O SR. BENEDITO DE LIRA (Bloco/PP - AL. Pela Liderança. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, nesta oportunidade, é muito interessante para esta Casa que estejamos vendo na galeria esses jovens, que, ao visitarem a Casa do Congresso Nacional, passam a conhecer de perto quais são as atividades desenvolvidas no Senado Federal, que é a Casa da Federação.

            É interessante que os jovens saibam que no Brasil há Estados ricos e Estados pobres e que há Estados que têm força política maior do que outros. Vou dar um exemplo, para que fique mais claro. O meu Estado pequenino de Alagoas é o penúltimo Estado da Federação, diferente do Estado de São Paulo. Mas, para o Senado Federal, a representação política que tem São Paulo, com mais de 30 milhões de habitantes, é a mesma representação política que tem Alagoas, com pouco mais de 3 milhões de habitantes.

            Então, Sr. Presidente, eu queria dizer aos meus jovens que é uma alegria muito grande tê-los nesta Casa. Que vocês possam, realmente, a partir dessas visitações, começar a ter consciência, exatamente, do papel que representarão para o futuro, vivendo o presente e se preparando para o amanhã.

            Um de vocês, ou uma de vocês poderá estar aqui, como nós outros, que também fomos crianças como vocês. Imaginávamos? Não. Mas o dia a dia da vida fez com que cada um que aqui se encontra pudesse realizar o sonho de, através da atividade política, fazer o bem para a sociedade e defender os interesses do nosso País.

            Por isso, aos professores que os conduziram aqui, meus parabéns e, acima de tudo, nosso muito obrigado por trazê-los aqui. É sempre bom para os jovens estudantes do meu País, aqueles que estão mais distantes talvez tenham mais dificuldades de vir, mas aqueles que estão mais próximos, particularmente os que moram em Brasília, tem todo um caminho aberto para visitar o Senado Federal.

            Muito obrigado.

            Sr. Presidente, trago, na tarde de hoje, algumas manifestações a respeito de uma empresa que trata de pesquisas, de inovações e de cuidados com o setor primário do Brasil, ou seja, da agricultura e da pecuária.

            Ontem, a Embrapa completou 40 anos de existência. A capacidade de uma Nação produzir alimentos representa uma fonte de riqueza econômica e importante fator para assegurar o bem-estar social. É mais do que isso: a capacidade de produzir alimentos constitui elemento indispensável para assegurar a soberania nacional.

            Qualquer nação que almeje a permanente afirmação de sua soberania precisa garantir um nível considerável de independência no abastecimento de alimentos à sua população.

            Sob esse aspecto, o Brasil, felizmente, encontra-se em uma situação bastante privilegiada. Somos uma potência agrícola de extraordinária expressão, ocupando o segundo lugar na exportação de produtos agropecuários no âmbito mundial.

            Em 40 anos, multiplicamos em seis vezes nossa safra. Temos a liderança na produção mundial de açúcar, café e suco de laranja. Somos o segundo maior produtor mundial de soja e etanol. Também nos destacamos na produção de carnes, milho, algodão, papel e diversos outros produtos.

            Há muitos anos, nossa agropecuária vem batendo sucessivos recordes não apenas de produção, mas também de vendas para o mercado internacional. Ao lado do talento e da capacidade de trabalho de nossos produtores rurais, outro fator que contribuiu decisivamente para chegarmos a essa posição de destaque foi, sem dúvida, o excepcional trabalho de pesquisa e inovação realizado há décadas por nossos pesquisadores e cientistas agrícolas.

            Na oportunidade em que a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - Embrapa -, completa 40 anos de existência, é obrigação de cada brasileiro expressar o reconhecimento pela significativa contribuição que essa constituição tem dado ao fortalecimento de nossa agropecuária e, consequentemente, ao engrandecimento do Brasil.

            Fundada em 26 de abril de 1973, com a missão de viabilizar soluções de pesquisa, desenvolvimento e inovação para a sustentabilidade da agricultura, em benefício da sociedade brasileira, a Embrapa conquistou, ao longo de sua história, respeito em âmbito internacional, como referência mundial em soluções para a agricultura tropical.

