Pela Liderança durante a 54ª Sessão Especial, no Senado Federal

Comemoração dos quarenta anos da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).

Autor
Ruben Figueiró (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/MS)
Nome completo: Ruben Figueiró de Oliveira
Casa
Senado Federal
Tipo
Pela Liderança
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Comemoração dos quarenta anos da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).
Publicação
Publicação no DSF de 23/04/2013 - Página 20490
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM, ANIVERSARIO DE FUNDAÇÃO, Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA), COMENTARIO, IMPORTANCIA, PESQUISA CIENTIFICA, AGROPECUARIA, DESENVOLVIMENTO, PRODUÇÃO AGROPECUARIA, EXPORTAÇÃO, INDEPENDENCIA, PAIS, IMPORTAÇÃO, ALIMENTOS, REGISTRO, HISTORIA, ATUAÇÃO, EMPRESA, ANALISE, INOVAÇÃO, DEMANDA, ENFASE, DESENVOLVIMENTO SUSTENTAVEL.

            O SR. RUBEN FIGUEIRÓ (Bloco/PSDB - MS. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Muito grato a V. Exª.

            Sr. Presidente, Senador Jorge Viana, Srª Senadora Ana Amélia, a quem dirijo meu respeito pela feliz lembrança de homenagear, nesta data, a Embrapa, instituição que todos nós admiramos no Brasil, Sr. Presidente da Embrapa, Maurício Antônio Lopes, Sr. ex-Presidente - e sempre Presidente - da Embrapa, Eliseu Alves, Sr. Ministro da Agricultura Alysson Paulinelli, também proprietário rural em meu Estado, fato que muito me honra, Sr. Secretário Geral do Ministério das Relações Exteriores, Embaixador Eduardo dos Santos, Sr. Carlos Augusto Klink, Secretário de Mudanças Climáticas e Qualidade Ambiental do Ministério do Meio Ambiente, meus eminentes colegas, Senador Pedro Simon, Senador Waldemir Moka, Senador Rodrigo Rollemberg e Senador José Pimentel, que aqui estão também para prestar, pessoalmente, as homenagens a todos os servidores da Embrapa que aqui se encontram, minhas homenagens a todos os senhores, meu respeito não só pela presença dos senhores aqui, mas pela extraordinária contribuição que têm dado ao desenvolvimento da agropecuária em nosso Brasil.

            Sr. Presidente, por delegação do eu eminente Líder, o Senador Aloysio Nunes Ferreira, minhas palavras serão em nome do meu partido, o PSDB, reconhecido pela extraordinária contribuição que a Embrapa ofereceu ao Governo do Presidente Fernando Henrique Cardoso.

            Poucas instituições brasileiras gozam de tamanho prestígio e reconhecimento, entre especialistas ou mesmo entre populares, quanto a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), que ora homenageamos neste plenário.

            Às vésperas de completar seu 40º aniversário, que transcorrerá no próximo dia 26, a Embrapa pode se orgulhar de ser um consenso nacional e de ser a grande referência da agropecuária brasileira.

            Hoje, nosso País é respeitado no mundo por causa dessa empresa eminentemente brasileira, corpo e alma nacionais, que nos colocou numa posição especial: somos uma das nações mais importantes na área do agronegócio mundial.

            Pero Vaz de Caminha, ao anunciar a descoberta do Brasil ao Rei de Portugal, afirmara que “nesta terra, em se plantando, tudo dá”. A Embrapa, Sr. Presidente, senhores e senhoras, confirma o título dado pela revista Veja por ocasião da entrevista com Norman Borlaug, em alusão simultânea à carta de Caminha e às tecnologias por ela desenvolvidas: “Quando se pesquisa, tudo dá!”.

