Discurso durante a 54ª Sessão Especial, no Senado Federal

Comemoração dos quarenta anos da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).

Autor
Eunício Oliveira (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/CE)
Nome completo: Eunício Lopes de Oliveira
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Comemoração dos quarenta anos da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).
Publicação
Publicação no DSF de 23/04/2013 - Página 20510
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM, ANIVERSARIO DE FUNDAÇÃO, Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA), COMENTARIO, IMPORTANCIA, PESQUISA CIENTIFICA, AGROPECUARIA, DESENVOLVIMENTO, PRODUÇÃO AGROPECUARIA, EXPORTAÇÃO, INDEPENDENCIA, PAIS, IMPORTAÇÃO, ALIMENTOS, REGISTRO, HISTORIA, ATUAÇÃO, EMPRESA, ANALISE, INOVAÇÃO, DEMANDA, DESENVOLVIMENTO SUSTENTAVEL.

            O SR. EUNÍCIO OLIVEIRA (Bloco/PMDB - CE. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs Senadoras e Srs. Senadores, junto-me aos demais colegas no propósito de homenagear a Embrapa Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária pelos seus quarenta anos de existência.

            Nesse período o Brasil se consolidou como a grande fronteira agrícola mundial. A produção nacional de alimentos quadruplicou e o País ainda se tornou um grande produtor em vários setores agropecuários. Segundos dados do Ministério da Agricultura, o Brasil estava entre os quatro maiores produtores mundiais de açúcar, de café, de suco de laranja, do complexo soja, de carne bovina, de álcool, de carne de frango, de milho e de carne suína. Além disso, produtos agropecuários constituem aproximadamente 40% de nossas exportações e são responsáveis por boa parte de nosso superávit em nossa balança de pagamentos.

            Nas palavras do Plano de Safra 2012/2013 do Ministério da Agricultura, ao longo dos últimos 35 anos, o País desenvolveu e consolidou um dos setores agropecuários mais eficientes do mundo, sendo que, nas últimas duas décadas, prevaleceram baixíssimos níveis de proteção tarifária e de subsídio.

            É correto afirmar que poucos países conseguiram o que o Brasil fez em termos de agricultura tropical.

            Esse período de Revolução não há outra palavra que possa ser utilizada - se deu graças à atuação da Embrapa como elemento de progresso no campo.

            Os especialistas são unânimes em apontar que a empresa foi responsável por duas grandes estratégias bem-sucedidas. A primeira foi a criação de técnicas para a correção da acidez do solo do cerrado. A segunda foi a adaptação de plantas de outros climas ao da região.

            Até o início da década de 1970, o cerrado era insignificante em termos agrícolas. Hoje, responde por quase metade da produção nacional.

            Isso se deu graças ao investimento agressivo em termos de qualificação profissional. Hoje, a Embrapa conta com aproximadamente dois mil e quatrocentos pesquisadores, sendo que 80% possuem doutorado ou pós-doutorado, índices verdadeiramente impressionantes e que dificilmente são encontrados mesmo na iniciativa privada.

            As conquistas das Embrapa são verdadeiramente admiráveis. Nesse momento em que completa quarenta anos, novos são os desafios, principalmente porque hoje o cenário econômico é de enorme competição, em que grandes grupos econômicos multinacionais investem quantias significativas em termos de pesquisa e desenvolvimento tecnológico.

            Além do mais, o cenário atual é bem diferente daquele existente nos anos 1970.

            Hoje, os desafios econômicos e sociais globais são, dentre outros: a) a busca de novas formas de energia que sejam tanto mais baratas, quanto mais eficientes; b) o enfrentamento da escassez de água; c) um meio ambiente que está mais hostil em razão das mudanças climáticas globais e, por fim, mas não menos importante, d) a pobreza, que em termos mundiais ainda separa uma minoria que vive em abundância, enquanto uma parcela significativa da população mundial não consome o mínimo necessário de calorias por dia.

            Nas palavras de Maurício Lopes, presidente da Embrapa, "nós não vamos mais poder pensar uma agricultura que é provedora só de alimentos, fibra e energia. Nós vamos ter que pensar numa agricultura que seja promotora de saúde e de qualidade de vida".

            Em parte, isso se tem feito por meio de ações da Empresa no exterior. Hoje, ela atua em vinte e dois países da África, além de ações de colaboração na América Latina, Caribe, além de estar colaborando com o processo de desenvolvimento do Timor Leste.

            Em outra parte, a Empresa está desenvolvendo novos programas, caso do Agropensa, que estimula o planejamento estratégico no âmbito da empresa, de modo a permitir que a instituição seja mais eficiente, produzindo mais pesquisa com menos gastos financeiros.

            É verdade, porém, que os desafios são muitos. Além da concorrência das empresas privadas, a Embrapa deve continuar a atuar em seus campos tradicionais de pesquisa, caso de melhoramento genético de plantas e animais, ao mesmo tempo em que deve investir em novas áreas como nanotecnologia, pesca, tecnologia de informação e automação e mecanização do campo.

            Além disso, especialistas sugerem que sejam feitos investimentos em novas áreas. O ex-ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, defende, por exemplo, que haja busca por novos fertilizantes, haja vista que hoje o País importa quase 80% de alguns insumos desse tipo que são cruciais para o aumento de produtividade das lavouras.

            Enfim, são gigantescos os desafios. Os meios, felizmente, estão à disposição, ainda mais que somos sabedores dos benefícios trazidos pela Embrapa ao Brasil ao longo dessas quatro décadas.

            Por fim, reforço os meus parabéns à Embrapa, agradecendo-a pelo que tem feito pelo País e, ressalto que o Senado Federal sempre está à disposição para ajudá-la e fortalecê-la de modo que possa a continuar a ser referência em termos de pesquisa agropecuária mundial.

            Era o que tinha a dizer. Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 23/04/2013 - Página 20510