            As comemorações iniciadas pela empresa nesta semana para este seu quadragésimo aniversário estão inseridas num grande projeto denominado Embrapa 40+20. O objetivo do projeto é contemplar ações que reforcem, junto à sociedade, a imagem da Embrapa, no Brasil e no mundo, como instituição pública brasileira de destaque na pesquisa agropecuária, com ênfase nos aspectos de inovação, modernidade, sustentabilidade, valorização de parcerias e capacidade de antecipação.

            Mesmo com os resultados alcançados para o País, a Embrapa não quer viver das glórias do passado, mas mostra seu espírito empreendedor ao pensar nos próximos vintes anos.

            A estratégia será focada no fortalecimento da capacidade de antecipação para o combate a novas pragas, aumento da produção em um cenário de recursos naturais escassos e de fenômenos climáticos cruéis como a seca, que assola o Nordeste brasileiro.

            Não se pode deixar de destacar, Sr. Presidente, Srªs. e Srs. Senadores, a excelência do programa da Embrapa voltado para a capacitação dos seus recursos humanos, particularmente de seus pesquisadores.

            Com o objetivo de estar à altura do desafio de colaborar para a construção da liderança do Brasil em agricultura tropical, a Embrapa priorizou os investimentos na qualificação dos seus recursos humanos. A empresa conta, hoje, com cerca de 9.795 empregados, sendo 2.427 deles pesquisadores. Entre estes últimos, chama atenção o altíssimo nível de qualificação: 375 deles possuem mestrado, 1.789 concluíram o doutorado e 242 têm pós-doutorado.

            Para que se possa fazer alguma ideia da contribuição da Embrapa à agropecuária brasileira, é bom lembrar que, desde a sua criação até o presente, a safra brasileira de grãos mais que quadruplicou, mesmo avanço registrado na oferta de carne bovina e suína, ao passo que a oferta de carne de frango aumentou nada menos que 22 vezes, no período entre 1975 e 2009.

            A produção de leite aumentou cerca de oito bilhões de litros, em 1975, para quase 28 bilhões de litros, em 2008.

            A produção brasileira de hortaliças elevou-se de nove milhões de toneladas para mais de 19 milhões de toneladas, com incremento da área plantada inferior a 5%, refletindo espetacular aumento da produtividade.

            Aumento generalizado foi também observado na produção e na produtividade da pecuária caprina e ovina. A oferta de couro, pele, embutidos, queijo e ovos seguiu o mesmo caminho, bem como a de frutas, flores, fibras e essências florestais.

            É por tudo isso que o último balanço social disponível, correspondente ao ano de 2011, mostra que a Embrapa ofereceu ao País um lucro social da ordem de R$17,760 bilhões, lucro esse apurado com base nos impactos de uma amostra de apenas 114 tecnologias e 163 cultivares, desenvolvidas pela empresa e seus parceiros - em especial as organizações estaduais de pesquisa - e transferidas para a sociedade.

            A Embrapa obteve, em 2011, receita líquida superior a R$2,60 bilhões que, repetindo o ocorrido em 2010, foi recorde na história da empresa. Já o retorno dessa receita para a sociedade brasileira foi multiplicado por 8,62%

            Ainda segundo o balanço social de 2011, a taxa de retorno médio dos investimentos, realizados na geração das 114 tecnologias e 163 cultivares, foi da ordem de 45,1%.

            Com sua atuação internacional, a Embrapa contribuiu para a boa imagem do Brasil no exterior. Na América Latina e no Caribe, a empresa desenvolve 49 projetos de cooperação, contemplando 18 países.

            No continente africano, são 51 os projetos de cooperação e nove os países contemplados.

            A empresa realiza, ainda, cooperação científica por meio de laboratórios no exterior, os Labex, presentes na América do Norte, na Europa e na Ásia.

            Recentemente, o Presidente da empresa e o Diretor-Geral da FAO (Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação) assinaram em Roma, na Itália, acordo que vai expandir as iniciativas de Cooperação Sul-Sul e agilizar o intercâmbio entre as duas instituições no desenvolvimento da pesquisa agrícola, em especial para o apoio a políticas públicas relacionadas à segurança alimentar.

