Pela Liderança durante a 56ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Pedido de esclarecimentos sobre a declaração de bens apresentada pelo Senador Jader Barbalho.

Autor
Mário Couto (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/PA)
Nome completo: Mário Couto Filho
Casa
Senado Federal
Tipo
Pela Liderança
Resumo por assunto
CORRUPÇÃO.:
  • Pedido de esclarecimentos sobre a declaração de bens apresentada pelo Senador Jader Barbalho.
Publicação
Publicação no DSF de 24/04/2013 - Página 20958
Assunto
Outros > CORRUPÇÃO.
Indexação
  • SOLICITAÇÃO, ESCLARECIMENTOS, DENUNCIA, SONEGAÇÃO, PATRIMONIO INDIVIDUAL, JADER BARBALHO, SENADOR, ESTADO DO PARA (PA), CRITICA, MATERIA, PERIODICO, DIARIO DO PARA, MOTIVO, CALUNIA, VITIMA, ORADOR.

            O SR. MÁRIO COUTO (Bloco/PSDB - PA. Como Líder. Sem revisão do orador.) - Obrigado, Presidente. Minha querida ex-Senadora Marina, é um prazer muito grande tê-la aqui.

            Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, volto eu esta tarde para falar de corrupção. Volto eu esta tarde, Srs. Senadores, Srªs Senadoras, ao combate à corrupção na Pátria e no meu Estado.

            Sei que é muito duro combater a corrupção nesta Pátria. Sei que é muito duro combater os poderosos que, através do dinheiro público, ficaram ricos e se tornaram poderosos. Sei que sou muito pequeno para, sozinho, todas as semanas, estar aqui denunciando a corrupção no meu País e no meu Estado.

            Sei que a minha luta é árdua. Sei que a minha família é ofendida. Sei que já soltaram uma bomba dentro da garagem da minha casa. Sei que o Ministério Público já me avisou que estou prometido de morte. E de tudo que falo tenho documentos.

            Sei, Senadores e Senadoras, que é duro para mim, que é sofrido para mim e minha família, estar nesta luta contra os poderosos que ficaram com o dinheiro público, com o dinheiro da Pátria, com o dinheiro do povo desta terra querida chamada Pará, de Nossa Senhora de Nazaré, que me protege. Enquanto eu estiver com ela do meu lado, eu não terei medo de absolutamente nada. Ó Virgem querida, não me deixe. Ó Virgem, proteja-me sempre, eu preciso de ti próximo de mim, minha querida Virgem de Nazaré.

            Olhem, quanto mais se combate a corrupção, quanto mais se fala do corrupto, mais se gera em cada um deles a ansiedade de calar esta voz, a voz de um paraense, de um paraense lá do Marajó, da pequenina cidade de Salvaterra, que veio para cá incomodar, que veio para cá colocar ódio no coração de muitos que roubam a Pátria, que tiram do brasileiro, do nosso querido Brasil, do meu querido Estado, daqueles que deveriam ter saúde, educação, segurança pública, estradas, vicinais; daqueles pobres que estão lá no interior do interior, que não têm um forno para fazer a farinha, porque os poderosos retiraram o dinheiro da Sudam, órgão que iria fomentar o desenvolvimento da Amazônia e proteger os pobres do meu Estado, do Amazonas, do Acre. A Sudam não teve mais força, não teve mais condições, depois de ser surrupiada, de ter os seus cofres públicos surrupiados, não teve mais força para desenvolver a Amazônia.

            Colocaram o meu patrimônio num jornaleco. Jornaleco sujo, jornaleco feito com o dinheiro público, e o jornaleco, com a ira de eu ter lhe acusado aqui, com a ira da minha coragem, com a ira deste paraense não ter medo e ter a coragem de acusar, como vou fazer hoje novamente.

            Eis um paraense, nesta tribuna, que veio mandado para cá por 1,5 milhão de votos, 53% do eleitorado paraense confiou em mim. Este jornaleco, TV Senado - deixe-me fazer a propaganda -, ajudou a mostrar o meu patrimônio. Mostraram o meu patrimônio, mas erraram, colocaram muito pouca coisa, disseram que estou milionário. Colocaram a minha casa e uma lanchinha em cima da minha casa.