            Senhoras e senhores, li recentemente um elucidativo artigo escrito pela Senadora Kátia Abreu, que foi publicado na Folha de S.Paulo. Naquele texto extremamente feliz e consagrador, a nobre Senadora lembra como era o País na década de 70: ainda perseguíamos a autossuficiência na produção de alimentos, e o brasileiro gastava em média 48% de sua renda com alimentação.

            De lá pra cá, o País enfrentou várias crises: crise do petróleo, crise da balança comercial, crises cambiais, crises financeiras e muitas outras. Mas, por iniciativa de brasileiros visionários, cuja tenacidade faz toda a diferença, nasceu a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, uma ideia do engenheiro agrônomo Eliseu Alves, que, fazendo parte do grupo de trabalho que desenvolveu a ideia de reformar a pesquisa agrícola do Ministério da Agricultura, no período de 1971 a 1973, ajudou a criar uma das maiores empresas internacionais no cenário mundial.

            Ou seja, as crises não arrefeceram o ímpeto de quem tinha os olhos voltados para o futuro, daqueles pioneiros que tinham a clareza de que era possível desenvolver no Brasil uma agricultura tropicalizada, de caráter sui generis, descartando, inclusive, o sistema de produção importada das regiões temperadas.

            Depois disso, a Embrapa ganhou novo impulso graças à inteligência e visão de futuro do então Ministro da Agricultura, Alysson Paulinelli, a quem rendo novamente minhas homenagens. A empresa se fortaleceu passo a passo. E os resultados estão sendo colhidos hoje: o gasto médio do brasileiro com alimentação representa cerca de 20% de sua renda. Não fosse a carga tributária e os óbices infraestruturais, a comida seria ainda mais barata e mais bem distribuída. Mas ainda chegaremos lá.

            Atualmente, somos grandes exportadores de produtos agropecuários. Graças à Embrapa, somos um exportador de grãos, de carnes e de frutas de peso no cenário internacional. As pesquisas e as inovações tecnológicas são admiradas pela Europa, pelos Estados Unidos e pelo Canadá.

            A Embrapa é símbolo de inovação, de modernidade, de sustentabilidade, de valorização de parcerias e de visão estratégica de longo prazo. Essa instituição, que completa 40 anos de existência, desmente em muitos aspectos um conceito tradicional do Brasil. Ela é a demonstração inequívoca de que parte do Brasil sabe fazer e acontecer, superando crises, trabalhando incansavelmente para dar relevo à mais nobre atividade humana: produzir alimentos e, com isso, transformar as bases da sociedade, tornando-a mais próspera, mais justa e mais democrática.

            Na condição de produtor rural, Sr. Presidente e senhores que me ouvem, mas principalmente na condição de brasileiro que deseja ver o País no rumo certo, tenho acompanhado de perto todas essas grandes conquistas da Embrapa.

            Honra-me, aliás, registrar a visita que fiz à Embrapa Pantanal, cuja Chefe-Geral se encontra aqui, a Drª Emiko, em fins do mês passado, quando pude atualizar meus conhecimentos sobre todas as atividades desenvolvidas por aquela unidade no meu Estado do Mato Grosso do Sul. Ali, como de resto em todo o Brasil, a Embrapa desenvolve um trabalho meritório e indispensável para a geração de empregos e de riquezas, para o abastecimento nacional e para a exportação de produtos agropecuários, tão essencial ao equilíbrio da nossa balança de pagamentos.

            Senhoras e senhores, é com satisfação, portanto, que registro ter a Embrapa desenvolvido, especialmente para algumas regiões do Mato Grosso do Sul, cultivares de soja plenamente adaptados ao solo e ao clima e de alta estabilidade produtiva. Além disso, a empresa tem auxiliado os produtores locais a planejarem suas atividades, de forma a melhorar o rendimento, como, por exemplo, incentivando a utilização de culturas oleaginosas, de sorgo e de adubação verde, para renovar as áreas de canaviais.

