Discurso durante a 54ª Sessão Especial, no Senado Federal

Comemoração dos quarenta anos da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).

Autor
Renan Calheiros (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/AL)
Nome completo: José Renan Vasconcelos Calheiros
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Comemoração dos quarenta anos da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).
Publicação
Publicação no DSF de 23/04/2013 - Página 20509
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM, ANIVERSARIO DE FUNDAÇÃO, Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA), COMENTARIO, IMPORTANCIA, PESQUISA CIENTIFICA, AGROPECUARIA, DESENVOLVIMENTO, PRODUÇÃO AGROPECUARIA, EXPORTAÇÃO, INDEPENDENCIA, PAIS, IMPORTAÇÃO, ALIMENTOS, REGISTRO, HISTORIA, ATUAÇÃO, EMPRESA, ANALISE, INOVAÇÃO, DEMANDA, DESENVOLVIMENTO SUSTENTAVEL.

            O SR. RENAN CALHEIROS (Bloco/PMDB - AL. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, nessa sessão comemorativa aos 40 anos da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, a serem completados na próxima sexta-feira, dia 26 de abril, gostaria de fazer, primeiramente, uma pequena reflexão sobre o papel do agricultor. O homem do campo, como muitas vezes é chamado, não é somente aquele que cultiva alimentos, mas também toda sorte de culturas com o objetivo de obter energia, fibras, matéria-prima para vestimentas, construções, medicamentos, ferramentas ou ainda somente para prazer, como é o caso das plantas ornamentais.

            Assim podemos dizer que o agricultor é aquele que dá vida à terra, fazendo dela brotar toda espécie de frutos, fibras e flores, que, além de possibilitar a sobrevivência humana, a torna mais amena e bonita. Pois bem, É com esse pensamento que louvo a Embrapa pelo seu trabalho, suas realizações, suas pesquisas, pois é essa empresa que tem, em nosso país, e em vários outros espalhados pelo mundo, facilitado, aprimorado e disseminado as melhores práticas, por meio das quais o agricultor dá vida à terra. É uma nobre missão.

            Quase todo o prestígio angariado pelo Brasil, como celeiro do mundo, e expoente na pecuária, ao longo das últimas quatro décadas, deve-se ao trabalho de pesquisa técnica desenvolvido pela Embrapa. Sem o trabalho de seus pesquisadores talvez fôssemos fadados, tal como o personagem de Lima Barreto, o Policarpo Quaresma, a um triste fim, determinado em grande parte por um ataque de saúvas.

            Sem a Embrapa a previsão da produção de grãos para a safra 2012/2013 dificilmente chegaria a 185 milhões de toneladas.

            Sem o trabalho da Embrapa provavelmente não produziríamos tanto em áreas cada vez mais reduzidas, o que é determinante para preservação do meio ambiente.

            A partir da fundação da Embrapa, em 1973, ao Brasil foi possível aumentar a produção de grãos e ocupar regiões antes pouco utilizadas para a produção de alimentos. Graças a essa empresa, por meio de seleção de espécimes menos sensíveis e mais resistentes as nossas temperaturas e à falta de estações no ano, muitas culturas se tornaram viáveis em nosso país.

            Como exemplo podemos citar a soja, que a partir dos anos 1970, começou a ser plantada no Centro-Oeste, onde o cerrado era considerado até então como terra pouco produtiva. Em trinta anos, a produção do grão passou de 1 milhão de toneladas, em 1979, para 57 milhões, em 2009, Não somente a soja, mas muitas outras espécimes antes impróprias ao nosso clima passaram a produzir como se estivessem em seus países de origem, a partir do avanço das pesquisas da Embrapa. Dessa forma, frutas como o melão, a maçã, a pera e o caqui passaram a ser produzidas no Nordeste, por exemplo.

            O mais gratificante e surpreendente, até uvas - que precisam de condições muito específicas de sol e frio para alcançar boa qualidade - passaram a ser produzidas em estados nordestinos. Tudo isso, graças ao esforço e dedicação dos pesquisadores da Embrapa. E não é somente no Brasil que a empresa rende bons frutos.

            Em termos de cooperação técnica internacional, a Embrapa mantém 78 acordos bilaterais com mais de 56 países e 89 instituições, bem como acordos multilaterais com 20 organizações internacionais.

            A empresa mantém laboratórios virtuais no exterior para o desenvolvimento de pesquisas e prospecção de tendências em temas na fronteira do conhecimento nos Estados Unidos, França, Inglaterra, Holanda e Coréia do Sul. Também possui um escritório em Gana para compartilhar conhecimento científico e tecnológico junto aos países africanos e, mais recentemente, no Panamá e Venezuela visando a uma atuação na América Latina. No território nacional, a Embrapa encontra-se presente em quase todos os Estados da Federação, nos mais diferentes biomas brasileiros.

            Graças à Embrapa, de 1976 a 2011 a área destinada a grãos e sementes oleaginosas aumentou quase 44%, enquanto a produção aumentou por volta de 250% e os rendimentos aumentaram 2,4 vezes. Incremento similar foi observado na pecuária: a produção de carne bovina, carne suína e carne de aves aumentou de forma gradual de 4,270 mil toneladas métricas, em 1978, para quase 25 mil toneladas métricas em 2011. A mesma expansão pode ser verificada na produção de leite: se em 1980 ultrapassou 11 bilhões de litros, em 2011 alcançou 32 bilhões de litros, de acordo com o IBGE.

            Esses números exemplificativos são, contudo, etapas já conquistadas. Muito ainda há que se fazer quando se fala em agropecuária. O desafio para as próximas décadas é continuar batendo recordes de produção, com culturas e de alta qualidade e menor dispêndio de trabalho, fertilizantes, água, sementes e áreas trabalhadas. É o que chamamos de agricultura sustentável. Outro desafio é produção pecuária com menor quantidade de elementos nocivos à saúde humana e, ainda, sem o sofrimento dos animais. Tudo isso representa um dos maiores desafios para a humanidade e, em especial, para o Brasil.

            Com a Embrapa, certamente avançaremos nas conquistas agropecuárias, dando conta, sem perder de vista a ética e a humanidade, da necessidade de produzir alimentos e matérias-primas e de gerar superávits econômicos, imprescindíveis para a nossa capacidade de investimentos.

            Não temos dúvida alguma de que o agronegócio brasileiro se consolidará, cada vez mais, pela nossa capacidade de incorporar, de forma contínua, inovações tecnológicas que nos permitam atender às crescentes demandas do mercado interno, além de fornecer condições de exportação.

            Tudo isso de mãos dadas com a sustentabilidade, que garanta a preservação do meio ambiente e a saúde da população. Isso por que temos de ir além da visão utilitária da agricultura, e agregar valores de natureza cultural, valores do ambiente físico e do espaço geográfico, valores ecológicos, além de outros que integram o caráter humano. É isso que as novas gerações de nós exigem. É disso que precisamos. Ainda bem que podemos contar com a Embrapa.

            Obrigado a ela e a todos os presentes.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 23/04/2013 - Página 20509