            Mozarildo, não é possível que, durante uma vida de 27 anos de mandato, eu só tenha uma casa e uma lanchinha. Mas eu não roubei a Sudam. Eu não roubei a Sudam. Eu não sou ladrão! Eu não roubei o Banpará. Eu não sou ladrão! Por isso, meu patrimônio é pequeno. Agora, se fossem mostrar o patrimônio deste jornal, com certeza essa página inteira não daria. Com certeza, se virasse a outra página, não daria. Com certeza, se abrissem as duas páginas, não daria para mostrar tudo.

            Olha o que aqui faltou no meu patrimônio. Eu não tenho avião, não colocaram aqui. Eu não tenho avião, jornaleco. Não tenho. Eu não tenho jornal, eu não tenho televisão - estou cansado de dizer isso aqui -, eu não tenho fazendas. Eu declaro o meu Imposto de Renda e entrego ao Senado Federal com todo o meu patrimônio. Não tiro nenhum patrimônio para entregar à Mesa do Senado.

            Meu Pará querido, chegamos à beira do desespero. Este jornal mostra muito bem o desespero quando a verdade é dita. Quando a verdade é dita, bate o desespero na porta da corrupção daqueles que passaram a vida tirando do meu Estado para si próprio.

            Eu vou sonhar um pouco aqui, meu nobre Presidente. Eu vou pôr a mão, Senador Alvaro Dias, senhores e senhoras que me honram com a presença na galeria de honra. Eu quero sonhar um pouco. Srªs e Srs. Senadores, meu Presidente querido, eu vou sonhar um pouco e eu vou contar depois o meu sonho a todos vocês. Vamos sonhar. Profundo sonho, Senadores.

            Eu sonhei que aqueles que roubaram a Sudam estavam presos. É verdade, Senadores?

            Eu sonhei que os mensaleiros já estavam presos. É verdade, Senadores?

            Ninguém está preso. Não é verdade. Que pena! Que pena que não é verdade. Meus queridos Ministros do Supremo Tribunal Federal, pelo respeito que tenho por V. Exªs, ponham na cadeia aqueles que roubaram a Sudam. O rombo da Sudam é dez vezes maior que o rombo que os mensaleiros causaram à Nação,

            E até hoje, Ministros - até hoje, até hoje, Ministros -, ninguém foi chamado a nada. Há mais de dez anos os processos da Sudam estão engavetados. Eu rasguei a CPI da Sudam. Eu Rasguei. Peço desculpas à Mesa, neste momento, na minha humildade. Mas sabe por que eu rasguei? Porque não adiantava prosseguir. Eu, para conseguir levar uma Comissão para o meu Estado, levei quase dois meses. Faça a ideia uma CPI para apurar a Sudam.

            Agora, meus senhores e minhas senhoras, eu quero apresentar uma parte mais forte do meu pronunciamento na tarde de hoje. Eu quero apresentar uma denúncia que me chegou à mão, uma denúncia que eu não posso guardar na minha gaveta.

            Meu querido Senador Pedro Taques, eu queria agora que V. Exª, como um dos homens preparados, como um dos homens sérios, como um dos homens que eu respeito neste Parlamento, me escutasse um pouco. Eu não posso deixar de fazer isto, meu nobre Senador. A denúncia é séria, a denúncia é grave. É preciso ter coragem para fazer o que eu vou fazer agora. É preciso ser paraense. É preciso ser marajoara. É preciso ter coragem!

            Mas eu não a guardaria jamais na minha gaveta. É relacionada a um Senador da República. É relacionada a um Senador da República em exercício do mandato, meu nobre Senador Pedro Taques.

            Eis um contrato de uma emissora de televisão na minha mão. A denúncia me chegou, mas essa denúncia já foi feita pela ex-Senadora Marinor, do PSOL, que já encaminhou ao Ministério Público Federal, mas tenho certeza de que, pela sua sabedoria, V. Exª vai entender que este documento aqui primeiro tem que passar por esta Mesa Diretora. Esta Mesa Diretora tem que se pronunciar em relação a isso, porque é um Senador em exercício do seu mandato.