            Quero aqui, neste pronunciamento de homenagem aos 40 anos da Embrapa, reforçar a importância da instituição em meu Estado. A Embrapa sul-mato-grossense é subdividida em três núcleos operatórios: a Embrapa Agropecuária Oeste, que abrange a região da Grande Dourados e que atinge, inclusive, parte do Estado do Paraná; a Embrapa Gado de Corte; e a Embrapa Pantanal. Essas unidades funcionam de maneira interdependente.

            Quanto às suas ações, podemos afirmar, com toda a tranquilidade, que, graças a elas, Mato Grosso do Sul trilha os caminhos do crescimento de maneira sustentável, equilibrando exploração econômica com preservação ambiental. Somos modelo de produtividade e estamos pari passu vencendo obstáculos e obtendo ganhos que assombram a comunidade internacional.

            As cadeias produtivas do agronegócio ocupam cerca de 55% da área do meu Estado, sendo que, no Pantanal, predomina a criação extensiva em pastagens nativas. O Estado tem uma área de 36 milhões de hectares, dos quais cerca de 9 milhões são ocupados pelo bioma pantaneiro. Nossa beleza é exuberante, e nossa capacidade de gerar riquezas por meio da produção de alimentos expande-se à medida que aumentamos a aplicação de pesquisas e de tecnologia no campo.

            Os dados divulgados pela Embrapa são extremamente significativos. O rendimento físico da soja aumentou 90% nas últimas décadas; no do milho, houve um aumento de 64%; e, no do algodão - imaginem, senhores! -, houve aumento de 139%!

            E vejam que interessante, senhoras e senhores: o aumento do rendimento da soja, por exemplo, ajudou a evitar a abertura de 1,5 milhão de hectares de novas áreas, significando que aumentamos a produtividade e, ao mesmo tempo, preservamos a natureza.

            O cultivo da cana se expandiu 311% nos últimos cinco anos, principalmente sobre as áreas de pastagens degradadas, ou seja, não fizemos desmatamentos intensivos para expandir o cultivo.

            O crescimento médio em área de floresta plantada foi de quase 30% ao ano nos últimos cinco anos, representando um crescimento de 165% no período. Com isso, promovemos um sequestro bruto de carbono de 1,2 milhão de toneladas por ano, o equivalente a 4,3 milhões de toneladas de CO2 anuais.

            A pecuária de corte cedeu aproximadamente um milhão de hectares aos setores sucroalcooleiros e florestal, mantendo, todavia, seu volume de produção praticamente constante.

            Em 2012, vejam aos senhores, por exemplo, foram abatidas no meu Estado 3,8 milhões de cabeças, de um rebanho total de 21 milhões de animais, o que dá uma taxa de desfrute de 17,7% no ano, aproveitamento superior ao de outros Estados.

            O Mato Grosso do Sul, graças ao trabalho da Embrapa, em conjunto com produtores, com órgãos estaduais e com entidades de classe, promoveu uma redução fantástica de desmatamento. Enquanto no ano de 2006 foi autorizado o desmatamento de mais de 67 mil hectares, em 2010 foram autorizados pouco mais de 24 mil hectares, com tendência absolutamente decrescente.

            Vejam, senhoras e senhores, estamos produzindo mais e melhor, com muito mais qualidade, e, ao mesmo tempo, estamos preservando o meio ambiente por meio de estudos e planejamento racionais.

            Tudo isso se dá graças a sistemas integrados e sustentáveis de produção, balanço de carbono e gases de efeito estufa, agrometereologia e zoneamento agrícola, manejo de pragas e doenças, fixação biológica de nitrogência e implantação de agricultura orgânica.

            Esses processos são estimulados pelo Programa ABC - Programa de Agricultura de Baixo Carbono, compromisso firmado pelo Brasil na ONU, que representa o esforço do País para reduzir a emissão de gazes de efeito estufa gerados pela agricultura.

