Publicação no DSF de 11/04/2013 - Página 16927
Assunto
Outros > POLITICA ECONOMICO FINANCEIRA. POLITICA AGRICOLA.
Indexação
  • AUMENTO, INFLAÇÃO, PAIS, CRESCIMENTO, PREÇO, PRODUTO ALIMENTICIO, HABITAÇÃO, MOTIVO, AUSENCIA, PROJETO, INFRAESTRUTURA, INVESTIMENTO, INICIATIVA PRIVADA.
  • REUNIÃO, ORADOR, DIRIGENTE, ASSOCIAÇÃO AGROPECUARIA, AVICULTURA, DEBATE, MELHORIA, SEGURANÇA, NATUREZA JURIDICA, AGRICULTOR, EFICIENCIA, PRODUTIVIDADE.

            A SRª ANA AMÉLIA (Bloco/PP - RS. Para uma comunicação inadiável. Sem revisão da oradora.) - Muito obrigada.

            Meu caro Presidente Jorge Viana, caros colegas Senadores, Senadoras, telespectadores da TV Senado, ouvintes da Rádio Senado, é claro que, hoje, teremos uma tarde de muitos debates, de muita discussão, porque, quando o cobertor é curto, é isso mesmo: cobre-se a cabeça e se descobre o pé; e o contrário também acontece. Então, essa é a dificuldade que temos de acomodar os conflitos federativos que estamos vivendo hoje nesta Casa, a Casa da República.

            Mas eu queria fazer um comentário breve, Sr. Presidente, porque os dados divulgados. Hoje, sobre o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação oficial do País, usado como base para as metas do Governo, acumula uma alta de 6,59%, em 12 meses, e de 1,94%, de janeiro a março último. Esses cálculos são do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística e preocupam. É a primeira vez, desde dezembro de 2011, que o IPCA, importante termômetro da economia, supera a meta de inflação, estabelecida pelo Banco Central, de 6,5%.

            Em dezembro de 2011, o índice estava em 6,64%. Traduzindo o “economês” para o cidadão, significa que o Governo brasileiro tentou controlar a inflação, até determinado ponto, mas não conseguiu atingir o objetivo, como imaginava.

            É importante considerar que o Brasil e outros países emergentes foram os primeiros a saírem da crise de 2008. Não vivemos como há 20 anos, claro! Em 1993, por exemplo, o IPCA chegou ao elevadíssimo patamar de 2.477%. São percentuais impensáveis para os dias de hoje, mas o sinal amarelo é um alerta.

            Os dados do IPCA, divulgados hoje, mostram que a inflação sobe, mesmo que lentamente. Isso é um risco que afeta não apenas o crescimento econômico, medido pelo Produto Interno Bruto, e cria também problemas para os consumidores. A vida fica mais difícil ou, pelo menos, mais cara.

            A elevação de preços funciona como um ciclo vicioso que, quando iniciado, se distribui na economia como um vírus difícil de controlar. Começa pelos alimentos, e alimentos mais caros podem, consequentemente, ampliar os custos do aluguel, da moradia e de outros produtos e serviços; encarece, inclusive, a atividade industrial e agrícola.

            Olhem os preços dos alimentos! O tomate está na ordem do dia. Nas manchetes, sempre o tomate - coitado! - passou a ser o vilão da inflação e ele está entre os produtos que mais encareceram nos últimos 12 meses - 122,13% foi o aumento -, mas existem outros produtos, como a batata inglesa, por exemplo, que também apareceram, só que sem o charme do nosso famoso tomate. O tomate comprado hoje pode custar, dependendo da região do Brasil, o dobro do preço que foi adquirido em abril do ano passado. Cebola, açaí e cenoura também estão mais caros.

            Por causa da seca no Nordeste e do excesso de chuvas na Região Sul, o feijão também ficou com o sabor mais amargo, porque o preço também subiu. O jornal Correio Braziliense publicou, hoje, uma reportagem, mostrando que a saca de 60kg do feijão, típico da nossa culinária, está R$270,00, podendo alcançar R$290,00, mesmo preço alcançado em 2011. Para o consumidor, o preço também está elevado: passou de R$3,00 o quilo para R$6,00 - o dobro!

            É preciso deixar claro que o tomate não é o vilão da história. Os outros alimentos também não podem ser taxados como as causas da elevação de preços.

            Os projetos de infraestrutura que não saíram do papel, as dificuldades de gestão do Poder Público e os investimentos do setor privado que não foram feitos têm mais relação com a inflação e com as nossas dificuldades econômicas do que o coitado do tomate. É inacreditável que o Brasil gaste mais de R$12 milhões, em apenas dois meses, para comprar polpa de tomate da China, produto que poderia ser...

(Soa a campainha.)

            A SRª ANA AMÉLIA (Bloco/PP - RS) - ... produzido aqui com o famoso valor agregado.

            Para terminar, Presidente, no início desta semana, estive reunida, em Porto Alegre, com dirigentes da Associação Gaúcha de Avicultura (Asgav), presidida por Nestor Fresbsrger, para tratar de políticas para o setor avícola e discutir projetos de interesse do setor. Na conversa, falamos como é cara essa atividade devido aos elevados custos de produção de frango no Brasil. E este é um produto fundamental na cesta básica de todos os brasileiros. É inaceitável, um País como o nosso, líder mundial em produtos e serviços do agronegócio e de alimentos, gastar mais que os Estados Unidos para produzir frango e soja. Gasta-se mais, é mais cara aqui essa atividade que nos Estados Unidos.

            Inclusive, tramita nesta Casa o Projeto de Lei do Senado (PLS) nº 330, de 2011, de minha autoria, que estabelece uma regra na convivência dos produtores rurais e agroindústrias, nos chamados contratos de parceria de produção integrada.

            O projeto é uma forma de dar mais segurança à produção eficiente na área rural, um caminho para corrigir distorções econômicas. No final do ano passado, a proposta foi aprovada na Comissão de Constituição e Justiça desta Casa e deve ser apreciada, em breve, pela Comissão de Agricultura e Reforma Agrária do Senado, também sob a relatoria competente do Senador Acir Gurgacz. A matéria foi amplamente discutida com os setores envolvidos, com os trabalhadores e estabelece um marco regulatório para a cadeia produtiva da integração agropecuária.

            Portanto, rodovias de má qualidade, portos burocráticos, lentos e caros, poucas opções de hidrovias e ferrovias, aeroportos congestionados, tudo isso é gargalo na infraestrutura, o que diminui a competitividade do Brasil e deixa a economia brasileira limitada, pouco desenvolvida e pouco competitiva.

(Soa a campainha.)

            A SRª ANA AMÉLIA (Bloco/PP - RS) - Com infraestrutura precária, todos perdem. Portanto, olhar para o Brasil de modo estratégico, com foco na governança e nas boas práticas de gestão é um caminho que ajuda mais do que atrapalhar.

            Muito obrigada, Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 11/04/2013 - Página 16927