            Esse Senador comprou, em 2001, um canal de televisão e rádio em Santarém, a TV Tapajós. Associou-se ao Sr. Joaquim da Costa Pereira e Vera Soares Pereira, que parece ser a filha. Em 2001, esse contrato passou 10 anos engavetado. Precisou o Sr. Joaquim morrer. Sr. Joaquim morreu e a filha entrou com inventário; e, quando a filha chegou com o inventário, eis que surge o dono da TV Tapajós, já registrada em cartório em 2011.

            Pior, Senador Jarbas Vasconcelos - eis, Senador, na minha mão -, o patrimônio do Senador Jader Barbalho, patrimônio de 2012, portanto, que foi encaminhado à Mesa Diretora, como nós todos temos a obrigação de fazer na hora que assumimos o nosso mandato. Mas, não existe nesse patrimônio apresentado à Mesa esta televisão que está assinada aqui em nome do Senador Jader Barbalho.

            É essa a explicação que eu quero, meu nobre Presidente. É essa a explicação da Mesa que eu desejo, meu nobre Presidente.

            Eu quero saber por que a TV Tapajós, em Santarém, pertence a um Senador da República, mas, no seu patrimônio, não consta há mais de 10 anos. Onde está o Fisco, que está sendo enganado? Onde está o Senado, que está sendo enganado? Onde estamos nós?

            (Soa a campainha.)

            O SR. MÁRIO COUTO (Bloco/PSDB - PA) - Quedê a nossa Pátria? Quedê a nossa Nação? Onde estamos, Brasil, que nada acontece a ninguém, quando se corrompe a Pátria?

            O que devemos fazer mais, Pedro Taques? O que temos mais que fazer, Pedro Taques? Por que se vem, Pedro Taques, todo dia para cá, Pedro Taques, para este Senado, para esta Casa, quando a corrupção está solta, quando se denuncia aqui e nada acontece com ninguém? Nós temos que dizer que este País é sério! Nós temos que dizer! Nós temos que fazer este País ser sério!

            (Interrupção do som.)

            O SR. MÁRIO COUTO (Bloco/PSDB - PA) - Vamos, Senador, vamos, Senadora, fazer com que este País seja sério, fazer com que cada um de nós tenha a virtude e a honra de poder subir nesta tribuna, a honra de poder estar aqui (Fora do microfone.), de poder olhar para os nossos filhos, de poder olhar para as nossas famílias, e mostrar que nosso trabalho é digno, que nosso trabalho vale a pena!

            Martirizar? Martirizar não é apenas bater, fazer doer, não é só isso. Martiriza-me quando eu subo esta tribuna, quando eu falo, quando eu denuncio e nada acontece. Esse é o martírio. Esse é o castigo.

            Meu Pará querido, não adianta cair em desespero. Venho hoje aqui pedir explicações à Mesa. Vou fazer isso oficialmente. Já está feito, por sinal, e vou entregar à Mesa. Quero explicações.

            Meu paraense querido, não adianta espernearem, não adianta me colocarem em jornais. Os paraenses sabem que esse jornal que tenho em mãos, chamado Diário do Pará, não tem credibilidade na minha terra. Este jornal aqui, que eu encaro porque tenho honra para encarar, não me mete medo, não faz nem coceira. Nem coceira vocês me fazem.

            Podem falar o que quiserem. Agora, vocês não têm consistência de mostrar. Eu mostro. Está aqui na minha mão. Eu exijo. Eu quero resposta da Mesa com relação ao que eu falei aqui.

            Eu quero ver o patrimônio do Senador Jader Barbalho, o que foi encaminhado à Mesa. Eu quero ver! Eu tenho o direito de ver! Eu quero saber se a TV Tapajós está lá! Eu quero saber!

            Obrigado, Sr. Presidente. V. Exª é sempre muito educado comigo.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 24/04/2013 - Página 20958