            Na região do Pantanal Sul-Mato-Grossense, a Embrapa, graças ao trabalho pioneiro e altamente corajoso, vem realizando projetos alternativos para garantir um justo equilíbrio entre produção agropecuária e conservação do ecossistema.

(Soa a campainha.)

            O SR. RUBEN FIGUEIRÓ (Bloco/PSDB - MS) - Vários projetos foram e estão sendo desenvolvidos de forma exitosa por aquela unidade, garantindo a melhoria genética do rebanho, a introdução de novas tecnologias de produção e controle de doenças adequadas à realidade específica do Pantanal e a criação de uma linha especial de crédito por meio do Fundo Constitucional de Financiamento do Centro-Oeste.

            Além disso, a Embrapa Pantanal fez um grande trabalho no setor pesqueiro, criando as bases tecnológicas para o desenvolvimento da aquicultura, reduzindo, inclusive, o valor do pescado para os consumidores. Há um imenso trabalho sendo realizado nessa área para promover o melhoramento genético de quatro espécies nativas de peixes, visando a criar processos para estimular a industrialização que agregue valor ao pescado.

            Enfim, graças à ação sistêmica da Embrapa Pantanal, cada vez mais compreendemos a complexidade do bioma, que sobrevive em função de períodos de seca e de cheia, de onde é possível realizar estudos que façam com que preservemos esse patrimônio natural da humanidade com efetiva participação e colaboração do homem do campo.

            Senhoras e senhores, o trabalho realizado pelas três Embrapas em Mato Grosso do Sul está sendo essencial para colocar Mato Grosso do Sul no ranking dos melhores lugares para se viver no Brasil. Temos orgulho dessas equipes abnegadas e competentes que estão realizando, de maneira muitas vezes silenciosa, um dos trabalhos mais importantes de nosso País.

            Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, senhoras e senhores que nos ouvem neste plenário, a criação da Embrapa há 40 anos foi um marco divisor na agropecuária brasileira. Não há brasileiro razoavelmente informado que não conheça a Embrapa e que não admire sua contribuição para o homem do campo, para o agronegócio, para a preservação ambiental, enfim, para o nosso desenvolvimento sustentável.

(Soa a campainha.)

            O SR. RUBEN FIGUEIRÓ (Bloco/PSDB - MS) - Ao saudar a Embrapa, na pessoa do seu Presidente, Sr. Maurício Antônio Lopes, e de todos os seus funcionários, digo, com muita emoção, que, dentre eles, tenho a honra de ter o meu filho, o pesquisador Luís Orcírio Fialho de Oliveira, da Embrapa Pantanal.

            Quero congratular-me com o homem do campo e com todo o povo brasileiro que tem pela Embrapa um especial carinho e um especial reconhecimento.

            Parabéns à Embrapa e conte sempre com o meu respeito e a minha solidariedade sincera.

            Muito obrigado as V. Exªs. (Palmas.)

            Muito obrigado a todos.

            O SR. PRESIDENTE (Jorge Viana. Bloco/PT - AC) - Eu cumprimento o nobre Senador Ruben Figueiró, que tão dedicadamente estava na expectativa desta sessão e fez um belo pronunciamento, porque sua vida é muito vinculada à história da agropecuária brasileira. Sempre vem conversar comigo: “Agora, como Senador, não posso mais olhar minhas coisas como gostaria.” Mas ele está sempre presente, olhando para a produção, para a criação e tentando fazer a defesa da agropecuária aqui na tribuna.

            Parabéns, Senador!

            O SR. RUBEN FIGUEIRÓ (PSDB - MS) - Muito obrigado mais uma vez.

            O SR. PRESIDENTE (Jorge Viana. Bloco/PT - AC) - Como eu lhe falei, meu pai está assistindo ao vivo, pela TV Senado, ao pronunciamento do seu colega, histórico.

            O SR. RUBEN FIGUEIRÓ (PSDB - MS) - Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 23/04/2013 - Página 20490