            Srªs Senadoras, Srs. Senadores, o trabalho desenvolvido pela Embrapa tem grande importância no sentido de viabilizar a melhoria da qualidade e o aumento da quantidade da produção de alimentos, tanto para o mercado interno, como para o mercado externo.

            As tecnologias desenvolvidas pela empresa ajudam, sem distinção, agricultores familiares, pequenos, médios e grandes produtores. A assistência prestada pela empresa tem, nessa medida, um caráter profundamente democrático.

            Todos aqueles que acompanham a realidade de nosso setor agropecuário sabem que o Brasil somente alcançou a liderança na produção de alimentos em função do alto nível de trabalho desenvolvido pela Embrapa.

            Foi, em grande medida, graças à competência e ao profissionalismo da equipe de pesquisadores da empresa que o Brasil conseguiu alcançar independência no setor agrícola em relação a outros países.

            Já não constitui novidade a afirmação de que o emprego de tecnologias modernas na produção rural é fundamental para otimizar o uso de recursos naturais e econômicos. Se isso é realidade em regiões de terras mais férteis, a necessidade de utilização de tecnologia é ainda mais crucial em áreas como o Semiárido. Não seria sequer concebível a produção de uvas e vinho na região de Juazeiro, na Bahia, ou de Petrolina, em Pernambuco, sem o aporte de conhecimentos técnicos altamente especializados. E o mesmo é válido para inúmeras outras culturas, a exemplo da piscicultura e da produção de mel.

            Com o incessante avanço do conhecimento científico, ampliam-se sobremaneira as perspectivas para o futuro imediato. Já para os próximos vinte anos, podemos vislumbrar a possibilidade de potencializar as tecnologias de que a Embrapa já dispõe para utilização no Nordeste, de modo a viabilizar soluções para que os sertanejos possam produzir em áreas que sofrem com a seca.

            Nesse mesmo horizonte, assumirá vital importância a busca da integração entre as ações de assistência técnica ao produtor rural e as ações e políticas de infraestrutura hídrica e de geração de emprego e renda, permitindo a melhoria da qualidade de vida da população rural, principalmente na Região Nordeste.

            Sr. Presidente, oferecendo-nos um excelente exemplo do quanto é possível realizar quando investimos com seriedade na produção do conhecimento, a Embrapa é motivo de orgulho para todos os brasileiros. Se o agronegócio tem sido, ao longo dos últimos anos, a principal locomotiva do crescimento econômico do País, isso é devido, em grande medida, à experiência acumulada pela Embrapa.

            No transcurso deste quadragésimo aniversário da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, faço questão de registrar nos Anais da Casa meus cumprimentos a todos os pesquisadores, técnicos e administradores que fazem dela a principal instituição de pesquisa em agricultura tropical no mundo. São esses profissionais credores da gratidão de todo o povo brasileiro pelo extraordinário trabalho que realizam em prol da nossa produção agropecuária.

            Devemos, aliás, ter sempre em mente que, para cumprirem a missão institucional da empresa, necessitam esses servidores de apoio e incentivo. E o Legislativo tem dado a sua contribuição. Pelos serviços prestados em prol da pesquisa, recebi, como representante do Congresso Nacional e Presidente da Comissão de Agricultura e Reforma Agrária, homenagem desta que considero a maior empresa do Brasil. Essa manifestação, Sr. Presidente, com que a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária homenageou o Congresso Nacional na noite de ontem, numa solenidade de gala, se deu por quê? Porque o Congresso Nacional tem sido parceiro da atividade exercitada diariamente por essa empresa. Posso dizer, em nome do Senado, que eles poderão continuar contando com nosso apoio para alavancar a pesquisa, a produção e a extensão rural.

            Parabéns à Embrapa e a todos os profissionais que transformaram esta empresa em exemplo de eficiência e que traz orgulho para todos os brasileiros.

            Eram exatamente essas considerações, Sr. Presidente, que eu desejava fazer, como fiz, na tarde de hoje, em homenagem à Embrapa, que tem relevantes e extraordinários serviços prestados à agropecuária do nosso País. Não seria o Brasil um grande exportador de alimentos e grãos se não tivéssemos por trás uma empresa como a Embrapa. Por isso, merece de todos nós as nossas congratulações.

            Muito obrigado!